segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

O que é, afinal, ser um herói de verdade?


Há quem pense que heróis são aqueles das revistas em quadrinhos, dos filmes de ação, com inúmeros poderes, longas capas, armaduras, que lutam contra o mal e no final ficam com a mocinha. Bem, nem sempre é assim. Os heróis que conheço nem sempre são conhecidos pelo grande público e ainda assim continuam merecendo meu respeito, ou melhor, o nosso respeito. O mundo como um todo está carente de bons exemplos. Eles não deveriam se perder.

Todos podemos ser heróis, se quisermos. Somos apenas poeira cósmica com prazo de validade determinado, embora ninguém saiba com precisão quando iremos deixar de respirar. Enquanto vivemos intensamente no planeta imprevisível, tudo que nos resta é fazer com que esse tempo valha a pena. Para você pode ser pouco ou quase nada, mas os corações tocados pela sua benevolência jamais se esquecerão.

Se você faz algo já esperando a recompensa, esqueça. Não se vanglorie, mas também não interrompa quando estiver sendo elogiado. Não se corrompa. É lei.

O Resistência Retrô de hoje quer homenagear os heróis da vida real. Muitos estão do outro lado da tela lendo essa humilde crônica. Que assim seja, meus caros. Mais bondade, mais tolerância, mais compaixão. É disso que todos precisamos.



O que é, afinal, ser um herói de verdade?

Poupe-me de receitas fabricadas. Somos todos de carne e osso, imperfeitos, mortais, pecadores. Somos eternas crianças, olhando para o instigante futuro com mil perguntas e nenhuma certeza fixa. Aliás, vivemos  recriando nossas convicções.

Se você consegue compreender esse texto é porque um professor lhe ensinou a ler. 

Quando ele disse que seria professor, muitos o debocharam dizendo que ele estava condenado a ser 'pobre' para sempre. Ele simplesmente ignorou e foi em frente. Nunca se emocionou tanto, principalmente quando viu os pequeninos escrevendo sozinhos a cartinha para o Papai Noel. Pode ser que não leve uma vida de rei, como prega a sociedade, entretanto é rico em conhecimento e compartilha com o restante tudo que aprendeu. Com a vida nunca se sabe o bastante. Eternamente aluno, assim se descreve. Orgulhosamente.

Ela levou quatro anos para ser aprovada e mais seis até conseguir o diploma. Era a piada dos parentes. Muitos lhe diziam para desistir de uma vez por todas. Tentando sempre, não conseguindo nunca. Os amigos se formando e ela sempre no cursinho, sempre por tão pouco. Cabeça erguida, perseverança e confiança.

Ela não escolheu a profissão por status e sim por vontade de ajudar o próximo. A cura é tudo que lhe interessa. Quando veste o jaleco branco e entra em plantão, pede a Deus para que guie suas mãos do melhor modo.

Ela não foi aprovada em Medicina, porém dessa forma descobriu que seria uma boa psicóloga. Seus amigos apreciavam seus conselhos, humanos e profundos. Os pais a princípio não aceitaram de forma alguma sua escolha. Hoje dela se orgulham. 

Ninguém acreditava que ele passaria do Ensino Médio. Pagaram pra ver. Ele era o 'burro' da classe, o imprestável. Todos zombavam dele que hoje está formando em Engenharia e virou o jogo, deu as cartas e mostrou que todos estavam errados.

Ela era só a simples vendedora de coxinha perto da escola dos filhos. Quando o marido morreu, ela se tornou o homem da casa. Não foi fácil dar conta sozinha de 4 filhos pequenos, no entanto não deixou um só minuto de lutar. Passou necessidade, desdobrou-se. Hoje os 4 filhos estão encaminhados e ela é uma feliz avó.

Eles estão cansados, mas não irão parar enquanto não cumprirem a missão. Estão consternados, com o coração apertado. Estão prestando solidariedade a quem precisa. Eles arriscam a própria vida para salvar outras. Não lhes importa as condecorações, desde que vejam pais e filhos se abraçarem e uma história recomeçar. Que nesse caso as lágrimas sejam de emoção, as mais bonitas de serem derramadas, se preciso for.

Sem eles as ruas não estariam limpas. Com uniforme alaranjado, varrem e cantam. Não estampam capas de revistas, não participam de reality shows. São anônimos, como quiser. São personagens da vida real. Todos acostumados com os imprevistos no roteiro. 

Ele viu um cãozinho se afogar. Poderia ir embora e deixar aquilo passar despercebido. Hoje Toby tem uma família e será eternamente grato, mesmo que não possa verbalizar.

Ela só queria estudar. Punida por querer ampliar seus conhecimentos. Quase pagou com a vida.

Ela sofre represálias por falar a verdade. E continua. A voz dos inocentes não pode se calar.

Ela encontrou em um banheiro uma bolsa com mais de 10 mil reais e entregou o dinheiro ao verdadeiro dono, ainda que estivesse precisando pagar algumas dívidas. Muitos a chamaram de idiota, mas ela pode descansar a cabeça no travesseiro e dormir em paz porque fez o que seu coração dizia que era o certo.

Doe sangue, doe vida. Ele é doador até a medula. Precisa se aposentar e por isso lamenta. A satisfação de ajudar supera os chiliques com a agulha.

Ele só tinha 6 anos e queria que as criancinhas na África pudessem beber água potável como ele bebia. Ele trabalhou incansavelmente para conseguir quantia suficiente para furar um poço, sendo ídolo para todos de lá, provando que quando nos esforçamos é possível fazer acontecer e você vem me dizer que confinados de reality show e pseudocelebridades são heróis?  

Será que nossos valores estão todos deturpados ou serei eu apenas outra sonhadora que ainda acredita no ser humano?

Acordem, meu povo. Os 'anônimos' mereciam um tiquinho de consideração pelo louvável trabalho que fazem e muitas vezes o leigo senso não nota.

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