quinta-feira, 28 de março de 2013

Doce Balanço - Capítulo 44


CENA 1 - CASTELINHO - INT. - DIA.

 MARCOS - (encarou Dante com irritação) Você me chamou aqui pra isso?
 DANTE - Desculpe, Marcos. Reafirmo meu desejo de, tãosomente, colaborar com você.
 MARCOS - (para Manolo) Tem certeza do que acabou de dizer?
 MANOLO - Acho que era ela...
 MARCOS - (insistiu, incisivo) Você acha, ou tem certeza?!
 DANTE - Você não tem certeza, Manolo?
 MANOLO - Tenho, sim. Era ela mesma.

CORTA PARA:
CENA 2 - CASTELINHO - EXT. - NOITE.

MARCOS E DANTE SAÍRAM DO BAR.

 MARCOS - E agora, você pretende publicar essa história?
 DANTE - Não. Ainda é cedo para isso. O meu desejo como repórter e, sobretudo como profissional honesto, é obter uma boa reportagem. Apenas isso. Se me ajudar, talvez você possa fazer o mesmo por mim, na minha busca da verdade.
 MARCOS - Ajudar como?
 DANTE - Eu queria conversar com sua mulher.
 MARCOS - Sobre isso? Nunca! Não vou permitir! Isso está fora de cogitação!

NESSE MOMENTO DOBRAVAM UMA ESQUINA, QUANDO MALU SURGIU À SUA FRENTE.

 MALU - (olhou para Marcos com raiva) Liguei pro seu Germano e você não apareceu lá!
 MARCOS - (ficou meio sem jeito) Estava indo para lá, mas encontrei um amigo. Conhece? (apresentou) Dante Gurgel.
 MALU - (respondeu seca e sem nenhum interesse) Já nos conhecemos bastante.

MALU VOLTOU-SE, BRUSCAMENTE E AFASTOU-SE EM OUTRA DIREÇÃO. HAVIA NOTADO QUE O MARIDO LHE MENTIRA.

 MARCOS - (chamou, embaraçado) Malu, espere! Aonde você vai... (bufou, impotente) Droga!

MALU SEGUIU SEU CAMINHO, SEM OLHAR PARA TRÁS.

CORTA PARA:
CENA 3 - PRÉDIO DO APARTAMENTO DE MALU - EXT. -NOITE.

MALU VOLTOU PARA CASA, MUITO NERVOSA. NA PORTARIA, VIU SEU CARRO ESTACIONADO À FRENTE DO PRÉDIO. NUM
IMPULSO, ENTROU NO VEÍCULO E DEU PARTIDA, SOB O OLHAR CURIOSO DO PORTEIRO DO PRÉDIO.

CORTA PARA:
CENA 4 - RUA DE IPANEMA - EXT. - NOITE.

NA AV. VISCONDE DE PIRAJÁ, MALU ACELEROU, IMPACIENTE, ULTRAPASSANDO ALGUNS CARROS À SUA FRENTE.

CENA 5 - AV. VISCONDE DE PIRAJÁ - EXT. - NOITE.

DORIVAL RIBEIRO COMEÇOU A ATRAVESSAR A AVENIDA, QUANDO O CARRO SURGIU, EM ALTA VELOCIDADE. MALU ARREGALOU OS OLHOS, VIROU O VOLANTE, PISOU NO FREIO, PERDEU O CONTRÔLE DA DIREÇÃO. UM BAQUE SURDO ACERTOU DORIVAL EM CHEIO, ATIRANDOO, DESACORDADO, AO MEIO-FIO.MALU SAIU DO CARRO, OLHOU PARA A PEQUENA MULTIDÃO QUE COMEÇAVA A SE FORMAR, COMEÇOU A TREMER DESCONTROLADAMENTE E DESMAIOU. UM HOMEM DE MEIAIDADE QUE SE APROXIMAVA DOLOCAL AMPAROU-A E GRITOU, AFLITO:

 HOMEM - alguém chame uma ambulância, pelo amor de Deus!

A POUCOS METROS DE DISTÂNCIA, ALGUNS CURIOSOS ACERCARAM-SE DO CORPO INERTE DE DORIVAL.

CORTA PARA:
CENA 6 - APARTAMENTO DE MONTEIRO PRADO - QUARTODE MONTEIRO - INT. - NOITE.

ERA QUASE 1 DA MADRUGADA, QUANDO O TELEFONE TOCOU INSISTENTEMENTE. MONTEIRO PRADO ACORDOU. SONOLENTO, LEVANTOU-SE DA CAMA, DE PIJAMA, E ATENDEU RESMUNGANDO.

 MONTEIRO PRADO - Isso é hora de ligar pra casa dos outros!... Alô! De onde? Hospital? (empalideceu, atônito) Sim, sim! Eu sou o pai dela! Meu Deus! Onde foi isso? Estou indo praí! Obrigado!
 ISADORA - (acordou, esfregando os olhos) O que aconteceu?
MONTEIRO PRADO - Malu... atropelou um homem! Está no hospital. Teve outra crise nervosa!
 ISADORA - Nossa! Outro dia ela bateu o carro. Agora, atropelou um pobre coitado!... Gente, alguém tem de caçar a habilitação da sua filha. Tá se tornando um perigo pra sociedade!
 MONTEIRO PRADO - (encarou-a, irritado) Isadora, poupeme de sua ironia! Se não pode ajudar,por favor, não atrapalhe!

E COMEÇOU A VESTIR-SE, MUITO NERVOSO.

CORTA PARA:
CENA 7 - APARTAMENTO DE MALU - SALA - INT. - NOITE.

QUANDO MARCOS ENTROU EM CASA, O TELEFONE TOCAVA INSISTENTEMENTE. CORREU A ATENDER.

 MARCOS - Alô! Sim, sou eu. Oi, doutor Monteiro. O quê?
Malu? Deus do Céu! Onde ela está? Estou indo praí! Até já! (desligou o telefone e correu para a porta) Deus, faça com que ela esteja bem!

CORTA PARA:
CENA 8 - HOSPITAL - QUARTO - INT. - NOITE.

EM COMPANHIA DO MÉDICO DE PLANTÃO, MONTEIRO PRADO ENTROU NO QUARTO, APREENSIVO.

 MONTEIRO PRADO - Ela está consciente, doutor?
 MÉDICO - (assentiu com a cabeça) Sim. Teve uma crise nervosa. Chegou aqui tremendo muito, com os olhos vidrados. Deilhe um calmante. Agora estámais calma.

MONTEIRO APROXIMOU-SE DO LEITO ONDE MALU DESCANSAVA.

 MONTEIRO PRADO - Filha! O que aconteceu com você, meu amor?
 MALU - (fitou o pai nos olhos, com tranqulidade) Não sei. Não lembro. Por que estou aqui?
 MONTEIRO PRADO - (procurou os olhos do médico, preocupado) Não... não lembra? Não lembra de nada?
 MALU - Não. O que aconteceu? Falem, por favor!

A PORTA DO QUARTO ABRIU-SE E MARCOS ENTROU, AFLITO.

 MARCOS - Onde ela está? Ela está bem?
 MONTEIRO PRADO - Marcos! Sim, ela está bem... quer dizer... a não ser...
 MARCOS - (desconfiado) A não ser...?
 MÉDICO - Ela sofreu um choque muito grande e teve uma espécie de amnésia. Não se recorda do que aconteceu.

MARCOS APROXIMOU-SE DA CAMA E BEIJOU A ESPOSA NO ROSTO.

 MARCOS - Meu amor, que susto você me deu!
 MALU - Marcos, eu quero saber... o que aconteceu comigo?
 MARCOS - Você sofreu um acidente de carro... mas agora está tudo bem.... não é mesmo, doutor?
 MÉDICO - Tão bem que, em uma hora, pode voltar para casa.
 MALU - Ainda bem (bocejou) Quero dormir na minha cama...

CORTA PARA:
CENA 9 - HOSPITAL - CORREDOR - INT. - NOITE.

MONTEIRO PRADO FEZ A PERGUNTA QUE MARTELAVA EM SUA CABEÇA:

 MONTEIRO PRADO - Doutor... como está o homem que ela atropelou? Ele... está vivo?
 MÉDICO - Quebrou um braço, duas costelas e teve algumas escoriações pelo corpo. Está fora de perigo. Teve muita sorte...
 MONTEIRO PRADO - (levantou as mãos para o alto) Graças a Deus! (e para o médico) Doutor... faça o que for necessário por ele. Tudo por minha conta.

CORTA PARA:
CENA 10 - APARTAMENTO DE MARCELÃO - SALA - INT. -DIA.

MARCELÃO GARGALHAVA, DIVERTINDO-SE COM OS DRAMAS DO RECÉM-CASADO CECÉU.

 MARCELÃO - Quer dizer que até hoje você ainda não compareceu? Tá deixando a coitada da D. Soledad subindo nas paredes?
 CECÉU - (sem graça) Não brinca, não, cara! A situação é desesperadora! Já esgotei todo o meu estoque de desculpas... um dia é enxaqueca, outro, dor de dente, diarréia, unha encravada...
 MARCELÃO - Meu velho, tem que ter jogo de cintura... Lembre-se da fortuna que você vai herdar quando a velha bater as botas!
 CECÉU - Isso é que tá me preocupando! A velha está mais viva do que nunca! Parece que a cada dia fica mais forte!
 MARCELÃO - E Tatiana?
CECÉU - Tá uma fera! Nem tá falando direito comigo... E agora, meu velho, o que eu faço? Como sair dessa roubada?
 MARCELÃO - (pensou um pouco e falou) O jeito... é você matar a véia!
 CECÉU - Ficou louco, Marcelão? Não brinca assim, não, pô!
 MARCELÃO - Não tou brincando, velho. Imagina se a velha sofresse um acidente fatal... Você herdaria a grana dela muito mais cedo e resolveria logo essa situação!...
 CECÉU - (coçou a cabeça e fitou Marcelão, atordoado) Velho, você tá falando sério? Ainda não tou acreditando...
 MARCELÃO - Pensa bem, Cecéu: a velha não tá com os dias contados? Então? Você estaria cometendo um ato cristão... Ia apenas abreviar o sofrimento dela... Seria uma espécie... de eutanásia, sacou?
 CECÉU - Euta o que?...
 MARCELÃO - ... násia. Eutanásia. Significa abreviar a morte de uma pessoa enferma incurável, pra acabar com o sofrimento... É lógico que ninguém pode saber, além de você!
 CECÉU - Mas... mas como eu faria isso?
 MARCELÃO - Simples, meu caro: uma queda de uma escada, por exemplo...
 CECÉU - (arregalou os olhos, excitado) Caramba! Sabe que tou começando a processar essa idéia?

A CAMPAINHA TOCOU. VOSKOPOULUS ABRIU A PORTA E ENTROU NA SALA SEGUIDO DE D. SOLEDAD. MARCELÃO E CECÉU FITARAM-NA, SURPRESOS, COMO SE ESTIVESSEM DIANTE DE UM FANTASMA.

 CECÉU - Soledad! Você aqui?!
 D. SOLEDAD - Que cara é essa, hombre? Parece que ustedes miran un fantasma! Cecelito,estoy procurando usted o dia todo!
 CECÉU - (sorriu amarelo, tentando parecer natural) Oi, Soledad... estava aqui com meu amigo Marcelão tratando de negócios...
 D. SOLEDAD - Io imaginei que encontraria usted aqui... Mas... que tipo de negócios?
 CECÉU - Negócios... negócios, ora...
 MARCELÃO - (adiantou-se) Como está, D. Soledad? Sentese. Aceita um licorzinho? (e para omordomo) Voskô, sirva um licor pra D. Soledad.
D. SOLEDAD SENTOU-SE AO LADO DE CECÉU.
 MARCELÃO - (cortou) Chamei Cecéu aqui para discutirmos os planos de uma grande produção cinematográfica. Não sei se a senhora sabe que sou produtor...
 D. SOLEDAD - Non... io non sabia... Cecéu non me dije nada... Que producion están tratando? Um filme?
 MARCELÃO - Um grande filme! Vai ser um sucesso! Devemos começar a rodar logo depois do carnaval.
 D. SOLEDAD - Entonces já tienem todo!
 MARCELÃO - Quase tudo. Falta só o argumento e o dinheiro.
 D. SOLEDAD - Entonces non tienem nada! (bebia o licor preparado por Voskopoulus) Adoro cinema! Mas o que me gusta mesmo son as telenovelas! E confesso que io tengo um sonho de ser atriz de telenovelas! “Triunfo del Amor”, “Acorrentada”, “El Privilégio de Amar”, son novela inesquecíveis! Me gusta mucho!
 MARCELÃO - Taí! Nós podemos realizar seu sonho! Uma
telenovela! Tenho um argumento maravilhoso que podemos transformar numa novela de muito sucesso, e depois vender para uma grande emissora!
 D. SOLEDAD - Conte-me todo! Do que se trata? Es una história de amor? Adoro romances!

DIANTE DO CONFUSO E AINDA ATORDOADO CECÉU, MARCELÃO TRANSMITIU PARA D. SOLEDAD SUA HISTÓRIA COM RIQUEZA DE DETALHES.

CORTA PARTA:
CENA 11 - HOSPITAL - QUARTO DE DORIVAL - INT. - DIA.

ALFREDINHO GIROU A MAÇANETA, LENTAMENTE, E APROXIMOU-SE DO LEITO DO PAI. O FOCO DE LUZ ILUMINAVA O ROSTO ABATIDO DE DORIVAL. UM DOS BRAÇOSESTAVA ENGESSADO, ESTENDIDO E AMPARADO POR UM TRAVESSEIRO PEQUENO. NO OUTRO BRAÇO, À ALTURA DO COTOVELO, DUAS TIRAS DE ESPARADRAPO PRENDIAM A AGULHA. PINGO A PINGO O SÔRO DESCIA. ALFREDINHO FIXOU O QUADRO. DEU UM PASSO NO INTERIOR DO QUARTO E CERROU A PORTA ÀS SUAS COSTAS. DORIVAL ERGUEU OS OLHOS AO PERCEBER O LEVE MOVIMENTO DE PÉS. NÃO ERA A ENFERMEIRA. NA SEMI-OBSCURIDADE DO AMBIENTE CUSTOU-LHE A RECONHECER O VISITANTE.

DORIVAL - Alfredinho
 ALFREDINHO - (aproximou-se) Oi, velho! Caramba, o que aconteceu com você? Um rolo compressor passou por cima?
 DORIVAL - (esboçou um sorriso) Quase isso... Que surpresa você aqui... meu filho lembrou que seu velho pai existe...
 ALFREDINHO - A enfermeira me ligou. Falou que você pediu.
 DORIVAL - Pois é. Tava me sentindo muito só, abandonado nessa cama de hospital. Aí pensei: vou pedir pra alguém avisar meu filho. Quem sabe não vem me visitar? Não acreditei que você viria...
 ALFREDINHO - E aqui estou eu.
 DORIVAL - (emocionado) Estou muito feliz... muito feliz, meu filho.
 ALFREDINHO - Eh... vamos parar com esse melodrama, tá? Não curto isso, velho. Me conta... como aconteceu isso?
 DORIVAL - Fui atropelado pela filha do Monteiro Prado, o banqueiro.
 ALFREDINHO - (admirado) Malu?!
 DORIVAL - Ela mesmo. Eu tava atravessando a rua, quando ela me atingiu em cheio.
 ALFREDINHO - Malu... caramba...
 DORIVAL - Você a conhece?
 ALFREDINHO - E muito! É da minha turma! Quer dizer...era, antes de casar com aquele padreco idiota!
 DORIVAL - O doutor Monteiro está me dando toda a assistência. Assumiu todas as despesas do hospital e do tratamento.
 ALFREDINHO - É pouco! Podemos arrancar muito mais grana dessa gente! São podres de ricos! Vai por mim, velho:
podemos lucrar muito em cima desse acidente! Se ele se negar a pagar, ameaçamos levar essa história pros jornais! Vamos exigir, deixe ver... quinhentos mil! Quinhentos mil reais! Monteiro Prado não vai querer o nomeenvolvido num escândalo! Velho, você foi atropelado por uma mina de ouro! (cerrou o punho e deu um soco no ar, quase com raiva) Yes!


FIM DO CAPÍTULO 44

Em virtude do feriado,Doce Balanço volta na próxima segunda às 21 horas.

1 comentários:

  1. Espero que vc volte com a novela algum dia. Muita gente com certeza ficou curiosa pra ver o restante da trama.

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