quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Doce Balanço - Capítulo 3


CENA 1 - APARTAMENTO DE GERMANO - QUARTO - INT. -DIA.

Continuação imediata do capítulo anterior

D. CARMEN E DIANA ESTAVAM PARALISADAS, EM ESTADO DE CHOQUE. PADRE MARCOS CORREU ATÉ O CORPO INERTE DE GERMANO E TOMOU-LHE O PULSO. 

PADRE MARCOS - Ainda está respirando! Rápido, chamem
uma ambulância!

CENA 2 - PENSÃO PRIMAVERA - SALA DE JANTAR - INT. -DIA.

D. GIGI E E A FILHA, SORAIA, DE AVENTAL, LIMPAVAM AS MESAS DA SALA DE JANTAR. ÁQUELA HORA A PENSÃO ESTAVA VAZIA. TODOS OS HÓSPEDES SAÍRAM PARA TRABALHAR, COM EXCESSÃO DE CECÉU, QUE, SENTADO A UMA DAS MESAS, CONFERIA NO JORNAL O RESULTADO DA MEGA SENA.

 CECÉU - (dando um soco na mesa) Droga!
D. GIGI E SORAIA VOLTARAM-SE AO MESMO TEMPO COM O SUSTO.
 D. GIGI - Quê que é isso, seu Cecéu? Ficou maluco?
 SORAIA - Que susto!
 CECÉU - Fiz 9 pontos na mega sena! Poxa, faltou pouco desta vez...
 D. GIGI - O senhor não desiste, hem, seu Cecéu? Gasta um dinheirão toda semana com esses jogos e nada...
 SORAIA - Mamãe... deixa ele, coitado!
 CECÉU - Não desisto, D. Gigi! E ainda vou ganhar, a senhora vai ver! Quando eu ficar milionário... vou transformar a pensão Primavera num hotel 5 estrelas!
 D. GIGI - Deus lhe ouça, seu Cecéu. Deus lhe ouça!
 CECÉU - D. Gigi... a senhora teria uns trocados pra me emprestar até amanhã? Sabe, um amigo me deve uma grana e só vai me pagar semana que vem... Marquei um cinema com Tatiana e tô na maior dureza...
 D. GIGI - (falou com firmeza) Seu Cecéu, sinto muito, mas enquanto o senhor não me devolver os últimos trocados que me pediu emprestado, não conte comigo!
 CECÉU - (sem graça) Eu vou lhe pagar, D. Gigi. Amanhã eu lhe pago sem falta, pode deixar.

ZÉ URBANO, HOMEM DE MEIA-IDADE, PELE BRONZEADA,
USANDO APENAS CAMISETA VERMELHA, SHORT E
SANDÁLIAS, ENTROU E SENTOU-SE NUMA DAS MESAS, AR
CANSADO.

 D. GIGI - Ô homem, que cara é essa? Muito trabalho na praia?
 ZÉ URBANO - Tô morto de fome e cansaço, mulher! Três salvamentos numa manhã é demais.
 SORAIA - (beijou o pai, orgulhosa) Você é o nosso herói, pai!
 ZÉ URBANO - Ser herói cansa, minha filha! Se esse povo ao menos respeitasse as placas de sinalização...
 CECÉU - Seu Zé Urbano, quando eu ficar milionário, vou promover o senhor de guarda-vidas a chefe do Corpo de Bombeiros!

TODOS SORRIAM, DIVERTIDOS COM A IDÉIA FIXA DE CECÉU EM SE TORNAR MILIONÁRIO.

CENA 3 - APARTAMENTO DE MARCELÃO - INT. - DIA.

MARCELÃO OLHOU PELA JANELA QUANDO A AMBULÂNCIA QUE LEVAVA O CORPO DE GERMANO PASSOU EM FRENTE A SEU APARTAMENTO. ERA UM AMBIENTE EXÓTICO. NA PORTA,DO LADO DE DENTRO, HAVIA UMA FOTO EM TAMANHO NATURAL DO DONO DA CASA DE MANTO E COROA, FAZENDO UMA SAUDAÇÃO. QUADROS DE BOM GÕSTO COBRIAM AS PAREDES DA SALA E NOS CANTOS, OBJETOS DE ART DÉCO. A SALA NÃO TINHA CADEIRAS, APENAS ALMOFADAS
ESPALHADAS PELO CHÃO E DOIS OU TRÊS DIVÃS. A CAMPAINHA DA PORTA TOCOU. EM VEZ DO RUÍDO NORMAL,EMITIA OS ACORDES INICIAIS DE “ALELUIA” DE HAENDEL.VOSKOPOULUS, NA ANTE-SALA, ABRIU A PORTA E UMA BELA MULHER ENTROU.

 VOSKOPOULUS - Por aqui, madame. Meu patrão a espera.
MARCELÃO PISCOU DISCRETAMENTE PARA O MORDOMO, QUE FEZ O MESMO E DEIXOU-OS SOZINHOS.

 MARCELÃO - Então você veio. É um prazer recebê-la em minha casa. Nicole, não é?
 NICOLE - Sim, Nicole Ferrari, esqueceu? Eu sou atriz iniciante e você prometeu arranjar um papel no novo filme do Cacá Diegues...
 MARCELÃO - Sim, claro. Eu e Cacá somos muito amigos e estou ajudando a selecionar atores pro seu próximo filme. (T) Pode dar uma voltinha?

A MOÇA DEU UMA VOLTA, E MARCELÃO OLHOU,
MARAVILHADO SEU CORPO ESPETACULAR.

 MARCELÃO - Muito bom, muito bom. Agora preciso ver seu corpo. Pra esse papel precisamos de uma mulher tipo fatal, sensual...tire a roupa, por favor.
NICOLE - (relutante) Mas precisa? Olha, seu Marcelão, sou uma atriz séria. Quero vencer pelo meu talento, e não pelo meu corpo.
 MARCELÃO - Fique tranquila, meu amor. Sou muito profissional. É que esse papel exige que a atriz tenha um corpo bonito, exuberante... e temos que ver se o seu tipo físico está de
acôrdo...
 NICOLE - Tem mais alguém aqui?
 MARCELÃO - Não, meu anjo. Eu moro sozinho, com Voskopoulus, meu mordomo.
 NICOLE - Vosko o que?!
 MARCELÃO - ... poulus. Voskopoulus. Ele é grego.
 NICOLE - Ah....
 MARCELÃO - Mas agora vamos ao que interessa, meu amor. Tire a roupa. Deixe-me ver seu corpo.

A JOVEM TIROU A ROUPA E FICOU APENAS DE BIQUINI. MARCELÃO SENTIU O SANGUE FERVER. NUM IMPULSO, TOMOU-A NOS BRAÇOS E BEIJOU-A NA BOCA, COM SOFREGUIDÃO. DA ANTE-SALA, VOSKOPOULUS OUVIU A TREMENDA BOFETADA.

 NICOLE - Vigarista! Você não passa de um vigarista! Aproveitador!

EM SEGUIDA, A MOÇA SURGIU, SEMI-NUA, COM AS ROUPAS NA MÃO E, DE PASSAGEM, VIBROU OUTRA BOFETADA NO MORDOMO.

 NICOLE - Toma você também, seu grego falsificado!

CORTA PARA: CENA 4 - HOSPITAL MIGUEL COUTO - INT. - DIA.
D. CARMEN, DIANA E O PADRE MARCOS AGUARDAVAM, ANSIOSOS NA SALA DE ESPERA, QUANDO O MÉDICO APROXIMOU-SE.

 D. CARMEN - E então, doutor? Ele... ele tá vivo?
 MÉDICO - Fiquem calmos. O paciente está fora de perigo. A bala se alojou acima do pulmão esquerdo. Ele foi operado e está sendo levado para o quarto.
 DIANA - (aliviada) Muito obrigada, Doutor!
 MÉDICO - Agora é só aguardar. Com licença.
O médico afastou-se. O padre fitou mãe e filha, preocupado.
 PADRE MARCOS - Por quê ele fez uma coisa dessas? Não teria deixado uma carta?
 DIANA - Sim, ele deixou... ele deu um desfalque no banco. Deram-lhe um prazo até segunda-feira e papai, coitado, se desesperou. Mas, se me tivesse dito, eu teria falado com o Dr.
Monteiro. Afinal, também trabalho no banco e, ainda por cima, sou muito amiga da filha dele!

COM AR DECIDIDO, DIANA PARECEU LEMBRAR-SE DE ALGO.

 DIANA - Quem sabe eu ainda possa fazer alguma coisa?...
FIM DO CAPÍTULO 3

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