quinta-feira, 23 de agosto de 2012

A FÓRMULA DO AMOR: CAP. 99 - O CRIME PERFEITO (ÚLTIMO CAPÍTULO DA TEMPORADA)


Diário de um Nerd



Ficamos sem reação, sem palavras. Triste fim o daquela garota. Será que foi merecido?



- Mas é a Madalena! - espantou-se Juliana.

- Berg .. é o nome dela mesmo. E o mesmo hospício.

- Eu... Eu sei Valentina.



Silêncio na nossa mesa. Os sorrisos se desfizeram assim como a vontade de pôr qualquer pedaço de pizza na boca. Levantei-me da mesa sem emitir nenhuma palavra.

- Onde é que você vai?

- Eu tenho que ir lá Valentina. Eu preciso ir lá. Me entende?

- Então eu vou com você.



♫ Red Hot Chili Peppers – Under The Bridge ♫



Eu estava triste sim, abalado. Mas não era só eu. Ás vezes eu imaginava que a Madalena pudesse ser uma pessoa normal, que ninguém guardasse rancor, mas a vida não é um conto de fadas perfeito. Nem todo mundo tem o seu “ felizes para sempre”, ou se tem, tarda a chegar.



Pegamos o ônibus e eu encostando a cabeça na janela,- e Valentina com a sua nos meu ombro – pensava nas loucuras que aconteceram na minha vida (todas na maioria tinha o dedinho dela).



A imagem que vimos quando chegamos foi pior do que a imaginação de qualquer pessoa. Os pais e a madrasta da garota choravam tentando impossivelmente consertar os erros do passado com palavras. Especialmente com o famoso “ e se”.



“ E se eu desse mais atenção as coisas ruins que ela fazia?”

“ E se não tivéssemos matriculado ela naquele colégio?”



O fogo não estava ainda totalmente controlado. Pacientes alarmados, deitados em posição fetal na calçada em frente ao local me chamaram a atenção



- Berg, não tem nada pra gente fazer aqui. Vem! - Valentina me puxou pelo braço.

-Espera.



Uma pessoa falava com os pais de Madalena. Era o perito, que falava em um tom frio, gélido, típico da profissão dele. Pude ouvir um pouco da conversa enquanto ia me aproximando:

- Sugiro que ela seja cremada, pois fica um pouco difícil o enterro tradicional. Como já disse antes, o corpo está muito carbonizado. Meus sinceros pêsames à família. Ah, já ia esquecendo. - retirou um saquinho plástico do bolso. - Encontramos essa correntinha no pescoço da menina e …

- Espera, fui eu quem deu isso a ela! - interrompi.

- Garoto, você aqui? Tá feliz né? Fica sabendo que você tem uma grande parcela de culpa. - disse o pai.

- Eu? Presta atenção no jeito que você educou sua filha, depois me procura e me pede desculpa. - retruquei.



- Vem Berg, vamos embora.

- Agora sim Valentina …

- Agora sim o quê?

- Acabou. Agora com certeza não vai ter mais nada que nos impeça de ser feliz.- Beijei-a e caminhamos, eu com a mão em sua cintura.





♫ Charlie Brown Jr. - Só por uma noite ♫



Um mês depois do acontecido, do grande incêndio. Dependendo do ponto de vista, estava tudo normal. Mas aquele normal era tedioso. Sentia falta das aventuras que eu tive, por mais que muitas delas quase me custaram a vida.



O ensino público estadual estava normalizado e voltamos às aulas. Nada de novidades. Até que Valentina nos trouxe uma boa notícia para aquele fim de semana?

- Galera, nosso saturday vai ser demais!

- O que é que vai ter de tão interessante no sábado? - indagou Juliana.

- Show cover do Nirvana, lá no centro. Caraca, eu não perco essa por nada. Quem tá comigo?

- Eu tô. - respondeu Eri.

- Tô dentro. - confirmou Ludi.

- Ihaaa!!!



- Que baderna é essa aí? - Túlio, professor de português, incomodou-se com nossa alegria.

- Nada não fessor! - respondi.



♫ Nirvana – About a Girl ♫



O Centro da cidade de Fortaleza era um local para compras, por ter uma grande variedade de lojas, shoppings e barraquinhas de camelôs. A Galeria do Rock era um point pra galera que curtia um bom som, e que queria comprar camisas da sua banda predileta, acessórios, piercings, enfim.

De vez em quando tinha um show lá. Aquela banda cover do Nirvana era uma das melhores do país, e lotou de gente a galeria naquele dia. Também, o show era aberto ao ar livre e era gratuito!

Nos encontramos eu, Eri, Valentina, Juliana e Ludi. Juliana e Eri não curtiam muito rock, mas eles queriam mesmo era diversão.



- Valentina, peraí.

- Vai fazer o quê, Berg?



Corri e subi no palco. Os caras se assustaram, mas eu só pedi uma coisa:

- Ei chapa, toca About a Girl! É pra minha namorada que tá ali. - apontei.

- Como é o nome dela? - perguntou o Kurt Cobain da vez.

- Valentina.

- E pra Valentina, About a Girl!



Desci do palco e a galera foi a mil! Aplausos e ovações pela minha “declaração de amor” vieram de todos os lados.

- Seu bobão. Vai que você caía de lá!

- Gostou ou não gostou? - Abracei-a.

- Eu adorei!



♫ Franz Ferdinand – Walk Alway ♫



Foi o melhor show em que eu já fui na minha vida. Estava do lado dos meus melhores amigos e da mulher que eu amava. Eu era um cara realizado e aquilo não se comprava em preço algum.



Nos retiramos da praça onde o show foi feito, e logo ao sairmos uma cigana apareceu na minha frente e estendeu a mão. Ela usava um tipo de capuz que combinava com a sua roupa. De rosto abaixado, ela falou:

- Põe 10 reais aqui que eu faço ele se multiplicar.

- Foi mal, a gente já tá indo pra casa.

- É rápido!

- Põe logo Berg. Se não ela não deixa a gente ir. - aconselhou Juliana.

Retirei o dinheiro do bolso e pus na mão dela. Ela fechou a mão em forma de punho, levantou a cabeça e sorriu pra mim, dizendo:

- Perdeu!

Faltava-lhe um dente. Face irreconhecível.

- Madalena!

A cigana correu em meio a multidão, perdendo quaisquer chances de uma segunda olhada para se ter certeza.

- Não era a Madalena, Berg. Cê ta vendo coisas.

- Mas … mas … É, acho que eu tô ficando louco. Só espero não acabar no hospício. Mas a filha da puta me levou 10 real! Eu penei pro meu pai me dar essa grana.

- Liga não. Tudo o que vai, volta. - disse Ludi.

- Só se for mesmo. Quem sabe ele não vem em forma de uma nota de cem, já que ela disse que ia multiplicar?



Caímos na gargalhada. Fomos embora, levando tudo na na boa, aquilo e tudo que sucedesse na nossa vida. Se nossa vida fosse uma novela, aparecia um “FIM” bem grande na tela. Aquele seria um ótimo final feliz.









Diário da Madalena



Acabou? Vai Pensando HAHA!



Mais dez reais. Um novo jeito de faturar a vida. Enganando idiotas. Só não sabia que o Berg e a gang dele seria uns deles. Se eu tivesse uma arma naquela hora eu furava a cabeça de todos, todos eles!

Me correu a lembrança, aquela lembrança de como eu consegui escapar do hospício. Um flashback me veio à cabeça enquanto eu contava o dinheiro faturado naquela tarde.



Ali estava eu, sentada, cantando uma música de ninar. Estava novamente no quarto branco por mau comportamento. Ouvi passos e corri até a janela de vidro da porta.

- Tia da limpeza, me ajuda. Eles estão me matando de fome!

- Desculpa, eu não posso fazer nada.

Usei aquela mesma carinha de santa que eu usava sempre que queria algo desde a infância.

- Por favor … Eu não como nada há horas!



Depois de muito hesitar ela me levou até a cozinha. Deu-me um copo de vitamina e um pedaço de bolo.

- A senhora é muito bacana. Queria te dar um presente antes de voltar para aquele quarto... - retirei do pescoço a tal correntinha que o Berg me dera.

- Muito obrigada. Você é um amor.- Respondeu a mulher. Não era muito velha, estava na flor da idade.



♫ Oasis – She`s Electric ♫



A faca usada para cortar o bolo estava na minha frente, minhas mãos estavam desamarradas. Minha chance. Única chance!

O utensílio foi direto na garganta da mulher. Descravei-o do pescoço e desferi-o no seu abdômen. Esvaindo-se sangue ela ficou lá no chão. Coloquei o pé em cima do ferimento da mulher e apertei o seu pescoço.

- Morre! Quero ver você dizer que eu sou um amor lá no inferno!



Passo 2: O incêndio. Garrafas de álcool e de querosene foram meus cúmplices nessa missão. Haviam várias naquela cozinha. Um caminho de álcool e querosene até o botijão de gás. Um isqueiro. Acendi-o e deixei o cair no chão. Corri para que desse tempo. De repente, uma explosão!



- Agora sim, eu estou morta! - comemorei, enquanto os loucos corriam em desespero em meio aos corredores. Saí em velocidade olímpica até a minha liberdade!







CONTINUA...




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