sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Confissões de Laly Cap 69: Difícil decisão... (ÚLTIMO CAPÍTULO DA 1ª FASE)



69º Capítulo – Difícil decisão... (ÚLTIMO CAPÍTULO DA 1ª FASE)

Enquanto isso, na tv...

-Fernanda Gallardo é a nova Miss Brasil. – o âncora do telejornal fala sozinho, pois Gilberto apanhou a chave do carro e levou Gabriel e Grazielle para a maternidade
-To com tanto medo, Biel. – Grazielle, já pronta para o parto, segura nas mãos do amado, que dessa vez entra na sala de parto com a esposa
-Medo do que, meu amor? Você já passou por isso uma vez...
-Mas vou passar de novo.
-Eu to com você. – Gabriel beija a testa da amada – Segura na minha mão e acredita que tudo vai ficar bem, meu amor. Você já me deu tantos presentes, me devolveu a razão de viver.

Juan nasce por volta das 04h00min da manhã com 3 kg e 500g, 53 cm e ilumina um lindo dia de inverno, mais especificamente o dia 19 de julho de 1996, também data da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Atlanta, Estados Unidos.

Som: Fields of gold – Sting.

Fernanda tornou-se Miss Brasil à noite anterior, pois a primeira colocada deu um passo para receber a coroa, caiu desfalecida e morreu ao dar entrada no hospital. A coordenação do concurso não entrou em detalhes acerca da morte da miss e optaram por permitir que o 2º lugar assumisse o posto.

Som: Kiss of life – Sade.

O amor soprava na calçada colorida pelas flores outonais que cercavam a praça. A verdade é que esse outono tinha aspecto primaveril e me acalentava, me incitava a me aventurar pelo desconhecido.

-Será mesmo que você não está com medo de aceitar que já se apaixonou?
-Tão rápido assim? - perguntou o Eu Lírico

Não precisava de mais perguntas para me confundir. Desligaria meus achismos e viveria um dia de cada vez.

Na medida em que se sucediam os dias, mais e mais Abel se apossava de meus pensamentos. Até meus colegas de suruba percebiam que eu estava diferente.

-Ta caidinha pelo chefinho. - zoava Cláudio
-Bem capaz.
-Ta sim e ta com medo de assumir.
-Medo de amar? Quem tem medo de amar tem medo da vida e isso eu não tenho.

Claro que eu tinha medo de amar!

Meus relacionamentos só duravam porque eu não me envolvia. Só pegava quem era bonito, quem trepava com mais entusiasmo e pudesse me oferecer a vida que merecia, aliás, a vida que escolhi pra mim.

Eu poderia muito bem ter sido `boazinha` e nunca ter me formado, ter um casamento meia boca, morar numa casa alugada na periferia, ter um filho por ano e não fazer nada por mim. Optei pela carreira porque o amor me mostrou que todo sofrimento não compensava nem um pouco.

O engraçado era que quanto mais eu desprezava o Abel, mais e mais ele se encantava e me surpreendia, me fazia tentar perder o medo de me aproximar. Com ele eu gostava de ser Lalinha.

Ser Judy às vezes me irritava. Os caras só queriam me comer porque eu era gostosa e topava todas, mas ninguém queria falar de sentimento, reavivar o romantismo, saber que dentro de mim existia uma adolescente apaixonada e sonhadora.

Eu era puta maior parte do tempo e foi assim que aprendi a me virar na vida, nos 30, perder o medo da noite, do preconceito, de mim mesma.

Um dia, quando voltei de meus compromissos, encontrei Abel parado em frente ao meu prédio. Com as mãos dentro do bolso da calça, sorria como se tivesse passado a vida inteira me aguardando.

-Boa noite, Cinderela. Me convida pra entrar?
-Se você aceitar um licorzinho...

Liguei o som para criar uma atmosfera menos arredia. Se não pudéssemos ser amantes, seríamos apenas dois amigos.

-Cassis? – perguntei
-Pode ser. Sou apenas visita. - brincou Abel
-Algum acompanhamento? Posso pedir uma pizza ou um temaki...
-Você sabe o que eu mais quero...

Enrubesci sem perceber. O que era aquilo?

Eu já era uma mulher, mas me deslumbrei como uma menina quando Abel sorriu pra mim.

O amor, em pouco tempo, estava munindo todas as minhas defesas, derrubando todos os muros que construí para que ninguém se aproximasse de mim.

-Não me conformo que uma moça tão linda como você não tenha namorado.

Segredos à parte, a cada momento eu me via mais próxima de Abel. Cada vez mais.

-Me deixa te amar, leoa. Não precisa ter medo.
-Eu não tenho medo.
-Tem. Eu posso ver em seus olhos que você tem medo.
-Por que não mudamos de assunto?
-Se tudo me leva a falar de amor...

Me sentei ao seu lado no sofá de três lugares e então me rendi, permiti que me beijasse e quando me dei conta, estava deitada em minha cama e Abel me penetrava. O desejo chegava a doer fisicamente.

Eu o amava!

Não somente amava como não queria mais disfarçar, só que me esquecia de um importante detalhe: para ele eu era a virginal jornalista recém-formada e não a Judy Pankekinha. Temia perder meu amor caso ele descobrisse a respeito de minha obscura vida.

Som: Carolyna – Mel C.

Enquanto minha carreira no jornalismo engatinhava, o universo pornô me dava à possibilidade de ir morar fora do Brasil e assinar contrato VIP com a maior produtora do segmento no planeta, localizada em Los Angeles, Califórnia. Noutra oportunidade eu já estava no aeroporto prontinha para embarcar, mas de repente eu não me via mais fazendo aquilo. De repente eu queria ser a namorada de alguém, talvez apenas outra jornalista ralando de 9 às 9 segunda a domingo.

-Depois diz que não está apaixonada. Pensar no que, Laly? Uma oportunidade como essa é o que toda atriz no teu lugar queria ter... - Cláudio me incentivava a ir trepar no estrangeiro

Quando meu cachê subiu, eu escolhia a dedo meus trabalhos e não aparecia em qualquer pornochanchada de quinta.

Havia muito tempo que não namorava, não beijava na boca com aquele desejo de nunca mais desgrudar da pessoa. Havia tanto tempo que não ouvia música romântica e me identificava com elas. Ia ficando cada vez mais difícil dizer NÃO ao amor.

Se Cláudio era um cafetão ganancioso, Abel, em contrapartida, foi convidado para trabalhar numa famosa revista em São Paulo e queria muito que eu o acompanhasse. Havia um porém.

-Que porém, Lalinha?
-Você não entende. Eu não posso largar minha vida assim tão fácil do jeito que você ta falando.
-Lalinha, você ta complicando tudo. Eu fiz uma proposta que muita colega tua nunca vai receber na vida. Não se trata de um carguinho qualquer numa revista fuleira. É tua carreira. É tua vida. - meu baixinho gesticulava pra caramba
-Existe um porém...
-Eu não vejo impedimento nenhum.
-Será que vai continuar me vendo com bons olhos depois do que eu te contar?
-Pensei que não tivéssemos segredos.
-Talvez devêssemos ter...
-Não, Lalinha. Eu já te contei tudo sobre mim e você me vê com bons olhos, eu acho...
-Eu sou atriz.
-É isso?
-Bem, eu não sou uma atriz muito comum.
-Tão linda desse jeito merecia as telenovelas.
-Não, Abel. Não é isso.
-Então o que é leoa?
-Não deveria te falar.
-Pois deixe de ser acanhada, minha leoa e abra esse coração. – Abel acariciava minhas mãos e eu recuava
-Eu sou uma atriz pornô.
-Ta brincando?
-Mais sério do que estou falando, impossível!

Coloquei os óculos rosa da Judy.

-Me reconhece agora?
-Judy Pankekinha?

Abel se ajoelhou aos meus pés para toda vez que transássemos eu encarnasse a Judy Pankekinha.

-JUDY ME DEU MORAL.

Se já estava constrangida por perder meu amor, mais ainda quando o próprio, deslumbrado, se levantou do lugar em que estava, de frente para mim e se ajoelhou aos meus pés, os beijando até chegar a minha mão direita.

-A deusa do sexo me deu moral. – ria, emocionado, bobo
-Para, Abel. – meu desejo era desmoronar e eu o fiz
-Chorando, Laly?
-Não, não. Foi um cisco que caiu em meu olho.

Abel me abraçando pelos ombros, encheu minha cabeça de beijos e me prometeu que não importava o que acontecesse, estaríamos sempre juntos. Só passou a sentir um pouco de ciúme por saber que além dele outras pessoas ainda tinham meu prazer. Também fui honesta e contei a ele acerca da proposta que Cláudio estava fazendo.

-Eu prometo que se você ficar comigo eu vou te dar o dobro do que você ganha na pornografia.

Cláudio, por sua vez, tentava abrir meus olhos.

-A paixão pode acabar, mas tua carreira não. Você é Judy Pankekinha, a atriz erótica mais famosa e comentada do Brasil. Você é uma diva. Não vai colocar a perder tudo que você ganhou por causa de um mané que disse ‘eu te amo’.
Talvez Cláudio tivesse mesmo razão. A questão era que Abel já havia entrado em meu coração mesmo que eu tentasse renegar, afastar o sentimento, fugir, fingir. Eu já amava Abel e nada poderia mudar isso. Certeza assim eu só tive aos 16, quando comecei a namorar Iury.

-Você tem dois dias pra decidir.

Tanto Abel quanto Cláudio estipularam o prazo.

Nessas duas noites chorei todas as lágrimas que guardei nesses anos de putaria sem fim. Não chorei apenas pela carreira que abandonaria, pelo amor que possivelmente viria para realizar meus sonhos de adolescente. Chorei ao mesmo tempo de alegria por ser Lalinha novamente.

Som: I don’t know (acoustic) – Erika.

Laly entra no aeroporto Afonso Pena ciente de que tomou a melhor decisão de sua vida e suspira.

-Espero mesmo ter feito à coisa certa, Deus. Uma vez escrito, não posso mais pensar em voltar atrás...
FIM DA 1ª FASE

Pensa que acabou? Que nada! O melhor ainda está por vir.

FAMA
OU
AMOR
è  O que VOCÊ escolheria? ß

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