quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Confissões de Laly Cap 67: Gustavo é julgado e condenado por seus crimes! (ÚLTIMOS CAPÍTULOS DA 1ª FASE)



67º Capítulo – Gustavo é julgado e condenado por seus crimes! (IMPERDÍVEL!)

Ainda em 1992 a justiça decidiu que Gustavo seria levado a júri popular. Após muitos rumores e adiamentos, em meados de 1995, Figueira Antares é levado ao Fórum de Curitiba onde seu futuro será decidido por 7 pessoas sorteadas pouco antes de os trabalhos de juiz e promotoria serem iniciados. Desde o fim de semana não se fala sobre outro assunto seja na tevê ou nas ruas.

-Soube que o julgamento do Gustavo começa hoje... – Nilton comenta com Mayra enquanto eles tomam café da manhã e a jovem dá papinha a Pepo
-Já?
-Sim... E olha que demorou...
-Que apodreça na cadeia. – retruca Mayra
-Difícil acreditar na condenação. O cara deve ter estudado muito o júri e sai rapidinho.
-Deus é pai e ele será condenado. Onde é que já se viu? Ele faz o que faz, é preso, mas solto porque tem dinheiro? Por favor, esse não é o exemplo que devemos dar a Pepo. Quem apronta tem que arcar com as consequências.

O julgamento de Gustavo é um dos fatos mais comentados não apenas em Guaratuba como no restante do país, uma vez que quando o caso esteve em evidência o ibope dos noticiários subiu de forma assustadora.

Durante o primeiro dia o país se choca com os depoimentos de mulheres vítimas dos estupros de Gustavo e Jordano que entrou no tribunal de maca por conta da frágil saúde, talvez um bom argumento para ter a pena reduzida.

Inicialmente era previsto que o julgamento tivesse duração de 5 dias, entretanto pelo fato de todas as testemunhas serem arroladas a depor, a primeira semana é dedicada a colher todas as provas possíveis de que a família Figueira Antares estava intrinsecamente ligada a diversos crimes e desaparecimentos na região de Guaratuba desde a década de 70.

Na segunda semana Jordano nega envolvimento nas misteriosas mortes de jovens entre 1974 e 1991 e afirma que enriqueceu de forma lícita e honesta, sendo vaiado pelos presentes. O júri é interrompido diversas vezes, indo então para uma terceira semana.

-Esse julgamento já ta virando uma palhaçada. – Laly lê o jornal de muitos em circulação o qual o julgamento é destaque – Todo mundo sabe que esse cara é um fruto podre.
-De onde o conhece? – Claudio questiona enquanto ele e Laly tomam café na produtora
-Um safado lá da minha cidade. – suspira – Que pague bem caro pelo que fez...

No penúltimo dia de julgamento Gustavo enfim quebra o silêncio e mostra irritação com determinadas perguntas da acusação. Desde então os psicólogos vem traçando Figueira Antares como um grande psicopata, pois em nenhum momento esboçou arrependimento e piedade para com suas vítimas. Em alguns instantes até deixa escapar um sorriso maroto do rosto, entendido por alguns como orgulho de estar sendo mostrado como um grande bandido.

-Eu sou um cara inocente. Essas imagens não procedem. Armações. Nada mais que armações.

Por mais que a estratégia seja fazer com que o réu confesse seus crimes, Gustavo em diversos momentos faz o público perder a paciência com o sangue frio que em suas veias percorre.

-Esse julgamento é uma farsa. Culpado ou não, daqui a 10 anos eu estarei novamente livre. – faz troça com a mídia – Justiça nesse país não existe. Sou Figueira Antares, tenho dinheiro e vocês me amam...

Eleonora, aos prantos, assiste ao telejornal com Edílson.

-É isso aí, Gus. – Eleonora se ajoelha em frente à tv – Prove a esses palermas que você é inocente.

Gustavo atua como poucos atores veteranos conseguiriam.

-Eu faria tudo de novo. Não me arrependo de nada. Esse país é uma grande piada. Sem graça, mas ainda assim uma piada. – Gustavo cochicha com o advogado que o recomenda manter a calma – Está bem, está bem. – o psicopata simula uma crise de choro – Eu fui abandonado e traído por minha noiva. – o advogado o empresta um lenço – Aquela meretriz interesseira me sugou até o limite e me deixou sozinho quando mais precisei dela.

Gustavo inventa um discurso para tentar comover aos jurados, pois percebe que este é composto por 4 mulheres e 3 homens, sendo 2 jovens na faixa dos 25 anos de idade. Mesmo sendo um homem extremamente ardiloso e perigoso, ainda há moças que se atraem por ele, não sendo à toa a chuva de cartas que recebe, das visitas íntimas, apesar de ter vida sexual ativa com outros detentos.

Em casa, Eleonora vai ao delírio assistindo passo a passo do julgamento, rezando sempre para que Gus seja solto e venha procura-la.

-Ele é inocente, Edilson. Precisam absolvê-lo.
-E irão, Eleonora. – Edilson abraça a esposa
-Eu posso até ser condenado, mas quem quiser apostar, fique a vontade. Em 10 anos eu estarei solto novamente para enterrar quem faltou. – Gustavo ameaça o júri

Laly está tomando cerveja em sua cama e se enfurece com a arrogância de Gustavo.

-Vai debochando da justiça, filho da puta. Se os homens se corromperem por conta de um sobrenome composto, eu creio que cedo ou tarde você vai ter o que merece.

A condenação do réu e seus comparsas não é nenhuma novidade, porém o novo dilema dos brasileiros neste caso abre precedentes para discutir a reformulação do Código Penal.

Gustavo foi condenado a mais de 350 anos de prisão em regime fechado, sendo que pela lei não cumprirá nem 1/3 da pena. Permanece a falsa sensação de justiça. Apenas outro espetáculo televisivo que manteve os telespectadores sintonizados e crendo fielmente que o bandido morrerá na cadeia. Ledo engano.
Laly, enfurecida, desliga a televisão.

-Não sei quem ainda acredita em justiça nesse país. Antes venerar Papai Noel, pois ao menos tinha inocência, algum sentido. Crer que Gustavo vai apodrecer na cadeia é tão improvável quanto encontrar um sujeito decente a essa altura da vida. Patético.

Nas manchetes dos jornais impressos e assistidos do dia seguinte, a condenação de Gustavo é celebrada, porém este, vendo tudo de sua tv 14 polegadas na cela especial, faz musculação com uma lata de achocolatado cheia de pedras.

- Se eles pensam que acabaram comigo, estão enganados. Eu voltarei mais vingativo do que nunca. Eles que me aguardem. Esse não é o fim da dinastia Figueira Antares.

Som: Release me – Angelina.

23 anos, diploma nas mãos e uma promissora carreira não apenas no cenário erótico. Eu era uma celebridade e vivia de uma emissora a outra domingo a domingo participando de provas da banheira e outros games, dançando e falando besteiras.

Nilton é telespectador assíduo das atrações dominicais em que JP faz aparições e enquanto Mayra sai com Gilberto para entreter Lílian e Pepo, o pai do garoto está enfornado em casa tendo fantasias eróticas com Judy.

Laly entra no palco do programa vestindo um macacão preto de lycra o qual desenha todo o corpo da jovem. Logo no início da performance Judy solta os cabelos e atira o rabicó em direção à plateia. Muitos disputam o prendedor de cabelos aos tapas. Laly continua dublando e dançando.

-Essa é uma deusa. – suspira Nilton – O que ela pedir eu faço.

Quando uma das câmeras se aproxima de Laly, ela manda um beijo e Nilton ‘retribui’ o gesto.

Há uma barra de pole dance. Laly se pendura e leva o público ao delírio. A atriz faz menção de tirar a roupa, mas é apenas truque para subir o ibope. Quando a protagonista desce da barra de pole dance, balança a cabeça e como está de meia calça apoia uma das pernas na cadeira improvisadamente colocada e tira lentamente a meia fina da cor preta. A cada semana Laly surpreende a todos se tornando inimiga número 1 das esposas e namoradas.

-Você é ridículo, Nilton. Deixa de sair comigo e com Pepo pra ficar aí dando ibope a essa piranha.

Mayra, trotando, carrega Pepo até o quarto.

Em 1995, aproveitando a febre dance music aqui no Brasil e gravei um disco abrasileirando alguns singles de sucesso. Sei lá quem diabos comprou aquela coisa. Eu não suportava ouvir minha voz e não é que a droguinha ganha disco de platina?

A fama não iria durar para sempre, mas eu sabia muito bem como desfrutar dela. Convites para festas, viagens em jatinhos particulares e muitas propostas indecentes.

Cheguei até a ter caso com algumas mulheres. Uma delas, uma senhora de 50 anos, integrante da alta sociedade, queria me dar uma cobertura em Natal, desde que eu não contasse a mais ninguém que ela era lésbica.

Por que eu a difamaria se também sentia medo de ter minha verdadeira identidade descoberta?

Podia dizer tranquilamente que me entendia muito bem com meus colegas de trabalho, no entanto, não podia afirmar ter amigos. Éramos parceiros de baladas, ficávamos chapados juntos, mas se eu por acaso viesse a precisar de ajuda, me viria sozinha novamente.

A santinha careta morreu na suruba. Judy assumiu o posto e fez acontecer. A songa monga priorizou o amor e ficou na pior. Judy pensava na grana e estava vivendo como uma princesa, mesmo que não passasse de uma pervertida inescrupulosa e sem sonhos. De que adianta tê-los se eles nunca se realizam?

Judy facilitava tudo. Judy não chorava, não costumava se arrepender de nada. Sua missão era dar e receber prazer. Nada mais importava.

Não pensava em me casar nem ter filhos. Não estava nem aí para me apaixonar. Nem mesmo queria mais ser jornalista. Lutei por 4 anos e de repente esse sonho não tinha mais nenhum valor para mim.

O problema de levar duas vidas ao mesmo tempo era que uma hora eu ia acabar perdendo o senso da realidade. Para a sociedade eu era uma jovem jornalista batalhando nos estágios da vida. Para o Cláudio e a galera pornô eu era a maior safada do mundo, aquela que topava qualquer parada e saía da boate carregada.

Eu sempre fui completamente independente na faculdade. Com os professores falava estritamente o necessário. Não quis babar ovo. Preferi me destacar sendo o que eu era ou pensava ser ou sendo mais direta ainda: o que queria que os outros acreditassem que eu era.

Justamente o mestre com quem menos tinha afinidade foi o que mais marcou minha vida. Logo no primeiro semestre ele esculachou minha redação e me disse que se continuasse escrevendo daquele jeito não conseguiria emprego nem no jornaleco da Conchinchina.

-Como assim? Sempre me disseram que eu escrevia muito bem. Como você ousa a me ofender desse jeito?- pensei, mas não verbalizei

Queria acreditar que ele estava completamente equivocado a meu respeito. Acontece que os mais velhos na maioria das vezes sempre estão com a razão.

O ódio me moveu a querer ser cada vez melhor e meu caminho não foi muito fácil. Agradar o exigente gosto daquele velhote era quase impossível e eu adorava desafios, embarcava sem pensar duas vezes, por isso mesmo ele, ao longo da vida acadêmica, passou a me incentivar, afirmando que eu tinha muito potencial e deveria desenvolvê-lo ao invés de me acomodar com a ignorância de achar que sabia algo. Eu nunca saberia o bastante e por saber disso é que deveria buscar saber cada vez mais, mesmo que no fim das contas não soubesse de nada.

Quando fui à universidade assistir a uma palestra, este professor me chamou em sua sala e me perguntou se eu estava interessada em uma proposta de estágio. Eu estava ganhando bem na produtora e pretendia dizer não, no entanto, para não desapontar aquele senhor, me mostrei muito interessada em visitar a redação de uma revista que estava precisando de uma editora de texto. A entrevista estava marcada para o outro dia.

O prédio era enorme e a filial da revista ficava localizada no 9º andar. Graças a Deus havia um elevador, mas mesmo assim uma palpitação estranha tomava conta de mim. Já ouvi tanto não na vida e mais um não me deixaria pra baixo, ao mesmo tempo em que queria lidar com o sim e saber como seria interessante ser efetivada na minha área, afinal não estudei cinco anos para pregar o diploma na parede.

Quando a recepcionista me deu as coordenadas para a sala de Abel, tentava imaginar como seria Abel Santiago, o editor-chefe da revista. Nem mesmo precisei tentar.

FAMA

OU

AMOR

            à O que VOCÊ escolheria? ß

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