quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Confissões de Laly Cap.74 - Laly descobre que Abel é CASADO! (BOMBA!)



Laly descobre que Abel é CASADO! (BOMBA!)

Cybele e Gilberto vão correndo acudir Lílian. Yasmin, desesperada, avisa:

-Ela... Ela disse que havia um estranho nos seguindo e acelerou os passos.

-Que estranho?

-Eu não sei porque não vi, mas ela disse que viu.

Gilberto pega Lílian no colo e a leva direto para o Pronto-Socorro. Por se tratar de um caso urgente, Lílian é atendida nada mais nada menos que por Iury.

-Lílian Gallardo... – repete para si mesmo – Lílian Gallardo? – repete para o público – Lílian Gallardo.

Gilberto, com Lílian no colo, está tão consternado por causa da neta que nem percebe que pai e filha estão mais próximos do que nunca, exatamente como temia.

-Boa noite, senhor...

-Gilberto Gallardo.

-Pois sim, senhor Gilberto.

Iury coloca Lílian na maca, a examina e tenta conter a emoção quando consegue ouvir o coraçãozinho da filha batendo.

-Está bastante ansiosa.

Iury percebe, pela descrição de Gilberto, que a menina luxou o antebraço na queda.

-Lílian é mesmo uma guerreira, pois pelo que o senhor está me relatando, ela teve muita sorte de não ter se machucado muito mais... Por tratar muito de casos como o dela, já descarto a hipótese de fratura.

-Menos mal. – suspira Gilberto

-Terá de ficar alguns dias longe da escola e da bicicleta. Não se importa, não é mesmo?

-Quanto tempo? – indaga Lílian

-Uns 20 dias.

-É muito tempo.

-Passa rápido, florzinha.

-Não passa não.

-Lilian é uma garota com a personalidade muito forte. Herdou a teimosia da mãe.

-Dá pra perceber. – Iury acrescenta sem querer

Iury costuma dar pirulitos apenas para as crianças muito pequenas pararem de chorar, mas para a menina não desconfiar do parentesco, dá a desculpa do Dia das Crianças:

-Aceita um pirulito pra adoçar sua vida e sarar mais depressa?

-Aceito.

Lílian se senta na maca com a ajuda de Gilberto e Iury dá a garota um pirulito sabor de chocolate.

-Não sei se você gosta de chocolate...

-Gosto muito.

-Tenha um feliz Dia das Crianças.

-Pros seus filhos também.

-Não tenho filhos.

-Com essa idade ainda não tem filhos?

Iury é apanhado de surpresa com o comentário, mas aprecia a espontaneidade da criança. Gilberto, encabulado, a repreende.

-Mais respeito com os adultos, Lílian.

-De forma alguma, senhor. Lílian é muito espontânea.

Algo em Iury irrita Gilberto. Só não tira satisfações com ele porque está no local de trabalho e diante da neta. Se não, o faria.

-Melhoras, criança.

Iury prepara a receita médica para Gilberto que em seguida sai guiando Lílian e assim que está sozinho novamente, o médico só não deixa o choro sair porque ainda terá longas horas de trabalho, mas sente que seu dia não foi em vão.

Som:Coming around again – Carly Simon.

Na segunda-feira eu precisava voltar ao trabalho. May e Nilton continuariam aproveitando sua folga em um incrível programa amoroso a dois, tendo Fernandoca como guia e ela conhecia São Paulo como a palma da própria mão.

Eu, infelizmente, não amanheci muito bem. Queria ter uma conversa muito séria com meu namorado. Abel, cínico, me barrou quando me encontrou esperando o elevador.

-Por onde andou, Lalinha?

-Você sabe onde...

Abel colocou as duas mãos nos bolsos da calça de tergal. Provavelmente estava arquitetando o próximo caô para evitar discutir relação.

-Fiquei muito preocupado com seu sumiço. Está tudo bem?

-Você sabe por onde andei, Abel. Eu é que pergunto por onde você andou...

-Eu precisei fazer uma viagem de última hora, querida.

-Podia ter avisado. Fiquei com a maior cara de tacho esperando você com os meus amigos.

-Eles já foram embora?

-Que mau caratismo, Abel. Por que não quer ser visto?Se estiver pulando a cerca, termino TUDO hoje mesmo.

-Que suposições infundadas são essas, Lalinha?Acha que eu seria capaz disso?

Chegamos ao nosso andar.

-Podia ao menos ter telefonado, me dado uma satisfação.

-O lugar em que estive não tinha acesso à energia elétrica. Não sabe o apuro que passei nesses dias todos...

-Toda semana essa mesma história. Você SEMPRE some quando eu mais preciso de você.

-Juro que dessa vez não tive como te avisar, Lalinha. Juro. Eu realmente lamento muito.

-Mas já te aviso: descobrindo UMA podridão tua e eu termino TUDO com você.

Eu estava me transformando no tipo de mulher que tanto recriminava. Ciumenta, possessiva e grudenta. Não tardaria a perder Abel se continuasse agindo daquele jeito.

O pior não era nem isso!Ele sempre me embromava e eu me sentia tão envergonhada que pedia desculpas. Ele aprontava e EU levava a fama de vilã enquanto ele era sempre o Don Juan. Mesmo assim, o amor só se fazia crescer dentro de mim.

Som: Tudo de bom – Fernanda Porto.

May e Nilton voltaram para casa alguns dias depois e cheios de histórias para contar.

-E como é a Tia Laly? - pergunta Pepo sentado no colo de Mayra

-A Tia Laly é linda e disse que quer muito conhecê-lo pessoalmente.

-Ela também te mandou algumas lembrancinhas. - Nilton avisa

Laly comprou brinquedos e guloseimas para agradar Pepo. Acertou em cheio na escolha! O garoto não poderia ficar mais feliz!

-Era esse mesmo que eu queria. - Pepo, alegre, rasga o embrulho azul

-Gostou, filhão? - Mayra faz cafunés na cabeça do menino

-Adorei...

-E isso é porque ainda não viu os doces que a tia mandou, mas é pra comer de pouquinho, hein, Pepo?Não vai fazer que nem na Páscoa que você comeu tudo de uma vez e passou mal. - Nilton adverte

No salão de D. Emília a fofoca também rola solta.

-Mayra me contou que o apartamento da Lalinha é de rico. - Emília fofoca

-Ela virou jornalista, né? - Mário arruma os cabelos

-Jornalista poderosa. Ta quase casada com o manda-chuva da revista e vai publicar até livro, mas também pudera, ela merece. Trabalhou um monte, largou a cidade, os amigos, sofreu, comeu o pão que o diabo amassou e ta na hora de colher os frutos de todos os sacrifícios que fez pra chegar onde está...

Eleonora, corroída pela inveja, ouve as freguesas do salão comentando sobre Laly.

-Mayra me garantiu que até engordou depois de pousar na casa da Lalinha. Todo dia uma iguaria diferente. Até pro Pepo ela comprou presente. Queria eu tirar umas férias por lá...

Som: Let it flow – Toni Braxton.

Fer e eu continuamos amigas, conversando sobre tudo, como sempre. E a verdade é que eu adoro conversar com a Fernanda porque ela é muito mente aberta e tem alguns pensamentos parecidos com os meus, o que me faz perder a vergonha de quebrar tabus.

Eu, que nunca fui muito de me gabar, o fazia inconscientemente. Tanto May quanto Fer me viram arrastar corrente por causa do Iury na adolescência e agora eu tinha o namorado mais perfeito do mundo, o sonho de qualquer balzaquiana.

-Ele é perfeito comigo!Não grita, não bate, não gosta de discutir relação e é maravilhoso na cama. Completo. Às vezes eu acho mesmo que ele tem razão em achar ridículo subir no altar pra provar que está com alguém...

-Hoje em dia casamento virou contrato, amiga. Não vê esses artistas que casam umas 30 vezes por década?E depois banalizam o ficar...

-E você, Fer?Tem alguém especial?

-Quer saber?Não transo com ninguém faz pelo menos uns 6 meses. Hoje em dia to mais centrada em outros assuntos...

-Mas ta ficando com alguém, não ta?

Depois de colocar minha amiga contra a parede, descobri que houve uma grande desilusão amorosa que a estava impedindo de querer manter relacionamentos sérios e profundos. Eu não era nem vidente para precisar adivinhar isso.

-Mas vida de solteira é bacana, amiga. Posso fazer o que eu quiser a hora que eu quiser sem ninguém bedelhando nem me patrulhando via telefone. Posso paquerar, viajar, sair com as amigas toda noite, dormir até a hora que eu quiser...

-Mas nada como dormir abraçadinho, bem coladinho...

-Se for pelo sexo, como chocolate que dá quase no mesmo.

-Não dá no mesmo que chegar em casa e ter alguém te esperando, te massageando os ombros depois de um dia cansativo no trabalho. Nada é mais gostoso que ouvir `eu também te amo`, preparar um jantarzinho especial, assistir filme deitada no ombro dele, fazer amor, dormir até mais tarde...

-Do jeito que você fala do Abel sinto até uma pontinha de inveja...

Eu omitia alguns aspectos.

Abel era o homem da minha vida e, no entanto, também me decepcionava às vezes. Eu já havia passado da fase de namorar às escondidas e mergulhar em relacionamentos superficiais.

-O que mais você quer que eu faça?

Ele não tinha idéia de como ficava mais baixinho ainda quando colocava as mãos dentro dos bolsos da frente da calça de tergal preta.

-Como assim?Vamos morar juntos, casar no civil, sei lá... As pessoas acham estranho que estejamos juntos há mais de 6 anos e nada de casamento nem filhos nem coisa alguma, Abel.

-Não está supondo que eu esteja te enganando, está?

-O peixe morre pela boca.

-Laly, por favor. Está desconfiando de mim?

-ESTOU.

-Você sabe que nossa rotina é muito imprevisível, desgastante, estressante. Não dá pra casar. Estamos juntos e você sabe que isso já basta. Hoje em dia os relacionamentos são assim.

-Só o nosso.

-Você mesma fez a reportagem de casais que optam por morar em casas diferentes e estão juntos há anos.

-Pois é, mas e quando nascerem as crianças?Não sei se elas vão gostar muito desse relacionamento.

-Está pensando em ter filhos?

-Estou com quase 30, Abel.

Discutíamos e mesmo sem ofensas e palavrões, seu sangue frio me irritava.

-Me dê uma boa razão pra não casarmos.

Abel gesticulava mais ainda quando estava mentindo. A face enrubescia e a fala ficava cada vez mais acelerada, tanto que as palavras se atropelavam e ele não sabia dar continuidade ao assunto.

-Você sabe as razões.

-Não, não sei.

-Sabe sim.

-Nossa rotina não é desculpa. Os âncoras do jornal da janta são casados, tem filhos e são muito felizes e a rotina deles é bem mais extenuante que a nossa porque eles precisam estar muito bem pra entrar no ar e tem 3 filhos pequenos pra dar conta. Se nos amarmos de verdade juntos superaremos esses obstáculos que você está colocando pra não ser feliz comigo.

-Precisamos mesmo nos casarmos?

-Acredito que sim!Você me ama, não ama?

Minhas colegas ou a grande maioria já estavam casadas. Isso me afligia. E se estivesse velha demais para ser mãe?O relógio biológico estalava os dedos.

-Mais depressa, Laly!Você não é imortal!

E discutir relação com o Abel me desgastava muito. Nunca chegávamos deveras a um acordo. Estava cansada de resolver meus problemas com sexo. Para ele tudo parecia muito bem. Para mim não.

Estávamos namorando há mais de 6 anos e não passávamos disso. Estava cansada de tantas indiretas sobre noivado, casamento e nada do homem se mexer. Só podíamos namorar nos dias de semana e nossas viagens eram curtas demais. Nos dias em que mais precisava, nada dele. Nada de satisfação. Nada de tesão. Nada de nada. Urubus não faltavam...

-Sai dessa cilada. O cara é casado e ta te fazendo de otária.

-Casado nada. Ele trabalha demais e não tem tempo pra essas besteiradas. - respondia

-Para de se iludir, minha filha. O cara tem outra.

-Farejo a inveja a alguns metros de mim.

Eu respondia isso com uma firmeza que me chocava. E bem como diz um velho ditado: o pior cego é aquele que não quer ver.

Tive um pressentimento para não sair àquela noite. Estava passando um filme tão bom na TV e o tempo estava péssimo, mas eu insisti em ir àquele jantar. Não estava para fazer social com ninguém, contudo as únicas oportunidades para ver o Abel eram justamente esses coquetéis de fachada.

Ops!Acho que ele se esqueceu de mim...

Quem era aquela mocréia de vertido longo vermelho e coque no cabelo?E que aliança era aquela?Eles estavam juntos?

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