31º capítulo – Grazi é solta!
A liberdade de Grazielle e Sabrina é decretada e as extenuantes imagens
da prisão da envenenadora são mostradas centenas de vezes pelos veículos de
comunicação.
Rindo, Milene e Gustavo transam em um motel e comemoram o êxito dos
planos enquanto dividem vinho tinto de safra antiga e uma saborosa pizza de
mozzarella.
-Um brinde a nós. - propõe Milene
-Um brinde a nós.
Milene vê o pai sendo algemado em rede nacional e gargalha loucamente
com o amante.
-Somos uma dupla IMBATÍVEL.
-EU sou IMBATÍVEL. Você é uma OTÁRIA.
-OTÁRIA?OLHA LÁ COMO FALA COMIGO...
-Se você fosse tão imbatível como diz, poderia ter agido sem precisar de
seu anjo da guarda.
Uma criada de Gustavo coincidentemente semelhante a Milene foi subornada
para confessar a autoria no envenenamento e encerrar o caso.
-E a cada hora o caso do envenenamento choca e gera mais reviravoltas.
Milene deixa de ser suspeita e não passará a noite na prisão. Uma terceira
pessoa acabou de se apresentar na DP responsável em investigar o caso e foi
indiciada como a verdadeira mentora do crime. Como se já não bastasse,
Karine dos Santos, de 19 anos, era procurada pela justiça há pelo menos 3 anos
acusada dos crimes de latrocínio, estelionato, falsidade ideológica e lavagem
de dinheiro. Karine já foi encaminhada para o presídio de Piraquara onde
aguardará julgamento...
Gustavo é realmente um psicopata ardiloso e antes que a polícia
interditasse a casa de Milene, contratou capangas para destruírem a residência
para dar a entender que houve assalto e a substância venenosa foi parar lá por
engano, aliás, com as impressões digitais da criada.
Para garantir que ninguém destrua sua reputação, Gus contrata
pistoleiros para matar seus capangas e enterrá-los como indigentes.
-E o caso enfim está encerrado. - suspira Gustavo como se fosse o dono
da verdade
-Você que pensa...
-Se eu fosse você, esperava um pouco mais para agir. Muita coisa em
pouco espaço de tempo pode prejudicar todo meu empenho em salvá-la.
-Eu sei... Eu sei... Mas não vejo a hora de me livrar da cabelo de fogo
e das mortas de fome.
-Cada coisa de uma vez...
D. Emília e Mayra não conseguem dormir pelo remorso de ter injustiçado
Grazi.
-Deus, me perdoe se disse coisas ruins da Grazi. Não era essa minha
intenção. - Mayra reza
Gabriel também não dorme, mas é por ainda se lembrar com carinho dos
bons momentos vividos ao lado de Grazielle e a mesma cidade que a humilhou
agora se mobiliza para recebê-la de braços abertos, tanto que pela manhã,
alguns vizinhos pintam os muros pichados, consertam os vidros quebrados e
varrem a residência deixando tudo pronto para o triunfal retorno de mãe e
filha.
-Julgamos muito mal a garota. - Aimée confessa
-Você ainda gosta dela. Não gosta, Biel? - especula Fernanda
O silêncio de Gabriel já é a resposta.
Milene é tão cínica que compra um cachorrinho de pelúcia para Grazi e
vai até a casa dela esperá-la. Amado, orgulhoso, a idolatra.
-Milene é mesmo uma menina de ouro. Caráter igual e coração tão puro não
há.
-Obrigada, papai.
Fernanda e Mayra não se convenceram com o encerramento do caso e ao
verem Milene pagando de santa perante a comunidade, não deixam de se sentirem
ameaçadas.
-Nem sempre o bem triunfa. Olha ela ali... Que cínica desgraçada... Se
eu pudesse, a puxava pelos cabelos e a fazia confessar tudo... - esbraveja
Fernanda
-Ela vai ter o que merece.
-O problema é que às vezes a justiça demora muito pra ser feita.
-Mas sempre é feita. Deus nunca falha!
-Enquanto isso estamos a mercê da psicopata. - ironiza Aimée juntando-se
as jovens
-Vê se fica bem de olho no Iury porque a vadiazinha é louquinha por ele.
- Fernanda alerta a irmã
-Ela que mande um olharzinho malicioso pra ver se não a coloco em seu
lugar. Comigo o buraco é mais embaixo.
A mesma mídia que crucificou Grazielle, agora a trata como santa e cobre
sua chegada ao litoral como se ela tivesse vencido a Copa do Mundo.
-Uma multidão aguarda pela chegada de Grazielle Rodrigues. A jovem
passou por uma semana conturbada e agora curtirá suas férias ao lado da amada
mãe Sabrina e dos inúmeros amigos que ovacionam sua inocência provada após
depoimentos bombásticos e uma inesperada reviravolta no caso...
Laly fica contente por Grazielle, mas tece duras críticas à dúbia
conduta midiática.
-Antes de sair julgando os outros, que pelo menos tenha provas. Agora é
tarde pra reparar o erro...
-Você vai ser uma jornalista bem polêmica. Fala o que pensa, não se
deixa manipular e não leva desaforo pra casa. - Dorminhoco comenta olhando para
o formato dos seios da moça
-Acho que meu problema por vezes é ser sincera demais. Acabo ganhando
alguns inimigos por isso.
-E muitos admiradores. - Fuinha dá uma piscadela tentando seduzir
Lalinha
-Mais inimigos que admiradores. - reforça Laly
-Poxa, galera, vamos sair, tomar um ar, curtir as férias. Ficar em
frente à TV é perda de tempo em um dia tão lindo que nem esse. - intervém Dani
segurando uma bola de vôlei em mãos
-Sabe que você tem razão? Logo tenho de voltar ao trabalho, a mesma
rotina chata de sempre... Quero mais é desencanar de tudo e me divertir.
Som: Just like you do – Carly Simon.
Quando Grazielle reconhece Gabriel na multidão segurando uma rosa
vermelha, seus olhos se enchem de lágrimas. Como pode ser amar tanto alguém
desse jeito? E mais do que isso: esse sentimento continuar inabalável mesmo
depois de tudo que aconteceu. Será que ele ainda sentiria o mesmo?
Os olhos de Gabriel se encharcam ao ver Grazielle. Eles param de frente
para o outro, se olham por algum tempo e se abraçam. Biel olha bem dentro dos
olhos da amada e ela pode sentir o quanto as lágrimas que não fazem questão de
esconder são realmente sinceras.
-Biel...
Gabriel brinca carinhosamente com um dos cachos de Grazielle e ainda
tímido, levanta a questão.
-Como é que nós ficamos?
-Como sempre estivemos. - responde Grazielle
Som: Como devia estar – Capital Inicial.
Diferente da rotina da minha
cidade em que acordava cedo, arrumava a casa, passava o dia trabalhando e ia
dormir cedo, em Curitiba eu podia me dar ao luxo de despertar bem mais tarde,
assistir desenhos com Dani e Tulio, não arrumar a casa (era visita e não
precisava fazer nada a não ser curtir minhas férias), almoçar e passear com
Dani, Dorminhoco, Everton, Fuinha e uma galerinha simpática.
Fomos ao Parque Barigui jogar
vôlei uma centena de vezes, cansamos de dançar nas discotecas da vida e mais do
que nunca o Natal se aproximava. Com ele também o fim das férias e o recomeço
da tortura. Era como aquela novela em que o vilão só adormeceu e a qualquer
momento vai abrir as garras da mocinha novamente, apesar de eu fugir do estigma
de santinha e perfeitinha. Aliás, odeio diminutivos.
Tio Abílio e Tia Conceição
adoravam o Natal e decoravam a casa para Jesus, já ensinando ao pequeno Túlio o
verdadeiro significado do nascimento de Cristo.
Até 1988, toda a família subia a
serra para passar as festas de fim de ano com a vó Jocasta, no entanto, no ano
seguinte ela faleceu e cada tio criou sua própria tradição. Meu pai e Tio Amado
ceavam juntos enquanto Mili e eu ficávamos conversando, assistindo TV e
aguardando nossos presentes, apesar de Papai Noel não ir muito com a minha
cara.
Tio Abílio e Tia Conceição
celebravam o Natal com os vizinhos, pois os parentes da tia moravam em São
Paulo. Eles normalmente vinham para virar o ano em Curitiba.
-Lalinha, o que acha de convidarmos seu pai, Eleonora, Amado e Milene
para passarem o Natal conosco?
-O senhor é que sabe, tio. Por mim tudo bem...
Fazia questão do Tio Amado e da
Mili, afinal, tínhamos tanto assunto para colocar em dia. Se meu pai e Eleonora
viessem, Gus era capaz de abandonar a tradição dos Figueira Antares e acabar
com o espírito natalino.
Natal é realmente uma época de
milagres. Eu que o diga! Na última hora meu pai e Eleonora resolveram não
participar da festa natalina com Tio Abílio.
-Lamento muito, Lalinha. Eleonora está indisposta e não poderá
comparecer. Sendo assim, Edilson ficará na cidade para tomar conta dela... -
avisava Tia Conceição
Meus tios me deixavam telefonar
para May e Mili. Lá no salão o movimento não poderia estar maior, tanto que
minha amiguinha estava fazendo hora extra.
Mili, por sua vez, irradiava uma
imensa alegria em sua voz e como não poderia deixar de ser, queria reparti-la
comigo.
-Priminha do
céu, se eu te contar essa novidade, você acredita?
-Claro que acredito,
Mili! Qual é a novidade?
-TO NAMORANDO.
Mili estava mesmo namorando e eu
era a primeira a saber. Que honra!





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