quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Confissões de Laly Cap 8: Laly discute com Edílson e leva bofetada no rosto! (IMPERDÍVEL!)



8º Capítulo – Laly discute com Edílson e leva bofetada no rosto! (IMPERDÍVEL!)

            Som: Ordinary world - Duran Duran.
           
De frente para o ponto final. Não poderia ser mais doloroso.

A história só continuava dentro de mim porque eu ainda alimentava a inútil esperança de desfazer aquele maldito nó com Gustavo. Meu coração sempre seria de Iury, mas ali naquela festa vi meu amor me provar que poderia muito bem viver sem mim. Isso machucou muito mais que qualquer palavra torpe proferida em discussões. Voltei para casa aos prantos e meu pai, que não estava conseguindo dormir, me encontrou e perguntou:

-Isso lá são horas de uma mulher de família estar rateando pela rua?
-Desculpe, pai.
-Você já está noiva e não pega bem para a imagem da noiva de Gustavo Figueira Antares ficar frequentando festinha...
-Todo ano eu vou ao baile.
-É bom mesmo que tenha terminado tudo com Iury...

O fim já estava subentendido. Eu só estava fingindo a mim mesma que poderia existir alguma chance de toda tristeza enfrentada ser apenas um pesadelo do qual logo despertaria. Infelizmente não era.

-Iury e eu terminamos.
-Bom mesmo que seja verdade.

E por que mentiria?

-Ah se o Gustavo fica sabendo das tuas saidinhas... Imagine só o que pensará a família dele...
-Ele que vá pro inferno. Não me caso com ele nem à força.
-Vai casar sim, senhorita. Já que só me dá desgosto, que pelo menos uma vez na vida deixe de ser egoísta e faça algo por seu pai.
-Como se você fizesse algo por mim...

Levei uma forte bofetada no rosto. A dor maior estava do lado de dentro. Edílson não se importava.

-Ingrata, desgraçada...
-Eu não amo o Gustavo.
-Han... Ama o caixoteiro vagabundo que acha que tem chance de passar em Medicina...
-E ELE TEM... TEM SIM...
-Quero só ver... Eu pago pra ver...

Eleonora despertou com os gritos e foi até a sala.

-O que significa isso?
-Acredita que Laly está dizendo que não quer se casar com o Gustavo?
-Lalinha, deixe de ser infantil e egoísta. Não sabe quantas mocinhas queriam estar no seu lugar agora?

Ótimo! Que se apossassem do meu lugar e me deixassem ser feliz com o Iury ou qualquer outra pessoa.

-Você ainda vai se arrepender por estar desprezando Gustavo.

Claro, né, bruxa cínica... Você iria viver como rainha enquanto eu teria de renunciar meu amor, meus sonhos, minha juventude e liberdade pra viver um casamento de fachada. Assim era muito fácil julgar.

-Que Deus um dia a castigue por fazer seu pai sofrer desse jeito. Tenho até vergonha de pensar que Gustavo irá devolvê-la... Depois de fazer o diabo a quatro com o maloqueiro, vai se deitar com o homem decente que tem se guardado pra você, se dedicado a fazê-la feliz.

O santo me violentou às vésperas do noivado.

Doloroso flashback.

Sua reputação na cidade deveria continuar intocável, então ele me levou para o acostamento de uma estrada a pelo menos 20 km de distância, longe de qualquer contato humano e ali se iniciou o sofrimento.

-Não vai doer, Laly. Eu lhe juro.
-Me larga, por favor. Deixe-me ir...
-Você não vai enquanto eu não implantar em você a semente do nosso amor.

Chorando, abri a porta do carro e tentei fugir pelo mato, mas ele me alcançou.

-Pensou que ia pra onde, sua meretriz?

E me socou o rosto, me deu uma gravata e me arrastou até o banco traseiro do carro.

-De mim você não vai escapar.
-Me leva pra casa, por favor. Me leva pra casa...
-Você pediu e é assim que vai ser. Você pensou que escaparia de mim? Sou mais esperto do que supõe, princesinha. Da noite de hoje tão cedo você não se esquecerá.

Sorriso satânico, fala perversa e uma Lalinha sem qualquer chance de defesa.

-Para, Gustavo. Por favor... Não faz isso comigo...

Gustavo colou meus lábios com fita crepe, amarrou meus braços com uma corda fedida e montou em mim como um animal. Se chorasse, apanharia mais ainda. Se gritasse, o revólver estava no porta-luvas. Sobraria para Iury também.

Minha ideia de perder a virgindade seria numa noite romântica ao lado de Iury, sabendo perfeitamente que seria um marco na vida de ambos, o encontro de um prazer que já tínhamos conhecimento e nunca chegamos a assumir.

A Eleonora supunha sobre minha castidade. Ao contrário de suas expectativas, Iury e eu não passamos do beijo na boca durante os 3 anos de namoro.

O partido perfeito pagava menininha de 12 anos pra fazer boquete nele, saía com travestis, fumava baseado às escondidas e saía espancando negros e pobres por se considerar raça superior.

Diante de toda a cidade Gustavo era o sujeito loquaz, o próspero agrônomo recém-formado que tirou o diploma por hobby e realização pessoal porque herdaria as empresas do pai.

Primogênito de uma numerosa e renomada família, Gustavo era conhecido por ser o homem que se sentava na primeira fileira da paróquia nas missas de domingo, contribuía com o dízimo e era devoto aos pais.

Moralista, era inconcebível que suas irmãs não se casassem virgens, entretanto, ele podia muito bem sair trepando com a filha dos outros porque tinha a justificativa de ser homem. Machista, sempre acreditou que a mulher não deveria sentir prazer.

Esposa ideal seria aquela que pilota fogão, tem um filho por ano e só sai de casa para ir à igreja. Em menos de dois meses eu me resumiria a isso. Meu pai consentia que sua filha fosse desprovida de ambições, justo ele, que apregoava tanto a importância do estudo no futuro de uma pessoa.

Era um tanto quanto assustador que Edílson nem sequer se preocupasse com o que eu sentia, se aquilo iria, deveras, me trazer a alegria que ele tanto dizia querer me ver sentir.

Fui para meu quarto onde chorei mais ainda ouvindo Eleonora me difamar para meu pai.

-Essa menina é mesmo uma problemática sem cabeça. Trocar o Gustavo pelo tal Iury...
-Não sei onde errei, Eleonora. Queria saber onde foi que eu errei...
-Você é um ótimo pai, Edilson. Laly é que não sabe valorizar a sorte que tem...

Som: Groove is in the heart - Dee Lite.

Enquanto Aimée vai ao banheiro acompanhada de Fernanda, Iury procura Nilton, que se cerimônias avisa que Laly o viu acompanhado de Aimée.

-Ela viu mesmo? - Iury empalidece
-Viu e saiu chorando.
-Também não precisa exagerar, né, Nilton?
-Quem me dera fosse mentira, primão. - dá um tapinha nas costas dele - Acabou de perder Lalinha.
-Então quer dizer que ela me viu mesmo com Aimée?

Cinco minutos depois, Iury despista Aimée.

-Já vai pra casa, Iury?
-Sim... – aproxima a cabeça de Aimée e a beija simbolicamente – Preciso ir... Muito tarde...
-Deixe de bobagem, Iury. A festa mal começou.

Iury acena enquanto se distancia de Aimée, sai do salão de festas com a visão já embargada pelas lágrimas, apoia-se no poste e repassa o instante em que seus olhos cruzaram-se com os de Laly, do quanto fingiu indiferença e se feriu, da consequência da revolta e não se importa em gritar de raiva.

-Eu sou um idiota. Um grande idiota. Imbecil...

Ao voltar para casa, caminhando na ponta dos pés, fecha a porta do quarto, tira os sapatos, os coloca ao lado da cômoda de madeira e atira-se na cama, enfiando a cabeça nos travesseiros para fugir da culpa e vergonha, da dor de perder sua amada e de não saber o que dizer a Aimée.

Iury adormece pensando em Laly e se sentindo um verdadeiro tolo pelo que fez. A foto de Laly continua intocável em seu porta- retrato no criado-mudo.

Na festa...

Mayra não conseguiu ficar com ninguém, mas percebe que Nilton está prostrado perto da mesa onde são servidos os comes e bebes e vai conversar com ele.

-Quando é que você vai chegar na minha irmã, hein?
-Ta muito apressadinha, baixinha.
-To não. Você é que ta muito devagar. E aí? Por que ta parado com essa cara de poucos amigos? É impressão minha ou Iury não está mais com a ruiva?
-Iury foi embora. Precisava acordar cedo.
-Lalinha os viu juntos. Não tiro a razão de Iury, mas não sei se você concorda comigo... Acho que Iury e Laly deveriam terminar formalmente o namoro. Do jeito como estão agindo só estão piorando tudo. Laly mal sequer se pronuncia e Iury parece muito tranquilo para quem acabou de sair de um longo relacionamento. 3 anos não são 3 dias.
-Iury não quer causar problemas.
-Eu sinceramente não queria que Laly se casasse com Gustavo.
-Nem eu.

Som: Time after time - Cindy Lauper.

Fernanda e Mário dançam agarrados. Aimée está sentada em uma mesa distante das badalações. Nem mesmo precisaria ser vidente para que Fernanda perceba que há algo de errado com a irmã. Dando um selinho em Mário, suas mãos ainda não querem ganhar vida própria.

-Já volto...
-Já? Na melhor parte da música, poxa...
-Prometo que volto.

Fernanda descobre que Iury deixou Aimée sozinha, o que em outras palavras, implica dizer que para a ruiva foi o fim da curtição.

-Às vezes o garoto precisa acordar cedo, Aimée. Tem gente na nossa idade que trabalha, poxa vida. Vai ficar aí com a cara amarrada por pouca coisa?

Som: Como devia estar - Capital Inicial.

Amar é se permitir ser livre, regozijar com a felicidade do outro, ainda que seja a custo de suas lágrimas. Era difícil crer que Iury superaria o término muito antes que minhas olheiras diminuíssem. Aceitaria que meu ex-namorado trilhasse o caminho que bem entendesse e fosse feliz acima de qualquer coisa.

Até o casamento ainda precisaria cumprir minhas funções no salão de D. Emília e o fiz ainda que não possuísse forças nem mesmo para rezar e pedir uma concreta direção. May era minha melhor amiga e apenas com um olhar sabia se eu estava bem ou não.

-Saiu mais cedo ontem, né, safada? Sentiu saudades do noivinho, é? - tentava me fazer cócegas porque adorava me ver sorrir
-Não fala do Gustavo.
-Por que está chorando, Laly? - sentou-se comigo no sofá do salão - Falei algo que te magoou?
-Não.
-Foi sim, Laly. Eu acho que sei por que você está assim.

Tentei negar até o limite, mas estava óbvio: se Iury fosse mesmo parte do passado, eu não desmoronaria ao vê-lo com outra garota. Por mais Iury me odiasse, eu ainda o amava. Com o pouco de entusiasmo e garra restantes, ainda o amava. Demais para permitir que saísse com aquela ruiva espalhafatosa.

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