terça-feira, 24 de julho de 2012

A Fórmula do Amor: Cap. 75 - O Que Será de Mim?




♫ Charlie Brown Jr. - Só por uma Noite ♫



E os dias se passaram. Talvez mais lentos , só porque eu queria que passassem depressa. Já era Abril, início das aulas. Como já contei aqui, as aulas começam por esse mês no Ceará, devido às greves de professores.





Abril, Maio, Junho, e o tão esperado Julho. Só três meses. E ela nem pra me ligar.


Deitava todos os dias, pensando em como ela estaria, se precisava de algo, enfim.


Valentina, por que estava fazendo aquilo comigo?





Na escola, eu era motivo de chacotas. Queria sumir. Em casa, minha mãe e meu pai não me escutavam, jogavam tudo na minha cara, coisas do tipo, " não falta nada pra você ", enfim.





Tomar conta das minhas outras duas irmãs menores, gêmeas, se tornou coisa de todos os dias depois que a Andreza casou e teve a Débora.





Elas duas, Lina e Lana eram verdadeiras pestinhas, Tinham apenas 6 anos.


Sei que nunca falei muito delas aqui, só disse que tinha quatro irmãos, mas eu não gosto de falar muito desse tipo de coisa. Meu outro irmão já era mais velho e morava em outro país, casado.



Mas Lina e Lana valiam por uma creche inteira. Eu não gostava de ficar com elas, pois tomavam o meu dia quase inteiro. Sabia que eu tinha que ajudar meus pais que trabalhavam o dia inteiro, mas minha vida se baseava em colégio e casa. Um saco!



Por isso, quando eu negava, ou quando reclamava, meus pais jogavam na minha cara tudo o que fizeram por mim. Brigas tornaram-se constantes com eles. Até que um dia, o Rafa, a Andreza e alguns amigos deles me convidaram pra sair, e meus pais não deixaram. Meu sangue subiu todo até a cabeça, onde esquentou. Não aguentava mais engolir sapo em casa e na escola, onde todos me odiavam.


- Eu vou sair com eles e pronto. - falei calmamente.


- Quem manda aqui, não é você. Somos nós, e você tem que fazer o que nós mandarmos. Somos seus pais.


Sabe, não vou mentir. Já apanhei muito dos meus pais, mas depois de grande seria uma vergonha pra mim mesmo. Hoje em dia sei que eu estava fazendo por merecer, caso eu levasse algumas bordoadas.


- EU NÃO VOU FICAR DE BABÁ!


Meu pai era o mais esquentado.


- COMO É?


- NÃO É JUSTO, PAI. - Nunca respondo meus pais, sempre os respeitei. Acho que quando a gente vai crescendo, vai criando na nossa cabeça nossa própria concepção do que é justo ou não.


Meu pai pegou um cabo de vassoura, enquanto a minha mãe assistia tudo calada. Creio eu que ela estava passando mal, mas não quis demonstrar.



♫ Red Hot Chili Peppers – Under The Bridge ♫



Corri até o banheiro, onde me tranquei e chorei pra caramba.


- ABRE ESSA PORTA, BERG!


- SAI DAQUI. SOU ESCRAVO, AGORA?


Olhei-me no pequeno espelho que havia no banheiro, o qual eu e meu pai usávamos para nos barbearmos.


- Como eu sou insignificante! - Eu pensava enquanto via meu rosto coberto de espinhas, com um óculos "fundo de garrafa" e uma expressão que deixava a desejar.


- COMO EU SOU INSIGNIFICANTE!!! - Gritei com todas as minhas forças e soquei o espelho, que se partiu em grandes pedaços, assim cortando minha mão.


O sangue escorria e a cor vermelha, viva, destacava-se com a porcelana branca da pia.


Vi uma parte do meu rosto em um dos pedaços pontudos do espelho. Me abaixei, e mesmo com a mão sangrando muito, o peguei. Virei meu pulso, e o olhei.


Encostei a ponta, afiada, na veia do meu braço. não ouvia mais nada, nem o som da água saindo da torneira, nem mesmo meu pai gritando lá da porta.



#O que vai ser do Berg, hein?




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