- Doutor, me fala logo. Deixa de suspense pô! - Meu coração quase disparava e saía pela boca. Minhas pernas tremiam. Eu daria tudo para estar no lugar da Valentina naquele momento.
- A cirurgia foi um sucesso meu rapaz. Sua namorada resistiu.
Minha primeira reação foi chorar. Chorar de alegria e de alívio. Pensar que tudo foi apenas um susto. Um grande susto.
- Cadê ela? - perguntei. - Eu quero ver a Valentina!
- Calma rapaz. Ela está descansando.
Na verdade, por pouco Valentina não morreu. Ela teve uma parada cardiorrespiratória devido a falta de sangue.
♫ Avril Lavigne – I`m With You ♫
Tempo depois, pude entrar no quarto para vê-la. Teria de ser de um por um. Eu fui o primeiro.
Ao me ver, Valentina deu um sorriso. Aquele que só ela sabia dar.
- Que loucura que você fez, meu amor! -exclamei. - Por pouco você não morreu! E por minha causa!
- Berg, o pior já passou cara. Eu tô aqui e não me arrependo de nada do que eu fiz. Foi por você!
- Eu vou te agradecer pelo resto da minha vida.
- Não precisa. Essa era uma dívida que eu tinha com você.
- Eu te amo sua louca. - falei, depois de beijá-la.
- É por isso que eu gosto de você.
- E somos tão diferentes. Mas um completa o outro. É como diz o ditado: os opostos se atraem.
*
Pouco tempo depois uma notícia maravilhosa: pegaram Richard e os outros góticos que eram comparsas da Madalena. E com eles, encontraram minha sobrinha Débora. Minha irmã estava feliz, esqueceu até das brigas com o Rafa e o abraçou.
Depois ela disfarçou,dizendo que foi por impulso, para a tristeza dele.
Eu via pelo rostinho da Débora sua inocência. A coitadinha passou pelo maior perrengue e tão nova!
Mas a justiça não falharia. Madalena pagaria por tudo o que ela fez, desde o dia em que me conheceu. Seus pais veriam o quanto a criaram de mau jeito, dando tudo o que ela queria e fazendo dela uma menina mimada e inconsequente.
Diário da Ludi
Estava tudo bem, graças a Deus. Que bom que tudo deu certo no final!
Só não a minha vida.
Logo após as comemorações da volta da Débora, do sucesso da cirurgia da Valentina, eu recebi uma ligação. Era da casa da minha mãe.
- Galera, eu tenho que ir agora.
- O que foi, Ludi? - Rafa perguntou.
- A minha mãe, ela piorou. Eu preciso ir lá vê-la.
Eles se ofereceram para me levar até o hospital em que ela estava, porém eu recusei. Pelas notícias que recebi minha mãe estava entre a vida e a morte no leito de um hospital público, mas ela chamou por mim. Aquilo mexeu muito com o meu inconsciente.
*
Minha mãe, aquela que sempre demonstrou ser forte, que me protegeu, que me criou sozinha, estava fraquinha em cima daquela cama de hospital.
- Fi... filha...
- Mãe? O que aconteceu?
- Eu.. eu tô morrendo.
Ela começou uma crise de tosse.
- Não, a senhora vai ficar bem.
- Me escuda Ludimila. Me perdoa por tudo o que eu te fiz. Por não ter te entendido. Eu não quero morrer com essa culpa. - A tosse a interrompeu novamente. - Me desculpa minha filha.
- Claro, mãe. Mãe? Mãe?
Ela estava estática, com os olhos abertos e olhando para o além.
- MÃÃÃÃÃÃÃÃE!!!!
Diário da Madalena
Me puseram uma camisa de força e me enfiaram numa sala branca, idiota. Para onde eu olhava só havia paredes brancas acolchoadas. Eu odiava tudo aquilo.
Eles disseram que se eu me comportasse, me tirariam dali.
Irônico: De um inferno para o outro. Mas junto com os loucos eu tinha mais liberdade.
Já fazia um mês. Ninguém vinha me visitar, nem mesmo meu pai, minha mãe ou minha madrasta. Eu vivia sob a atenção daqueles médicos que sempre viam se eu estava tomando os remédios. Diluíam-os em água e eu era obrigada a tomá-los.
Diário de um Nerd
♫ Kid Abelha – Tomate ♫
Agosto. Volta às aulas.
Valentina e Ludi estudariam na mesma escola que eu. Eu sabia que lá agora seria diferente, pois não tinha mais Madalena.
Ludi estava ainda abalada com a morte da mãe, mas sem ânimo pra nada.
- Aquela é a diretora. O nome dela é Gilda, mas a galera sacaneia chamando ela pelo nome verdadeiro, que ela detesta. - comentei.
- Como é? - perguntou Valentina.
- Astrogilda.
- Credo! - espantou-se Ludi.
- Finalmente você disse alguma coisa.
Os professores convocaram todos os alunos no pátio para uma reunião. Comecei a apresentar as meninas para os meus amigos, Juliana, Eri, Rafaela, Bruna e Jackson. Juliana deu um abraço na Valentina. Pareciam que elas já se conheciam há anos.
- Liga não, amor. É o jeito dela. - falei.
- Amor?
- Ela é minha namorada.
Eles ficaram de queixo caído. Não queria me gabar nem nada, e tampouco sair contando vantagem. Isso é coisa de gente idiota.
Não estávamos levando a sério o comunicado da Astrogilda, mas uma palavra que escutamos, solta chamou nossa atenção: Greve.
Isso mesmo. Os professores entrariam em greve.
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