Não, por mais que os dentes daquele vira-lata estivessem cravados a minha carne, eu tinha que ter forças para sair dali. Mesmo se eu não pudesse correr, ou mesmo se alguém me pegasse, eu tinha que lutar. Eu não poderia nadar,nadar e nadar pra morrer na praia. Não mesmo.
Realmente eu achei que o cachorro ia ficar com a minha perna na boca, porque as meninas me puxavam com tanta força, naquela cena bizarra.
- Valentina, aguenta aí. - Suhellen disse, soltando minha mão e irando a mochila das costas. - Vem aqui cachorrinho, vem.
Ela deu a mochila para o cachorro pegar, e assim como esperado, ele soltou minha perna para dilacerar a mochila.
- Valeu Suhellen.
- Vem logo Berg.
******
- Vocês não querem nem esperar amanhecer para ir embora?
- Não, a gente vai voltar pro hotel. Os atores devem estar me esperando. - Falei, segurando um pano na minha perna, para estancar o sangue.
- Melhor não, Berg. A gente tem tempo. Além do mais com esse ferimento aí você não pode ir a lugar nenhum. - disse Valentina.
- E você tem que procurar um médico. Vai que o cachorro tinha raiva?
- Tá, vocês venceram. Não subestime a intuição feminina (risos). Mas bem cedo a gente vai embora, ok?
Pedi o celular da Suhellen e liguei pra Ludi, para dar notícias. Ela tava sozinha naquele hotel.
- Berg, seu ... seu... onde é que você tá?
- Calma Ludi. Já ta tudo resolvido, agora avisa pro Murilo vir buscar a gente. Eu tô com a Valentina.
- Não? Você tá mentindo!
- É sério!
- É sério!
- Eu vou avisar agora!
Pensando bem (as meninas tinham razão), seria melhor ligar pra alguém vir nos buscar. Acordei no dia seguinte com uma mulher fazendo o maior escândalo do lado de fora da casa.
- Sei que minha neta tá aí, seus sequestradores!
Era a voz da Dona Rosário. Estávamos perdidos.
- Olha, eu vou chamar a polícia. Sei que minha neta está aí. Olha - ela mostra a mochila - encontrei isso aqui no meu quintal.
Parecia que ela ia avançar com tudo pra cima da gente. Valentina estava escondida, morrendo de medo.
- Não, dona Rosário, ela não está aqui. Ela fugiu? - tentei fingir que não sabia de nada.
- Não se faça de desentendido, moleque.
Diário da Ludi
Acho que estávamos quase chegando. O endereço era tipo no meio do nada virando a direita, sabe?
Pois é. Chegando, avistamos uma casa, onde estava rolando o maior barraco lá.
Descemos do carro, eu e Murilo.
- Pessoal, calma, o que tá acontecendo?
A avó da Valentina quase desmaiou quando viu o global.
- É o rapaz da novela...
- Sim, sou eu. Eu quero ajudar sua neta, onde ela está?
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