Eu tinha que procurá-la. Falar com a mãe dela não adiantaria em nada!
Precisava quebrar meu orgulho mais uma vez. Mas só aquela vez.
Esperei Valentina no terminal de ônibus á tardinha, Rafa disse que ela sempre estava por lá naquela hora do dia.
Sentei e esperei bastante. Pensei até na possibilidade da mãe ou do pai dela terem colocado juízo na sua cabeça.
Mas até que a avistei. Como estava diferente! Magra, um pouco suja e mal vestida. Via uma grande escuridão que a acompanhava. Eu acho que é aquilo que as pessoas chamam de "energia negativa". Não acreditava muito nessas paradas sensitivas, mas naquele momento, passei a acreditar.
Me levantei e fui atrás dela. Daquele dia não ia passar. Tinha que dar o meu jeito. Tinha que dar um basta.
Diário da Valentina
Já estava começando a me acostumar em ir até o terminal conseguir algum para comprar a pedra. Fosse pedindo, fosse roubando.
Não conseguia dinheiro dentro de casa, e as poucas coisas de valor que eu tinha, já havia vendido ou trocado. Eu tinha um certo receio, não sou tão fria assim, mas estava começando a acreditar que vivíamos em um mundo onde era cada um por si. Pelo menos no mundo das drogas eu continuo achando que é assim.
Eu tinha medo da polícia me pegar, mas era o único lugar que me vinha á cabeça. Corria o risco de alguém me ver, mas arriscava. Até que um dia ele me viu.
Berg já estava bem perto de mim. Se aproximava cada vez mais rápido e antes de eu tentar fugir, ele segurou meu braço. Segurou de um jeito que parecia que não era ele : brutalmente, radicalmente.
- Me solta, Berg!
- Primeiro você vai ter que me escutar. E nem adianta tentar fugir porque eu não vou te soltar. Entendeu?
0 comentários:
Postar um comentário