Assim que ela me soltou, a enfrentei:
- Não duvido nada que você possa matar alguém, sua psicopata!
- Não é?
Madalena tentou me dar outra chave de pescoço mas escapei por um triz. Enquanto todos aqueles que estavam sentados nos bancos da quadra do colégio riam, corri até o banheiro e comecei a chorar em silêncio. Chorar de ódio. Eu lavava minha cara na esperança de tirar aquela minha expressão repugnante.
Tempo depois, saí de lá. As pessoas nem disfarçavam, faziam questão de apontar o dedo pra mim e rir.
- Apanhou de mulher!
- Tem vergonha, cara!
O que eles fariam na minha situação? Eles não eram homens o suficiente para entender o meu lado? Queriam o quê? Que eu batesse nela?
Ainda era hora de intervalo, então corri até minha sala, peguei as minhas coisas e fugi do colégio pulando o muro, perto da Moita, onde só os alunos sabiam daquele lugar.
♫ Gram – Você pode ir à Janela ♫
Pensei: “Será muito ligar pra Valentina e falar o que tá acontecendo?”. Nem esperei a segunda vez. Liguei pra clínica, pedi pra falar com ela, e surpreendentemente ela atendeu.
- Va... Valentina?
- Eu soube do que aconteceu, Berg. – disse ela do outro lado da linha. Não havia um pingo de emoção na sua voz. Ela soava firme e fria.
- Por que você tentou se matar, Berg? Cara, você é muito burro!
- Tá falando desse jeito comigo por quê? Arranjou outro cara aí dentro?
- Não. E mesmo que fosse não te interessa. A gente não tá junto. Passar bem.
- Valentina, Valentina. Me escuta!
Desligou ...
No dia seguinte voltei à escola com a esperança de que as pessoas já tivessem esquecido. Que nada.
Meus amigos me perguntaram o que aconteceu. Juliana ficou indignada com a história.
- Pera Juliana, o que você vai fazer?
- Me aguarda Berg. Os dias de marrenta dessa nerd estão no fim.
Ela se levantou do banco da quadra, puxou suas calças pra cima e foi até a Madalena, que conversava com uma garota da sala dela.
- Por que você não vem bater em mim, sua covarde?
- An?
- Não ouviu direito não?
- Ah, tá tomando as dores do Berg? Ele foi chorar pra você sua gorda?
- GORDA? VOCÊ ME CHAMOU DE GORDA? VEM CÁ SUA RAPARIGA!!!
Juliana encheu suas mãos com os cabelos da Madalena, que gritava para que ela os soltasse.
- Me solta, tá me machucando!
- É só o começo Madalena prostituta!
- Eu te processo! Ai!!! – mais um puxão de cabelo.
- PROCESSA QUE EU QUERO VER!
A galera foi ao delírio! Todo mundo gritava: “Briga, briga, briga!” , enquanto algumas pessoas de bom caráter tentavam separar. Eu tentaria separar se a Juliana tivesse apanhando, mas deixei rolar. Até esqueci por alguns momentos daquela maldita ligação que eu fiz pra Valentina.
- Não foge não. Tem mais. – dessa vez Juliana deu um soco no rosto da Madalena que doeu até em mim. Foi uma pancada seca.
- O que é que tá acontecendo aqui?! – Tinha que ser a maldita diretora pra acabar a festa!
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