CENA 1 - APARTAMENTO DE RÚBIA - SALA - INT. - DIA.
Continuação imediata da última
cena do capítulo anterior.
RÚBIA - (aterrorizada) Ficou
louco?! Não se aproxime!
DORIVAL RESPIROU FUNDO E
CONTROLOU SEU ÍMPETO.
RÚBIA RECUOU, SENTINDO A AMEAÇA
NOS SEUS OLHOS. SÚBITO, ELE RETROCEDEU E SAIU.
CORTA PARA:
CENA 2 - DELEGACIA - SALA DO DELEGADO NOGUEIRA -INT. - DIA
DETETIVE AMADEU - Pois aquela dona mentiu,
doutor Nogueira. Falei com o porteiro do edifício onde ela mora. Na noite do
crime, Valéria chegou em casa às duas horas da madrugada. E chegou sozinha.
O DELEGADO LEVANTOU-SE, APÓS
OUVIR ATENTAMENTE O DETETIVE AMADEU, ENCARREGADO DE APURAR SE VALÉRIA TINHA
CONTADO A VERDADE.
DELEGADO NOGUEIRA - Eu bem que desconfiava.
Ela está querendo arranjar um álibi para o Alfredinho. Mas esse não vai colar.
O DETETIVE FEZ MENÇÃO DE SAIR E
DIRIGIU-SE PARA A PORTA.
DETETIVE AMADEU - (lembrou-se) Tem um camarada
aí fora querendo falar com o senhor. Mando entrar?
DORIVAL RIBEIRO ENTROU NO
GABINETE DO POLICIAL, COMO CORAÇÃO AOS PULOS. UMA SOMBRA DE MÊDO ANUVIAVALHE O
ROSTO.
DORIVAL - Com licença, doutor. Meu nome é
Dorival Ribeiro... eu sou o pai do Alfredo Ribeiro. DOCE BALANÇO CAPÍTULO 20
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DELEGADO NOGUEIRA - Em que posso servi-lo?
DORIVAL - O senhor não deve me servir em coisa
alguma. O senhor deve mandar me prender.
DELEGADO NOGUEIRA - Prendê-lo... por quê?
DORIVAL - Porque fui eu que matei Diana.
CORTA PARA:
CENA 3 - APARTAMENTO DE RÚBIA - SALA - INT. - DIA.
ALFREDINHO, REFASTELADO NO SOFÁ,
ASSISTIA TELEVISÃO, QUANDO, DE REPENTE, LEVANTOU-SE, DE UM SALTO.
ALFREDINHO - (gritou para o interior do
apartamento) Mãe! Corre aqui!
RÚBIA SURGIU NA SALA, ASSUSTADA,
COM UMA MÁSCARA VERDE NO ROSTO E TOUCA TÉRMICA NA CABEÇA.
RÚBIA - Ai, que susto, Alfredinho! Assim você
me mata do coração!
ALFREDINHO APONTOU PARA A TV,
ONDE O REPÓRTER DAVA AS ÚLTIMAS NOTÍCIAS.
REPÓRTER - Acaba de ser preso o ex ator
Dorival Ribeiro, por confessar o assassinato de Diana Molina. Dorival Ribeiro
ficou preso por 15 anos e estava em liberdade condicional...
ALFREDINHO - É o meu pai, não é?
RÚBIA CONFIRMOU BALANÇANDO A
CABEÇA, OS OLHOS FIXOS NO TELEVISOR.
RÚBIA - É. É seu pai.
ALFREDINHO - (perplexo) Mas como é possível?
Como, se ele mal conhecia Diana? Não pode ser! Não entra na minha cabeça!
RÚBIA - Bem, muito certo ele nunca foi. Tanto
que passou quinze anos na cadeia. E, quem mata uma vez, mata duas.
CORTA PARA:
CENA 4 - APARTAMENTO DE GERMANO - SALA DE JANTAR- INT. - DIA.
D, CARMEN E GERMANO ALMOÇAVAM,
QUANDO MARCOS SURGIU, MOSTRANDO A MANCHETE NO JORNAL - “PRESO O ASSASSINO DE
DIANA MOLINA”. D. CARMEN E GERMANO LERAM A NOTÍCIA, PERPLEXOS.
D. CARMEN - Mas... mas isso parece absurdo! E
agora esse homem...
GERMANO - Haveria uma razão?
MARCOS - Eu também achei fora de propósito...
(e decidido) Já sei o que vou fazer! Com licença.
MARCOS ADIANTOU-SE EM DIREÇÃO Á
PORTA.
D. CARMEN - Espere, Marcos! O que
vai fazer?
ERA TARDE. MARCOS ACABARA DE
SAIR, FECHANDO A PORTA ATRÁS DE SI.
CORTA PARA:
CENA 5 - DELEGACIA - SALA DO DELEGADO NOGUEIRA -INT. - DIA.
MARCOS - Delegado, por favor, eu preciso falar
com Dorival Ribeiro.
DELEGADO NOGUEIRA - Dou-lhe 15
minutos. Não mais que isso, padre.
MARCOS - É o suficiente. Obrigado, delegado.
DELEGADO NOGUEIRA - (para o Cabo Jorge, que acompanhara
Marcos à sala de Nogueira) Cabo, leve o padre à cela de Dorival Ribeiro.
CORTA PARA:
CENA 6 - DELEGACIA - CELA - INT. - DIA
MARCOS ADENTROU A CELA DE DORIVAL
E SENTOU-SE A SEU LADO, NA PEQUENA CAMA DE COLCHÃO DURO.
DORIVAL - O que o senhor quer comigo?
MARCOS - Seu Dorival, eu preciso conversar com
o senhor. O que o levou a confessar o assassinato de Diana?
DORIVAL - Quem é o senhor?
MARCOS - Meu nome é Marcos Ventura. Sou...
amigo da família da Diana.
DORIVAL - Eu lamento pela família... Mas o que
está feito, está feito. Eu matei Diana Molina.
MARCOS - Mas... qual o motivo?
DORIVAL - Eu desejava apenas impedir o
casamento dessa moça com meu filho Alfredinho.
MARCOS ARREGALOU OS OLHOS.
MARCOS - O senhor... é pai de Alfredo Ribeiro?
DORIVAL - Sou. Eu telefonei pra ela naquela
noite. Disse que era urgente. Foi fácil atrair a moça. Nós discutimos... ela assustou
e saiu correndo. Começou a gritar. Eu fui atrás, mas para impedir que ela
fizesse um escândalo.... até que ela chegou na beira do paredão e... caiu lá
embaixo.
MARCOS - É justo que o senhor ame seu filho.
Mas será que não pensou que aquela moça também tinha pais?
CORTA PARA:
CENA 7 - APARTAMENTO DE MONTEIRO PRADO - SALA -INT. - DIA.
MALU JOGOU O JORNAL NA POLTRONA E
FITOU O PAI.
MALU - Essa confissão é uma palhaçada!
Qualquer um poderia ter matado a Diana, menos esse homem!
MONTEIRO PRADO - (segurou o queixo, testa
franzida) Será?
MALU - Você tem alguma dúvida? Pois eu, não!
Lógico que não foi ele!
MONTEIRO PRADO - (falou, medindo as palavras,
temendo a reação da jovem) Filha... amanhã é meu casamento. Eu quero te fazer
um pedido... Posso?
MALU - (de má vontade) Você sabe que eu sou
contra esse casamento! Acho um absurdo, uma...
MONTEIRO PRADO - (cortou) Filha, eu sei a sua
opinião. Eu só te peço uma trégua. Quero me casar em paz. Sem atrito entre você
e Isadora. Você... pode fazer isso pelo seu pai?
MALU - (sorriu, resignada) Pode, meu pai! Vou
fazer isso por você. Prometo!
MONTEIRO PRADO - Obrigado, filha. Eu sabia que
podia contar com você.
MALU BEIJOU O PAI NA TESTA E
RETIROU-SE DO ESCRITÓRIO.
CENA 8 - DELEGACIA - SALA DO DELEGADO NOGUEIRA -INT. - DIA.
DETETIVE AMADEU - Doutor Nogueira, andei
conferindo as declarações desse Dorival Ribeiro. Esse homem é um farsante ou um
doido! Nada do que ele declarou se ajusta à realidade.(estendeu um papel para
Nogueira) Aqui está o relatório com o depoimento do porteiro do hotel onde ele
morava, na Lapa.
DELEGADO NOGUEIRA - (leu o relatório) “Diana
Molina havia saído de casa ás onze e meia da noite. Dorival Ribeiro chegou ao
hotel onde residia, na Av. Mem de Sá, por volta das dez horas, se queixando de
dor de cabeça. A uma da manhã procurou o porteiro e pediu um analgésico. E não
saiu mais, porque a porta fica fechada a noite toda e alguém, para entrar ou
sair, tem que acordar o porteiro.” (pôs a mão na cabeça, desesperado)
Conclusão: ele está mentindo!
DETETIVE AMADEU - Não há mais dúvidas que não
foi ele, doutor!
DELEGADO NOGUEIRA - (vermelho de raiva) Cabo
Jorge! Traga esse maluco aqui, agora!
CORTA PARA:
CENA 9 - DELEGACIA - SALA DO DELEGADO NOGUEIRA -INT. - DIA.
A RECONSTITUIÇÃO DO CRIME VEIO
CONFIRMAR O QUE O DELEGADO JÁ SABIA, EM FACE DAS CONTRADIÇÕES QUE DORIVAL HAVIA
CAÍDO.
DELEGADO NOGUEIRA - Seu Dorival, o senhor é um
bom ator, mas mau caráter. Quer se divertir ás nossas custas? (deu um murro na
mesa e gritou alto para que todos ouvissem) Vamos parar com essa palhaçada!
Diga a verdade. Por que inventou essa história? Ah, já sei, está querendo
publicidade para voltar ao palco e precisa de um bom lançamento, não é isso?
DORIVAL, DESMASCARADO, BAIXOU A
CABEÇA E PÔS A MÃO NO ROSTO, ENCABULADO.
DORIVAL - Não é isso, delegado...
DELEGADO NOGUEIRA - (cortou) Se não é isso, é
que você está querendo acobertar alguém.Seu filho!
DORIVAL FICOU INDECISO. O
DELEGADO VOLTOU A GRITAR,DESTA VEZ PARA O DETETIVE.
DELEGADO NOGUEIRA - Jonas, bota esse sujeito
na rua!
CORTA PARA:
CENA 10 - IPANEMA - PRAÇA GENERAL OSÓRIO - EXT. -TARDE.
SELMINHA, AO SABER DO ESTADO
DEPRESSIVO QUE SE ENCONTRAVA MALU COM A MORTE DE DIANA, CONVENCEUA A DAR UM
PASSEIO E TOMAR UM SORVETE. AS DUAS CAMINHAVAM PELA PRAÇA, NO FIM DE TARDE.
SELMINHA - ... e o tal do Dorival Ribeiro foi
sôlto. Meu pai tá uma pilha, tentando achar o assassino da coitadinha da
Diana... O pior é que a coisa embolou de novo... Parece que agora, vão ter que
encontrar outro suspeito...
MALU DEU UM SORRISO SÁDICO.
MALU - Se eu pudesse envolver aquele padre?...
SELMINHA - (surpresa) O padre? Mas é lógico
que não foi ele! Coitado!...
MALU - Coitado? Coitado nada! Ele
é o culpado de tudo, direta ou indiretamente. Se ele não tivesse caído de paraquedas
na vida da Diana, ela, hoje, estaria viva!
SELMINHA - Nossa! Você detesta mesmo esse
padre!...
MALU - Detestar é pouco.... eu o odeio!
SELMINHA - (com uma ponta de malícia) Não sei,
não... Esse ódio todo... pode estar escondendo um sentimento muito mais forte,
por trás...
MALU - Não diz bobagem, Selminha. Vamos mudar
de assunto e tomar nosso sorvete?
CORTA PARA:
CENA 11 - APARTAMENTO DE MONTEIRO PRADO - LIVING -INT. - DIA.
NUM SALÃO MUITO BONITO, DECORADO
COM BOM GOSTO E REQUINTE, PLANOS RÁPIDOS DO CASAMENTO CIVIL DE MONTEIRO PRADO E
ISADORA. ESTAVAM PRESENTES TAMBÉM MARCELÃO, O COLUNISTA HUGO MATIAS, AS TRÊS PRIMEIRAS
ESPOSAS DO BANQUEIRO, MALU, SELMINHA E ALGUNS CASAIS, AMIGOS DOS NOIVOS.
ENQUANTO O JUIZ OFICIALIZAVA A CERIMÔNIA, TROCA DE OLHARES DISCRETA ENTRE
ISADORA E MARCELÃO, QUE PISCOU O OLHO PARA ELA. APÓS A TROCA DE ALIANÇAS, OS
NOIVOS E OS PADRINHOS ASSINARAM O LIVRO DE REGISTRO CIVIL.
JUIZ - Em nome da lei, vos declaro casados.
MONTEIRO PRADO E ISADORA
BEIJARAM-SE, SOB OS APLAUSOS E CUMPRIMENTOS DOS PRESENTES.
FIM DO CAPÍTULO 20
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