Gilberto tem a casa assaltada!
Pepo reage bem ao tratamento e é transferido para um leito normal, o que lhe possibilita receber visitas, sendo a mais importante rever os pais que antes de entrarem para falar com o filho, são aconselhados.
Mayra e Nilton entram ao mesmo tempo no dormitório e encontram Pepo deitado e contente ao vê-los. Os pais também se emocionam e vão ao encontro do único filho.
-Pepo, meu amor. – May chora e beija o alto da cabeça e a testa de Pepo
-Que susto você deu na gente, guri. – Nilton, enciumado, também afaga Pepo
Pepo percebe que os pais não estão abraçados e nem de mãos dadas, mas ainda nutre a esperança de vê-los juntos novamente.
-Vocês vão voltar, não vão?
Nilton, mesmo já tendo feito o estrago, ainda tenta enganar a criança ignorando a pergunta feita.
-Vocês só estão separados por um tempo, mas vão voltar, não vão?
-Não mais, querido. – Mayra confirma com tristeza
-Nós não nos amamos mais. – Nilton é direto
-Não é por minha culpa, é? – os olhos de Pepo enchem-se de lágrimas
-Você não é culpado de nada.
-Então por que vocês estão se separando?Por que?
Nilton, para não chorar na frente do filho, abandona o recinto. Pepo grita:
-Pai...
Pepo tenta se levantar, mas May o impede:
-Querido...
-Me deixa... Eu quero o meu pai...
-Meu amor...
-Vocês não podem fazer isso. Não podem!
-Nós já fizemos...
-Vocês podem tentar.
-Já tentamos muito, Pepo. Acredite...
-Tentem de novo.
-Querido, eu juro que tentaria umas 1000 vezes se pudesse, mas acontece que seu pai não está mais feliz e nós devemos respeitar a nova vida dele, ainda que discordemos...
-Isso não é justo. – Pepo se rende aos prantos e abraça Mayra
-Você não é culpado de nada, Pepo. Papai e mamãe só não são mais felizes juntos e resolveram, ao invés de sustentar uma farsa pra sempre, seguirem outro caminho, o que não quer dizer que não amamos você. – May tenta não chorar – Você sempre será nosso maior amor, aconteça o que acontecer, meu filho. Sei que não compreende isso agora, mas, acredite, estamos fazendo o melhor por você.
-Se quiser, mãe, quando o pai voltar, eu falo com ele.
-Não adianta, Pepo. Ele não quer.
-Claro que quer.
-Não sei como lhe dizer isso, meu querido...
-Posso me esforçar pra entender.
-Não, Pepo. – May beija a testa do filho – Infelizmente não.
Som: Never knew love like this before – Stephanie Mills.
Naira e Nilton, sentados no primeiro degrau da enorme escadaria que dá acesso ao hospital onde Pepo está internado, conversam.
-Mayra não deve ter privado o direito de ver o próprio filho.
-Eu sei o que estou fazendo, Naira.
-Se soubesse, compreenderia que está machucando Pepo com essa decisão.
-Pepo vai superar.
-Lamento por ter de contrariá-lo, mas eu jamais superaria o fato de nunca mais poder ver minha mãe. Isso é desumano, Nilton. Nem Pepo nem Mayra merecem isso. Sim, o relacionamento acabou, mas Pepo foi gerado no ventre de Mayra e ela demonstrou todos esses anos ser a melhor mãe que uma criança poderia querer. Se ela fosse negligente, violenta e não dispusesse de condições para cuidar de Pepo eu até entenderia que quisesse tomar a guarda, mas May sempre foi tão dedicada a ponto de viver para ver Pepo feliz. Você não pensa que agindo dessa forma intransigente, ao invés de aproximar, vai afastar seu próprio filho?
Nilton, sem nada mais a pronunciar, se levanta e deixa Naira falando sozinha.
Som: Já é – Lulu Santos.
Com Pepo se recuperando e Mayra disposta a dar volta por cima, nada me impedia de me entregar a Iury de corpo e alma.
-Eu não acho que a gente se encontrou à toa.
Iury não era tão meloso quando começamos a namorar. O tempo realmente o amansou.
-Dessa vez nada nem ninguém nos separa.
-Que assim seja! – consenti
-Tudo que aconteceu no passado já não importa mais, desde que você me prometa que dessa vez não vai embora.
-Um dia precisarei ir...
-Que não seja agora...
E junto com Lílian, Fer e Gilberto, fomos visitar o pequeno Pepo, que já demonstrava claros sinais de que era um garoto bastante resistente:
-Ora se não é a sardenta...
-Podia ter morrido! – Lílian retrucou
Gilberto olhou para a neta como pudesse dizer-lhe para relevar as provocações de Pepo.
-E já que meu afilhadinho do coração ta se recuperando direitinho, pretendo seguir os passos da May e cumprir minha promessa de ficar um ano sem comer pizza.
Fernanda e suas dietas fajutas. No mês passado ela disse exatamente o mesmo sobre o brigadeiro.
-Não faça promessas que não irá cumprir. – Gilberto brincou
Não cessando as picuinhas entre primos, poderia assegurar que tudo estava sob controle, ou pelo menos aparentemente estava.
-Iury? – Lílian o reconheceu
Iury parecia constrangido em estar diante da filha e mais ainda por dividir recinto com Gilberto, que desfez o sorriso e colocando as mãos no bolso, coçando a cabeça e pigarreando, demonstrava estar irritado, mas não podia colocar Iury contra a parede e expulsá-lo dali. Se pudesse, o faria.
-Doutor Iury, emergência... – uma auxiliar de enfermagem avisou parando em frente a porta
-Você conhece o Iury? – Lílian me interrogou
-Bem...
-Vocês estavam de mãos dadas. Namoram?
-Sim. – Fer respondeu por mim
-Então isso quer dizer que o baixinho picou a mula?
-Lílian, pare de se intrometer em assunto de gente grande. – Gilberto advertiu
-Se não sabe, estamos conversando entre mulheres.
-E posso saber cadê a mulher?
-Eu, oras!
-Tudo no seu tempo, criança!Melhor que nem saiba de nem metade do que realmente implica ser mulher...
-Ser mulher é um barato!Pode usar batom, sombra, roupas legais, sair a noite, ter namorado, morar sozinha... Ser criança é uma droga...
-Isso você diz agora no auge dos seus 10 anos, mas quando chegar a minha idade, vai se lembrar com saudade da infância. Curta essa fase tão gostosa de viver sem preocupações, linda. Tudo acontece quando tem de ser... Só não antecipe as coisas porque quem o faz sempre se machuca.
Gustavo acabou de cometer seu primeiro delito grave após sair da prisão e como Eleonora contribuiu bastante com ‘sigilosas’ informações, é obrigado a dividir dinheiro com ela e o faz com raiva, mas ciente de que tem uma comparsa com potencial para derrubá-lo, o que o obriga a estar sempre alerta. Eles estão se encontrando no mesmo matagal onde o vilão transava com Milene e tramava todos os planos que separaram Iury de Lalinha.
-Você armazena mais informações que a CIA.
-Sei de muito mais, mas só me pronuncio se... – Eleonora pisca para o maço de dinheiro que Gus cheira e segura por entre as mãos
-Quanto olho grande, mulher!O que dei não lhe basta?
-Pelo tanto que fizemos ainda é pouco.
-O que fizemos foi só o começo.
-Você sabe que é pouco. Quer minha ajuda, não quer?
-Chantagem? – Gus pestaneja e encara a madrasta de Laly
-Talvez... – Eleonora pressiona Gus
-Não pense que me submeto a chantagens...
-Indiferente?
-Apenas aprendi a não confiar nem mesmo em meus próprios reflexos.
Som: Keep it turned on – Rick Astley.
Voltando do hospital, ainda no carro, Lílian insiste:
-Vô, eu vi no jornal que a Casa do Papai Noel desse ano ta bombando. Leva a gente lá hoje...
-Bem, eu fiquei devendo a você e Pepo, mas Pepo ainda não saiu do hospital.
-Ah vô, deixaaaaaa...
-Ah paiê, deixa... – Fer entra na brincadeira
-Convidarei Cybele para ir conosco. – Gilberto avisa
-Mas eu não divido banco com o Rafa de jeito nenhum. – Lílian cruza os braços
-Melhor se acostumar. Você e Rafa serão quase como irmãos... – Fer comenta
-Eu?Irmã daquele chato?Nunca...
Gilberto estaciona o carro em frente a casa e nem mesmo precisa descer para ver que a porta foi arrombada e os filhos de Cybele estão sentados no terceiro degrau da escada visivelmente aos prantos.
-Eu não me lembro de ter deixado a porta aberta. – Gilberto comenta vagamente
-Claro que não, pai!Você é todo cheio dos rituais... – Fernanda acrescenta
Gilberto desce do automóvel e as moças o seguem. A residência dos Gallardo encontra-se um verdadeiro caos. O tapete foi roubado, o sofá está virado, as gavetas estão todas abertas, muitas delas vazias e pelo chão as marcas de tênis com barro evidenciam que ladrões (foi mais de um bandido) premeditaram o ato.
Gilberto, Fernanda e Laly não poderiam estar mais assustados e desolados. E com razão.
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