Diário da Valentina
Eles queriam me levar embora. Vi minha mãe conversando no telefone com a minha avó que morava no interior. Ela queria se livrar de mim. Por um lado , seria bom, pois não seria mais humilhada e agredida dentro da minha própria casa.
Mas por outro, não suportaria ficar longe do Rafa, da Ludi, e claro, mesmo ele me odiando, do Berg.
Eu não queria admitir que estava errada. Vender o skate? Mas eu estava sendo manipulada pelo vício! Sera que ele não via?
Será que eu devia fugir pra não ter que ir embora com a minha avó? Eu estava tão assustada que pulei a janela e saí correndo em busca de um lugar que nem mesmo eu sabia.
Vi meu pai saindo de casa e me escondi para que ele não me visse. De certa ele iria em algum boteco ou cabaré encher a cara e transar com algumas putas. Eu achava bem feito pra minha mãe.
Sempre que ele chegava bêbado, eu rezava pra que ele desse uma surra nela, para vingar as chibatadas que ela dava de cinturão nas minhas costas. Mas sempre sobrava pra mim. Meu pai tinha uma mão pesada e sempre gostava de dar na minha cara e me chamar de cachorra. Eu não me importava de ser chamada de cachorra. São animais bem mais compreensíveis e até mais inteligentes do que alguns seres humanos (meus pais, por exemplo).
Diário de um Nerd
Já fazia alguns dias que eu não falava com a Valentina. Eu era muito orgulhoso. Não estava com raiva por ela ter vendido o skate, e sim do modo que ela me tratara.
Eu queria dar todo o apoio possível a ela. Seria capaz de enfrentar seus pais, o mundo se fosse preciso para que ela voltasse a ser aquela menina de bem com a vida que ela sempre foi. Mas para isso , seria preciso que ela tivesse pelo menos o mínimo de vontade.
Diário da Valentina
Tive que voltar pra casa, não tinha para onde ir. Não tinha droga nenhuma para mim pelo menos passar o tempo.
Estranhei, as luzes ainda estavam acesas, era por volta de duas da manhã.
Quis pular a janela que dava para o meu quarto, mas estava trancada. Teria que entrar pela frente.
Rezei para que não tivesse ninguém na sala, mas quando entrei, vi minha mãe aos prantos no sofá com alguns vizinhos, também chorando.
- O que aconteceu? - perguntei.
- Teu pai, Valentina. Foi assassinado, e por sua culpa!
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