quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Resistência - 21º Capítulo



21º Capítulo

Ferradura ameaça Mayara. Para ele nada importa além dos próprios caprichos. Mal sabe Laura que é a mais nova obsessão do rapaz e apenas isso. Posse e amor são duas palavras que podem ser extremamente perigosas dependendo do contexto.

Há quem ame o poder e há quem compreenda o poder do amor. Ferradura satisfaz-se tão somente com o poder, quando se entorpece e o mundo é de acordo com seus devaneios.

Ferradura (ofende e constrange Mayara) – Se colocar os pés pra dentro, putinha, chamo a polícia.
Mayara (impõe seus direitos) – Sou tão filha da Margareth quanto você, Carlos Henrique Teixeira e não vou deixar que me expulse daqui, seu verme.

Mayara se encontra sem qualquer defesa. Ferradura encontra uma pedra no jardim e atira na direção da irmã.

Ferradura – E vê se não volta aqui nunca mais ou te recebo com bala, piranha. Vai me envergonhar bem longe daqui.

Ferradura dá meia volta e fecha a porta com tranca.  Mayara, humilhada, se ajoelha no que deveria ser uma calçada.

Mayara – Tem piedade de mim, irmão. Eu não tenho pra onde ir...

A introdução de Megalomaniac – Incubus faz todo sentido agora.

Mayara – Me deixa pelo menos apanhar minha roupa... Eu to com frio, com fome, não tenho pra onde ir.
Ferradura – Foda-se... Se vire... – dá com os ombros – Eu não tenho nada com isso...

Ferradura espia a irmã chorando e abre a janela com tanta violência que poderia estourar os vidros.

Ferradura (berra) – É pra ir embora, vagabunda. É surda agora, é?

Mayara, sem rumo, sem consolo, sem esperanças, caminha cabisbaixa, sentindo 1/3 do que a mãe sentiu nos anos todos em que sozinha foi o homem da casa.

O que Margareth temia foi inevitável. Agora Mayara está sozinha, completamente sozinha no mundo, sem direito a descansar no travesseiro e tentar pensar no dia de amanhã, por mais incerto que seja.

Quando se vê nos noticiários a respeito de viciados, assassinatos e tudo o mais que envolva a cruenta palavra violência, julgamos distante da nossa realidade. Até pode ser. Não pra sempre. Não para Mayara.

Casa de Ferradura. Interior. Noite.

Ferradura tornou-se o próprio demônio. Quebrando a sala, destruindo todos os resquícios de Margareth e Mayara, a procura do maldito dinheiro para sustentar o mesmo vício que tem lhe custado caro.

Ri á toa, porém. Cadeados desfeitos. Sarcasmo. Tanto se esconde, tudo se descobre.

Em poucas horas o rádio portátil da irmã se torna uma pedra de crack nas mãos de Ferradura. O viciado se esquece de que só conseguiu sobreviver todo esse tempo pela benevolência da mãe, no entanto a partir de agora terá de se drogar por conta própria.

Cemitério da vila. Interior. Manhã.

Ainda ao som de Megalomaniac - Incubus, Margareth é enterrada. Nada muito luxuoso. Nos semblantes de todos, tristeza.

Marcelo, Bituca e Olívia (mãe de Marcelo) prestam solidariedade à Mayara, que tem 20 anos de idade. Os outros irmãos de Ferradura, ainda menores de idade, ficarão sob a custódia de tios porque os mesmos sabem que o vilão não será a melhor referência, muito menos terá a decência de cria-los. Já o destino de Mayara é incerto. Expulsa de casa e sem ter para onde ir.

Marcelo está conversando com Mayara.

Marcelo – Se você precisar, pode ficar uns tempos lá em casa até conseguir se estabilizar.
Mayara – Não quero incomodar ninguém.
Olívia – Você precisa de apoio nesse momento, minha filha. – questiona – Cadê seu irmão? Ele não deveria estar aqui?

Ferradura chega ao cemitério bem depois do enterro.

Ferradura (dissimulado) – E aí, minha gente?
Marcelo – Perdeu o funeral de sua mãe, Ferradura.

Bituca observa Ferradura com reprovação. O rival de Marcelo não se conforma com a presença da irmã.

Ferradura – Tive muitas coisas mais importantes pra fazer.
Mayara – Mais importantes que o funeral da própria mãe?
Ferradura – No meu trabalho eu não paro nunca...
Mayara – Pois um você fez bem direitinho. – arrasada, solta o verbo – Colocou nossa mãe num caixão. Incomodou tanto que ela não aguentou e...

Marcelo tenta acalmar Mayara a abraçando para que ela chore e não acuse o irmão.

Marcelo – Mayara, calma. Nessa hora, mais do que nunca, a família tem que estar unida porque é isso que a D. Margareth iria querer.
Mayara (se solta dos braços de Marcelo) – Não... O que ela iria querer é ver esse desgraçado internado... Por culpa dele que ela ta enterrada agora...
Ferradura (para Mayara) – Eu também não queria que mamãe morresse, mas era a hora dela e a gente não podia fazer nada pra evitar.

Olívia, Bituca e Marcelo preferem se afastar para deixar os irmãos conversarem a sós. Feito isso, Ferradura crava violentamente as unhas contra os braços da irmã, deixando marcas não apenas físicas, mas emocionais. Ele sacode com força a moça.

Ferradura (rangendo os dentes, com o tom de voz alterado) – Vagabunda, o que faz aqui? Quem te deu permissão pra vir aqui? – berra e desfere uma bofetada no rosto de Mayara – Eu não te queria aqui, vadia. – derruba Mayara no gramado – VÁ EMBORA... – chuta a irmã com raiva – VAI EMBORA...

Casa de Isabel. Interior. Dia.

Música 1x0 eu – Dibob. Isabel e os meninos trabalham em grupo. Enquanto Isabel cuida do almoço, Adriano e Jonathan dão conta dos afazeres da casa. Desde que a iniciativa de Isabel entrou em vigor, os filhos melhoraram muito o comportamento.

O telefone da casa toca e Jonathan corre para atender.

Jonathan (faz uma voz engraçada) – Alooooooooou.

Isabel costuma cozinhar vestindo um avental igualzinho aqueles que a D. Florinda usa na série Chaves. Ela chega até a sala.

Jonathan – O Adriano? – fita a mãe – O Adriano já vem...
Isabel (chama Adriano) – Adriano, telefone.

Adriano, que estava estendendo as roupas na parte exterior da casa, corre até a sala.

Adriano (ofegante, recobra o fôlego) – Telefone... Pra mim?
Jonathan (provoca o irmão) – É tua mulher. – sensacionalista – E ela ta muito braba.

Adriano atende a ligação.

Adriano – Alô?

Casa de Vinicius. Quarto de Daiana. Dia.

Daiana, parada em frente à janela com o telefone, fala com o namorado.

Daiana – Ta liberado do castigo pelo menos hoje?
Adriano – Preciso ver com a minha mãe.
Daiana – Ah, por favor, Adriano...

Casa de Isabel. Sala. Interior. Dia.

Adriano ainda conversa com Daiana.

Adriano – Eu não dependo só de mim, Daia. Minha mãe é quem dá a palavra final.
Daiana (off) – Então posso falar com ela?
Adriano (não deixa de se impressionar) – Vai falar com ela?

Casa de Vinicius. Quarto de Daiana. Dia.

Daiana pressiona Adriano.

Daiana – Vai dizer que tem medo?
Adriano (covarde) – Eu não, pô.
Daiana – Então, o que ta esperando?

Casa de Isabel. Sala. Interior. Dia.

Isabel acompanha a conversa do filho ao telefone.

Daiana (off, ordena) – Passa o telefone pra ela. AGORA.
Adriano (implora) – Loba, não.
Daiana – Loba, sim. Vai, passa.
Adriano (tenta disfarçar a ansiedade) – Daiana, não sei se essa é a melhor hora.
Daiana - Tem que ser e vai ser.

Jonathan coloca mais lenha na fogueira, como sempre. Cutuca o avental da mãe, faz caretas, pula, fala abobado, faz de tudo para que Isabel lhe dê atenção.

Isabel – E o que foi agora, Jonathan? Regrediu, é?
Jonathan – Adriano tem uma namorada... Adriano tem uma namorada...
Adriano (tampa o telefone) – Não tenho não, moleque. Cala essa boca!
Isabel (encafifada, coloca as mãos na cintura) – Adriano o que?
Jonathan – Isso mesmo, mãe. – faz barulhos de beijos – Adriano tem namorada...
Adriano (se estressa e puxa a orelha do irmão caçula) – JÁ DISSE QUE NÃO TENHO NAMORADA.
Daiana (se irrita e grita) – Ta me renegando, Adriano? Por acaso ta me renegando?

Isabel, confusa, apanha o telefone das mãos de Adriano. A partir daí o destino de Adriano passa a ser totalmente incerto.

2 comentários:

  1. Ferradura é muito dissimulado, e acho que ele é a cópia do demônio. Fazer tudo aquilo com a mãe, e com a irmã? terrível.
    Coitado do Adriano! kkk

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  2. A Mayara ainda vai sofrer nas mãos do Ferradura... :(
    Quanto ao Adriano, só vendo pra crer kkkkkkkkk

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