Richard continuou com a arma mirando em mim, que estava com o bebê nos braços, e na Valentina que estava furiosa.
Madalena por sua vez, levantou-se do chão, tomou a arma do namorado e começou a dar ordens:
- Me dá a MINHA filha seu nerd!
- Ela é minha sobrinha, filha da minha irmã Andreza.
- Ela é minha sobrinha, filha da minha irmã Andreza.
- Vocês perderam a Débora! Me entrega ela logo ou eu atiro na cabeça dos três.
Fizemos o que ela mandou, morrendo de medo. Mas se fizéssemos o contrário a barbaridade seria pior.
- Fiquem de joelhos! – ordenou a gótica.
Obedecemos e nem por isso deixamos de apanhar. Ela desferiu uma coronhada certeira na minha cabeça e outra na da Valentina.
- Ai sua vadia! – gritou Valentina.
Depois disso Madalena acertou outro golpe na cabeça da minha namorada.
- Vadia é a sua mãe. Drogada!
- Escuta Madalena. – tentei negociar. – Libera a Valentina. O teu problema é comigo. Se você quiser bater, matar ou dilacerar alguém que seja a mim. Deixa ela ir embora levando a Débora.
- Eu não abro mão da minha filha. Olha eu já estou indo. Richard!
- Oi? – respondeu o gótico, ainda com a cabeça sangrando um pouco.
- Amarra os dois e deixa eles ali. – disse ela apontando para um quartinho escuro e fedorento.
Diário da Valentina
Não se sabia se era um sequestro e se algum dia sairíamos dali vivos. Ouvíamos a pequena Débora chorar. A coitadinha com certeza estava faminta e não podíamos fazer nada.
Eu não sabia rezar, mas se tratando de estar nas mãos de dois malucos, tratei logo de pôr em pratica o que eu sabia. Eu acreditava em Deus sim, mas não tinha religião. Meus pensamentos sobre religião são os mais profanos que existem.
Começamos a ficar com fome e com sede também. Se ao menos eles não tivessem confiscado nossos celulares!
Nosso instinto foi gritar, e os góticos já estavam bastante perturbados, já que além de nós ainda havia a criança pedindo comida.
Um facho de luz invadiu o quarto escuro. A primeira pancada foi no Berg que calou a boca rapidinho. Depois acertaram um soco em mim.
- Cala a boca. Amanhã a gente vai dar um fim em vocês. – disse aquele alguém.
O escuro passou a invadir o quarto totalmente e eu comecei a me preocupar, pois depois da pancada, Berg não disse uma palavra.
- Berg? Berg?
Ele estava esticado no chão, inconsciente.
Diário do Rafa
Já fazia 24 horas. Além de termos de nos preocupar com a Débora, tinha o sumiço do Berg e da Valentina que perturbava nossas cacholas.
- Eu to com medo. – disse Ludi.
- Calma Ludi. Daqui a pouco eles aparecem. – acalmei-a.
- Essa garota deve ter arrastado o meu filho pra um desses lugares que ela frequenta. – comentou maldosamente a mãe do Berg.
Andreza continuava chorando e desferindo acusações contra todo mundo.
- Tá vendo Rafa? Tá vendo no que deu você se enfiar por aí com aquelas vagabundas?
- CALA A BOCA! – me estressei. – SE É PRA COLOCAR CULPA EM ALGUÉM, QUE SEJA EM VOCÊ, QUE TAVA DORMINDO, SUA IRRESPONSÁVEL. VOCÊ VAI PAGAR SUA LÍNGUA, VAI SIM!
Alguém chamando no lado de fora da casa interrompeu a discussão. A mãe do Berg foi abrir a porta e me surpreendi quando a tal pessoa entrou: Era Fernando, patrão de Andreza na Mofoville.
- Só vim trazer minha solidariedade nesse momento difícil. – disse ele.
- Já tem solidariedade demais aqui. – comentei.
Andreza começou a chorar no ombro do cara. Não sei se foi pra tentar fazer ciúmes, mas não conseguiu. Ah, tá bom, conseguiu sim.
Fora isso, a polícia continuava fazendo a ronda no bairro e nas redondezas em busca dos nossos amigos e da minha filha.
Diário de um Nerd
♫ Avril Lavigne – I’m With You ♫
Quando acordei estávamos dentro de um carro. Eu ia gritar, mas Valentina tapou minha boca.
- Shhhh fica quieto.
- Onde a gente está?
- Colocaram a gente dentro de um carro. Eles vão tentar matar a gente!
Comecei a me desesperar.
- Calma! – disse ela. – Eu tenho um plano. Ei ... Eu te amo Berg. Se eu morrer eu quero que você fique sabendo disso.
- Não, você não vai morrer! Vai dar tudo certo.
- Você já desperdiçou muito tempo da sua vida comigo. Tá na hora de retribuir, mas é arriscado. Não importa o que acontecer comigo, você corre.
- Isso tá errado Valentina. Eu tinha que te salvar. A Madalena quer me matar, e não você. Valentina, você é inocente nessa história toda.
- A gente tá junto nessa. Eu to com você e você comigo. Somos um só.
O carro parou. Suspense. O que seria de nós?
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