terça-feira, 27 de setembro de 2011

Confissões de Laly Cap 7: Laly vê Iury e Aimée aos beijos!



7º Capítulo – Laly flagra Iury e Aimée aos beijos! (IMPERDÍVEL!)

-Ta falando sério, Grazi.
-Infelizmente sim.
-Não por nada, mas eu sempre desconfiei. Sabe, o jeito que ela olha pra ele, como sempre inventa pretexto pra falar dele... Mas você ta falando mesmo sério, Grazi?
-Mais sério IMPOSSÍVEL. Milene está jurando de pés juntos que vai conquistar o Iury e não tem quem tire essa ideia absurda de sua cabeça. 
-Milene perdeu mesmo o juízo.
-Você aprova Iury e Milene juntos? - coloquei Grazi na parede
-Sinceramente?
-De preferência... 
-Não. E você?
-Prefiro ver o Iury com o diabo do que com a Milene. - me senti obrigada a confessar - Iury estando com Milene é como se estivesse com o diabo. Ô guriazinha perversa, hein?

Grazielle nada responde. Mayra destemidamente acrescenta. 

-Não ta faltando muito pra eu contar tudo pra Lalinha. 
-DEUS ME LIVRE, MAYRA. A Mili pediu segredo. Não era nem pra ter te contado. 
-De segredinhos com a Mili. Sabia que você está sendo cúmplice?
-Credo! Nunca!
-Então pare de ficar em cima do muro porque não tem coisa mais feia que gente que não se manifesta. 
-Promete que vai ficar de bico calado?
-Não. 
-Mayra... 
-Isso é muito sério...
-Pelo amor de Deus, Mayra. Não abra essa boca. 
-Só não abro minha boca porque ainda espero que Deus se encarregue de dar um castigo bem horrível pra Milene. Deus que me perdoe, mas essa guria merece sofrer muito. 

Laly, que já havia sido dispensada, retorna ao salão.

-Desculpe interromper a conversa, mas vocês viram minha bolsa?

A bolsa de Laly estava caída ao lado do sofá.

-Desculpem, meninas. Ando meio avoada.
-A festa é hoje à noite, Lalinha. Você vai?
-Acho que vou... - responde Lalinha já saindo do salão 
-Acha que vai ou vai mesmo?
-Acho que vou sim, May, mas, se quer saber, o Gustavo não vai. 
-Melhor ainda! Assim você tem oportunidade pra conhecer Fernanda, a nova vizinha. Ela é bem legal. Você vai gostar dela. 

Som: Time after time - Cindy Lauper.

Gilberto sente o aroma de perfume feminino tomar conta da casa. Aimée e Fernanda, vestidas para a festa, recusam o jantar e se sentam ao sofá para esperar Gabriel terminar de se arrumar.

-Pelo visto vão sair. - comenta Gilberto
-Festa... - avisa Fernanda
-Juízo, ouviram bem, meninas? - Gilberto reforça o recado - Não vejo impedimentos em deixá-las saírem para dançar, desde que não excedam os limites. - comenta - Gabriel nunca foi de demorar tanto no banho. Vocês sabem o que está acontecendo?
-Sim. Tem nome, endereço e está namorando seu bebê. - brinca Aimée
-Gabriel já está namorando? E eu sou o último a saber?
-Relaxa, paiê. Biel já ta grande.

A campainha tilinta e Gilberto atende. Trata-se de Grazielle.

-Está aí o motivo de tanta alegria do Biel... - provoca Fernanda

Som: Head over heels - Tears for Fears.

Naira, Nilton e Iury estão sentados nas escadarias da igreja.

-Vocês não deveriam ir a essa festa. Lá está presente todo pecado... - Naira incita os amigos a não irem dançar
-Todo ano todos os jovens vão a esse baile. Eu não sou bobo de perder. - Nilton contraria Naira - Você não imagina o quanto da juventude está perdendo por viver rezando o dia todo...
-Aimée quer porque quer ir ao baile comigo. Será que vou? - Iury pede conselhos aos amigos
-A ruiva ta dando em cima de você, Iury. Ainda não se tocou? - Nilton coloca lenha - Mas não sei se você deveria se arriscar tanto. Laly também vai a essa festa.

E é então que Iury vai buscar Aimée pessoalmente...

Som: Dove - Moony.

De tanto meus novos amiguinhos fazerem questão que eu fosse à festa, resolvi caprichar na maquiagem e sair para dançar. Se minha mãe fosse viva, sei que faria exatamente o mesmo. 

Meus pais, por exemplo, talvez não tão bom assim, se casaram apaixonados. Ingrid tinha 16 anos e Edílson 20. Eles se amaram a ponto de fugirem de casa e recomeçar em outra cidade, longe dos olhos opressores dos pais, das proibições que os faziam pecar porque o amor que sentiam era mais forte que qualquer obstáculo. 

Eu já estava com 18 anos e amava Iury. Muito. Se fosse preciso, me casaria com ele mesmo no auge da imaturidade e iria embora da cidade. Faria qualquer coisa para não ter de me casar com Gustavo. Qualquer coisa. 

Todo santo fim de semana eu saía para dançar. Extravasava toda minha angústia na pista dançando com Iury até o amanhecer. Se Iury não podia me acompanhar, me encarregava de cuidar de Mayra e saía mesmo assim. 

Era enturmada na cidade e por trabalhar no melhor salão de beleza, vivia recebendo convites para festas, por isso mesmo destinava boa parte de meu ordenado a comprar roupas, maquiagens e discos. Conhecia todas as músicas que estavam no auge das paradas radiofônicas e sabia dançar como ninguém. Modestamente falando, não tinha pra ninguém. 

Uma semana antes eu dançaria até as solas do pé não suportarem mais meu peso e o cansaço por aproveitar o pique abençoado pela juventude. Que nada... 
Noivinha pra lá, noivinha pra cá e um monte de perguntinhas bestas para responder aos urubus curiosos. Era incrível ninguém, absolutamente NINGUÉM duvidar do meu sorrisinho fajuto. Para quem já estava acostumada a esconder o choro com piada não era nada complicado fingir mais um pouquinho. 

Som: Time after time - Cindy Lauper.
*Excepcionalmente a cena é narrada por Fernanda Gallardo*

A moda de se mudar pegou de vez naquele verão. Mal nós nos instalamos aqui em Guaratuba que o caminhão de mudanças parou novamente. 

-Carne nova no pedaço... - fofocou Biel, olhando pela janela
-Que foi, lavadeira? - provoquei Biel

Biel ODEIA quando o chamo de lavadeira. 

-Tem gente se mudando pra cá. - resmungou meu irmão caçula
-Grande coisa!
-São uma gente esquisita. 
-Esquisita?

Minha curiosidade falou mais alto. 

-Pastor de igreja. - suspirei
-Vão montar uma igreja aqui na rua?
-Acho que sim. Não ta vendo, lavadeira?
-Me chama assim se quiser ficar sem dentes, baleia. 
-QUEM É BALEIA, HEIN, LAVADEIRA?

O Pastor, a esposa e seus 3 filhos contemplavam a fachada do sobrado. A família perfeita. 

Também já tive essa sensação e a curti até os 13 anos, quando mamãe teve câncer e morreu sofrendo muito. Às vezes queria ter sentido dor no lugar dela pra que ainda pudesse estar aqui. 

Gilberto, nosso pai, após meses relutando, resolveu se mudar pra cá e recomeçar a vida. Aos trancos e barrancos ainda continuamos uma família não mais perfeita, mas ainda assim unida. 

Biel e eu somos assim mesmo. Discutimos, gritamos, nos zoamos, ele me irrita por boa parte do tempo, mas eu sei que posso contar com ele pra TUDO.

-A gente podia ir lá dar boas-vindas aos vizinhos. - sugeriu Biel
-E é bem capaz que um Pastor vai deixar dois católicos entrarem na sua casa. 
-Deus é Deus em qualquer religião. 
-Você viu o tipo do mané que é filho do Pastor? O cara usa a calça de tergal lá na boca do estômago e pra fazer aquele penteado deve, no mínimo, ter sido lambido por uma vaca. Fala sério, Biel. Só vão falar de bíblia o dia inteiro. 
-A Fer ficou apaixonada pelo filhinho do Pastor... A Fer ta apaixonada pelo filhinho do Pastor... 

Por que os meninos são tão irritantes, hein?

De qualquer forma, a festa seria logo mais à noite e eu iria, até porque a lendária Lalinha de quem a May, minha nova amiga, estava falando, estaria presente. 

As músicas estavam legais e eu estava dançando como nunca. A tal da Lalinha não era tuudo isso que a Mayra disse ou talvez não estivesse num bom dia, sei lá. Não me intrometo na vida das pessoas.

-Ei May, você conhece aquele garoto ali? 

Referia-me a um rapazinho bonito e sensual que se fazia notar entre as raparigas.

-Não e olha que eu conheço todos... 
-Você nem imagina a criatura bizarra que se mudou pra minha rua... 

Sou especialista em deturpar reputações. Mal conhecia o sujeito e já estava o julgando. Vai que ele fosse super legal e se tornasse um grande amigo?

-Ele ta vindo à nossa direção. - May me cutucou
-Ah é? - duvidei
-Eu acho que ele vem falar com você. Sou completamente invisível nessa cidade. 
-Que drama, Mayra. Você só tem 12 anos. Quando chegar aos 14 vai passar o rodo. 
-Pra sua informação eu tenho 14. Faço 15 em fevereiro. E a propósito, o gatinho ta vindo mesmo pra falar com você. Até mais. 

Toda aquela beleza estava escondida pelo cabelo lambido e pela calça de tergal na altura do estômago?

Mário. Mário era seu nome. E sim, ele era mesmo filho de um pastor. 

-E o que o santo filho de um pastor está fazendo numa festa cheia de pecadores?
-Talvez eu esteja a fim de pecar também. 
-Só porque já está salvo e pode tudo?
-Bom, você pode se salvar se quiser. 

Ele acha que flertar significava o mesmo que converter. Não sei se esse papo vai pra frente. 

-Depende do que você compreende por salvação. - ele sorriu com o canto do lábio e eu arrepiei sem perceber
-Não sei. Em religião sou péssima. 
-Então me diz algo que você seja boa... 
-Ah, não sei se sou ‘boa’ em algo. 
-Claro que é! Deus deu um dom pra cada um de nós... 
-E o seu é tentar converter pecadoras em festas?

Ele era muito ligeiro, pois encerrou minha tentativa de discurso com um beijo muito bom.

Onde é que ele aprendeu a beijar tão bem assim?

Som: Ordinary world - Duran Duran.

Enquanto Gabriel e Grazielle namoram, Fernanda e Mário se apaixonam, Mayra balança o esqueleto e percebe Laly aflita. Investiga, mas Laly continua demonstrando impassibilidade... 

-Onde está Iury? Preciso vê-lo. Preciso conversar com ele e passar essa história a limpo... 

E Iury? Onde estaria? Será que havia acontecido alguma coisa e ninguém queria me dizer?

Que Gustavo sempre o ameaçou, todos estavam cientes e com o inimigo por perto seria difícil os planos terem sucesso, então se livraria do Iury, se casaria com a donzela e continuaria o monopólio. 

Todos dançavam, riam, mas meus olhos procuravam Iury. Quando o encontrei, estive certa de que o Gustavo poderia ter domínio sobre mim, todavia JAMAIS substituiria o verdadeiro sentimento despertado sem tortura. 

Não sei o que foi dito para Iury passar por mim e virar o rosto. Em seguida, a decepção: enquanto eu chorava até umedecer os travesseiros, o bonitão estava muito a vontade com uma garota ruiva. Não pude suportar a cena e parti. 

-Laly, Laly... Onde é que você vai? - Mayra tentava me alcançar já na porta do clube
-Eu to bem, May. Pode voltar pra festa. - respondi
-Laly, fala comigo, por favor... 
-Volta pra festa, May. 

E é então que Mayra vê Iury e Aimée aos beijos na pista de dança e rapidamente capta a mensagem.  Laly, por sua vez, caminha pela rua aos prantos.

 É o fim de tudo? Descubra acompanhando os próximos capítulos de Confissões de Laly.

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