Em clima de Reveillon! – parte 2
Abel, segurando a taça, sorri para Laly.
-Feliz 2003.
-Infeliz 2003, você quer dizer...
-Ora ora, leoa. Também tenho minhas superstições.
-E uma delas, certamente, é arruinar o réveillon alheio.
-Que isso, Lalinha!Eu?
Fernanda e Mayra estão rindo.
-Tem mais algum sem noção aqui? – Laly pergunta – Não tinha lugar melhor pra passar o Ano Novo não?
-Tinha. Ao seu lado.
-Ta satisfeito?Sujou minha roupa... – retruca – Sem noção.
-Não sabia de uma velha simpatia em que se joga champanhe em alguém do sexo oposto a meia-noite? – sussurra - Traz sorte.
-Ah sim... Estou vendo...
Lílian, ao celular, conversa com Pepo.
-Você ta perdendo a festa aqui, bisão. Deram um banho de espumante na Lalinha.
-Sério? – Pepo pergunta impressionado
-O baixinho veio passar o reveillon com a gente.
Som: Superstar – The Carpenters.
Edílson resolve caminhar até a praia para espairecer a cabeça. Muitos conhecidos o saúdam.
Eleonora e Gustavo se beijam ardentemente na areia da praia enquanto rola a queima de fogos. Quando abrem os olhos, Gustavo apanha uma das mãos de Eleonora, lhe passa algumas notas amassadas de pequeno valor e lhe entrega sussurrando.
-Vá comprar umas bebidas pra mim.
Gus faz isso para poder se assanhar a vontade. Seu alvo é um grupo de meninas entre 10 e 12 anos, incluindo Bruna, amiguinha de Lílian.
Estufando o peitoral, dá uma mexidinha no cabelo, pigarreia e se intromete na conversa das menininhas:
-Não tem medo de ficarem sozinhas por aqui?
-Falou com a gente? – Bruna demonstra desprezo
-Ah se eu fosse mais novo...
-Pena que não é... – a prima de 12 anos debocha
-Gosta de caras mais velhos?
Gustavo tenta assediar Bruna e suas primas.
Não muito longe, Edílson, que resolveu comprar uma latinha de cerveja, encontra Eleonora saindo do quiosque de bebidas e a aborda.
-Onde é que você tava?
-Não é o que você ta pensando, Edílson. Vim fazer companhia ao Gus.
-E me deixou sozinho?
-Você dormiu.
-Você sabe que eu não gosto de mousse de maracujá.
-Então você não comeu?
-O que você acha?
Eleonora se desespera e resolve apelar para o choro:
-Gus é como um filho pra mim.
-Não parece.
-Não me diga que ta com ciúmes dele, Edílson?
-Não gosto desse excesso de intimidade. Me faz desconfiar de que há algo mais que ‘sentimento materno’ e amizade, ternura, compreensão.
-Não seja bobo, Edílson.
-Por que não me disse que queria virar o ano na praia, meu amor?
Edílson abraça Eleonora e eles acabam dividindo as bebidas enquanto curtem o restante da queima de fogos. Eleonora disfarçando a raiva do marido ao ver Gus paquerando adolescentes na areia.
Som: Heaven – DJ Sammy.
Abel parece conhecer Pablo, pois eles estão dançando e conversando juntos. Mayra vê e uma mistura de sensações a invade. Laly e Fernanda estão ao lado dela sentadas no meio-fio.
-É esse o loiraço?
-Em carne e osso. – bufa May
-Por quê?
-Olha de quem ele é amigo... Sabia que era bom demais pra ser verdade...
Gilberto, não muito longe dali, confere o volante no bolso e ainda não acredita que tornou-se milionário.
-Nunca imaginei que ganharia tanto dinheiro assim de uma vez. Justo no ano em que nem apostei, Lílian brinca com os números e acerta todos.
Lílian abraça o avô.
-E aí, vô?Já sabe como vai torrar a dinheirama?
-Você já sabe o que vai querer?
-Tem tanta coisa.
-Então é bom que faça uma lista.
-Posso chamar Yasmin e Bruna para saírem comigo?
-Com certeza...
Laly e Fernanda deixam May sozinha. Pablo a reconhece e sorri sem dissimular.
-Oi... – acena timidamente
-Oi...
-Mayra?
-Que bom que acertou meu nome.
-Esperando alguém?
-Você sim.
-Já encontrei.
Pablo se senta ao lado de Mayra. Fer e Laly se alegram.
-É impressão minha ou ele também ta gostando dela? – Fer pergunta
-Gamou na May. Presta atenção no modo como ele gesticula. Ele ta tentando chamar a atenção dela.
Abel, sem noção, se senta entre as amigas.
-Pablito é dos meus.
-Sinto a fetidez estragar meu réveillon. Se você estiver empurrando cafajeste pra minha amiga, vai se ver comigo.
-Qual é?Pablo não tira os olhos da mocinha ali. Só dei umas dicas...
-Ah sim... – Fernanda assente querendo rir
Abel só não beija Fernanda porque Laly está presente e vice-versa.
-Pra mim esse réveillon não poderia ser melhor. Estou ao meio de duas beldades... E depois me chamam de cafajeste. – pensa – Ah Deus, me controle pra eu não agarrar as duas ao mesmo tempo. – diz – Cafajeste é pato que já nasce com os dedos colados pra não ter de usar aliança. Eu sou um cara legal. O povo é que fala mal. Mais cafajeste é quem me diz...
-Ainda pergunta por que... A oferenda não voltou pro mar, não?
-E a leoa ainda não se animou?Se precisar, eu canto.
-A menos que queira acabar com a festa antes do prazo.
Pablo e May estão cada vez mais próximos de ficar.
-Eu não sei o que está acontecendo comigo, mas desde que te conheci não consigo mais parar de pensar em você, Mayra.
-Eu também não.
Começa a tocar You are – Lionel Richie (tema de May e Pablo).
Pablo, com a mão direita em forma de concha, acaricia o rosto de May que fecha os olhos e não consegue controlar as sensações prazerosas que a invadem. Estar com Pablo, sem dúvida, é o oposto do que viveu com Nilton.
Lentamente Pablo se aproxima de Mayra e sela o desejo. May, mais sedenta por experimentar um beijo, permite que o professor de geografia conduza a situação.
Mayra e Pablo passam o resto da noite abraçados, em alguns momentos se beijando muito e aproveitam para se conhecerem melhor. Em nenhum momento May menciona Nilton. Pablo também é solteiro e embora seja conhecido de Abel, não é cafajeste.
Som: Tarzan boy – Baltimora.
As crianças já dormiram. Laly, sem Iury e nem muito entusiasmo para dançar, entra em casa. Abel e Fernanda somem da vista de todos.
-Tive de me controlar. Senti uns desejos estranhos.
-Você não presta mesmo, Abel.
-Seria legal ter uma noite com as duas.
-Mais fácil com duas bonecas infláveis...
-Ah Fer, convence a leoa.
-Ela nem sabe que a gente ta ficando.
-Já faz tempo.
-Ela não sabe.
-Poxa, por que não abre o jogo?
-Você não entende as regras femininas. Nunca vai entender como funciona.
-Sou ligeiro. Quando quero nem titubeio. Você me disse que também quer.
-Posso até querer, mas é te dar um pé, cafajeste. Você sonha demais.
Abel coloca os braços em volta da cintura de Fernanda e sussurra perto da orelha da ex-miss porque isso a deixa excitada.
-Você sabe que é a minha preferida.
-Ah Abel, agora não dá.
Abel beija o pescoço de Fernanda até que a moça não consiga mais resistir.
-Diga... Diga que me ama...
-Para, Abel. To ficando arrepiada.
-Fala aqui no meu ouvido que me ama.
-Nem em 30 anos.
Abel acaricia a cintura de Fernanda e tira o sutiã dela acariciando de leve os seios da moça ainda vestindo a regata branca com dizeres em prata.
-Abel, chega...
Abel e Fernanda estão se agarrando no escuro e Fernanda não suporta mais conter o incessante desejo. Infelizmente Gilberto os flagra.
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