terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Resistência - 12º Capítulo



12º Capítulo

Vinicius - Mãe, tenho outra ligação. Daqui a pouco eu retorno.

Vinicius desliga o celular, o guarda no bolso da calça e surpreende Ferradura com um empurrão.

Vinicius - O que você pensa que ta fazendo, cara?
Ferradura - Eu não fiz nada.
Vinicius - Você riscou meu carro, porra.
Ferradura - EU?

Vinicius, revoltado, bate na lataria riscada do carro. Sabe que aqueles arranhões não estavam ali quando estacionou.

Vinicius - Então me diz o que é isso no meu carro?
Ferradura - Eu sei lá...

Vinicius, irritado, apanha Ferradura pelo colarinho da camiseta a fim de tirar satisfações.

Vinicius - Eu vi você passando o canivete no meu carro, cara. Seja homem, fala.

Vinicius bate na lataria do automóvel.

Ferradura (dissimulado) - Aprende a cuidar melhor do carrinho, pernetinha.
Vinicius (exaltado) - Você vê bem o jeito que fala comigo, hein, cara.
Ferradura (ironiza) - E o que você vai fazer? Me bater?

Ferradura desfere um soco no estômago de Vinicius e Karinna flagra o ato.

Karinna - Pelo amor de Deus, briga não. BRIGA NÃO.
Vinicius - Não se mete, Karinna.
Karinna - Me meto sim, senhor.
Ferradura - Viu só, Pipa? Xô. Xô que aqui não é lanchonete. Meu negócio é com o pernetinha.

Vinicius se apoia na lataria do carro e Karinna para defender o namorado desfere uma chave de braço em Ferradura que cai no chão.

Ferradura - Gorda maldita... Da próxima eu te pego.

Karinna antes mesmo que Ferradura se levante apoia um dos pés de coturno na barriga do skatista e abandonando totalmente o jeito meigo, ameaça Ferradura.

Karinna - Escuta aqui, ô, filho da puta, gorda é a puta da sua mãe que te confundiu com a placenta. – Ferradura tenta reagir – Vai, me chama de gorda de novo. Anda, vai. Se você é homem me chama de gorda agora...
Ferradura – Me solta, baleia maldita.
Karinna – Ao menos a baleia tem muitos amigos, um canto incrível e chama atenção por onde vai e quanto a você, ‘ferradura’? Nunca conseguiu ser como o Marcelo, por isso vive aí frustrado, destruindo as conquistas dos outros pra anular seu fracasso.
Ferradura – Dá pra me soltar?
Karinna – Se for homem o bastante pra se desculpar, sim.
Ferradura – Sou homem o bastante pra pegar mulher bonita, não um saco da banha.
Karinna – Ainda bem que eu não preciso da sua opinião.

Vinicius, mesmo manco, reage.

Vinicius – Ofenda a Karinna de novo se quiser saber quem eu realmente sou.

Através de olhares Vinicius faz Karinna tirar o coturno de cima da barriga de Ferradura. A moça consente, mas está horrorizada com a conduta de baixo calão do ‘amigo’ de Marcelo.

Ferradura é provocador, gosta de ver o circo pegar fogo e não se importa em mexer nas feridas de Vinicius.

Ferradura – E o que o pernetinha diz de namorar uma baleia e viver frustrado porque nunca vai ser o Marcelo Ruela?
Vinicius – Não sou o Marcelo Ruela, mas louvo a Deus por não ser você.

Na Praça de alimentação.

Daiana fala com a mãe ao telefone.

Daiana – Não, mãe. O Vini ainda não chegou. – tranquiliza a mãe – Ele ia esperar a Karinna chegar. Sim, mãe, eu não volto tarde. Também te amo. Beijo, tchau!

Daiana desliga o celular e logo o aparelho de Adriano começa a vibrar. O menino, tímido, atende.

Adriano – Alô?

Qualquer um sabe que se trata de Isabel na linha só pelos gritos. Isabel costuma falar alto e quando está nervosa, mais ainda.

Isabel (off) – Cadê você, Adriano? Sabe que horas são? Se lembra de que tem casa?

Adriano, encabulado, mal consegue responder. Jonathan tira o telefone das mãos dele.

Jonathan – Mãe, tenho um monte de podres do Adriano pra contar em casa.
Isabel – Jonathan... – suspira aliviada – Está vivo, não está? Está tudo bem?
Jonathan – Eu to bem sim, mãe. A gente conversa em casa. Tenho muita coisa pra te contar.
Isabel – Vão voltar logo?
Jonathan – To esperando o Vini dar carona.
Isabel – Que mané Vini, que nada! Em 20 minutos to aí no shopping. Quem vocês estão pensando que são?

Jonathan desliga o telefone e provoca o irmão.

Jonathan – Em casa ‘cê’ ta ferrado com a dona Isabel.
Adriano – E o que você pensa que vai fazer, moleque?
Jonathan – Você não cumpriu sua parte no acordo.
Adriano – Ah, Jonathan, vai catar coquinho.

No fim das contas Isabel acaba dando carona até para Laura. Música Somos poucos, mas somos muito loucos – CBJR.

Laura (se despedindo) – Obrigada pela carona, dona Isabel.
Isabel – Pode me chamar de tia, docinho. Tia Isabel.

Por alguns instantes Adriano respira com tranquilidade, mas Isabel o encara pelo vidro retrovisor.

Isabel – Temos muito que conversar, senhor Adriano.
Jonathan (cutuca o irmão e o irrita) – Muitos podres, senhor Adriano.
Isabel (briga com Jonathan) – Estou falando com Adriano, Jonathan. Quando é que vai ter respeito e parar de interromper?

Jonathan se encolhe no banco.

Isabel – Quando EU estiver falando, ninguém interrompe.

Adriano mostra a língua para Jonathan.

Jonathan – Em casa a gente vai ver quem leva a melhor.
Adriano (retruca) – Ridículo!

Curitiba. Ruas. Carro de Vinicius. Interior. Noite.

Karinna e Vinícius estão sentados tentando entender o que levou Ferradura a agir como um covarde. Mesmo que raciocinem, nada justifica.

Karinna – Odeio esse tipinho covarde que não tem argumento e já vai logo me ofender.
Vinicius – Você sabe que eu nunca gostei de magrela.
Karinna – Sei sim, amor.
Vinicius - Eu não previa que ia me acidentar e ter de deixar de lado o que eu mais amava, mas isso não me dá o direito de tirar os sonhos dos outros.
Karinna (faz carinhos em Vini) – Eu sei, Vini. Você não é ele.
Vinicius – O que ele disse a meu respeito eu ignoro. Estou ferido pelo modo horrível como se referiu a você.
Karinna – Como se eu já não esperasse por isso.
Vinicius – Mas magoa.
Karinna (confessa) – Muito.
Vinicius – Mas você sabe que eu gosto de você assim mesmo...
Karinna (deita a cabeça nos ombros de Vinicius) – A vida inteira eu tentei ser perfeita, mas eu nunca conseguia, nunca. Eu só entendi que precisava de amor quando te conheci e você me deu esse amor e fez com que eu também me amasse, me amasse a ponto de não deixar que nada me derrubasse, como acontecia antes. Eu deixei muitas vezes de sair porque os vestidos nunca ficavam bem em mim, porque eu não era como as outras meninas. – acaba deixando as lágrimas caírem – Mas eu não sabia que o que me tornava especial era ser especial pra alguém...
Vinicius – Mas você é especial pra mim, minha deusa. To pouco me fodendo pro padrão de beleza.
Karinna – Mas não é por isso que choro...
Vinicius – Você sabe que fico triste ao te ver chorar.
Karinna – Sei... Sei sim...
Vinicius – Você se lembra de quando eu me acidentei? Foi importante ter você ao meu lado me apoiando, me amando, acreditando que eu ia superar... Eu pensei que era o fim da minha vida não poder ser skatista, não seguir a carreira que eu mais queria, que eu me imaginava até o fim, mesmo que não competisse até lá. Depois tudo desmorona e você precisava recomeçar com o pouco que tem, se é que te sobra algo...

Música Equalize – Pitty. Karinna e Vinicius namoram há 3 anos, mas ainda não se entregaram ao desejo. Nessa noite, porém, resolvem dar esse passo.

As mãos do casal se encaixam. Vinicius beija as mãos de Karinna. Dedo por dedo até deslizar os lábios pelo antebraço dela e os pelos se arrepiarem. Pescoço, o ponto fraco. Pequenas mordidinhas. Karinna ri. É modo de demonstrar o quanto está excitada.

Karinna pula para o banco de trás e Vinicius a segue. Ela se deita e ele se deita de modo que a cabeça se aloja próxima aos fartos seios da amada.

Beijos longos, ternos, apaixonados, profundamente devotos. Uma alma pousando sobre a outra, recostando-se no paraíso.

Vinicius e Karinna tiram a blusa. Se lá fora faz frio, dentro do carro não se diz o mesmo. Os vidros embaçados são prova de que o amor preenche os corações, o veículo e insere prazer onde há insegurança e tristeza.

2 comentários:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

© 2011 Mania TV Web, AllRightsReserved.

Designed by ScreenWritersArena