25º
Capítulo - Milene ameaça Grazi!
-Milene, venha
cá...
Milene finge não ter
ouvido, visto que foi tomar banho para amadurecer alguma ideia que a isente da
merecida punição, contudo Amado, insistente, a chama várias vezes, até que a
jovem surge no recinto de camisola rosa chá abraçando um ursinho de pelúcia, um
que guarda para fingir inocência ao pai e resolve fazer o que sabe de melhor:
embromar.
-Papai?
Milene aparenta estar
cansada e não teme inventar mentiras ao próprio pai.
-O que quer comigo?
-Talvez nem você
saiba, mas em todo caso, gostaria de saber o que esse produto perigoso está
fazendo aqui...
-Grazi idiota. Acha
que minha casa é chiqueiro... - pensa a megera
-Sabe do que estou
falando, não sabe?
-Eu não conheço esse
negócio aí, pai. Sabe que eu morro de nojo de bichos.
-Sei sim, mas
encontrei essa substância extremamente nociva e tenho medo que se machuque ou
algo assim...
-Papai, eu sei me
cuidar. Não precisa ficar tão preocupado.
-Sei disso, minha
flor...
Amado coloca mingau em
um pratinho para Milene. A megera se senta na bancada moderna da cozinha
projetada para comer e age como se fosse à menina mais pura e inocente do
mundo.
-Grazi esteve aqui
nessa manhã.
-Sim, sim. Você e
Grazi são grandes amigas e eu a considero como se fosse minha filha... Algo
errado?
-Não, papai. De forma
alguma... - a doce voz faz o pai pensar que tem a melhor filha do mundo
Amado se serve com um
pouco de mingau e se senta ao lado da filha.
-Devo me preocupar?
-Grazi estava fuçando
na garagem e achou esse produto.
-Substância que não
deveria estar ao alcance de duas jovenzinhas lindas como vocês...
-Eu sei, papai...
-Me prometa que nunca
mais vai mexer com esse tipo de coisa.
-Foi Grazi que o
encontrou e me pediu pra usar. Eu disse que não havia impedimento algum, pois
não entendo nada sobre isso. Ela já gosta de lidar com essas porcarias e me disse
que queria matar uns ‘ratos’.
-Não temos ratos nessa
casa.
-Sim, eu sei...
Milene poderia usar
toda sua imaginação para escrever grandes livros de mistérios policiais, pois a
riqueza de detalhes com que condena Grazielle faz Amado arregalar os olhos.
-Levou o bolo
envenenado para as cunhadas? - até Amado fica horrorizado com o caso
-Ela tentou me fazer
experimentar e eu recusei, claro.
-E não agiu de forma
mais correta. Grazielle só pode ter perdido o juízo, minha filha. Isso é coisa
que faça?
-Grazi... – soluços
que precedem a maré de lágrimas – Grazi me forçou a entregar o bolo envenenado.
Milene utiliza o choro como arma para convencer
o pai.
-Grazi vem reclamando que é muito maltratada
pelas cunhadas e queria dar um sustinho nelas. Eu tentei aconselhá-la, mas ela
estava irredutível...
Amado afaga a cabeça de Milene.
-O velho ta caindo
feito patinho na história. Só sendo muito idiota pra não saber que fui eu. -
pensa a megera
Amado prepara um copo
de água com açúcar para Mili.
-Mayra quase morreu...
Agora todo mundo ta achando que eu sou uma psicopata e a D. Emília me disse um
monte de besteiras ao telefone...
-Assim que amanhecer,
conversarei com Emília. Creio que ela está fazendo julgamento precipitado
contra sua pessoa e sem provas, o que por si só já é uma acusação bastante
grave.
-Será que vou precisar
eliminar a velha intrometida do meu caminho também? - Milene esbraveja em
pensamento
Som: Dove – Moony.
Com o passar dos anos, Gustavo, sempre que tirava férias, as
passava na cidade e soube direitinho como conquistar meu pai e Eleonora.
Lembro-me de chegar em casa diversas vezes e encontrá-lo
sentado no sofá com as perninhas cruzadas tomando chimarrão e contando
vantagens.
-Tenho boas intenções
com Lalinha, caros Edilson e Eleonora. Laly é a mulher da minha vida e por ela
movo céus e terra.
Havia algumas semanas desde a oficialização do noivado. E
sem meu consentimento.
-Lalinha, isso é
crime. Você deve denunciá-lo.
-E você acha que vão
acatar a denúncia de uma pobre coitada que nem eu?
-Dinheiro nenhum vale
essa humilhação, querida. Você tem que falar com mais alguém sobre isso.
-O problema é que
ninguém quer entender...
Reviver aquela situação era mais humilhante que o ato em si.
Fiz questão de não poupar detalhes. Tio Abílio e Dani
choraram junto comigo, tanto que a partir dali fizemos um pacto de não tocar
mais em assunto de noivado, embora meus tios já deixassem muito claro que
qualquer fosse minha decisão, me apoiariam incondicionalmente. Era isso que
queria ouvir do meu pai.
Som: Olhos certos –
Detonautas.
Pela manhã Amado ouve
outra versão do caso.
-Pois deveria abrir os
olhos. Milene não é flor que se cheire. - D. Emília afirma
-Discordo plenamente,
D. Emília. Milene é uma filha maravilhosa e incapaz de fazer mal ao seu
semelhante. Por Milene sou capaz de colocar minha mão no fogo.
-Se minha filha
tivesse morrido, Milene se responsabilizaria. Eu iria até as últimas
consequências para ver essa criminosa atrás das grades.
-Não vou suportar que
se refira a minha doce Milene com um termo tão pejorativo.
-Se a justiça dos
homens falhar, que pelo menos a divina nos conforte.
Grazielle dormiu a
base de calmantes e acorda com Milene segurando uma faca contra seu pescoço.
Até parece mais um dos muitos pesadelos que teve durante as últimas horas. E
não é. Para ser mais real, nada falta. Nenhum detalhe.
-É bom que não mude a
versão do caso ou aí sim vai conhecer meu lado perverso.
-Milene?
-Não. É o coelhinho da
páscoa... Dããã...
Milene ameaça cortar a
jugular de Grazielle, movimentando-se bruscamente e rindo como se estivesse
prestes a destilar um pedaço de carne.
-Não me provoque. Você
não sabe do que sou capaz.
Milene adota a
estratégia do terrorismo psicológico para intimidar a comparsa.
-Vai ser conivente com
a minha versão ou vai para o inferno junto com a Aimée e as duas mortas de
fome...
Sabrina bate na porta
do quarto da filha.
-Grazi, Grazi.
Milene faz um pequeno
risquinho no pescoço de Grazielle.
-Combinado?
-Combinado...
-E ai da mosca morta
que arruinar meus planos novamente...
Grazielle é
praticamente compelida a assumir a autoria do bolo envenenado.
-Se você não falar a
verdade, prepare-se para sofrer o dobro do que Lalinha, Aimée e as mortas de
fome sofrerão.
-Mas eu não posso...
-Não pode por quê?
Você foi minha cúmplice ou agora irá tirar o seu da reta e pagar de bióloga boazinha?
Milene aponta a faca
na direção do coração de Grazielle, que chorando, se ajoelha aos pés de Milene
e suplica.
-Por favor, Milene.
Não me obrigue a fazer isso.
-Não me obrigue a
tomar atitudes mais drásticas. Queira, por favor, tirar suas imundas mãos dos
meus lindos pés antes que eu a chute.
-Milene, tenha
piedade.
-Eu falo em grego,
garota? – espanta Grazi aos chutes – Você está sem saída, queridinha...
Grazielle, antes de D.
Emília sair para trabalhar, bate na porta da casa e pede para conversar.
-A vontade, Grazi.
Você sabe que é da família.
-Eu tenho algo muito
importante para dizer.
-Não faça cerimônias,
criança. Você é uma irmã para May e ela ta precisando tanto de carinho... Está
tão assustada...
-O que tenho para
falar é com relação a ontem...
Emília convida Grazielle
a se sentar na banqueta da cozinha.
-Fala... fica a
vontade... – Emília oferece água gelada a garota – Se souber de algo, por
favor, não tenha medo de falar. Não acoberte o mal, querida. Pessoas de bem não
são coniventes a perversidades... O incidente de ontem mexeu mesmo com todos...
Acredita que ainda nem preguei os olhos? May e Fernanda graças a Deus estão
muito bem, mas...
-Fui eu que preparei
os bolos envenenados...
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