segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Confissões de Laly Cap 50: Sem esperanças!




50° Capítulo – Sem esperanças!

Som: Will you still love me – Chicago.

Amanhecer nos braços de Iury era muito mais que a concretização de um sonho louco de amor. Era muito melhor que sonhar.

Lutaríamos contra as forças nefastas que naquele momento nos afastavam. Ficaríamos juntos para sempre. Para sempre ainda seria muito pouco para realizar todos os nossos sonhos. Para sempre ainda seria muito pouco para amar.

Nossas mãos não queriam ganhar vida própria, mas eu precisava voltar para a realidade, embora fosse difícil disfarçar o sorriso de satisfação que havia tanto tempo que não se manifestava.

Fernanda deveria torcer por Iury e Aimée, entretanto ouvia minhas histórias com um brilho tão puro no olhar e queria muito nos ver felizes algum dia. Ela já estava fazendo amor com o Mário e me assegurava que não havia nada de errado em transar antes do casamento, até porque ela mesma nem sabia se queria casar.

Fernandoca pensava em viver cada momento. Após a morte da mãe não quis mais fazer planos a longo prazo. Gilberto, seu pai, se preocupava com essa ausência de sonhos e objetivos, mas também entendia que era o jeito de Fer reagir a precoce morte de D. Lílian.

Fer e eu nos tornamos melhores amigas. Sempre sonhava em ter uma amiga com quem poderia falar abertamente sobre sexo e outras inseguranças. Naira era legal, tinha um ótimo caráter e era sincera, porém sua beatice às vezes me irritava. Tudo era pecado em sua concepção!

Imagine se eu a contasse que fiz amor com Iury... Se ela fosse Deus, já me condenaria ao inferno antes mesmo do Juízo Final.

-Foi tão lindo, Fer. Parece que nada daquilo que aconteceu tinha importância. Foi como se tivéssemos voltado no tempo e estivéssemos namorando novamente. Quer dizer, acho que a gente ta...

O sorriso de Fernanda murchou. Havia algo de errado.

-Brigou com alguém, Ferzinha? Ta com uma carinha tão triste...
-Ah Lalinha...
-Você sabe que pode contar comigo. Não sei tudo sobre a vida, mas no que eu puder te ajudar, fale comigo.
-É o Iury.
-O que tem ele?
-Você gosta muito dele, não gosta?
-Eu AMO o Iury, Fer. O Iury é o amor da minha vida.
-É muito complicado te abordar assim, ainda mais quando você ta tão feliz, mas eu já te considero uma grande amiga e quero muito ser sincera com você. É minha obrigação como amiga.

A conversa havia mudado completamente de rumo, entonação e sintonia. Se minutos atrás eu estava sorrindo espontaneamente, tentava me esforçar para manter a sobriedade.

-Como assim, Fer? Não to entendendo...
-Enquanto você viajou, muitas coisas aconteceram, Lalinha.
-Coisas boas ou ruins?
-Depende do que você compreende como bom ou ruim.
-Você está me deixando apavorada, Fernanda. Fala logo o que ta havendo.
-Ah Laly, eu não sei se deveria falar! Eu não quero que você pense que quero arruinar sua alegria, mas se eu não contar, cedo ou tarde você vai saber.
-Pensei que já soubesse de tudo...
-O Iury e a Aimée vão se casar...

De duas, uma: ou Fer estava tirando sarro de mim ou Iury estava.

-A gravidez da Aimée foi confirmada e meu pai disse que só a aceitaria em casa se houvesse casamento. O Iury ficou meio sem chão, mas concordou.

O filho da mãe cedo ou tarde mostrou a faceta da canalhice. Na nossa primeira crise como casal, levou a primeira vadia assanhada pra cama e iria se casar com ela. Num momento dizia que me amava loucamente, que sem mim não existia porque lutar por seus sonhos e no outro firmou compromisso com Aimée. Que diabos ele estava pensando da vida?

Lalinha, você ta bem? - perguntava Fernanda

Só recebi a pior notícia da minha vida. Estou ótima, querida! Estou tão feliz que seria capaz de dançar pelada na rua.

Ironias a parte, não soube permanecer nem mais um minuto na casa de Aimée, no entanto, também não queria voltar para a minha. Uma volta na praia talvez me desse um pouco de ideia de como reagir. Me conhecia e sabia que iria desabar.

Pela manhã fiz uma fogueira com meu passado. Ateei fogo em meus diários antigos, as cartas de amor recebidas, as poesias estúpidas de amor que enderecei a esse desgraçado e todas as pequenas lembrancinhas que não serviam mais para nada.

-Ah é, salafrário, desgraçado, traidor dos infernos... Brincou comigo, não é? Sabe o que estou fazendo com nossas lembranças? Estou jogando todas elas no lixo, lugar de onde nunca deveriam ter saído...

Para Iury as coisas também não tem sido fáceis...

Estela, a mãe do rapaz, é liberal e amiga do filho, mas exige dele um pouco mais de maturidade e responsabilidade, tanto que quando ele chega em casa após passar o dia anterior sem dar sinal de vida, o recebe com cascudos.

-Pra ver se assim coloca essa cabeça de vento no lugar...
-Por que os cascudos, mãe? Fiz algo de errado?
-Pra desonrar a filha dos outros você é bom, não é mesmo, seu fornicador...

Estela enche a cabeça do filho com cascudos e Iury nem sequer reage.

-Quero ver o resultado do vestibular...

Iury pensa que Estela está se referindo a Milene e enrubesce, pois as transas com a prima de Laly correm em absoluto sigilo.

-Já que gosta tanto do negócio, que case e vá trabalhar pra sustentar essa criança porque seu pai e eu não daremos nem um centavo pra consertar as burrices que você faz aí sem pensar.

Só então Iury descobre que Aimée está grávida e é como se seu mundo desmoronasse com a revelação de Estela.

-A Lalinha nunca vai me perdoar por isso, mas eu terei de ser franco com ela.

Iury vai até o salão de D. Emília para conversar com Laly em particular, mas só de vê-lo a protagonista parte para cima dele e só não o soca porque Emília e Mayra a apartam.

-Lalinha, eu preciso falar com você...
-Por que não jogou limpo comigo? Por que me fez ter esperanças?
-Lalinha, eu juro que NÃO sabia que a Aimée está grávida. Juro por Deus, se você quiser.
-Não precisa jurar. Não precisa me dizer mais NADA.

As freguesas de Emília estão todas atentas a discussão entre o casal protagonista, ainda mais que a história vive tendo reviravoltas e desencontros...

-Por que não vai embora, Iury? Por que não procura a Aimée e tenta ser feliz com ela, hein? Não tem mais nada pra você aqui...
-Eu só quero que você saiba que eu ainda continuo te amando tanto quanto antes, que fazer amor com você foi mágico, especial e eu conto como se fosse a minha primeira vez. Aimée pode até se casar comigo, mas NUNCA será VOCÊ. NUNCA. Nem que ela se esforce, faça o que for. No meu coração só tem espaço pra você porque eu TE AMO. Te amo mais do que tudo, mais do que qualquer outra mulher nesse mundo.
-Devia ter dito isso enquanto havia tempo e chance de fazer tudo diferente. Agora é meio tarde pra querer mudar as coisas...
-Entenda... Entenda que minha carne foi fraca e eu me deixei levar pela raiva...
-Pra mim tanto faz! Você sentiu raiva de mim. Você nem sequer quis ouvir o que eu tinha a dizer.
-Mas agora eu quero ouvir.
-Mas não há mais nada que dizer, Iury. Por favor, vá embora. Vá fazer a Aimée feliz e cuida dessa criança porque ela não tem culpa se você só queria se vingar de mim e mais: se vingar por uma coisa que eu nem fiz...

Mayra leva Laly para longe de Iury que sem outra saída vai conversar com Aimée.

-Aimée, você aceita se casar comigo?
-Claro que aceito, meu amor.

Aimée chora de emoção (ainda ama Iury) e beija o rosto do futuro marido várias vezes.

-Eu juro que vou ser a melhor esposa do mundo, Iury. Juro. Juro também que nosso filho será nosso maior orgulho.

Em seguida, a ruiva encontra Fuinha na praia e eles resolvem conversar.

-Fuinha, preciso ser sincera com você...
-Fica a vontade, Aimée.
-Ser sua namorada foi uma experiência muito positiva e regeneradora pra mim. Você me ajudou a ser mais confiante, a me sentir mais bonita e transmitir isso pros outros, mas eu ainda amo outra pessoa e não quero mais continuar enganando você...
-Tudo bem, Aimée. Espero que essa pessoa te faça muito feliz.
-Ele já está me fazendo feliz...
-Que faça mais ainda...
-Ele fará.

Basta apenas Aimée ir embora que Fuinha começa a chorar desesperadamente. Já é rotina ser trocado pelos Iurys da vida. Não tarda para Dorminhoco encontrar o irmão chorando.

-Pra estar chorando assim só pode ter levado toco de novo...
-Não enche, Dorminhoco.
-Chorar por mulher com tanta gata chovendo nesse litoral? Ah, por favor, né, Fuinha.

Som: Head over heels – Tears for Fears.

Aflito com as sombrias perspectivas de futuro que podem arruinar todos os seus sonhos, Iury decide terminar tudo com Milene porque estando com Laly percebeu que jamais conseguiria amar Mili como amou (e ainda ama) Lalinha.

-Por que você quer conversar sério comigo?
-Porque eu to angustiado e preciso tirar esse peso dos meus ombros.
-Eu estou aqui. Podemos conversar, se você quiser! Você sabe que eu adoro ouvir suas anedotas...
-O que eu tenho pra te dizer é muito sério...
-E o que pode ser tão sério assim?
-Milene, por que a gente não termina?
-Han... Ta louco? Nós JAMAIS iremos terminar.
-Você é tão jovem, tem tudo pela frente, pode conhecer outros garotos bem melhores e mais interessantes... Por que você quer insistir nisso?
-Porque eu te AMO e se você não for MEU, não será de mais NINGUÉM.
-Isso é loucura, guria. Para com isso.
-Você duvida que eu posso me matar?
-Você não teria coragem...
-VOCÊ DUVIDA?
-DUVIDO SIM!DUVIDO MUITO...
-Quer pagar pra ver?
-Você é louca, Milene. Pare!

Milene começa a mostrar sua faceta psicopata ao namorado, o que o deixa assustado.

-FALA POR QUE VOCÊ QUER TERMINAR COMIGO, HEIN?FALA...
-EU AINDA AMO A LALINHA...

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