sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Doce Balanço - Capítulo 20





CENA 1 - APARTAMENTO DE RÚBIA - SALA - INT. - DIA.

Continuação imediata da última cena do capítulo anterior.

RÚBIA - (aterrorizada) Ficou louco?! Não se aproxime!

DORIVAL RESPIROU FUNDO E CONTROLOU SEU ÍMPETO.
RÚBIA RECUOU, SENTINDO A AMEAÇA NOS SEUS OLHOS. SÚBITO, ELE RETROCEDEU E SAIU.

CORTA PARA:
CENA 2 - DELEGACIA - SALA DO DELEGADO NOGUEIRA -INT. - DIA

 DETETIVE AMADEU - Pois aquela dona mentiu, doutor Nogueira. Falei com o porteiro do edifício onde ela mora. Na noite do crime, Valéria chegou em casa às duas horas da madrugada. E chegou sozinha.

O DELEGADO LEVANTOU-SE, APÓS OUVIR ATENTAMENTE O DETETIVE AMADEU, ENCARREGADO DE APURAR SE VALÉRIA TINHA CONTADO A VERDADE.

 DELEGADO NOGUEIRA - Eu bem que desconfiava. Ela está querendo arranjar um álibi para o Alfredinho. Mas esse não vai colar.

O DETETIVE FEZ MENÇÃO DE SAIR E DIRIGIU-SE PARA A PORTA.

 DETETIVE AMADEU - (lembrou-se) Tem um camarada aí fora querendo falar com o senhor. Mando entrar?

DORIVAL RIBEIRO ENTROU NO GABINETE DO POLICIAL, COMO CORAÇÃO AOS PULOS. UMA SOMBRA DE MÊDO ANUVIAVALHE O ROSTO.

 DORIVAL - Com licença, doutor. Meu nome é Dorival Ribeiro... eu sou o pai do Alfredo Ribeiro. DOCE BALANÇO CAPÍTULO 20 PÁGINA 03
 DELEGADO NOGUEIRA - Em que posso servi-lo?
 DORIVAL - O senhor não deve me servir em coisa alguma. O senhor deve mandar me prender.
 DELEGADO NOGUEIRA - Prendê-lo... por quê?
 DORIVAL - Porque fui eu que matei Diana.

CORTA PARA:
CENA 3 - APARTAMENTO DE RÚBIA - SALA - INT. - DIA.

ALFREDINHO, REFASTELADO NO SOFÁ, ASSISTIA TELEVISÃO, QUANDO, DE REPENTE, LEVANTOU-SE, DE UM SALTO.

 ALFREDINHO - (gritou para o interior do apartamento) Mãe! Corre aqui!
RÚBIA SURGIU NA SALA, ASSUSTADA, COM UMA MÁSCARA VERDE NO ROSTO E TOUCA TÉRMICA NA CABEÇA.
 RÚBIA - Ai, que susto, Alfredinho! Assim você me mata do coração!

ALFREDINHO APONTOU PARA A TV, ONDE O REPÓRTER DAVA AS ÚLTIMAS NOTÍCIAS.

 REPÓRTER - Acaba de ser preso o ex ator Dorival Ribeiro, por confessar o assassinato de Diana Molina. Dorival Ribeiro ficou preso por 15 anos e estava em liberdade condicional...
 ALFREDINHO - É o meu pai, não é?

RÚBIA CONFIRMOU BALANÇANDO A CABEÇA, OS OLHOS FIXOS NO TELEVISOR.

 RÚBIA - É. É seu pai. 
 ALFREDINHO - (perplexo) Mas como é possível? Como, se ele mal conhecia Diana? Não pode ser! Não entra na minha cabeça!
 RÚBIA - Bem, muito certo ele nunca foi. Tanto que passou quinze anos na cadeia. E, quem mata uma vez, mata duas.

CORTA PARA:
CENA 4 - APARTAMENTO DE GERMANO - SALA DE JANTAR- INT. - DIA.

D, CARMEN E GERMANO ALMOÇAVAM, QUANDO MARCOS SURGIU, MOSTRANDO A MANCHETE NO JORNAL - “PRESO O ASSASSINO DE DIANA MOLINA”. D. CARMEN E GERMANO LERAM A NOTÍCIA, PERPLEXOS.

 D. CARMEN - Mas... mas isso parece absurdo! E agora esse homem...
 GERMANO - Haveria uma razão?
 MARCOS - Eu também achei fora de propósito... (e decidido) Já sei o que vou fazer! Com licença.
MARCOS ADIANTOU-SE EM DIREÇÃO Á PORTA.
D. CARMEN - Espere, Marcos! O que vai fazer?
ERA TARDE. MARCOS ACABARA DE SAIR, FECHANDO A PORTA ATRÁS DE SI.
CORTA PARA:
CENA 5 - DELEGACIA - SALA DO DELEGADO NOGUEIRA -INT. - DIA.
 MARCOS - Delegado, por favor, eu preciso falar com Dorival Ribeiro.
DELEGADO NOGUEIRA - Dou-lhe 15 minutos. Não mais que isso, padre.
 MARCOS - É o suficiente. Obrigado, delegado.
 DELEGADO NOGUEIRA - (para o Cabo Jorge, que acompanhara Marcos à sala de Nogueira) Cabo, leve o padre à cela de Dorival Ribeiro.

CORTA PARA:
CENA 6 - DELEGACIA - CELA - INT. - DIA

MARCOS ADENTROU A CELA DE DORIVAL E SENTOU-SE A SEU LADO, NA PEQUENA CAMA DE COLCHÃO DURO.

 DORIVAL - O que o senhor quer comigo?
 MARCOS - Seu Dorival, eu preciso conversar com o senhor. O que o levou a confessar o assassinato de Diana?
 DORIVAL - Quem é o senhor?
 MARCOS - Meu nome é Marcos Ventura. Sou... amigo da família da Diana.
 DORIVAL - Eu lamento pela família... Mas o que está feito, está feito. Eu matei Diana Molina.
 MARCOS - Mas... qual o motivo?
 DORIVAL - Eu desejava apenas impedir o casamento dessa moça com meu filho Alfredinho.
MARCOS ARREGALOU OS OLHOS.


 MARCOS - O senhor... é pai de Alfredo Ribeiro?
 DORIVAL - Sou. Eu telefonei pra ela naquela noite. Disse que era urgente. Foi fácil atrair a moça. Nós discutimos... ela assustou e saiu correndo. Começou a gritar. Eu fui atrás, mas para impedir que ela fizesse um escândalo.... até que ela chegou na beira do paredão e... caiu lá embaixo.
 MARCOS - É justo que o senhor ame seu filho. Mas será que não pensou que aquela moça também tinha pais?

CORTA PARA:
CENA 7 - APARTAMENTO DE MONTEIRO PRADO - SALA -INT. - DIA.

MALU JOGOU O JORNAL NA POLTRONA E FITOU O PAI.

 MALU - Essa confissão é uma palhaçada! Qualquer um poderia ter matado a Diana, menos esse homem!
 MONTEIRO PRADO - (segurou o queixo, testa franzida) Será?
 MALU - Você tem alguma dúvida? Pois eu, não! Lógico que não foi ele!
 MONTEIRO PRADO - (falou, medindo as palavras, temendo a reação da jovem) Filha... amanhã é meu casamento. Eu quero te fazer um pedido... Posso?
 MALU - (de má vontade) Você sabe que eu sou contra esse casamento! Acho um absurdo, uma...
 MONTEIRO PRADO - (cortou) Filha, eu sei a sua opinião. Eu só te peço uma trégua. Quero me casar em paz. Sem atrito entre você e Isadora. Você... pode fazer isso pelo seu pai?
 MALU - (sorriu, resignada) Pode, meu pai! Vou fazer isso por você. Prometo!
 MONTEIRO PRADO - Obrigado, filha. Eu sabia que podia contar com você.
MALU BEIJOU O PAI NA TESTA E RETIROU-SE DO ESCRITÓRIO.
CENA 8 - DELEGACIA - SALA DO DELEGADO NOGUEIRA -INT. - DIA.

 DETETIVE AMADEU - Doutor Nogueira, andei conferindo as declarações desse Dorival Ribeiro. Esse homem é um farsante ou um doido! Nada do que ele declarou se ajusta à realidade.(estendeu um papel para Nogueira) Aqui está o relatório com o depoimento do porteiro do hotel onde ele morava, na Lapa.
 DELEGADO NOGUEIRA - (leu o relatório) “Diana Molina havia saído de casa ás onze e meia da noite. Dorival Ribeiro chegou ao hotel onde residia, na Av. Mem de Sá, por volta das dez horas, se queixando de dor de cabeça. A uma da manhã procurou o porteiro e pediu um analgésico. E não saiu mais, porque a porta fica fechada a noite toda e alguém, para entrar ou sair, tem que acordar o porteiro.” (pôs a mão na cabeça, desesperado) Conclusão: ele está mentindo!
 DETETIVE AMADEU - Não há mais dúvidas que não foi ele, doutor!
 DELEGADO NOGUEIRA - (vermelho de raiva) Cabo Jorge! Traga esse maluco aqui, agora!

CORTA PARA:
CENA 9 - DELEGACIA - SALA DO DELEGADO NOGUEIRA -INT. - DIA.

A RECONSTITUIÇÃO DO CRIME VEIO CONFIRMAR O QUE O DELEGADO JÁ SABIA, EM FACE DAS CONTRADIÇÕES QUE DORIVAL HAVIA CAÍDO.

 DELEGADO NOGUEIRA - Seu Dorival, o senhor é um bom ator, mas mau caráter. Quer se divertir ás nossas custas? (deu um murro na mesa e gritou alto para que todos ouvissem) Vamos parar com essa palhaçada! Diga a verdade. Por que inventou essa história? Ah, já sei, está querendo publicidade para voltar ao palco e precisa de um bom lançamento, não é isso?

DORIVAL, DESMASCARADO, BAIXOU A CABEÇA E PÔS A MÃO NO ROSTO, ENCABULADO.

DORIVAL - Não é isso, delegado...
 DELEGADO NOGUEIRA - (cortou) Se não é isso, é que você está querendo acobertar alguém.Seu filho!

DORIVAL FICOU INDECISO. O DELEGADO VOLTOU A GRITAR,DESTA VEZ PARA O DETETIVE.

 DELEGADO NOGUEIRA - Jonas, bota esse sujeito na rua!

CORTA PARA:
CENA 10 - IPANEMA - PRAÇA GENERAL OSÓRIO - EXT. -TARDE.

SELMINHA, AO SABER DO ESTADO DEPRESSIVO QUE SE ENCONTRAVA MALU COM A MORTE DE DIANA, CONVENCEUA A DAR UM PASSEIO E TOMAR UM SORVETE. AS DUAS CAMINHAVAM PELA PRAÇA, NO FIM DE TARDE.

 SELMINHA - ... e o tal do Dorival Ribeiro foi sôlto. Meu pai tá uma pilha, tentando achar o assassino da coitadinha da Diana... O pior é que a coisa embolou de novo... Parece que agora, vão ter que encontrar outro suspeito...
MALU DEU UM SORRISO SÁDICO.
 MALU - Se eu pudesse envolver aquele padre?...
 SELMINHA - (surpresa) O padre? Mas é lógico que não foi ele! Coitado!...
MALU - Coitado? Coitado nada! Ele é o culpado de tudo, direta ou indiretamente. Se ele não tivesse caído de paraquedas na vida da Diana, ela, hoje, estaria viva!
 SELMINHA - Nossa! Você detesta mesmo esse padre!...
 MALU - Detestar é pouco.... eu o odeio!
 SELMINHA - (com uma ponta de malícia) Não sei, não... Esse ódio todo... pode estar escondendo um sentimento muito mais forte, por trás...
 MALU - Não diz bobagem, Selminha. Vamos mudar de assunto e tomar nosso sorvete?

CORTA PARA:
CENA 11 - APARTAMENTO DE MONTEIRO PRADO - LIVING -INT. - DIA.

NUM SALÃO MUITO BONITO, DECORADO COM BOM GOSTO E REQUINTE, PLANOS RÁPIDOS DO CASAMENTO CIVIL DE MONTEIRO PRADO E ISADORA. ESTAVAM PRESENTES TAMBÉM MARCELÃO, O COLUNISTA HUGO MATIAS, AS TRÊS PRIMEIRAS ESPOSAS DO BANQUEIRO, MALU, SELMINHA E ALGUNS CASAIS, AMIGOS DOS NOIVOS. ENQUANTO O JUIZ OFICIALIZAVA A CERIMÔNIA, TROCA DE OLHARES DISCRETA ENTRE ISADORA E MARCELÃO, QUE PISCOU O OLHO PARA ELA. APÓS A TROCA DE ALIANÇAS, OS NOIVOS E OS PADRINHOS ASSINARAM O LIVRO DE REGISTRO CIVIL.

 JUIZ - Em nome da lei, vos declaro casados.
MONTEIRO PRADO E ISADORA BEIJARAM-SE, SOB OS APLAUSOS E CUMPRIMENTOS DOS PRESENTES.

FIM DO CAPÍTULO 20

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