Em clima de Reveillon! – parte 1
-Como é que é?Você ta dizendo que o vô ganhou? – Lílian grita – VÔÔÔ, O SENHOR FICOU RICOOOOO...
Gilberto, saindo do banho, ergue as sobrancelhas.
-Eu fiquei rico? – ainda está parado em frente a porta – É alguma pegadinha?
-Que nada, Gilberto. Lílian não poderia estar falando mais sério. – May admite
-O senhor acertou em cheio as 6 dezenas. – Laly o entrega o volante
-Eu nem joguei.
-Eu até joguei, mas não acertei nada. – Fer entra na conversa
-Fui eu... – Lílian, cabisbaixa, com a parte da frente do tênis, risca o chão – Ta muito brabo?
Gilberto faz uma pequena pausa e pega Lílian no colo.
A alegria toma conta da família Gallardo e Laly entra no clima sem nem perceber que no casting da Toda Poderosa 2003, Abel aparece na bancada de um noticiário e com um boné virado estilo rapper.
-A Toda Poderosa sempre supera. Que venha 2003. Que venha o sucesso. Para começar, Toda Poderosa News de cara nova. Formato ágil, independente, descontraído e o mais tradicional e confiável editorial do jornalismo brasileiro. Se tudo que é bom sempre volta, logo no dia 6 mate a saudade das aventuras e confusões de Chris, Edu, Noviça e sua turma para suas tardes nunca mais serem regidas pelo tédio e as novidades não acabam por aí.
Enquanto isso, na casa de Edílson...
Edílson sempre joga na loteria, mas nunca conseguiu ganhar. Amassando o volante, maldiz sua sorte:
-Por que Deus não me manda logo a morte?Não tenho sorte com nada nessa vida. Não é possível...
Eleonora está cozinhando frango, mas vai até a sala saber o porquê de tanta amargura por parte de Edílson:
-Que foi agora, homem?
-Nenhum número, Eleonora.
-Só você que acredita nessas idiotices.
-Todo ano eu tento, mas parece que nunca é a minha vez. É cheiro de frango ou impressão minha?
-To fazendo frango, né, homem de Deus... Nem dinheiro pra pernil você tinha.
-Tem razão, mas frango não cisca pra trás?
-Crendice de idiotas, meu bem. Se importa se Gus virar o ano conosco?
-Ao contrário. Ele é muito bem-vindo nessa casa...
-Que bom, pois o convidei e ele trouxe a sobremesa.
Em meia hora Gus chega com um mousse de maracujá que comprou em uma padaria qualquer. Como sempre, adula Edílson:
-Passar o ano novo com você é um dever para mim, caro genro. No próximo ano Lalinha e eu estaremos juntos aqui.
-Deus o ouça. – Eleonora ergue as mãos fazendo menção ao céu
Som: In the music – Deep Swing.
A ceia composta por lentilhas, pernil, maionese e outras iguarias saborosas abrem o apetite de crianças e adultos.
-Esse ano realmente foi muito positivo para mim. Lílian passou de ano, Fernanda voltou para casa e conheci o grande amor da minha vida... – Gilberto sorri para Cybele
-Para mim esse ano estava bom até o começo do mês. Depois, só desgraça. – May desabafa
-Mas não receba o novo ano com lágrimas, May. Foi muito melhor ter desatado esse nó a continuar vivendo de aparências pra sempre. – Laly argumenta
-Fala isso porque não perdeu o seu maior tesouro.
Enquanto isso, em Joinville...
Pepo, normalmente bom de garfo, está aflito para sair da mesa e telefonar para a mãe. Naira sabe.
-Pepo, se não está com fome, coma só o que aguente.
-Pepo mal tocou na comida. Algum problema? – Nilton investiga
-Acho que comi demais a tarde.
-Eu te disse pra não comer tanto. O melhor ia ser a noite.
-Posso sair?
-Pode, mas volte antes da meia-noite.
-Não sei se quero ver os fogos. Estou cansado.
-Não vai receber o novo ano? – Naira disfarça
-Quem eu mais queria ver nem vou poder.
-Não sei por que chora por sua mãe. Nunca mais a verá.
Pepo, ineditamente revoltado, empurra a cadeira para trás, se levanta e grita:
-Por isso mesmo te odeio.
-Pepo, não fale uma coisa dessas! – Nilton está chocado
-Eu te odeio!
Pepo sai chorando e bate a porta do quarto.
-Que deu nesse menino, Naira?
-O comportamento dele não foi dos mais exemplares, mas ele tem seus motivos.
-Não, não tem.
-Por que não para um pouco de olhar pra si mesmo?Você está fazendo seu filho sofrer. Não percebe?
Nilton, transtornado, bate com força na porta do quarto de Pepo:
-Abra já esta porta, Pepo. Imediatamente.
-Não abro nada.
Pepo coloca uma cadeira no trinco, liga o som e abafa os gritos de Nilton.
Som: Get ready for this – 2 Unlimited.
Enquanto Iury aproveita alguns minutinhos para desejar feliz ano novo a Laly, May e Pepo conversam ao celular.
-Tente não arrumar encrenca com seu pai.
-Ele ta muito alterado. Quero ir embora, mãe.
-Eu juro que se pudesse iria aí agora mesmo, mas não posso.
-Não pode ou não quer?
-Realmente não está ao meu alcance, meu amor.
Nilton bate na porta e a abre, encontrando Pepo de costas.
-Pepo, meu filho. Podemos conversar?
-Preciso abrir a porta. Mais tarde eu te ligo.
Quando vira para abrir a porta, já encontra Nilton parado.
-Pensei que bateria na porta.
-E eu bati, Pepo.
-Não ouvi.
-Bati várias vezes.
Como Pepo coloca o celular na cama, dá para ouvir uma voz feminina o chamando:
-Pepo, Pepo... O que houve?
-Com quem estava falando com Lílian?
-Sei que não era com Lílian.
-Era sim.
-NÃO ERA. PARE DE MENTIR.
-ERA SIM.
Nilton apanha o celular com grosseria.
-Isso só pode ser coisa daquela desgraçada da sua mãe. – atende – Alo.
-Oi tio. – é Lílian
-Lílian?
-Eu tava conversando com Pepo. Não tava sabendo não?
-Tava? – Nilton se envergonha – Ah bom, se é assim, conversem... – devolve o celular a Pepo – Mas não fiquem de prosa até tarde...
Som: Flores (acústico) – Titãs & Marisa Monte.
Gustavo colocou sonífero na porção de mousse servida a Edílson para poder sair com Eleonora.
-O velhote já dormiu?
-Sim. – Eleonora confirma ao ver Edilson sentado com os olhos cerrados na poltrona
-Eita velho chato, hein?
-Podemos ir?
-Não. Vamos ficar e jogar xadrez. – Gus se irrita
15 minutos depois, Gus e Eleonora estão caminhando no calçadão da praia lotada praticando punguismo e rindo alto.
-Olha aquela mulher ali... Ta parecendo uma palhaça... Que diabos é aquilo? – Gus aponta para uma transeunte e descaradamente debocha
-Só seu senso de humor para salvar esse réveillon.
-Só minhas práticas para salvar o réveillon.
Gustavo, próximo a uma barraca onde estão vendendo bebidas, estuda uma vítima e Eleonora dá o bote. O homem percebe que sua carteira sumiu e tenta alcançar os bandidos, mas o faz tarde demais.
-Na hora dos fogos nós continuamos.
Como Edílson já faz uso de remédios para dormir, a dose aplicada por Gus é mínima e ele já está acordado, até um pouco atordoado quando se dá conta de que Gustavo e Eleonora não estão em casa.
Som: Pacific coast party – Smash Mouth.
Para fazer a contagem regressiva, todos se reúnem na rua.
Gilberto e Cybele estão abraçados assim como outros casais. As crianças estão sentadas no meio-fio. Todas estão vestidas de branco. Laly, Fernanda e Mayra resolveram dar as mãos e pularem juntas 3 vezes ao mesmo tempo com a perna direita.
-5, 4, 3, 2, 1...
Quando Laly vai pular, sente alguém molhar suas costas. Quando olha para trás, leva um susto.
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