terça-feira, 17 de abril de 2012

Confissões de Laly Cap 143 - Em pleno funeral!


Em pleno funeral!

-Não, isso não pode estar acontecendo.

Iury reconhece a substância que levou Gilberto a óbito.


-Meu Deus do céu! Como isso foi parar na minha mesa?

E se lembra de que antes de entrar em plantão, outro médico estava fazendo residência ali, mas se lembra de que o homem jamais faria uso de medicamentos letais contra os próprios pacientes, então aos poucos a memória o faz associar os fatos.

-Eleonora não pode ter sido capaz disso.

E sabe que a megera apenas com as fofocas fazia enormes estragos. Vem-lhe a mente a ocasião em que viu Laly apanhar até urinar porque foi ao cinema e chegou às 20h00min.

-Sua meretriz vagabunda. – Edílson com um braço segurava o ombro de Laly e com o outro a enchia de bofetadas – Estava enveredada com esse vagabundo em um motel numa beira de estrada qualquer?

Laly e Iury recém haviam iniciado o namoro e Eleonora descobriu inventando mil calúnias para separar o casal. O médico já perdoou Edílson, mas ainda sente muito ódio de Eleonora.

-Pai, isso é mentira! Eu sou virgem...

-Não deve mais ser virgem nem atrás da orelha e fica aí se fazendo de santinha. – debochava Eleonora

-Eu to falando a verdade...

-E com um surfista, um cara que não tem nem onde cair morto. – Edílson lamuriava – Que te bolinou...

-Para de falar assim, pai. – Laly aos prantos suplicava e não era ouvida, aliás, nunca foi

Edílson prensou Iury na parede como se fosse enforca-lo.

-Se você colocar um dedo que seja na minha filha eu acabo com a tua raça.

-Ma-mas, se-senhor... – Iury se desesperou com o comportamento do sogro – A gente só anda de mãos dadas. Confie em mim.

Laly, chorando, correu para o quarto.

-Eu deveria expulsar essa vagabunda de casa por desonrar nosso sobrenome. – berrava Edílson tirando o cinto para bater em Laly – E em você também, seu safado, por induzir minha filha ao que não presta...

-O senhor está equivocado a meu respeito, eu lhe juro.

Edílson sempre foi muito manipulado por Eleonora, contudo o tempo e a própria verdade lhe mostraram um doloroso caminho. Quando as máscaras caem, inúteis são quaisquer palavras.

-Eleonora não iria sossegar se não aprontasse algo, mas precisava ir tão longe e colocar em xeque minha credibilidade como médico? Preciso me livrar dessas porcarias ou então toda culpa cairá em meus ombros.

Som: Old and wise – Alan Parsons Project.

Abel está servindo café a Pablo enquanto Laly, May e Fernanda estão conversando no sofá de 3 lugares.

-Não sou de me abater tão facilmente, mas estou muito chocado, Pablito.

-E com toda razão. – Pablo concorda enquanto bebe o café de uma só vez

-Eu queria poder dizer algo, mas me faltam palavras. Eu acho que qualquer coisa que eu diga será em vão.

-Às vezes a presença já é o bastante.

-Os ensinamentos de Gilberto farão muita falta.

As moças, sentadas ao meio de Lalinha, colocam o papo em dia.

-Muita coisa aconteceu desde que você partiu. – May informa Laly com todos os detalhes possíveis

-E a May vai ser mamãe. – Fernanda, mesmo triste, comenta dando beliscões no braço da amiga

-Fernanda, olha os modos!

-E pelo jeito vem menina... Quando os enjoos são muito fortes é porque vem uma linda guerreirinha.

-Mas infelizmente, Laly, nem tudo foi apenas sorrisos. Nossa casa pegou fogo, tentaram matar Abel duas vezes e seu pai foi preso.

-Como? Meu pai preso? Mas por quê? Ele nunca fez nada de errado...

-Gustavo morreu e seu pai é o principal suspeito. – May reitera

-Balela. Meu pai não mataria nem um besouro. Ele pode não ser a pessoa mais perfeita do mundo, mas assassino não é.

Abel contempla Laly usando um macacão jeans preto de frente única o qual deixam as curvas de Laly à mostra.

-Olá, leoa!

-Olá, Abel!

Fernanda já não se sente mais enciumada ao ver Abel e Laly conversando, até porque já não enxerga mais o jornalista como homem, mas um grande amigo.

-É triste, mas estou feliz que tenha vindo. – estica a mão para cumprimentar Laly e acaba derrubando café no braço do sofá

-Você é uma figura, Abel. Não tem jeito mesmo... – Fernanda acaba brincando

Mayra coloca a manta estampada por cima.

-Ninguém precisa ver, não é mesmo? Se não viu, não aconteceu...

-Vem cá, não são Biel e Grazi? – Lalinha avisa

-E são mesmo... – Fernanda se levanta para atender ao irmão e eles se abraçam com força – Biel...

-Só assim pra gente se ver. Que tristeza!

-Como isso foi acontecer? Até agora estou estarrecida, incrédula. – Grazi comenta

-Suspeita de erro médico.

-Erro médico em uma doação de sangue? – questiona Biel

E realmente a desconfiança toma conta dos conhecidos de Gilberto, inconformados com a prematura morte do patriarca da família Gallardo. Mais 3 vítimas foram feitas durante a estadia de Eleonora no hospital. Eleonora, gargalhando, assiste ao noticiário.

-3 pessoas morreram em um hospital de Guaratuba. A suspeita é de erro médio. A perícia está investigando profundamente as mortes.

-E não é que levei mais idiotas para o inferno? – ri alto enquanto desliga o televisor e se veste – Vou dar uma olhadinha nos patetas. – debocha – Devem estar todos rezando e chorando...

Som: Overjoyed – Stevie Wonder.

-Lílian sempre foi tão devote ao avô. Por que não está aqui.

-Ela não quer descer, Grazi. – Fernanda avisa – Se nega a ver Gilberto morto, não está aceitando o fato; se recusa até mesmo a se alimentar...

-Gabriel e eu pretendemos leva-la para morar conosco.

-Mas eu sou muito mais presente na vida de Lílian.

-Gabriel e eu acreditamos que Lílian deve vir morar conosco.

-Ela passou a vida toda aqui e já está sofrendo o bastante para enfrentar mais outra brusca mudança.

-Não me leve a mal, Fernanda, mas você não é uma boa referência a Lílian.

Lílian desce as escadas e escuta a discussão das adultas.

-Só porque não sou casada?

-Por uma porção de coisas.

-Está me humilhando dentro da minha própria casa?

-Não vou a parte alguma! – Lílian impõe sua vontade

-Mas, Lílian. – Grazi tenta abraçar a sobrinha – Vai ser tão bom para você; mudar de casa, cidade, fazer novos amiguinhos, morar com seus tios e quem sabe até vir a ser bióloga como nós. Você viverá em um lar de verdade.

-Aqui também é. – Fernanda revida

-Ninguém me convence. É aqui que eu quero e vou ficar. – Lílian está irredutível

-É que eu penso em algum dia voltar para SP e tentar me arranjar por lá.

-Então eu vou com você, vou pra onde você for.

-Sua tia Grazi tem razão: eu nunca vou ser uma boa referência.

-Claro que é, tia. – Lílian abraça Fernanda – Não quero que você vá embora. Você não pode me deixar sozinha.

-Você nunca vai estar sozinha. Terá ao tio Biel e a tia Grazi.

-Mas eles não são você.

Laly está assistindo a conversa com os olhos cheios de lágrimas e prefere sai de perto, mas acaba trombando de frente com Iury.

-O que está fazendo aqui? Veio me expulsar do honrado lar?

-Do que está falando, Lalinha? Eu não vim pra isso.

-Me dá licença! Não vou suportar que me humilhe de novo.

-Por favor...

-Espero que pelo menos respeite Lílian e não a aborreça.

-Você está tendo uma visão errada a meu respeito, Lalinha. Eu não sou esse monstro aí que você está pensando.

Som: We’re only just begun – The Carpenters.

Gabriel e Cybele caminham pelo jardim.

-Até parece que foi ontem que conheci seu pai. Foi ontem, tão recente, foi mesmo como um sonho. – lamenta Cybele

-Pretende voltar para sua cidade? – interroga Biel

-Não exatamente agora, mas pretendo, apesar de que fui muito feliz aqui. Meu coração e meu melhor ficarão aqui, ou melhor, Gilberto está levando consigo.

-E deixando seu legado também.

-Lamento tanto por Lílian e Fernanda. Gilberto temia tanto morrer e deixar suas meninas dos olhos desamparadas, a mercê desse mundo cruel, fedido e hipócrita, mas parece que seu maior ensinamento voltou contra si.

As crianças, não muito distante dali, estão sentadas formando um círculo e alternam entre momentos de choros explosivos e profundo silêncio. A noite tem estrelas, mas não há sorrisos, entusiasmo e sonhos de amor. Apenas a tristeza que não se atem apenas ao vivaz verde do gramado, mas ocupa a propriedade como um todo, preenchendo os corações com agonia e revolta.

-É tão triste pensar que ele não existe mais. – Yasmin lamenta segurando na mão de Lílian

-E eu não quero morar com a tia Grazi. Ela e o Biel são uns chatos... – imita os trejeitos de Grazi – Não comemos hambúrguer, não comemos doce, não assistimos TV... Aff, que saco, hein... Você vai morar com a tia May, Pepo?

-Vou continuar morando com meu pai, oras.

-Mas seu pai também morreu.

-Ficou louca? Ele só ta no hospital até se curar, mas vai sair.

-Ele também morreu, mas só não enterraram. Ele nunca mais vai poder te ver nem levantar da cama, falar, nem coisa alguma. O coração ainda bate, mas ele já não é mais ele.

-A sardentinha não deixa de ser chata nem quando ta de luto.

-Pergunte a quem quiser, se não acreditar em mim.

Lílian vê a mesma ‘médica’ semelhante à Eleonora e sente um intenso arrepio tocar-lhe até a espinha. Faz o sinal da cruz.

-Viu algum fantasma, Lílian? – pergunta Yasmin

-Eu acho que tive aquele negócio ruim de novo.

-Reza que passa.

-Assim espero.

Som: Too late too soon – Jon Secada.

Iury conseguiu acertas as contas com Laly que o perdoa, mas percebe que jamais teria um casamento feliz ao lado dele, até mesmo agradecendo mentalmente a Deus por tudo ter dado errado na última hora.

-Deixa pra lá, Iury.

-Eu não queria ter agido daquele jeito. Você não merecia.

-Devo ter feito por merecer.

Abel vê Iury e Laly conversando. Não demonstra, mas sente ciúmes quando o médico abraça a protagonista, ainda que fique subentendido que nunca mais serão um casal.

-Quando precisar de qualquer coisa sabe onde me encontrar, certo?

-Está bem. – Laly concorda com a cabeça

-Olá! – Abel se intromete

-Bem... – Iury finge ter visto uma ligação no celular – A conversa estava muito agradável, mas eu precisarei me ausentar.

Abel ignora Iury que se retira para não avançar no rival.

-Sem noção... – Abel retruca

-Olha quem fala...

-Que bom que estamos a sós, leoa.

-Bem, acho que eu também preciso ir. – Abel impede a passagem de Lalinha

-Minha leoa, eu sei que esse não é o momento mais adequado.

-E não é mesmo.

-Por que está com aquele cafajeste?

-Qual cafajeste? Estive com você por 6 anos.

-Por que ficou com aquele bombadinho metido a besta?

-Está com inveja de Flavio...

-Inveja... – Abel sacode os ombros – Olha bem pra mim... Eu lá preciso ter inveja de cafajeste? Bem capaz...

-E como sabe que ele é cafajeste?

-Tenho sexto sentido e farejo as más intenções...

-Parece que está enciumado.

-Apenas não fui com a cara dele!

-Quem tem de ir sou eu.

-Leoa, me escuta. – Abel conduz Laly até um canto mais reservado do corredor – Eu quero falar sério com você.

-Pode ser depois.

-Pode não haver um depois.

-Que ótima ideia! – ironiza Laly

-Por favor, Lalinha. Não quero que guarde mágoas de mim, por isso quero sentar e conversar.

-Tivemos 6 anos pra isso, Abel. – tenta fugir – Me deixa...

-Lalinha, eu sei que devia ter dado alguma resposta...

-Seu silêncio foi a resposta.

-Não a que eu realmente queria dar.

Laly esperou por Abel e ele, por puro medo, preferiu fugir.

-Vamos respeitar a dor dos Gallardo, por favor. Depois falamos sobre nós dois.

-Nem antes nem depois. Eu quero falar agora.

-Mas não me terá nunca mais, Abel. Eu te perdoei por demais...

-Então pode me perdoar mais uma vez?

-É difícil...

Laly evita olhar dentro dos olhos de Abel e caminha para despistá-lo, mas o jornalista é bastante insistente e a segue.

-É realmente difícil, acredite. Talvez um dia, se você merece, se suas palavras forem sinceras não apenas comigo, mas consigo mesmo porque a mim você enganou com perfeição, porém você se sentiu bem quando mentiu? Se sentia digno do meu amor? Você pensou no quanto feriu descobrir que nosso amor não passou de uma ilusão, uma mentira, sei lá, se é que para você foi amor... 6 anos de brincadeiras... E nós sobrevivemos a esse sub-amor, a isso que na verdade nem sei classificar.

-Eu te amei, Lalinha. – não conjuga o verbo no tempo correto

-Quem amou não mais ama, não é mesmo?

Abel sempre consegue improvisar, mas parece que suas defesas estão fracas demais para articular um discurso para fazer com que Laly o perdoe.

-Então por que não continuamos seguindo com nossas vidas? Não é, aliás, o que estamos fazendo? Seja feliz, Abel... Eu continuo querendo seu bem, mas acho que somos muito melhores quando estamos separados...

Laly deixa Abel sozinho e vai procurar as amigas.

-Eu ainda te amo, Lalinha. – Abel sussurra quase imperceptivelmente – Eu ainda te amo, minha leoa. Tanto quanto antes...

O som que estava tocando na cena anterior pode ser ouvido fora da casa enquanto Iury está encostado ao muro fazendo exercícios de respiração para controlar o ciúme e conseguir acompanhar o funeral até o fim e quando já consegue acalmar a raiva está se preparando para entrar em casa quando é surpreendido por uma gravata que o derruba no chão. O golpe o deixou sem qualquer defesa.

-Olá, molenga.

-Eleonora?

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