- Seu filho de uma mãe, gala seca do caralho!
- Foi um acidente, Berg!
- Acidente? O que eu te falei, han?
Ludi acordou e disse:
- Gente, o que tá acontecendo? Vocês querem falar baixo ou querem que o motorista escute? Querem botar tudo a perder?
Enquanto nossa amiga resmungava, eu cobria o Rafa de pancada, e ele colocava os braços no rosto para proteger.
- Diz que é mentira porra! Diz que é mentira!
- É VERDADE OK! E PARA DE ME BATER. EU AMO SUA IRMÃ E SOU CAPAZ DE FAZER PRA ELA O MESMO QUE VOCÊ FAZ PELA VALENTINA!
- EU NÃO SOU UM TARADO NÃO!
O caminhão parou.
- Fodeu. A gente já era. E tudo por culpa de vocês dois. - disse Ludi.
Achamos melhor desligar a lanterna, mas logo a luz do sol entrou no caminhão.
- Vocês aí. Rapa fora!
O homem era daqueles estilo lenhador, gordo, feio, peludo, barbudo,fedorento. Dava medo.
- Vamo!
- A gente já ta saindo senhor.
- Por favor não chama a polícia. a gente só quer chegar em Quixadá. Eu vou buscar minha mulher.- falei.
- Mulher?! Você, nessa idade? Faz me rir.
- Sim senhor.
- Beleza, vou ajudar vocês. Espertos não? Olha pra cara de vocês! Tão com fome né.
- Sim, mas não importa.
- Tem um restaurante bem próximo daqui. Vamo lá fazer um lanchinho?
- Claro, a gente aceita.
Diário da Ludi
O restaurante era daqueles bem horríveis mesmo, de beira de estrada. Mas a gente tava com tanta fome que nem pestanejamos.
Quando terminamos de comer, Berg tirou o dinheiro pra pagar nossas despesas.
- Nada disso. - disse o caminhoneiro. - Eu convidei, eu pago.
- Valeu.
Berg ainda estava de cara amarrada pro Rafa.
- Eu vou no banheiro, beleza? - disse o Rafa.
- Não, eu que vou! - disse o Berg.
- Você só inventou de ir porque eu também vou.
- Gente! para! - interrompi.- Já ouviram falar em fila?
Os dois foram pra fila do banheiro. Enquanto isso eu fiquei sozinha com o homem, que terminava de derrubar um prato que parecia ter uns 10 metros de altura só de comida.
Ele ficava olhando pra mim e depois de algum tempo, falou:
- Menina, você tem quantos anos?
- Eu, 16.
- ahh.
Ele veio pra cadeira do meu lado. Tinha um cheiro de sovaco insuportável.
- Legal. Tem namorado?
- Eu vou ver se os meninos já saíram. - ele segurou meu braço.
- Não precisa ficar com medo. Tô só perguntando.
- Não, não tenho.
Ele colocou a mão na minha perna e foi subindo.
- Pedófilo filho da puta! - acertei um murro no saco dele.
- Ai sua piranha!
Peguei a carteira dele que estava em cima da mesa, enquanto ele gemia de dor e corri para a fila do banheiro masculino.
- Gente corre. -gritei pros meninos.
- Que foi?
- Corre porra!
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