Laly e Edílson se reconciliam! (IMPERDÍVEL!)
Fernanda corresponde ao beijo, mas quando acaba, não sabe como agir.
-Isso significa alguma coisa?
-Pra você sim?
-Bem... – Fernanda tenta se recompor – Eu...
-Eu perderia muito mais tempo com você. Acho que só você não percebeu...
-Em outras palavras você não quer que eu vá, certo? Mas nos conhecemos há apenas um mês, Cí... Quer dizer, Fuinha...
-Um mês pode ser considerado pouco tempo, mas as grandes transformações ocorrem em poucos segundos, Fernanda. Esse negócio de tempo é muito relativo.
Som: Lovefool - Cardigans. (Narração de Lílian Gallardo)
Biel e Grazi resolveram me trocar de escola. Que droga!
-Esse colégio é público e um dos melhores da cidade. – avisou Biel
Eu não tinha um pingo de ânimo para ir à aula, mas dois adultos contra uma criança, quem vence é sempre a última voz, nesse caso, Biel chatonildo.
-Você vai amar esse colégio. Juan e Álvaro estudarão aí quando cresceram.
Ta, eu acredito! Assim como ainda espero Papai Noel e Coelhinho da Páscoa...
Desci do carro e percebi que todo mundo me olhava diferente. O colégio não era ruim, assustador. Todos estavam mais informais, despreocupados e não tinha nenhuma freira em frente ao portão vistoriando as vestes e o material escolar. Ufa!
Eu diria que estava um pouco sossegada por poder estudar em uma instituição sem tantas regras e nada mais de camisa impecavelmente branca, meia soquete até a altura do joelho, sapato preto engraxado e saia xadrez vermelha com preguinhas, lá o uniforme era a blusa da escola e calça jeans azul, sendo o tênis a caráter e a mochila também, então fiquei contente por poder usar tudo que meu vô comprou e o outro ‘manicômio’ não permitia no regulamento.
Com uma alça da mochila solta, esbanjando a atitude que nunca pude ter até aquele dia, caminhei como se já conhecesse todas aquelas pessoas porque já estava triste demais para continuar com medo. Eu acho que chorar pioraria mais ainda a situação. Com um papelzinho, procurei minha classe.
-Sabe onde fica a 5ª B?
-Eu sou da 5ª B. – respondeu uma menina simpática – Nova aluna?
-É...
-Não é daqui.
-Como sabe?
-Você não tem sotaque... - estendeu uma das mãos - Sou Cândida. Maria Cândida, mas como já temos uma Maria na classe, sou apenas Cândida.
-Lílian. Lílian Gallardo.
Cândida seria minha colega de turma. Ela me ajudou a encontrar minha classe e me convidou para se sentar junto com ela e seus amigos.
-Você vai gostar daqui... – quando três meninos chegaram, Cândida assobiou – Oi meninos! Novata!
Anteriormente nunca havia sido chamada de novata. Os garotos juntaram-se a nós. Um deles e o que mais chamou minha atenção era muito bonitinho, tinha um sorriso branquinho e era repetente. Dava para ver que ele não era tão fedelho quanto os outros, assim como a ameba do Rafa. O nome dele era Ricardo, mas a turma o chamava de Rick, até os professores mesmo. Ele impunha respeito e já ouvia rock. Foi muito esquisito quando nos olhamos porque senti umas coisas estranhas, pelo menos para a minha idade...
-Lílian. – me apresentei aos garotos – Lílian Gallardo...
-Vai se unir ao fundão do terror? – perguntou o bad boy
Apoiando minhas pernas sobre a carteira, sentando esparramada e despertando os curiosos olhares de todos, respondi:
-Pode apostar...
Som: Já sei namorar – Tribalistas.
-Gostaria de saber como Lílian está reagindo a nova escola. – comenta Bruna
-Eu acho que ela não vai gostar. É diferente daqui... – responde Yasmin – To sentindo saudades dela.
Rafael não demonstra, mas também sente falta de poder zoar com Lílian. Por mais que esteja na idade de aporrinhar as coleguinhas, com Lílian a ligação é diferente e até sua irritação, de certa forma, os unia. Sem ela, por mais que com o tempo a ausência diminua, tudo será estranho daqui para frente.
-O Rafa parece que ta com saudade da Lílian. – provoca Bruna
-Falou comigo, xuxinha?
-A ameba já é caso perdido mesmo... – Yasmin volta a copiar o dever no quadro- negro
Som: Como tudo deve ser – Charlie Brown Jr.
Intervalo. Bagunça, música boa, fila para a cantina e uma novata não tão deslocada. O grupo em que estava andando era o dos descolados porque a Cândida e seus amigos gostavam de rock porque eram influenciados pelos irmãos mais velhos.
Estávamos sentados no primeiro degrau da cancha observando o povo jogar bola enquanto dividíamos tudo que compramos: pipoca, refri, balas e aqueles dadinhos. Tudo lembrava Fernanda.
-O que seus pais fazem da vida?
-Meus pais morreram. To morando com meus tios. Meu vô morreu faz alguns dias e acharam melhor que eu viesse morar aqui.
-Meu vô também morreu. Faz 2 meses. Foi triste...
Os meninos se uniram a nós e Rick já enfiou as duas mãos no meu saquinho de pipoca doce e comia sem modos, deixando as pipoquinhas caírem pelas escadas de concreto.
-Você é um mal educado mesmo... – retrucava Cândida
-Quem manda deixar às pipocas a mostra... A novata tem mais é que ser gentil com o Rick se quiser se dar bem nesse colégio.
-Rick é um egocêntrico. – zoou Pato, o fiel escudeiro dele
-E você, Pato Donald? Já traçou a Margarida?
-Sem noção...
Exatamente como Lalinha falaria.
Som: Keep it turned on – Rick Astley.
-Depois dessa declaração se você deixar o Fuinha ir, te dou uns safanões, dona moça. – é claro que Fernanda estava apaixonada!
-Não sei, Lalinha. Sinto-me indigna engatando um relacionamento. Nem faz tanto tempo que o pai morreu.
-Ele queria que você encontrasse alguém, não queria?
-É... Sim...
-Por que não deixa esse medo de lado e vai ser feliz, hein? Você sempre me dizia que o medo estragava tudo...
-E posso saber aonde vai assim toda lindona? Vai paquerar?
-Vou fazer algo que deveria ter feito há muito tempo.
A campainha tocou. Era Celso.
-Olá, Lalinha. – brincou – Olá, cunhada.
Fernanda não disfarçou o sorriso.
-Ta convidada para um churrasco lá em casa. É só marcar o dia.
-Está falando com uma moça boa de garfo. – Fernanda faz social para o ‘cunhado’
-Bem como Fuinha gosta... – para mim – Podemos ir? Se chegarmos a tempo, presumo que ainda conseguiremos encontrar seu pai.
-Então não percamos nem mais um minuto.
Som: Fields of gold – Sting.
Abel é um jornalista como poucos. Seus editoriais dividem opiniões e é impossível ser indiferente a ele. Ou se ama ou se odeia. Não há meio termo em relação a isso, inclusive na própria redação onde Abel Santiago trabalha.
O último editorial de Abel causou polêmica porque o próprio, durante o Toda Poderosa News 1ª Edição, surpreende os telespectadores fugindo do teleprompter ao desabafar insatisfação com a polícia ao investigar as mortes no hospital.
-Negligência. NE-GLI-GEN-TES. Em letras garrafais e voz alta. Precisa de dindin para haver interesse no caso? É necessário que famosos estejam envolvidos para que as investigações prossigam? O cidadão comum, sem poder aquisitivo e voz é obrigado a permanecer calado, ser tratado como lixo quando exige seus direitos? É esse o Brasil que vocês querem para seus filhos? Omissão? Sim, omissão. Supressão das mais primordiais e antigas queixas do povo, deste que sofre desde que o mundo é mundo e são praticamente forçados a acreditar nesse bafafá de que somos muito melhores hoje. O que acontece é que temos muito mais discernimento, porém as forças estão se anulando em nome de votos e favores. Esse caso particularmente chamou minha atenção por evidenciar de forma perfeita a desigualdade. Quando um crime acomete pessoas tidas como belas e ricas, a mídia costuma esmiuçar a tragédia, sensacionalizar até o fim, até mesmo julgar e condenar antes mesmo que o júri o faça e quando uma desgraça ocorre com pessoas simples, não há destaque nem interesse. Há alguns dias três vidas se foram por um motivo bastante banal. Três famílias se destruíram. Se as autoridades não se mobilizam, eu, Abel Santiago, âncora do Toda Poderosa News 1ª Edição, lutarei por vocês. Posso perder o emprego, o respeito, mas esse ato criminoso não será esquecido e suprimido pela impunidade. Não façam silêncio quando tiverem a razão.
Abel é aplaudido por dois operadores de vídeo enquanto discursa, mas as expressões do diretor são péssimas.
-Quem ele está pensando que é? Não percebe que com isso arruína a imparcialidade do jornalismo da Toda Poderosa?
Abel só não é demitido porque caso isso aconteça, a audiência no horário do almoço despencaria de forma assustadora e perderia para a concorrência que vive sondando o baixinho com diversas propostas, recusadas pelo jornalista.
-Tenham todos uma boa tarde. Até amanhã!
A bronca vem após o fim da edição.
-Depois reclama quando sofre atentados. – debocha o diretor
-O maior atentado de todos é permitir que o vírus da injustiça e omissão se alastre e impeça nosso povo de exigir seus direitos. Quem tem medo da verdade não é digno de nada. Eu só não lhe mando a merda porque preciso desse emprego.
-Por que não manda?
-O povo precisa de mim.
-O povo precisa de notícias. Ninguém dá a mínima a você. Não importa quem esteja na bancada desde que haja notícias.
-Experimenta colocar um bundão escravo do tp pra você ver. O povo se identifica com os jornalistas. Sem carisma, sem audiência. Tire Abel Santiago para ver o que acontece...
-Farei isso.
-Estou de acordo.
-Eu só não lhe tiro o emprego por causa dos anunciantes.
-Me tira e eu levo metade do público comigo.
-Desafio?
-Entenda como melhor quiser.
Som: Superstar – The Carpenters.
Laly chega ao presídio com Celso.
-Faça tudo que eu mandar, está bem?
-Sim, sim.
Ao entrar, Lalinha chama atenção, ainda mais pelo modo como se porta. Alguns detentos que saindo de um ofício fazem reverência à jornalista.
-Olha só o avião.
-Deus é muito bom mesmo!
Um preso mais velho e já sem nenhum dente na mandíbula superior sorri para Laly e até pisca.
-Uma dessa na minha cela e eu tava feito.
Laly ignora as cantadas baratas dos presidiários e aguarda Edílson em uma das mesas do refeitório. Edílson estava trabalhando e ao encontrar Laly, começa a chorar. Laly se levanta para abraça-lo.
-Tudo bem, minha menina?
-To bem, pai.
-Viu só o que fizeram comigo? Estão me acusando de um crime que nem cometi.
-Eu sei que o senhor não faria isso.
-Por mais que eu fale ninguém quer acreditar.
-Gustavo não sossega nem depois de morto.
Edilson convida Laly para se sentar.
-Por que nunca me contou?
-Contar o que?
Som de suspense...
Eleonora assiste ao editorial de Abel novamente e desliga o televisor.
-Parece que precisarei dar mais um sustinho no falso galã. Parece mesmo que nada do que aconteceu fez com que aquele safado aprendesse a lição.
Som: Ordinary world – Duran Duran.
-Minha filha, eu sei que não fui um bom pra você, que mereço estar aqui pelas tantas vezes que a tratei de forma rude e injusta, mas meu pedido de perdão é sincero e de coração. Por que nunca me disse que Gustavo e Eleonora não prestavam?
-Porque o senhor e eu nunca nos falamos como pai e filha e acho melhor não abrirmos mais feridas.
Celso apenas ouve a conversa de pai e filha.
-Mas essas feridas te fazem infeliz. Você não esquece.
-Claro que esqueci. – Laly mantém se serena até o limite
-Eu descobri muitas coisas, sabe, minha filha. Eu confiei em uma pessoa por mais de 20 anos e descobri da pior forma que ela nunca me amou.
-Disso eu sempre soube.
-Eu demorei pra entender.
-Tem muitas coisas que até hoje eu nunca consegui entender...
Som: At night – Shakedown.
Lílian liga o som da sala e como ouve a música da cena, começa a dançar para tentar esquecer-se dos problemas, porém logo Álvaro para em frente ao som e muda de estação.
-Não viu que eu tava ouvindo não, ô pestinha?
-Música chata. – o menino provoca
-Chato é você. – Lílian empurra o primo e sintoniza em At night novamente
-Vou contar pra mãe que você me empurrou e me deu um soco.
-Pode contar. – sacode os ombros – To nem aí.
-EU VOU CONTAR.
Lílian aumenta o som e o menino sai trotando até a cozinha. A sobrinha de Fernanda dá um muxoxo e continua dançando e até mesmo se olhando pelo vidro do balcão onde estão a tv e o som.
Juan e Alvaro são realmente garotos pestinhas e quebram os pratos que Lílian lavou no almoço só para a menina levar bronca dos adultos. Lílian ouve o barulho e se choca.
-O QUE VOCÊS PENSAM QUE ESTÃO FAZENDO?
CONTINUA...
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