terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Doce Balanço - Capítulo 17



CENA 1 - DELEGACIA – SALA DE JUSTO NOGUEIRA – INT. –DIA.

ALFREDINHO TOMOU UM SUSTO. FECHOU A CARA, CURVOUSE E VOLVEU ATRÁS.
 ALFREDINHO - Quê que é isto?
 DELEGADO NOGUEIRA - Isto quer dizer que o senhor vai ser indiciado.
 ALFREDINHO - Mas não fui eu! Não fui eu quem matou Diana! O senhor não tem prova nenhuma. Não pode ter.
 DELEGADO NOGUEIRA - Espero ter nos próximos dias...
CORTA PARA:
CENA 2 - APARTAMENTO DE ALFREDINHO - SALA - INT. -DIA.
ALFREDINHO FOI DA DELEGACIA DIRETAMENTE PARA CASA. SUA MÃE, RÚBIA, ABRIU A PORTA, APREENSIVA.
 RÚBIA - Ah, ainda bem que você chegou. Já estava ficando preocupada, imaginando o pior... (T) Foi tudo bem?
 ALFREDINHO - Tudo bem, nada! Aquele palhaço do Justo Nogueira acha que fui eu que matei Diana.
 RÚBIA - Ah, eu ia lhe dizer (cortou, e apontou para o centro da sala) aquele rapaz está á sua espera.
 ALFREDINHO - Olá! (disse, encaminhando-se para ele) Que surpresa agradável. Não é o padreco? 
MARCOS SORRIU UM POUCO CONTRAFEITO. ESTAVA SEM A BATINA E, PELA SUA APARENCIA JOVEM, NADA INDICAVA QUE FÔSSE UM MINISTRO DE DEUS.
 ALFREDINHO - Ele é padre (emendou, dirigindo-se á mãe) Só que está á paisana.
 RÚBIA - Bem, eu... vou me retirar, para deixá-los conversar. Com licença...
RÚBIA SAIU. ALFREDINHO SENTOU-SE E FEZ UM SINAL PARA QUE MARCOS FIZESSE O MESMO.
 MARCOS - Você... pode me dizer o que se passou na delegacia?
 ALFREDINHO - O idiota do delegado Nogueira mandou me indiciar como criminoso... simplesmente porque eu não tenho testemunha de onde estava entre uma e meia e duas da manhã do crime. É mole? O que você acha disso, padreco?
 MARCOS - Eu não acredito que você matou Diana. No fundo, no fundo, eu acho que você é um bom rapaz. Aliás, o homem é fundamentalmente bom. A maldade é uma deformação da natureza humana.
 ALFREDINHO - (irônico) Essa tua conversa não me convence, cara. Foi com essa demagogia que você fez ela gamar? Papo de sacristia, reverendo. Não é nada disso. Cê tá por fora. Todo homem é um assassino. É que uns ainda são virgens. Mas foi-se o tempo em que virgindade era virtude. Virgindade hoje é ofensa.
 MARCOS - (impaciente) Bem, eu não vou discutir esse assunto. Sei que você gostava dela tanto quanto eu. A diferença é que eu não entendo o que aconteceu, e você talvez possa me explicar.
ALFREDINHO OLHOU MARCOS COM DESCONFIANÇA. 
 ALFREDINHO - Quem mandou você aqui? Foi o delegado?
 MARCOS - Não... não pense nisso. Eu não estou querendo saber quem matou Diana. Mas sim entender porque isso aconteceu, percebe? Para mim, é estúpido, é irracional, é injusto. Com a minha formação religiosa, eu podia atribuir tudo á vontade de Deus e, com essa explicação, calar a minha consciência. Mas seria uma atitude covarde. E eu não sou um covarde.
ALFREDINHO BALANÇOU A CABEÇA E RIU IRÔNICAMENTE. CHUPOU O CIGARRO MEIO APAGADO E JOGOU UMA BAFORADA DE FUMAÇA NA CARA DO PADRE.
 ALFREDINHO - Olha, quer um conselho? Não te mete nisso. Volte para a sua paróquia e continue sua vida. Não se mêta nessa turma que vai se dar mal!
A AMEAÇA FEZ MARCOS FICAR MAIS ATENTO.
 ALFREDINHO - Eu não sei de nada. Só lhe posso garantir uma coisa: não matei Diana, quem foi também não sei, e nem sei como aconteceu. Agora, quer mesmo uma confissão? Eu estava com tanta raiva dela, que poderia tê-la matado. Quer mais? Eu desejei que ela morresse!
MARCOS FITOU-O COM HORROR.
 ALFREDINHO - Quer mais, ainda? (persistiu) Quando me disseram que ela estava morta, eu não sofri nada no princípio. Senti que foi um alívio. Alívio mesmo. Depois foi que caí na real e fiquei malzão. E você vem com esse papo que o homem é bom! O homem é muito enrolado, padre!
ALFREDINHO DEITOU-SE DE BRUÇOS NO SOFÁ. O OLHAR DE MARCOS FOI DO HORROR Á PIEDADE.
 MARCOS - Escute, eu li o diário dela. Diana escreveu que precisava reaver umas fotos. Você sabe alguma coisa sobre isso?
ALFREDINHO ERGUEU-SE E FITOU MARCOS. 
 ALFREDINHO - Ela escreveu isso, é? Pois pergunte ao Marcelão. Ele é que sabe. Marcelo Quinderé de Souza. O nome está no catálogo.
EM SEGUIDA, ESCONDEU O ROSTO ENTRE OS BRAÇOS E NÃO DEU MAIS ATENÇÃO AO PADRE.
CORTA PARA:
CENA 3 - PRÉDIO DO APARTAMENTO DE ALFREDINHO -EXT. - DIA.
ALFREDINHO SAIU DO PRÉDIO, APRESSADO, MONTOU NA MOTO, COLOCOU O CAPACETE E ARRANCOU, DEIXANDO UM RASTRO DE BARULHO E FUMAÇA BRANCA PELAS RUAS DE IPANEMA.
CORTA PARA:
CENA 4 - APARTAMENTO DE VALÉRIA - SALA - INT. - DIA.
ALFREDINHO ENTROU NO APARTAMENTO DE VALÉRIA E DEIXOU-SE CAIR NO SOFÁ. ESTAVA DESASSOSSEGADO.  

ALFREDINHO - Eu tô apavorado, Valéria! E sei que esse meu medo pode me levar pra prisão se eu não puder provar àquele muquirana do delegado Nogueira onde estava na hora do crime! E se souberem que meu pai,Dorival Ribeiro, também está preso por assassinato? O filho de um assassino não teria mais chance de ter matado Diana?
 VALÉRIA - E agora, meu querido, como vai ser? Eles vão prendê-lo?
 ALFREDINHO - Não podem. Isto é, eles não podem provar nada contra mim. É só porque na hora do crime eu estava rodando por aí na moto... não posso provar onde estava.
VALÉRIA REFLETIU POR UM INSTANTE.
 VALÉRIA - Por que você não disse que estava comigo?
 ALFREDINHO - Não sei. Aquele cara, o tal de Justo Nogueira, me deixou tonto...
 VALÉRIA - Quer, eu vou lá e digo.
 ALFREDINHO - Não, assim eu caio em contradição.
 VALÉRIA - (insistiu) Eu digo que você não disse pra não me comprometer.
ALFREDINHO FICOU INDECISO. TENTOU SORRIR.
 ALFREDINHO - Você acha que acreditarão?
 VALÉRIA - Lógico. Eu direi ao delegado que você estava comigo, no meu apartamento.
 ALFREDINHO - (ar cansado) Mas você vai se meter nesse troço? Pode entrar numa fria!
VALÉRIA NÃO RESPONDEU. TOMOU O ROSTO DELE ENTRE
AS MÃOS E BEIJOU-O. ALFREDINHO CORRESPONDEU, OLHANDO-A FIRME, NOS OLHOS.
 VALÉRIA - Por você eu faço qualquer coisa...
ALFREDINHO TORNOU A BEIJÁ-LA. SEGUROU-A PELO PESCOÇO E FOI DERRUBANDO-A NO SOFÁ.
 ALFREDINHO - Agora me diga uma coisa: onde é que você estava naquela hora?
CORTA PARA:
CENA 5 - APARTAMENTO DE MARCELÃO - COPA - INT. -NOITE.
SETEMBRINA, A EMPREGADA DE MARCELÃO, ESTAVA MUITO ATAREFADA PREPARANDO OS CANAPÉS QUE SERIAM SERVIDOS NA FESTA QUE O PLAYBOY PROMOVIA NAQUELE MOMENTO EM SEU APARTAMENTO. VOSKOPOULUS ENTROU NA COZINHA, ALVOROÇADO.
 VOSKOPOULUS - Vamos, Setembrina! Mais depressa com esses canapés!
SETEMBRINA - (com forte sotaque) Vixe, seu Vasco, eu sô só uma! Não venha me aperreá assim, que eu num consigo fazê nada! Vá, vá saindo da minha cunzinha! Seu Marcelão inventa essas festa maluca e eu que pago o pato! Eu, hem! Que gente mais avexada!
 VOSKOPOULUS - (erguendo as mãos em sinal de protesto) Pára de resmungar, mulher, e vamos agir! Tem muitos convidados pra servir ainda!
CORTA PARA: CENA 6 - APARTAMENTO DE MARCELÃO - SALA - INT. -NOITE.
 NA SALA DO APARTAMENTO DE MARCELÃO, DEZENAS DE PESSOAS DANÇAVAM, BEBIAM, RIAM E CONVERSAVAM. O PLAYBOY DAVA UMA DE SUAS FESTAS EXCÊNTRICAS, QUANDO A CAMPAINHA SOOU “ALELUIA” DIVERSAS VEZES. VOSKOPOULUS ABRIU A PORTA E DEPAROU COM MARCOS.
MARCOS - Boa noite! Eu gostaria de falar com o senhor
Marcelo Quinderé de Souza.
 VOSKOPOULUS - A quem devo anunciar?
 MARCOS - Meu nome é Marcos Ventura. Diga que... que é a respeito de Diana Molina.

FIM DO CAPÍTULO 17

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