50°
Capítulo – Sem esperanças!
Som: Will you still love
me – Chicago.
Amanhecer
nos braços de Iury era muito mais que a concretização de um sonho louco de
amor. Era muito melhor que sonhar.
Lutaríamos
contra as forças nefastas que naquele momento nos afastavam. Ficaríamos juntos
para sempre. Para sempre ainda seria muito pouco para realizar todos os nossos
sonhos. Para sempre ainda seria muito pouco para amar.
Nossas
mãos não queriam ganhar vida própria, mas eu precisava voltar para a realidade,
embora fosse difícil disfarçar o sorriso de satisfação que havia tanto tempo
que não se manifestava.
Fernanda
deveria torcer por Iury e Aimée, entretanto ouvia minhas histórias com um
brilho tão puro no olhar e queria muito nos ver felizes algum dia. Ela já estava
fazendo amor com o Mário e me assegurava que não havia nada de errado em
transar antes do casamento, até porque ela mesma nem sabia se queria casar.
Fernandoca
pensava em viver cada momento. Após a morte da mãe não quis mais fazer planos a
longo prazo. Gilberto, seu pai, se preocupava com essa ausência de sonhos e
objetivos, mas também entendia que era o jeito de Fer reagir a precoce morte de
D. Lílian.
Fer e eu
nos tornamos melhores amigas. Sempre sonhava em ter uma amiga com quem poderia
falar abertamente sobre sexo e outras inseguranças. Naira era legal, tinha um
ótimo caráter e era sincera, porém sua beatice às vezes me irritava. Tudo era
pecado em sua concepção!
Imagine se
eu a contasse que fiz amor com Iury... Se ela fosse Deus, já me condenaria ao
inferno antes mesmo do Juízo Final.
-Foi tão lindo, Fer. Parece que nada daquilo que
aconteceu tinha importância. Foi como se tivéssemos voltado no tempo e
estivéssemos namorando novamente. Quer dizer, acho que a gente ta...
O sorriso de Fernanda murchou.
Havia algo de errado.
-Brigou
com alguém, Ferzinha? Ta com uma carinha tão triste...
-Ah
Lalinha...
-Você
sabe que pode contar comigo. Não sei tudo sobre a vida, mas no que eu puder te
ajudar, fale comigo.
-É
o Iury.
-O
que tem ele?
-Você gosta muito dele, não gosta?
-Eu AMO o Iury, Fer. O Iury é o amor da minha
vida.
-É muito complicado te abordar assim, ainda mais
quando você ta tão feliz, mas eu já te considero uma grande amiga e quero muito
ser sincera com você. É minha obrigação como amiga.
A conversa
havia mudado completamente de rumo, entonação e sintonia. Se minutos atrás eu
estava sorrindo espontaneamente, tentava me esforçar para manter a sobriedade.
-Como assim, Fer? Não to entendendo...
-Enquanto você viajou, muitas coisas aconteceram,
Lalinha.
-Coisas boas ou ruins?
-Depende do que você compreende como bom ou
ruim.
-Você está me deixando apavorada, Fernanda. Fala
logo o que ta havendo.
-Ah Laly, eu não sei se deveria falar! Eu não
quero que você pense que quero arruinar sua alegria, mas se eu não contar, cedo
ou tarde você vai saber.
-Pensei que já soubesse de tudo...
-O Iury e a Aimée vão se casar...
De duas,
uma: ou Fer estava tirando sarro de mim ou Iury estava.
-A gravidez da Aimée foi confirmada e meu pai
disse que só a aceitaria em casa se houvesse casamento. O Iury ficou meio sem
chão, mas concordou.
O filho da
mãe cedo ou tarde mostrou a faceta da canalhice. Na nossa primeira crise como
casal, levou a primeira vadia assanhada pra cama e iria se casar com ela. Num
momento dizia que me amava loucamente, que sem mim não existia porque lutar por
seus sonhos e no outro firmou compromisso com Aimée. Que diabos ele estava
pensando da vida?
Lalinha, você ta bem? - perguntava Fernanda
Só recebi
a pior notícia da minha vida. Estou ótima, querida! Estou tão feliz que seria
capaz de dançar pelada na rua.
Ironias a
parte, não soube permanecer nem mais um minuto na casa de Aimée, no entanto,
também não queria voltar para a minha. Uma volta na praia talvez me desse um
pouco de ideia de como reagir. Me conhecia e sabia que iria desabar.
Pela manhã fiz uma fogueira com meu passado.
Ateei fogo em meus diários antigos, as cartas de amor recebidas, as poesias
estúpidas de amor que enderecei a esse desgraçado e todas as pequenas
lembrancinhas que não serviam mais para nada.
-Ah é, salafrário, desgraçado, traidor dos
infernos... Brincou comigo, não é? Sabe o que estou fazendo com nossas
lembranças? Estou jogando todas elas no lixo, lugar de onde nunca deveriam ter
saído...
Para Iury as coisas
também não tem sido fáceis...
Estela, a mãe do rapaz, é liberal e amiga do
filho, mas exige dele um pouco mais de maturidade e responsabilidade, tanto que
quando ele chega em casa após passar o dia anterior sem dar sinal de vida, o
recebe com cascudos.
-Pra ver se assim coloca essa cabeça de vento no
lugar...
-Por que os cascudos, mãe? Fiz algo de errado?
-Pra desonrar a filha dos outros você é bom, não
é mesmo, seu fornicador...
Estela enche a cabeça do filho com cascudos e
Iury nem sequer reage.
-Quero ver o resultado do vestibular...
Iury pensa que Estela está se referindo a Milene
e enrubesce, pois as transas com a prima de Laly correm em absoluto sigilo.
-Já que gosta tanto do negócio, que case e vá
trabalhar pra sustentar essa criança porque seu pai e eu não daremos nem um
centavo pra consertar as burrices que você faz aí sem pensar.
Só então Iury descobre que Aimée está grávida e
é como se seu mundo desmoronasse com a revelação de Estela.
-A Lalinha nunca vai me perdoar por isso, mas eu
terei de ser franco com ela.
Iury vai até o salão de D. Emília para conversar
com Laly em particular, mas só de vê-lo a protagonista parte para cima dele e
só não o soca porque Emília e Mayra a apartam.
-Lalinha, eu preciso falar com você...
-Por que não jogou limpo comigo? Por que me fez
ter esperanças?
-Lalinha, eu juro que NÃO sabia que a Aimée está
grávida. Juro por Deus, se você quiser.
-Não precisa jurar. Não precisa me dizer mais
NADA.
As freguesas de Emília estão todas atentas a discussão
entre o casal protagonista, ainda mais que a história vive tendo reviravoltas e
desencontros...
-Por que não vai embora, Iury? Por que não
procura a Aimée e tenta ser feliz com ela, hein? Não tem mais nada pra você
aqui...
-Eu só quero que você saiba que eu ainda
continuo te amando tanto quanto antes, que fazer amor com você foi mágico,
especial e eu conto como se fosse a minha primeira vez. Aimée pode até se casar
comigo, mas NUNCA será VOCÊ. NUNCA. Nem que ela se esforce, faça o que for. No
meu coração só tem espaço pra você porque eu TE AMO. Te amo mais do que tudo,
mais do que qualquer outra mulher nesse mundo.
-Devia ter dito isso enquanto havia tempo e
chance de fazer tudo diferente. Agora é meio tarde pra querer mudar as
coisas...
-Entenda... Entenda que minha carne foi fraca e
eu me deixei levar pela raiva...
-Pra mim tanto faz! Você sentiu raiva de mim.
Você nem sequer quis ouvir o que eu tinha a dizer.
-Mas agora eu quero ouvir.
-Mas não há mais nada que dizer, Iury. Por
favor, vá embora. Vá fazer a Aimée feliz e cuida dessa criança porque ela não
tem culpa se você só queria se vingar de mim e mais: se vingar por uma coisa
que eu nem fiz...
Mayra leva Laly para longe de Iury que sem outra
saída vai conversar com Aimée.
-Aimée, você aceita se casar comigo?
-Claro que aceito, meu amor.
Aimée chora de emoção (ainda ama Iury) e beija o
rosto do futuro marido várias vezes.
-Eu juro que vou ser a melhor esposa do mundo,
Iury. Juro. Juro também que nosso filho será nosso maior orgulho.
Em seguida, a ruiva encontra Fuinha na praia e
eles resolvem conversar.
-Fuinha, preciso ser sincera com você...
-Fica a vontade, Aimée.
-Ser sua namorada foi uma experiência muito
positiva e regeneradora pra mim. Você me ajudou a ser mais confiante, a me
sentir mais bonita e transmitir isso pros outros, mas eu ainda amo outra pessoa
e não quero mais continuar enganando você...
-Tudo
bem, Aimée. Espero que essa pessoa te faça muito feliz.
-Ele
já está me fazendo feliz...
-Que
faça mais ainda...
-Ele
fará.
Basta apenas Aimée ir embora que Fuinha começa a
chorar desesperadamente. Já é rotina ser trocado pelos Iurys da vida. Não tarda
para Dorminhoco encontrar o irmão chorando.
-Pra estar chorando
assim só pode ter levado toco de novo...
-Não enche,
Dorminhoco.
-Chorar por mulher
com tanta gata chovendo nesse litoral? Ah, por favor, né, Fuinha.
Som: Head over heels –
Tears for Fears.
Aflito com as sombrias perspectivas de futuro
que podem arruinar todos os seus sonhos, Iury decide terminar tudo com Milene
porque estando com Laly percebeu que jamais conseguiria amar Mili como amou (e
ainda ama) Lalinha.
-Por que você quer conversar sério comigo?
-Porque eu to angustiado e preciso tirar esse
peso dos meus ombros.
-Eu estou aqui. Podemos conversar, se você
quiser! Você sabe que eu adoro ouvir suas anedotas...
-O que eu tenho pra te dizer é muito sério...
-E o que pode ser tão sério assim?
-Milene, por que a gente não termina?
-Han... Ta louco? Nós JAMAIS iremos terminar.
-Você é tão jovem, tem tudo pela frente, pode
conhecer outros garotos bem melhores e mais interessantes... Por que você quer
insistir nisso?
-Porque eu te AMO e se você não for MEU, não
será de mais NINGUÉM.
-Isso é loucura, guria. Para com isso.
-Você duvida que eu posso me matar?
-Você não teria coragem...
-VOCÊ DUVIDA?
-DUVIDO SIM!DUVIDO MUITO...
-Quer pagar pra ver?
-Você é louca, Milene. Pare!
Milene começa a mostrar sua faceta psicopata ao
namorado, o que o deixa assustado.
-FALA POR QUE VOCÊ QUER TERMINAR COMIGO,
HEIN?FALA...
-EU AINDA AMO A LALINHA...
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