21º
Capítulo
Ferradura
ameaça Mayara. Para ele nada importa além dos próprios caprichos. Mal sabe
Laura que é a mais nova obsessão do rapaz e apenas isso. Posse e amor são duas
palavras que podem ser extremamente perigosas dependendo do contexto.
Há quem ame o
poder e há quem compreenda o poder do amor. Ferradura satisfaz-se tão somente
com o poder, quando se entorpece e o mundo é de acordo com seus devaneios.
Ferradura (ofende e constrange Mayara) –
Se colocar os pés pra dentro, putinha, chamo a polícia.
Mayara (impõe seus direitos) –
Sou tão filha da Margareth quanto você, Carlos Henrique Teixeira e não vou
deixar que me expulse daqui, seu verme.
Mayara se
encontra sem qualquer defesa. Ferradura encontra uma pedra no jardim e atira na
direção da irmã.
Ferradura – E vê se não
volta aqui nunca mais ou te recebo com bala, piranha. Vai me envergonhar bem
longe daqui.
Ferradura dá
meia volta e fecha a porta com tranca.
Mayara, humilhada, se ajoelha no que deveria ser uma calçada.
Mayara – Tem piedade
de mim, irmão. Eu não tenho pra onde ir...
A introdução
de Megalomaniac
– Incubus faz todo sentido agora.
Mayara – Me deixa pelo
menos apanhar minha roupa... Eu to com frio, com fome, não tenho pra onde ir.
Ferradura – Foda-se... Se
vire... – dá com os ombros – Eu não tenho nada com isso...
Ferradura
espia a irmã chorando e abre a janela com tanta violência que poderia estourar
os vidros.
Ferradura (berra) –
É pra ir embora, vagabunda. É surda agora, é?
Mayara, sem
rumo, sem consolo, sem esperanças, caminha cabisbaixa, sentindo 1/3 do que a
mãe sentiu nos anos todos em que sozinha foi o homem da casa.
O que
Margareth temia foi inevitável. Agora Mayara está sozinha, completamente
sozinha no mundo, sem direito a descansar no travesseiro e tentar pensar no dia
de amanhã, por mais incerto que seja.
Quando se vê
nos noticiários a respeito de viciados, assassinatos e tudo o mais que envolva
a cruenta palavra violência, julgamos distante da nossa realidade. Até pode
ser. Não pra sempre. Não para Mayara.
Casa de
Ferradura. Interior. Noite.
Ferradura
tornou-se o próprio demônio. Quebrando a sala, destruindo todos os resquícios
de Margareth e Mayara, a procura do maldito dinheiro para sustentar o mesmo
vício que tem lhe custado caro.
Ri á toa,
porém. Cadeados desfeitos. Sarcasmo. Tanto se esconde, tudo se descobre.
Em poucas
horas o rádio portátil da irmã se torna uma pedra de crack nas mãos de
Ferradura. O viciado se esquece de que só conseguiu sobreviver todo esse tempo
pela benevolência da mãe, no entanto a partir de agora terá de se drogar por
conta própria.
Cemitério da
vila. Interior. Manhã.
Ainda ao som
de Megalomaniac
- Incubus, Margareth é enterrada. Nada muito luxuoso. Nos
semblantes de todos, tristeza.
Marcelo,
Bituca e Olívia (mãe de Marcelo) prestam solidariedade à Mayara, que tem 20
anos de idade. Os outros irmãos de Ferradura, ainda menores de idade, ficarão
sob a custódia de tios porque os mesmos sabem que o vilão não será a melhor
referência, muito menos terá a decência de cria-los. Já o destino de Mayara é
incerto. Expulsa de casa e sem ter para onde ir.
Marcelo está
conversando com Mayara.
Marcelo – Se você
precisar, pode ficar uns tempos lá em casa até conseguir se estabilizar.
Mayara – Não quero
incomodar ninguém.
Olívia – Você precisa
de apoio nesse momento, minha filha. – questiona – Cadê seu irmão? Ele não
deveria estar aqui?
Ferradura
chega ao cemitério bem depois do enterro.
Ferradura (dissimulado) –
E aí, minha gente?
Marcelo – Perdeu o
funeral de sua mãe, Ferradura.
Bituca observa
Ferradura com reprovação. O rival de Marcelo não se conforma com a presença da
irmã.
Ferradura – Tive muitas
coisas mais importantes pra fazer.
Mayara – Mais
importantes que o funeral da própria mãe?
Ferradura – No meu
trabalho eu não paro nunca...
Mayara – Pois um você
fez bem direitinho. – arrasada, solta o verbo – Colocou nossa mãe num caixão.
Incomodou tanto que ela não aguentou e...
Marcelo tenta
acalmar Mayara a abraçando para que ela chore e não acuse o irmão.
Marcelo – Mayara, calma.
Nessa hora, mais do que nunca, a família tem que estar unida porque é isso que
a D. Margareth iria querer.
Mayara (se solta dos braços de Marcelo) –
Não... O que ela iria querer é ver esse desgraçado internado... Por culpa dele
que ela ta enterrada agora...
Ferradura (para Mayara) –
Eu também não queria que mamãe morresse, mas era a hora dela e a gente não
podia fazer nada pra evitar.
Olívia, Bituca
e Marcelo preferem se afastar para deixar os irmãos conversarem a sós. Feito
isso, Ferradura crava violentamente as unhas contra os braços da irmã, deixando
marcas não apenas físicas, mas emocionais. Ele sacode com força a moça.
Ferradura (rangendo os dentes, com o tom de voz
alterado) – Vagabunda, o que faz aqui? Quem te deu
permissão pra vir aqui? – berra e desfere uma bofetada no rosto de Mayara – Eu
não te queria aqui, vadia. – derruba Mayara no gramado – VÁ EMBORA... – chuta a
irmã com raiva – VAI EMBORA...
Casa de
Isabel. Interior. Dia.
Música 1x0
eu – Dibob. Isabel e os meninos trabalham em grupo. Enquanto Isabel
cuida do almoço, Adriano e Jonathan dão conta dos afazeres da casa. Desde que a
iniciativa de Isabel entrou em vigor, os filhos melhoraram muito o
comportamento.
O telefone da
casa toca e Jonathan corre para atender.
Jonathan (faz uma voz engraçada) –
Alooooooooou.
Isabel costuma
cozinhar vestindo um avental igualzinho aqueles que a D. Florinda usa na série
Chaves. Ela chega até a sala.
Jonathan – O Adriano? –
fita a mãe – O Adriano já vem...
Isabel (chama Adriano) –
Adriano, telefone.
Adriano, que
estava estendendo as roupas na parte exterior da casa, corre até a sala.
Adriano (ofegante, recobra o fôlego) –
Telefone... Pra mim?
Jonathan (provoca o irmão) –
É tua mulher. – sensacionalista – E ela ta muito braba.
Adriano atende
a ligação.
Adriano – Alô?
Casa de
Vinicius. Quarto de Daiana. Dia.
Daiana, parada
em frente à janela com o telefone, fala com o namorado.
Daiana – Ta liberado
do castigo pelo menos hoje?
Adriano – Preciso ver
com a minha mãe.
Daiana – Ah, por
favor, Adriano...
Casa de
Isabel. Sala. Interior. Dia.
Adriano ainda
conversa com Daiana.
Adriano – Eu não
dependo só de mim, Daia. Minha mãe é quem dá a palavra final.
Daiana (off) – Então
posso falar com ela?
Adriano (não deixa de se impressionar) –
Vai falar com ela?
Casa de
Vinicius. Quarto de Daiana. Dia.
Daiana
pressiona Adriano.
Daiana – Vai dizer que
tem medo?
Adriano (covarde) –
Eu não, pô.
Daiana – Então, o que
ta esperando?
Casa de
Isabel. Sala. Interior. Dia.
Isabel
acompanha a conversa do filho ao telefone.
Daiana (off, ordena) –
Passa o telefone pra ela. AGORA.
Adriano (implora) –
Loba, não.
Daiana – Loba, sim.
Vai, passa.
Adriano (tenta disfarçar a ansiedade) –
Daiana, não sei se essa é a melhor hora.
Daiana - Tem que ser e
vai ser.
Jonathan
coloca mais lenha na fogueira, como sempre. Cutuca o avental da mãe, faz
caretas, pula, fala abobado, faz de tudo para que Isabel lhe dê atenção.
Isabel – E o que foi
agora, Jonathan? Regrediu, é?
Jonathan – Adriano tem
uma namorada... Adriano tem uma namorada...
Adriano (tampa o telefone) –
Não tenho não, moleque. Cala essa boca!
Isabel (encafifada, coloca as mãos na cintura) –
Adriano o que?
Jonathan – Isso mesmo,
mãe. – faz barulhos de beijos – Adriano tem namorada...
Adriano (se estressa e puxa a orelha do irmão
caçula) – JÁ DISSE QUE NÃO TENHO NAMORADA.
Daiana (se irrita e grita) –
Ta me renegando, Adriano? Por acaso ta me renegando?
Isabel,
confusa, apanha o telefone das mãos de Adriano. A partir daí o destino de
Adriano passa a ser totalmente incerto.
Ferradura é muito dissimulado, e acho que ele é a cópia do demônio. Fazer tudo aquilo com a mãe, e com a irmã? terrível.
ResponderExcluirCoitado do Adriano! kkk
A Mayara ainda vai sofrer nas mãos do Ferradura... :(
ResponderExcluirQuanto ao Adriano, só vendo pra crer kkkkkkkkk