quarta-feira, 27 de março de 2013

Doce Balanço - Capítulo 43


CENA 1 - BOATE DO DIABO - INT. - NOITE.

MESMO ATORDOADO, MARCOS RECONHECEU A VOZ DE ALFREDINHO POR TRÁS DA MÁSCARA, E PERCEBEU SUA JOGADA MALDOSA LIGANDO PARA MALU. NUM ÁTIMO, AVANÇOU PARA ELE E DEU-LHE UM TREMENDO SOCO NO ROSTO, ATIRANDO-O LONGE.

 MARCOS - Patife! Canalha!

ALFREDINHO CAIU. LEVANTOU-SE, PREPARANDO-SE PARA REVIDAR, MAS NÃO FOI NECESSÁRIO. MARCOS CAMBALEOU, SOB O EFEITO DA DROGA E CAIU PESADAMENTE NO CHÃO DA BOATE, DESACORDADO.

 ALFREDINHO - Fica aí, lambendo o chão, padreco idiota! (acenou para os presentes) Bom, pessoal, vou meter o pé! Vem comigo, Julio?
 JULIO BIRUTA - Tamo junto, mano!

CORTA PARA:
CENA 2 - APARTAMENTO DE VALÉRIA - SALA - INT. -NOITE.

ERA MADRUGADA QUANDO ALFREDINHO E JULIO BIRUTA RETORNARAM AO APARTAMENTO DE VALÉRIA.

 JULIO BIRUTA - Mas por que é que ele anda atrás dessa tal Lucrécia?
 ALFREDINHO - Sei lá. Eu acho que não existe Lucrécia nenhuma. Esse foi o apelido que Diana botou em Malu, por causa do jeito dela, meio doidona, querendo mandar em todo mundo.
 JULIO BIRUTA - Boa, essa é boa. Ele tá procurando uma mulher que é a mulher dele.
OS DOIS RIRAM.
 JULIO BIRUTA - (parou de súbito) Mas escuta, será que não aconteceu nada com ele? Parecia morto, quando a gente saiu da boate.
 ALFREDINHO - Tava não. É que ele é frouxo. Muito frouxo.
 JULIO BIRUTA - (lembrou a briga) Mas te acertou um direito que vou te contar! Mesmo bêbado, ele é fogo!
 ALFREDINHO - (passou a mão no rosto machucado) É, o padreco pega bem, às vezes (olhou-se num espelho) Tou preocupado não é com isso, mas em descobrir por que ele quer saber quem é Lucrécia. Manolo, o garçom lá do Castelinho, me disse que ele andou fazendo umas perguntas. Mas vai entrar bem, olha o que tou te dizendo!

CORTA PARA;
CENA 3 - BOATE DO DIABO - INT. - NOITE.

MALU ENTROU NA BOATE, AFLITA, E FOI LEVADA POR UM MASCARADO, À PRESENÇA DO MARIDO, QUE PERMANECIA DESACORDADO, DEBRUÇADO A UMA MESA NUM CANTO ESCURO DA BOATE. AUXILIADA PELO MASCARADO, SAIU COM MARCOS DO INFERNINHO, ARRASTANDO-O COM DIFICULDADE, APOIADO PELOS OMBROS.

CORTA PARA:
CENA 4 - APARTAMENTO DE MALU - QUARTO - INT. - DIA.

NO DIA SEGUINTE, MARCOS ABRIU OS OLHOS, AINDA ATORDOADO. PROCUROU MALU NA CAMA, MAS SEU LADO ESTAVA VAZIO.

 MARCOS - Que dor de cabeça... o que aconteceu? Malu!

MALU ENTROU NO QUARTO, JÁ ARRUMADA.

 MALU - (falou com frieza) Tome um banho e vista-se. Precisamos ter uma conversa.

CORTA PARA:
CENA 5 - APARTAMENTO DE MALU - SALA DE JANTAR -INT. – DIA

ENQUANTO TOMAVAM O CAFÉ DA MANHÃ, CONVERSAVAM.

 MALU - Se tivesse me perguntado quem é Lucrécia, teria nos poupado do vexame de ontem à noite!
 MARCOS - Desculpe... eu não podia imaginar... Você sabe quem é Lucrécia?
 MALU - Você está diante dela! Sou eu!
 MARCOS - (se assustou com a declaração de Malu) Você é
Lucrécia!

MALU SACUDIU A CABEÇA, AFIRMATIVAMENTE.
 MARCOS - Mas... não entendo a razão...

 MALU - Eu também não entendo porque você não consegue se libertar de Diana. Ao menos em respeito a mim, você devia fazer um esforço. Afinal, é muito chato casar com um homem e ver que ele continua amarrado a outra mulher, embora essa mulher já tenha morrido.

MARCOS BAIXOU A CABEÇA.

 MARCOS - Malu, eu não continuo preso a Diana do jeito que você imagina. Mas sim, ao que aconteceu a ela. Todos nós ainda estamos presos a isso e não há maneira de nos libertarmos, enquanto tudo não for esclarecido.  
 MALU - (deu de ombros e respondeu, pensativa) Mas não cabe a mim, nem a você, esclarecer nada!
 MARCOS - Disso é que eu discordo. Não é por Diana, é por nós mesmos.
 MALU - Diana, Diana... Tou cheia de ouvir esse nome! (gritou, e antes que Marcos pudesse dizer alguma coisa, saiu abruptamente da sala de jantar).

MARCOS LEVANTOU-SE E FOI ATRÁS DELA.

CENA 6 - APARTAMENTO DE MALU - SALA - INT. - DIA.

 MARCOS - Malu, você me desculpe. Mas isso é muito importante para nós, acredite. Nossa felicidade agora depende disso também!
 MALU - (ergueu os olhos e perguntou, sarcásticamente) De quê?
 MARCOS - De suplantarmos todos esses problemas. Para isso, é preciso não fugirmos deles, mas sim, olharmos tudo de frente, ter a consciência tranquila. Apenas, no momento, só estou querendo que você me explique por que disse que é Lucrécia.
MALU RIU.
 MALU - Não há nenhuma Lúcrécia. Isso era uma brincadeira que Diana gostava de fazer e me irritava muito. Quando nós brigávamos, ela me chamava de Lucrécia Bórgia. Justamente porque sabia que eu não gostava!

CORTA PARA:
CENA 7 - DELEGACIA - SALA DO DELEGADO NOGUEIRA -INT. 

NOGUEIRA LIA UM JORNAL. VISÌVELMENTE NERVOSO. ATIROU-O SOBRE A MESA. LEVANTOU-SE E DIRIGIU-SE A AMADEU, QUE ENTRAVA NA SALA:

 DELEGADO NOGUEIRA - Valéria continua a se dizer inocente. E aquele tal de Dante Gurgel resolveu agora fazer com ela o mesmo que fez com Diana Molina: de ré, Valéria passou a ser vítima. Vítima da Polícia. De mim.

O DETETIVE DISSE QUALQUER COISA. NOGUEIRA NÃO OUVIU. ESTAVA PERDIDO NAS PRÓPRIAS IDÉIAS.

 DELEGADO NOGUEIRA - Escute, Amadeu, você está mesmo convencido de que foi ela?
 DETETIVE AMADEU - Estou.
 DELEGADO NOGUEIRA - Pois olhe, vou lhe confessar uma coisa: não estou mais. Estive revendo o processo, e quando terminei, estava em dúvida. E esta dúvida está mexendo com meus nervos! Justamente porque nós sabemos como a confissão foi obtida. Agora, há outros indícios, como por exemplo a declaração do garçom de que a vítima estava com uma moça morena, de olhos grandes, minutos antes do crime. (e súbito) Espera aí... Selminha, minha filha, era amiga de Diana... é morena e tem olhos grandes...
 DETETIVE AMADEU - Selminha? Será...
 DELEGADO NOGUEIRA - (cortou, levantando-se) Eu poderia ligar pra ela e perguntar... mas acho melhor fazer isso pessoalmente. Amadeu, vou até minha casa!

CORTA PARA:
CENA 8 - APARTAMENTO DO DELEGADO NOGUEIRA -SALA - INT. - DIA.

 SELMINHA - (negou) Não. Não era eu.

 DELEGADO NOGUEIRA - Filha, por favor, tente se lembrar de alguma coisa... É muito importante. Você viu ou falou com Diana naquela noite?
 SELMINHA - Não, meu pai. Não vi nem falei com Diana. Naquela noite fui ao cinema com Fred Gaspar. Me lembro até do filme. “Qualquer Gato Viralata”, com Cléo Pires. Depois a gente encontrou Hugo Matias no Jangadeiros. Dali fomos para o Castelinho. Era mais ou menos uma hora. Porém Diana não estava lá. Pelo menos eu não vi.

CORTA PARA:
CENA 9 - APARTAMENTO DE MARCELÃO - SALA - INT. -NOITE.

“ALELUIA, ALELUIA”. VOSKOPOULUS ABRIU A PORTA. ERA NOEMIA.

 NOEMIA - (sorriu, amável) Boa noite. Eu gostaria de falar com Marcelão.

O MORDOMO OLHOU-A, DESCONFIADO. MOSTROU-LHE A POLTRONA E FOI CHAMAR O PATRÃO.

 MARCELÃO - (entrando na sala, surpreso) Madame X! Quis dizer... Noemia... você!
 NOEMIA - Surpreso, Marcelo? E olhe, não precisa ficar embaraçado... eu sei que você me chama de Madame X. Não ligo. (olhou para o mordomo) Podemos conversar em particular?
 MARCELÃO - (desconfiado) Claro... claro. Vamos pro ateliê.

CORTA PARA:
CENA 10 - APARTAMENTO DE MARCELÃO - ATELIÊ - INT. - NOITE.

 MARCELÃO - Pronto. Diga o que quer.

NOEMIA APROXIMOU-SE E OLHOU-O DOS PÉS À CABEÇA, COM AR SEDUTOR.

 NOEMIA - Você continua bonitão, Marcelo. O tempo foi generoso com você. Ficou ainda mais interessante... se é que isso é possível!
 MARCELÃO - (seco) Fale de uma vez, Noemia. O que quer? O que tá planejando desta vez, pra tirar Laurinha de mim?
 NOEMIA - (ofendida) Meu Deus, que imagem terrível você faz de mim! Vim de coração aberto, desarmada, e você me trata assim! (acariciou-lhe o rosto) Relaxa, Marcelo... Sabe, estive pensando muito em tudo o que aconteceu... Não quero continuar essa guerra com você. Afinal, somos os pais de Laurinha. Você sabe, esses laços são para toda a vida. Não é bom para a menina ser criada assim, com os pais brigando, se odiando...
 MARCELÃO - Ok, diga que não vai mais tentar tirar
Laurinha de mim e que vai voltar pra Europa pra sempre. Só assim poderemos ser os melhores amigos deste mundo!
 NOEMIA - Pare de me agredir, Renato! Vim aqui com a melhor das intenções! Eu... eu preciso da sua ajuda!
 MARCELÃO - Pra quê?
 NOEMIA - Meu marido, o armador sueco, está no Brasil à minha procura. Quer me levar pra Europa, mas não quero voltar agora. Marcelo... posso ficar uns dias aqui, escondida na sua casa?
 MARCELÃO - Aqui?!
 NOEMIA - Por que esse espanto? Vai ser bom. Quem sabe a gente não descobre outro jeito de resolver o problema da nossa filha?
 MARCELÃO - O... o que você quer dizer com isso?
 NOEMIA - (fitou-o nos olhos, com ardor) Quem sabe a gente não precise mais escolher com quem nossa filha vai ficar...
 MARCELÃO - (com ironia) Ficou louca? Olha, se eu puder ajudar esse tal armador a levar você pra sempre e o mais depressa possível, ele pode contar comigo! Nada feito, Madame X! Não perca seu tempo! E quer um conselho? Volte pra sua vidinha de dondoca na Europa, porque não vai levar a Laurinha com você. Ainda mais, depois do vexame daquela bebedeira e da sua prisão!...
 NOEMIA - (lívida) Que você armou contra mim! Que golpe baixo, hem, Marcelão!
 MARCELÃO - Agora, se me dá licença, tenho uma coisa importantíssima pra fazer: vou à praia!

NOEMIA TREMIA DE RAIVA.

 NOEMIA - Cafajeste! Nunca fui tão humilhada! Você me paga, Marcelão! Isso não vai ficar assim!

NOEMIA DEU-LHE AS COSTAS E SAIU.

 MARCELÃO - Ora, mas vejam só... Madame X veio me passar uma cantada!... Era só o que faltava!!

CORTA PARA:
CENA 11 - CASTELINHO - INT. - NOITE.

MARCOS E MALU ENTRARAM NO BAR, DE MÃOS DADAS. MARCOS OLHOU EM VOLTA E AVISTOU MANOLO, O GARÇOM. PROCUROU UMA MESA EM QUE PUDESSEM SER SERVIDOS POR ELE.

 MALU - Gostei do convite pra jantar. Adoro o Castelinho. Vinha muito aqui com Dian... com meus amigos.
 MARCOS - Que bom que gostou! Tudo pra ver minha linda esposa feliz!

 MARCOS CONVIDOU MALU PARA IR AO CASTELINHO PARA QUE O GARÇOM A VISSE. SEM QUE ELA SE APERCEBESSE, É
CLARO. MAS FOI EM VÃO. SE ELE A RECONHECEU COMO A MOÇA MORENA, DE OLHOS GRANDES, QUE ALI ESTIVERA COM DIANA, ANTES DO CRIME, DE MODO ALGUM O DEMONSTROU.

 MANOLO - Boa noite. Em que posso servi-los?
 MARCOS - (olhou para Malu) O que vai beber, amor?
 MALU - Traga a carta de vinhos, por favor!

CORTA PARA:
CENA 12 - APARTAMENTO DE MALU - INT. - NOITE.

MEIA HORA DEPOIS DE CHEGAREM EM CASA, DANTE LIGOU PARA O CELULAR DE MARCOS PEDINDO-LHE PARA RETORNAR AO CASTELINHO, COM URGÊNCIA.

 MALU - Quem era?
 MARCOS - (embaraçado) Era... seu Germano. Pediu para falar comigo, agora.
 MALU - Agora, amor? Por que tanta urgência? Aconteceu alguma coisa com ele ou D. Marieta?
 MARCOS - Não sei. Ele não disse. Só pediu que eu fosse até a casa deles o mais rápido possível.
 MALU - Que estranho...
 MARCOS - (beijou-a no rosto) Não demoro. Prometo.

MARCOS SAIU. MALU DEIXOU-SE CAIR NO SOFÁ, PENSATIVA.

CORTA PARA: DCENA 13 - CASTELINHO - INT. - NOITE.

MEIA HORA DEPOIS, MARCOS ESTAVA DIANTE DO JORNALISTA.

 MARCOS - Olá, Dante! O que tem de tão urgente pra falar comigo?
 DANTE - (chamou) Manolo! (o garçom aproximou-se) Diga a ele, Manolo, quem era a moça que estava com Diana na noite do crime.

MARCOS ENCAROU OS DOIS, ATORDOADO.

 MANOLO - (respondeu, olhando para Marcos) Era aquela que veio hoje aqui com o senhor!


FIM DO CAPÍTULO 43

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