segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Confissões de Laly Cap 25: Milene ameaça Grazi!



25º Capítulo - Milene ameaça Grazi!

 -Milene, venha cá...

Milene finge não ter ouvido, visto que foi tomar banho para amadurecer alguma ideia que a isente da merecida punição, contudo Amado, insistente, a chama várias vezes, até que a jovem surge no recinto de camisola rosa chá abraçando um ursinho de pelúcia, um que guarda para fingir inocência ao pai e resolve fazer o que sabe de melhor: embromar.

-Papai?

Milene aparenta estar cansada e não teme inventar mentiras ao próprio pai.

-O que quer comigo?
-Talvez nem você saiba, mas em todo caso, gostaria de saber o que esse produto perigoso está fazendo aqui...
-Grazi idiota. Acha que minha casa é chiqueiro... - pensa a megera
-Sabe do que estou falando, não sabe?
-Eu não conheço esse negócio aí, pai. Sabe que eu morro de nojo de bichos.
-Sei sim, mas encontrei essa substância extremamente nociva e tenho medo que se machuque ou algo assim...
-Papai, eu sei me cuidar. Não precisa ficar tão preocupado.
-Sei disso, minha flor...

Amado coloca mingau em um pratinho para Milene. A megera se senta na bancada moderna da cozinha projetada para comer e age como se fosse à menina mais pura e inocente do mundo.

-Grazi esteve aqui nessa manhã.
-Sim, sim. Você e Grazi são grandes amigas e eu a considero como se fosse minha filha... Algo errado?
-Não, papai. De forma alguma... - a doce voz faz o pai pensar que tem a melhor filha do mundo

Amado se serve com um pouco de mingau e se senta ao lado da filha.

-Devo me preocupar?
-Grazi estava fuçando na garagem e achou esse produto.
-Substância que não deveria estar ao alcance de duas jovenzinhas lindas como vocês...
-Eu sei, papai...
-Me prometa que nunca mais vai mexer com esse tipo de coisa.
-Foi Grazi que o encontrou e me pediu pra usar. Eu disse que não havia impedimento algum, pois não entendo nada sobre isso. Ela já gosta de lidar com essas porcarias e me disse que queria matar uns ‘ratos’.
-Não temos ratos nessa casa.
-Sim, eu sei...

Milene poderia usar toda sua imaginação para escrever grandes livros de mistérios policiais, pois a riqueza de detalhes com que condena Grazielle faz Amado arregalar os olhos.

-Levou o bolo envenenado para as cunhadas? - até Amado fica horrorizado com o caso
-Ela tentou me fazer experimentar e eu recusei, claro.
-E não agiu de forma mais correta. Grazielle só pode ter perdido o juízo, minha filha. Isso é coisa que faça?
-Grazi... – soluços que precedem a maré de lágrimas – Grazi me forçou a entregar o bolo envenenado.

Milene utiliza o choro como arma para convencer o pai.

-Grazi vem reclamando que é muito maltratada pelas cunhadas e queria dar um sustinho nelas. Eu tentei aconselhá-la, mas ela estava irredutível...

Amado afaga a cabeça de Milene.

-O velho ta caindo feito patinho na história. Só sendo muito idiota pra não saber que fui eu. - pensa a megera

Amado prepara um copo de água com açúcar para Mili.

-Mayra quase morreu... Agora todo mundo ta achando que eu sou uma psicopata e a D. Emília me disse um monte de besteiras ao telefone...
-Assim que amanhecer, conversarei com Emília. Creio que ela está fazendo julgamento precipitado contra sua pessoa e sem provas, o que por si só já é uma acusação bastante grave.

-Será que vou precisar eliminar a velha intrometida do meu caminho também? - Milene esbraveja em pensamento

Som: Dove – Moony.

Com o passar dos anos, Gustavo, sempre que tirava férias, as passava na cidade e soube direitinho como conquistar meu pai e Eleonora.

Lembro-me de chegar em casa diversas vezes e encontrá-lo sentado no sofá com as perninhas cruzadas tomando chimarrão e contando vantagens.

-Tenho boas intenções com Lalinha, caros Edilson e Eleonora. Laly é a mulher da minha vida e por ela movo céus e terra.

Havia algumas semanas desde a oficialização do noivado. E sem meu consentimento.

-Lalinha, isso é crime. Você deve denunciá-lo.
-E você acha que vão acatar a denúncia de uma pobre coitada que nem eu?
-Dinheiro nenhum vale essa humilhação, querida. Você tem que falar com mais alguém sobre isso.
-O problema é que ninguém quer entender...

Reviver aquela situação era mais humilhante que o ato em si.

Fiz questão de não poupar detalhes. Tio Abílio e Dani choraram junto comigo, tanto que a partir dali fizemos um pacto de não tocar mais em assunto de noivado, embora meus tios já deixassem muito claro que qualquer fosse minha decisão, me apoiariam incondicionalmente. Era isso que queria ouvir do meu pai.

Som: Olhos certos – Detonautas.

Pela manhã Amado ouve outra versão do caso.

-Pois deveria abrir os olhos. Milene não é flor que se cheire. - D. Emília afirma
-Discordo plenamente, D. Emília. Milene é uma filha maravilhosa e incapaz de fazer mal ao seu semelhante. Por Milene sou capaz de colocar minha mão no fogo.
-Se minha filha tivesse morrido, Milene se responsabilizaria. Eu iria até as últimas consequências para ver essa criminosa atrás das grades.
-Não vou suportar que se refira a minha doce Milene com um termo tão pejorativo.
-Se a justiça dos homens falhar, que pelo menos a divina nos conforte.

Grazielle dormiu a base de calmantes e acorda com Milene segurando uma faca contra seu pescoço. Até parece mais um dos muitos pesadelos que teve durante as últimas horas. E não é. Para ser mais real, nada falta. Nenhum detalhe.

-É bom que não mude a versão do caso ou aí sim vai conhecer meu lado perverso.
-Milene?
-Não. É o coelhinho da páscoa... Dããã...

Milene ameaça cortar a jugular de Grazielle, movimentando-se bruscamente e rindo como se estivesse prestes a destilar um pedaço de carne.

-Não me provoque. Você não sabe do que sou capaz.

Milene adota a estratégia do terrorismo psicológico para intimidar a comparsa.

-Vai ser conivente com a minha versão ou vai para o inferno junto com a Aimée e as duas mortas de fome...

Sabrina bate na porta do quarto da filha.

-Grazi, Grazi.

Milene faz um pequeno risquinho no pescoço de Grazielle.

-Combinado?
-Combinado...
-E ai da mosca morta que arruinar meus planos novamente...

Grazielle é praticamente compelida a assumir a autoria do bolo envenenado.

-Se você não falar a verdade, prepare-se para sofrer o dobro do que Lalinha, Aimée e as mortas de fome sofrerão.
-Mas eu não posso...
-Não pode por quê? Você foi minha cúmplice ou agora irá tirar o seu da reta e pagar de bióloga boazinha?

Milene aponta a faca na direção do coração de Grazielle, que chorando, se ajoelha aos pés de Milene e suplica.

-Por favor, Milene. Não me obrigue a fazer isso.
-Não me obrigue a tomar atitudes mais drásticas. Queira, por favor, tirar suas imundas mãos dos meus lindos pés antes que eu a chute.
-Milene, tenha piedade.
-Eu falo em grego, garota? – espanta Grazi aos chutes – Você está sem saída, queridinha...

Grazielle, antes de D. Emília sair para trabalhar, bate na porta da casa e pede para conversar.

-A vontade, Grazi. Você sabe que é da família.
-Eu tenho algo muito importante para dizer.
-Não faça cerimônias, criança. Você é uma irmã para May e ela ta precisando tanto de carinho... Está tão assustada...
-O que tenho para falar é com relação a ontem...

Emília convida Grazielle a se sentar na banqueta da cozinha.

-Fala... fica a vontade... – Emília oferece água gelada a garota – Se souber de algo, por favor, não tenha medo de falar. Não acoberte o mal, querida. Pessoas de bem não são coniventes a perversidades... O incidente de ontem mexeu mesmo com todos... Acredita que ainda nem preguei os olhos? May e Fernanda graças a Deus estão muito bem, mas...
-Fui eu que preparei os bolos envenenados...

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