O Acerto de contas entre Laly e Abel! (IMPERDÍVEL!)
Ai que tontura, meu Deus!
Não consigo enxergar um palmo a minha frente!Preciso voltar pra casa, mas não sinto força nas pernas!
Toca a parte final de Dove - Moony.
Os olhos de Laly estão cheios de lágrimas. A protagonista sai do salão se sentindo humilhada.
Toca Missing – Mariana Kupfer.
Mayra comenta com a mãe que Nilton não é tão carinhoso quanto Abel.
-Infelizmente não cheguei a conhecê-lo, mas deve estar fazendo um bem danado à Lalinha porque ela é outra pessoa, mãe. Parece que nunca conheceu o Iury. Esqueceu completamente.
-Nada como um amor pra curar todos os males...
-Queria que Nilton fosse romântico e dedicado como Abel.
-Mas isso não quer dizer que Nilton não te ame com todas as forças.
-Sim, eu sei. Eu também o amo, mas parece que de uns tempos pra cá perdeu o interesse pelo romantismo.
-Todos os casais enfrentam fases turbulentas no relacionamento, minha filha. O romance pode até ser um conto de fadas, mas a realidade é implacável, querida. Vocês tem que ser fortes pra superar esse momento `parado` pra crescerem como pessoas ou então não tivesse se casado.
-Quando disse que estava grávida você praticamente me fez casar com ele.
-Você casou porque quis.
-Casei sim e não me arrependo porque amo Nilton e ele me deu o Pepo, mas estou sentindo falta daquele Nilton carinhoso, atencioso, dedicado.
-Pensei que essa viagem tivesse sido como a lua-de-mel que vocês não tiveram.
-Quem dera...
Toca Coming around again - Carly Simon.
E eu não consegui pensar em mais ninguém naquela hora...
-Que coisa sinistra!Você me disse que ele não usava aliança. - comentou a Fernanda
-Não usava na minha frente nem comigo, isso sim!
Duas horas da manhã. Duas amigas chorando pitangas no sofá da sala de uma quitinete dando audiência a um programa religioso.
-Cafajeste, safado, mentiroso. Ah se eu vejo esse cara na minha frente...
-A culpa é minha. Eu devia tatuar OTÁRIA na testa. Todo mundo esfregando a realidade na minha cara e eu acreditando nos blábláblás dele. Ta aí o resultado...
-Eu imaginei que ele era perfeito demais pra ser real.
-Custava ser sincero, Fer?Custava falar a verdade, jogar limpo comigo?Se eu soubesse que tava nessa cilada, caía fora.
-Caía fora?
-Sim!Acha que quero ser a outra?Bem capaz!Nasci pra ser a ÚNICA!
O mistério não era tão insolúvel assim. As pistas estavam todas em minhas mãos. O jogo estava ganho e eu continuava apostando em táticas para salvar o que já não tinha mais esperanças.
O nome da sujeitinha era Tábata. 30 e poucos anos, dondoca, rata de joalheria, do tipo que devora livros de autoajuda e morre de vontade de ter um filho, mas não consegue, por isso comprou um labrador amarelo e deposita todos os ímpetos de carinho no animal. Típico filho de madame. As festas de aniversário dele deixam uma criança com inveja.
De vez em quando a Taby gostava de visitar a redação, principalmente depois de uma sessão de compras, todas custeadas pelo cartão de crédito do marido. Lamentava pelos pobres animaizinhos que serviam de casacos para aquela baranguinha superficial. Agora que lentamente minha ficha caía, não entendia o que um cara tão culto como o Abel viu naquela sem-gracinha.
O povo da redação a endeusava. Em partes também por ser a mulherzinha do chefe. Eu, sinceramente, ainda era muito mais eu. Da negritude dos meus cabelos as crises existenciais. Das dietas malsucedidas ao empenho de madrugar e não deixar serviço pendente. Do jeans básico ao poema sem remetente.
Não sei ao certo o que ele viu em mim, especialmente o que enxergou nela.
A decepção maltratava a esperança, mas era muito mais deprimente passar altas madrugadas amargando a ausência. E tenho dito.
Toca In your eyes - Kylie Minogue.
Gilberto adora a rotina de acordar Lílian, preparar o café e levá-la (junto com os filhos de Cybele) ao colégio.
-Acorda, Lílian. Já são 06:20.
-Poxa, vô.
Lílian vira para o outro canto e nem sequer abre os olhos para falar.
-Poxa nada...
-Ainda é cedo.
-Não é não, senhorita Lílian Gallardo.
-A aula começa só às 07:30. Deixa eu dormir mais um pouco.
-Nem pensar.
Gilberto puxa os edredons da neta que os apanha de volta.
-Ta frio, vô. Só mais 5 minutinhos.
-Nem 5 nem 10. LEVANTA AGORA.
Lílian dá um muxoxo, esfrega os olhos e dá outro muxoxo.
-É de pequeno que se torce o pepino. Não te deixo mais passar das 22:00 na tv. - o avô repreende a neta
-Sempre diz isso.
-Mas dessa vez eu vou cumprir.
-Ah ta, acredito...
-Ande logo porque enquanto fica se atrasando, os filhos da Cybele já estão nos esperando.
-Fala isso todo dia e eu fico pronta antes que eles. Rafa é o maior preguiçoso do mundo.
-Como se você não fosse...
Cybele também tem problemas para acordar Rafa e Yasmin.
-A partir de hoje não vão mais ver a tv a noite.
As crianças acordam depressa.
Na mesa da cozinha, Lílian conversa muito com o avô e adora fazer perguntas por achar que Gilberto sabe tudo.
-Vô, posso te fazer uma pergunta?
-A vontade, flor.
-Como se chama a mulher do avô?
-Lílian.
-Não to dizendo o nome da minha vó... Por exemplo, se meu pai estivesse vivo e se casasse com outra mulher ela seria minha madrasta, certo?Como eu deveria chamar a Cybele caso você se case com ela?
Gilberto enrubesce diante da neta, mas tenta manter a postura.
-De onde tirou que vou me casar com Cybele?
-Pensa que não vejo o jeito que você olha pra ela. Pensa que eu sou boba?
-Penso apenas que criança não deve se intrometer em assuntos de adultos.
-Ficou vermelho. Isso é sinal de que minhas suspeitas não estão erradas.
-Já terminou de tomar café? - olha para o relógio - Pois a senhorita está bem atrasadinha...
Toca Carolyna - Mel C.
Cheguei à redação querendo trucidar o primeiro que visse a minha frente. Bom dia o escambal.
Definitivamente, aquela era a PIOR segunda-feira de todos os meus 30 anos e não era exagero nem TPM nem chilique nenhum. Quem me dera fosse apenas um corriqueiro mau humor. Até a nota do meu diário arraigava uma raiva sobrenatural.
Eu tinha um pouco de noção do estrago que faria e sei que só iria complicar mais ainda a situação. Para ele tudo estava como na sexta-feira, mas de lá para cá muita coisa já havia mudado e dentro de mim, especialmente.
A idealização era meu inferno e meu coração queimava sobre ele. Ardia no fogo dessas malditas lágrimas de amor.
Ele vinha sorrindo naturalmente e caminhava em direção a minha mesa para me cumprimentar. Era assim todos os dias, com exceção de quando viajava e com algum pretexto ele sempre tentava me levar junto. Quando era possível, claro!
Minha carreira de atriz estava liquidada, fadada ao completo fracasso. Era preciso fingir e eu não tinha paciência pra isso. Não queria continuar sendo só a amante perfeita. Queria ser esposa, mãe, amiga. Queria usar aliança, entrar na igreja de véu e grinalda. Queria levar as crianças pra escola, andar de mãos dadas com ele no parque nas tardes de domingo e realizar todos aqueles programas que odiava e não por achar comum, mas por isso ser distante da realidade, pelo menos para mim. Queria, antes de tudo, ter chegado antes da Tábata. Eu era medíocre demais para estar com inveja daquela mocreiazinha, mas estava. E isso estava me fazendo mal.
Não teve versículo nem bom senso que me prendeu àquela cadeira. Parti para cima dele num surto que desviou os olhares dos colegas. Ninguém acreditava no que estava acontecendo.
O empurrei contra uma mesa e gritava assustadoramente alto. Era praticamente impossível não perceber minha fúria, meu orgulho ferido. Ao mesmo tempo em que todos se interessavam pelo babado, também eram indiferentes à minha tempestade interior. E deveriam mesmo ser. Ninguém resolveria nada, mas eu já tinha plena noção do que deveria esperar dali em diante.
Abel tentava conter meus braços e eu saía quebrando o que estivesse ao meu alcance. Queria quebrar todos os dentes dele e cortar aquela língua maledicente, todavia a mais culpada de tudo era eu por confiar de olhos fechados nas promessas dele!
-O que ta havendo, Lalinha?Fala pra mim, por favor. O que eu te fiz, Lalinha?
O modo como ele me chamava de Lalinha...
Seu penetrante olhar tentava encontrar a confusão do meu. Minha cabeça girava, mas eu já estava caída, apesar de que em questão de minutos havia descido tão baixo que não tinha como ficar ali por mais um minuto que fosse.
Explodi num acesso de choro. Ele envolveu seus braços em minha cintura. Rendição!
Isso aí, menininha OTÁRIA. OTÁRIA. Fraquejando diante de um homem, escancarando sua baixa imunidade, se humilhando por migalhas, por um amor que não merece.
Abel me levou até a cozinha e preparou um chá de camomila. Em 6 anos ele nunca havia me visto tão transtornada daquele modo.
-Você não me parece bem...
-E o que você acha? - eu ainda conseguia ser irônica
-Algum problema?
-Eu vi tudo...
Foi como um soco na boca do estômago.
Abel não é do tipo que gosta de tomar decisões drásticas. Nenhum de nós queria acabar com aquilo.
-Você...viu?
CONTINUA AMANHÃ...
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