7º
Capítulo – Laly flagra Iury e Aimée aos beijos! (IMPERDÍVEL!)
-Ta falando sério, Grazi.
-Infelizmente sim.
-Não por nada, mas eu sempre desconfiei. Sabe, o
jeito que ela olha pra ele, como sempre inventa pretexto pra falar dele... Mas
você ta falando mesmo sério, Grazi?
-Mais sério IMPOSSÍVEL. Milene está jurando de
pés juntos que vai conquistar o Iury e não tem quem tire essa ideia absurda de
sua cabeça.
-Milene perdeu mesmo o juízo.
-Você aprova Iury e Milene juntos? - coloquei
Grazi na parede
-Sinceramente?
-De preferência...
-Não. E você?
-Prefiro ver o Iury com o diabo do que com a
Milene. - me senti obrigada a confessar - Iury estando com Milene é como se
estivesse com o diabo. Ô guriazinha perversa, hein?
Grazielle nada responde. Mayra destemidamente
acrescenta.
-Não ta faltando muito pra eu contar tudo pra
Lalinha.
-DEUS ME LIVRE, MAYRA. A Mili pediu segredo. Não
era nem pra ter te contado.
-De segredinhos com a Mili. Sabia que você está
sendo cúmplice?
-Credo! Nunca!
-Então pare de ficar em cima do muro porque não
tem coisa mais feia que gente que não se manifesta.
-Promete que vai ficar de bico calado?
-Não.
-Mayra...
-Isso é muito sério...
-Pelo amor de Deus, Mayra. Não abra essa
boca.
-Só não abro minha boca porque ainda espero que
Deus se encarregue de dar um castigo bem horrível pra Milene. Deus que me
perdoe, mas essa guria merece sofrer muito.
Laly, que já havia sido dispensada, retorna ao
salão.
-Desculpe interromper a conversa, mas vocês
viram minha bolsa?
A bolsa de Laly estava caída ao lado do sofá.
-Desculpem, meninas. Ando meio avoada.
-A festa é hoje à noite, Lalinha. Você vai?
-Acho que vou... - responde Lalinha já saindo do
salão
-Acha que vai ou vai mesmo?
-Acho que vou sim, May, mas, se quer saber, o
Gustavo não vai.
-Melhor ainda! Assim você tem oportunidade pra
conhecer Fernanda, a nova vizinha. Ela é bem legal. Você vai gostar dela.
Som: Time after time - Cindy Lauper.
Gilberto sente o aroma de perfume feminino tomar
conta da casa. Aimée e Fernanda, vestidas para a festa, recusam o jantar e se
sentam ao sofá para esperar Gabriel terminar de se arrumar.
-Pelo visto vão sair. - comenta Gilberto
-Festa... - avisa Fernanda
-Juízo, ouviram bem, meninas? - Gilberto reforça
o recado - Não vejo impedimentos em deixá-las saírem para dançar, desde que não
excedam os limites. - comenta - Gabriel nunca foi de demorar tanto no banho.
Vocês sabem o que está acontecendo?
-Sim. Tem nome, endereço e está namorando seu
bebê. - brinca Aimée
-Gabriel já está namorando? E eu sou o último a
saber?
-Relaxa, paiê. Biel já ta grande.
A campainha tilinta e Gilberto atende. Trata-se
de Grazielle.
-Está aí o motivo de tanta alegria do Biel... -
provoca Fernanda
Som: Head over
heels - Tears for Fears.
Naira, Nilton e Iury estão sentados nas
escadarias da igreja.
-Vocês não deveriam ir a essa festa. Lá está
presente todo pecado... - Naira incita os amigos a não irem dançar
-Todo ano todos os jovens vão a esse baile. Eu
não sou bobo de perder. - Nilton contraria Naira - Você não imagina o quanto da
juventude está perdendo por viver rezando o dia todo...
-Aimée quer porque quer ir ao baile comigo. Será
que vou? - Iury pede conselhos aos amigos
-A ruiva ta dando em cima de você, Iury. Ainda
não se tocou? - Nilton coloca lenha - Mas não sei se você deveria se arriscar
tanto. Laly também vai a essa festa.
E é então que Iury vai buscar Aimée
pessoalmente...
Som: Dove - Moony.
De tanto
meus novos amiguinhos fazerem questão que eu fosse à festa, resolvi caprichar
na maquiagem e sair para dançar. Se minha mãe fosse viva, sei que faria
exatamente o mesmo.
Meus pais,
por exemplo, talvez não tão bom assim, se casaram apaixonados. Ingrid tinha 16
anos e Edílson 20. Eles se amaram a ponto de fugirem de casa e recomeçar em
outra cidade, longe dos olhos opressores dos pais, das proibições que os faziam
pecar porque o amor que sentiam era mais forte que qualquer obstáculo.
Eu já
estava com 18 anos e amava Iury. Muito. Se fosse preciso, me casaria com ele
mesmo no auge da imaturidade e iria embora da cidade. Faria qualquer coisa para
não ter de me casar com Gustavo. Qualquer coisa.
Todo santo
fim de semana eu saía para dançar. Extravasava toda minha angústia na pista
dançando com Iury até o amanhecer. Se Iury não podia me acompanhar, me
encarregava de cuidar de Mayra e saía mesmo assim.
Era
enturmada na cidade e por trabalhar no melhor salão de beleza, vivia recebendo
convites para festas, por isso mesmo destinava boa parte de meu ordenado a
comprar roupas, maquiagens e discos. Conhecia todas as músicas que estavam no
auge das paradas radiofônicas e sabia dançar como ninguém. Modestamente
falando, não tinha pra ninguém.
Uma semana
antes eu dançaria até as solas do pé não suportarem mais meu peso e o cansaço
por aproveitar o pique abençoado pela juventude. Que nada...
Noivinha
pra lá, noivinha pra cá e um monte de perguntinhas bestas para responder aos
urubus curiosos. Era incrível ninguém, absolutamente NINGUÉM duvidar do meu
sorrisinho fajuto. Para quem já estava acostumada a esconder o choro com piada
não era nada complicado fingir mais um pouquinho.
Som: Time after
time - Cindy Lauper.
*Excepcionalmente a cena
é narrada por Fernanda Gallardo*
A moda de se mudar pegou de vez naquele verão.
Mal nós nos instalamos aqui em Guaratuba que o caminhão de mudanças parou
novamente.
-Carne nova no pedaço... - fofocou Biel, olhando
pela janela
-Que foi, lavadeira? - provoquei Biel
Biel ODEIA quando o chamo de lavadeira.
-Tem gente se mudando pra cá. - resmungou meu
irmão caçula
-Grande coisa!
-São uma gente esquisita.
-Esquisita?
Minha curiosidade falou mais alto.
-Pastor de igreja. - suspirei
-Vão montar uma igreja aqui na rua?
-Acho que sim. Não ta vendo, lavadeira?
-Me chama assim se quiser ficar sem dentes,
baleia.
-QUEM É BALEIA, HEIN, LAVADEIRA?
O Pastor, a esposa e seus 3 filhos contemplavam
a fachada do sobrado. A família perfeita.
Também já tive essa sensação e a curti até os 13
anos, quando mamãe teve câncer e morreu sofrendo muito. Às vezes queria ter
sentido dor no lugar dela pra que ainda pudesse estar aqui.
Gilberto, nosso pai, após meses relutando,
resolveu se mudar pra cá e recomeçar a vida. Aos trancos e barrancos ainda
continuamos uma família não mais perfeita, mas ainda assim unida.
Biel e eu somos assim mesmo. Discutimos,
gritamos, nos zoamos, ele me irrita por boa parte do tempo, mas eu sei que
posso contar com ele pra TUDO.
-A gente podia ir lá dar boas-vindas aos
vizinhos. - sugeriu Biel
-E é bem capaz que um Pastor vai deixar dois
católicos entrarem na sua casa.
-Deus é Deus em qualquer religião.
-Você viu o tipo do mané que é filho do Pastor?
O cara usa a calça de tergal lá na boca do estômago e pra fazer aquele penteado
deve, no mínimo, ter sido lambido por uma vaca. Fala sério, Biel. Só vão falar
de bíblia o dia inteiro.
-A Fer ficou apaixonada pelo filhinho do
Pastor... A Fer ta apaixonada pelo filhinho do Pastor...
Por que os meninos são tão irritantes, hein?
De qualquer forma, a festa seria logo mais à
noite e eu iria, até porque a lendária Lalinha de quem a May, minha nova amiga,
estava falando, estaria presente.
As músicas estavam legais e eu estava dançando
como nunca. A tal da Lalinha não era tuudo isso que a Mayra disse ou talvez não
estivesse num bom dia, sei lá. Não me intrometo na vida das pessoas.
-Ei May, você conhece aquele garoto ali?
Referia-me a um rapazinho bonito e sensual que
se fazia notar entre as raparigas.
-Não e olha que eu conheço todos...
-Você nem imagina a criatura bizarra que se
mudou pra minha rua...
Sou especialista em deturpar reputações. Mal
conhecia o sujeito e já estava o julgando. Vai que ele fosse super legal e se
tornasse um grande amigo?
-Ele ta vindo à nossa direção. - May me cutucou
-Ah é? - duvidei
-Eu acho que ele vem falar com você. Sou
completamente invisível nessa cidade.
-Que drama, Mayra. Você só tem 12 anos. Quando
chegar aos 14 vai passar o rodo.
-Pra sua informação eu tenho 14. Faço 15 em
fevereiro. E a propósito, o gatinho ta vindo mesmo pra falar com você. Até
mais.
Toda aquela beleza estava escondida pelo cabelo
lambido e pela calça de tergal na altura do estômago?
Mário. Mário era seu nome. E sim, ele era mesmo
filho de um pastor.
-E o que o santo filho de um pastor está fazendo
numa festa cheia de pecadores?
-Talvez eu esteja a fim de pecar também.
-Só porque já está salvo e pode tudo?
-Bom, você pode se salvar se quiser.
Ele acha que flertar significava o mesmo que
converter. Não sei se esse papo vai pra frente.
-Depende do que você compreende por salvação. -
ele sorriu com o canto do lábio e eu arrepiei sem perceber
-Não sei. Em religião sou péssima.
-Então me diz algo que você seja boa...
-Ah, não sei se sou ‘boa’ em algo.
-Claro que é! Deus deu um dom pra cada um de
nós...
-E o seu é tentar converter pecadoras em festas?
Ele era muito ligeiro, pois encerrou minha
tentativa de discurso com um beijo muito bom.
Onde é que
ele aprendeu a beijar tão bem assim?
Som: Ordinary
world - Duran Duran.
Enquanto Gabriel e Grazielle namoram, Fernanda e
Mário se apaixonam, Mayra balança o esqueleto e percebe Laly aflita. Investiga,
mas Laly continua demonstrando impassibilidade...
-Onde está Iury? Preciso vê-lo. Preciso
conversar com ele e passar essa história a limpo...
E Iury? Onde estaria? Será que havia acontecido
alguma coisa e ninguém queria me dizer?
Que
Gustavo sempre o ameaçou, todos estavam cientes e com o inimigo por perto seria
difícil os planos terem sucesso, então se livraria do Iury, se casaria com a
donzela e continuaria o monopólio.
Todos
dançavam, riam, mas meus olhos procuravam Iury. Quando o encontrei, estive
certa de que o Gustavo poderia ter domínio sobre mim, todavia JAMAIS
substituiria o verdadeiro sentimento despertado sem tortura.
Não sei o
que foi dito para Iury passar por mim e virar o rosto. Em seguida, a decepção:
enquanto eu chorava até umedecer os travesseiros, o bonitão estava muito a
vontade com uma garota ruiva. Não pude suportar a cena e parti.
-Laly, Laly... Onde é que você vai? - Mayra
tentava me alcançar já na porta do clube
-Eu to bem, May. Pode voltar pra festa. -
respondi
-Laly, fala comigo, por favor...
-Volta pra festa, May.
E é então que Mayra vê Iury e Aimée aos beijos
na pista de dança e rapidamente capta a mensagem. Laly, por sua vez,
caminha pela rua aos prantos.
É o fim de tudo? Descubra
acompanhando os próximos capítulos de Confissões de Laly.
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