- Hein, meninas? Digam. - Dona Astrogilda (ou Gilda, como gostava de ser chamada) sempre autoritária.
Apesar de boa de briga e corajosa, Juliana morria de medo da diretora. Aliás só ela não, todo mundo. Mas eu não podia deixar minha amiga pagar por aquilo tudo sozinha, afinal, ela me defendera.
- Não tá vendo, sua velha? Uma briga!
- Que é que deu em você menino? Vambora, os três pra diretoria. Agora!
Madalena teve dificuldade de se levantar. Quando o fez, cuspiu no chão. Era um de seus dentes. Eu sabia que a porrada tinha sido intensa!
- Tudo bem, dona ASTROGILDA. Assim eu tomo um cafezinho com a tia da merenda. - Eu parecia corajoso, mas estava quase me mijando de medo. Juliana olhava pra mim com aquela cara de “o que é que você tá fazendo?” mas já era tarde.
- Astrogilda não. Gilda! E moleque você tá desafiador demais pro meu gosto. Vamos logo os três. Já!
Na secretaria era um de frente para o outro. Eu estava extasiado de medo, e só conseguia rir sem parar (quase tanto do jeito como a Bruna ria). Madalena chorava “o dente derramado” e Juliana estava de cara emburrada.
- Meu dente! Nããããaão!!! - Madalena só dizia isso enquanto chorava.
- Já chamei os pais dos três. Brigas no colégio? Onde vocês estão? Em um ringue? - perguntou Astrogilda. - E você menino? Tomou água de chocalho? Para de rir.
- Hahahaha... ai, dona Astrogilda. Cadê o café, hein?
- É Gilda! E não tem café nenhum. Vamos, digam o porquê de estarem brigando.
- O Berg mandou essa.. a Juliana me bater! - Madalena mentiu!
- É mentira! - interrompeu Juliana.
- Calem-se. Deixem a aluna falar.
Foi papo, ladainha e conversa pra mais de duas aulas, quase chegando na terceira e última aula, nossos pais chegaram. Entramos pela tarde em uma conversa séria. Resultado: Madalena e seu fingimento mais uma vez venceram. Os meus pais e os da Juliana tiveram que pagar um implante dentário pra vadia e eu em casa paguei caro. Putz, o final de semana todo sem sair! Era um ultimato! Só porque o Eri e o Jackson me convidaram pra uma balada no sábado?
- Mas pai, eu já tenho quase 17 anos!
- Então aja como um rapaz de 17 anos.
Maldita Astrogilda, maldita Madalena, maldita … Maldita Valentina. Maldita vida!
Ah, mas eu ia. Ah, mas eu ia sim pra tal festa nem que me amarrassem!
Diário da Andreza
♫ Katy Perry – Part of me ♫
Os dias se passavam muito depressa, e eu não sabia qual seria meu futuro. O Rafa me evitando dentro da nossa casa desde aquele dia em que ele fora expulso da sala do DJ na Mofoville. A culpa não foi minha!
Tentei ter uma conversa muito séria com ele:
- Rafa, vai falar comigo ou não?
Ele me evitou mais uma vez.
Enquanto em casa tinha um marido que me tratava mal, que nem me via e que me rejeitava, no trabalho eu tinha um patrão muito bom, bem melhor que o Rafa naquele momento, confesso.
Nos tornamos grandes amigos. Eu não era tão ingênua, sabia que ele queria algo mais de mim, mas Fernando era um homem respeitador e sabia que eu era casada.
Enquanto discutíamos as músicas que tocariam naquele fim de semana, quase nos beijamos. Não foi culpa nem minha nem dele, foi o clima!
- Er... Desculpa Andreza.
- Não, Fernando. Tudo bem.
- Vamos esquecer.
- Claro.
Mais uma vez naquele dia eu questionei se estava casada com o cara certo e tal. Se talvez só fosse pela Débora o motivo de continuarmos “juntos”. Foi aí mais uma tentativa de conversa.
Era um sábado, e estava quase anoitecendo.
- Rafa, ou você fala comigo ou amanhã quando chegar do trabalho não vai encentrar nem eu nem sua filha em casa. Você quem sabe.
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