quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Doce Balanço Capítulo 14




CENA 1 - APARTAMENTO DE MONTEIRO PRADO - SALA -INT. - NOITE

MALU CHEGARA DA CASA DOS PAIS DE DIANA AINDA TRANSTORNADA COM AS ACUSAÇÕES QUE LHE FIZERA D. CARMEN. CRUZOU A SALA COMO UM FURACÃO. O BANQUEIRO ESTAVA NA SALA E TENTOU DETÊ-LA.

 MONTEIRO PRADO - Malu! Malu, espere, minha filha!

A JOVEM FOI DIRETAMENTE PARA SEU QUARTO E TRANCOU A PORTA ATRÁS DE SI.

CENA 2 - APARTAMENTO DE MONTEIRO PRADO -CORREDOR - INT. - NOITE.

MONTEIRO PRADO FOI NO ENCALÇO DA FILHA E BATEU NA PORTA DO QUARTO.

 MONTEIRO PRADO - Abra essa porta, pelo amor de Deus, minha filha!

TIROU UMA CHAVE DO BOLSO DO PIJAMA E ABRIU A PORTA DO QUARTO.

CORTA PARA:
CENA 3 - APARTAMENTO DE MONTEIRO PRADO - QUARTO DE MALU - INT. - NOITE

O ROSTO DO BANQUEIRO DESANUVIOU-SE. MALU SOLUÇAVA, DEITADA NA CAMA.

 MONTEIRO PRADO - Que aconteceu?

A RAIVA DA MOÇA AINDA NÃO SE DISSIPARA.

 MALU - Maldita estúpida! Você acha que eu sou culpada da morte de Diana?  Houve uma pausa. Depois, a moça continuou, apàticamente.
 MALU - Foi o que ela disse... a mãe de Diana!

MONTEIRO FECHOU BEM OS OLHOS, RESISTINDO A UMA
ONDA DE INDIGNAÇÃO.

 MONTEIRO PRADO - Não diga isso! Você não tem culpa de nada! Não pode ter! Vou lhe dar um calmante... Senhorinha!
 MALU - (repetia baixinho) Eu sou culpada! Eu sou culpada!
 MONTEIRO PRADO - Não fique dizendo isso, que alguém pode ouvir... depois acabamos envolvidos nessa encrenca! (e voltando o rosto na direção da porta entreaberta) Senhorinha, o calmante de Malu! Telefone também para o Dr. Oto vir aqui, depressa!

COM A MÃO DIREITA, O BANQUEIRO ESTALOU UMA BOFETADA NO ROSTO DA FILHA, PARA FAZÊ-LA VOLTAR A SI. A MOÇA PRORROMPEU NUM PRANTO NERVOSO.

CORTA PARA:
CENA 4 - APARTAMENTO DE MARCELÃO - SALA - INT. -DIA

QUANDO O PLAYBOY CHEGOU EM CASA, ISADORA O AGUARDAVA E ATIROU-SE EM SEUS BRAÇOS COM UM LEVE SUSPIRO.

 ISADORA - Já sabe o que aconteceu?
 MARCELÃO - (com uma estranha dureza e cinismo na voz) Puxa, tanta coisa aconteceu! O dólar subiu, os egípcios derrubaram um avião judeu, Otan bombardeia a Síria, Kadafi continua foragido...
 ISADORA - (cortou, bastante agitada) - Falo de Diana
 MARCELÃO - Li nos jornais. Coitada... impressionante.
 ISADORA - Fiquei preocupada...
 MARCELÃO - (curiosamente interessado) Por quê?
 ISADORA - Por causa daquela história que você me contou... das fotos... e da ameaça que ela fez...
 MARCELÃO - É. O prazo que ela me deu para devolver as fotos terminava ontem á meia-noite. Que coincidência, não? Foi uma morte horrível...

CORTA PARA:
CENA 5 - APARTAMENTO DE VALÉRIA - SALA - INT. - DIA.

VALÉRIA ESTAVA BASTANTE NERVOSA QUANDO ALFREDINHO E JULIO BIRUTA CHEGARAM.

 VALÉRIA - Você já soube, Alfredinho?
ALFREDINHO FITOU-A E DEU UM SORRISO, COMO SE DESCONFIASSE DELA.
 ALFREDINHO - Claro!
 VALÉRIA - (na defensiva) Não entendi o sorrisinho de ironia...
 ALFREDINHO - (provocou) Não mesmo?
 VALÉRIA - Não. Se quer saber, eu também desconfio de você. E essa suspeita aumentou ainda mais depois que eu soube que Diana ia se casar com o padre e te deu um fora! Por isso você andava naquele baixo astral! E eu que pensava que era por ter de escolher entre mim e ela...

ALFREDINHO DEU UMA GARGALHADA NERVOSA. BATEU NO OMBRO DE VALÉRIA E CONCLUIU:

 ALFREDINHO - Você acha que eu ia hesitar? Eu tava gamado por ela! Gamado mesmo! E ela ia casar com aquele padre! Não ia não! Eu disse isso a ela!

VALÉRIA OLHOU PARA ALFREDINHO COM CERTA CONSTERNAÇÃO. O SILENCIO, POR ALGUNS INSTANTES, FOI PERTURBADOR. SEUS OLHOS TREMERAM BREVE E DIVERTIDAMENTE.

 VALÉRIA - Você disse? E alguém sabe disso?
 ALFREDINHO - Não. Somente você sabe agora!
 VALÉRIA - Mas por quê?

ALFREDINHO COÇOU A NUCA NO GESTO DE QUEM REFLETE.

 ALFREDINHO - Porque, se souberem, vão suspeitar é de você!

CORTA PARA:
CENA 6 - DELEGACIA DE POLÍCIA - SALA DO DELEGADO NOGUEIRA - INT. - DIA.

O DELEGADO NOGUEIRA OUVIA COM TODA ATENÇÃO O DEPOIMENTO DO COLUNISTA HUGO MATIAS.

 HUGO MATIAS - (chocado) Ainda não dá para acreditar, delegado, que uma moça tão bela e meiga tenha sido brutalmente assassinada. Só não entendo por que fui chamado pra depor...
 DELEGADO NOGUEIRA - Sou o delegado encarregado desse caso e estou intimando todas as pessoas que estavam no Castelinho à hora do assassinato.
 HUGO MATIAS - (embaraçado) O pior é que eu estava sim, doutor, com alguns amigos... e nós ouvimos uns gritos de socorro vindos da praia... Infelizmente, pensamos que se tratava de mais um escândalo entre casais...
 DELEGADO NOGUEIRA - (com frieza) E então?
 HUGO MATIAS - Por isso ninguém se importou...

CORTA PARA:
CENA 7 - PENSÃO PRIMAVERA - RECEPÇÃO - INT. - DIA.

ZÉ URBANO, A ESPOSA D. GIGI, A FILHA, SORAIA E CECÉU, QUE TAMBÉM ERA HÓSPEDE DA PENSÃO, DISPUTAVAM UM ESPAÇO Á FRENTE DO JORNAL, PARA LER A NOTÍCIA QUE CAUSOU GRANDE IMPACTO JUNTO AOS HÓSPEDES.

 D. GIGI - Coitada...
 CECÉU - Ainda não tou acreditando...
 ZÉ URBANO - (balançou a cabeça, com pesar) Mas é verdade, Seu Cecéu. Fui eu que encontrei o corpo nas pedras...

NESSE INSTANTE O DELEGADO NOGUEIRA ADENTROU NO RECINTO, ACOMPANHADO POR DOIS DETETIVES.

 DELEGADO NOGUEIRA - Seu Zé Urbano?
TODOS SE VOLTARAM, ASSUSTADOS.
 ZÉ URBANO - (adiantou-se, tranquilo) Pois não, sou eu!
 DELEGADO NOGUEIRA - O senhor está preso como suspeito do assassinato de Diana Molina!

CORTA PARA: CENA 8 - DELEGACIA - SALA DO DELEGADO NOGUEIRA -INT. DIA.

NA DELEGACIA, HÁBILMENTE INTERROGADO, ZÉ URBANO DEU O SERVIÇO.

 ZÉ URBANO - A moça tinha um namorado, um tal de Alfredinho, o mesmo que, quando ela ia se afogando, nada fez para salvá-la. Estou lhe dizendo, doutor, ele queria que ela morresse!

CORTA PARA:
CENA 9 - DELEGACIA - SALA DO DELEGADO NOGUEIRA -INT. - DIA.

D. GIGI E SORAIA ENTRARAM NA SALA E SE DIRIGIRAM AO DELEGADO NOGUEIRA.

 D. GIGI - Boa tarde, seu delegado. Queremos saber os motivos da detenção do meu marido!
 DELEGADO NOGUEIRA - (seco) Não há nenhum motivo! Apenas a lei faculta ao delegado deter por vinte e quatro horas qualquer pessoa para interrogatório.
 D. GIGI - Ah! Mas garanto que os amiguinhos grã-finos que ela tinha, o senhor não prendeu. Para esses o doutor não usou a lei!

A SURPRESA ENCOBRIU O ROSTO DE NOGUEIRA.

 DELEGADO NOGUEIRA - (voz baixa e contida) Como é que a senhora sabe que a vítima tinha amiguinhos grã-finos? A senhora a conhecia?
 D. GIGI - Não, mas minha filha era amiga dela.
 SORAIA - (completou) Amiga da praia... Ela vivia numa roda de grã-finos, embora fosse filha de um bancário
DELEGADO NOGUEIRA - (desconfiado) Está certo... Estou sentindo que há algo de suspeito nisso... mas não consigo imaginar o que é. Bem, é provável que eu queira ouvi-la qualquer dia desses. Mandarei chamar. Quanto ao Zé, vou soltá-lo.

FIM DO CAPÍTULO 14

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