quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Doce Balanço - Capítulo 18




CENA 1 - APARTAMENTO DE MARCELÃO - SALA - INT. -NOITE.

INDECISO, VOSKOPOULUS OLHOU PARA O INTERIOR DO APARTAMENTO, DE ONDE SE OUVIA ENORME BURBURINHO, E DIRIGIU-SE A MARCOS.
 VOSKOPOULUS - Desculpe, mas o senhor veio numa hora imprópria. Meu patrão está dando uma festa e não sei se vai poder lhe receber...
 MARCOS - (insistiu) Por favor, diga a ele que é urgente, que prometo não demorar.
 VOSKOPOULUS - Um momento.
O MORDOMO DIRIGIU-SE AO INTERIOR DO APARTAMENTO E VOLTOU EM ALGUNS MINUTOS COM MARCELÃO À FRENTE, PROTESTANDO, IRRITADO.
 MARCELÃO - Meu amigo, não vou poder recebê-lo, sinto muito. Estou no meio de uma festa. Como vê, não há clima pra falar da Diana...
 MARCOS - Eu peço desculpas por ter vindo sem avisar, mas é muito importante!
MARCELÃO - (cortou) Quem é o senhor? É detetive? O que quer saber sobre Diana?
 MARCOS - Meu nome é Marcos Ventura. Eu e Diana... íamos nos casar. Eu queria saber a respeito das fotos mencionadas por ela no seu diário. Fotos feitas pelo senhor.
 MARCELÃO - (impaciente) Olha, meu amigo, eu sinto muito, mas não tenho nada a dizer sobre isso. Vou voltar pra minha festa. Passe bem. Com licença.
MARCOS PÔDE VER AINDA QUANDO UMA LOURA DE CORPO ESCULTURAL PUXOU MARCELÃO PELO BRAÇO, ABRAÇOU E BEIJOU-O NA BOCA. RESIGNADO, O RAPAZ DIRIGIU-SE PARA O ELEVADOR.

CORTA PARA:
CENA 2 - APARTAMENTO DE GERMANO - SALA - INT. -NOITE.

JÁ PASSAVAM DE DEZ DA NOITE QUANDO MARCOS RETORNOU AO APARTAMENTO DE GERMANO. D. CARMEN ABRIU A PORTA, APREENSIVA.
 D. CARMEN - Marcos, graças a Deus! Eu já estava preocupada.
 MARCOS - (ar cansado) Desculpe, D. Carmen. Não vou sossegar enquanto não esclarecer alguns pontos obscuros nessa história.
 D. CARMEN - Descobriu alguma coisa sobre a morte de minha filha?
 MARCOS - Não, nada. Mas amanhã vou até a delegacia. Quero ter uma conversa com o delegado responsável pelo caso.
 D. CARMEN - (resignada) Eu compreendo você. Sei que nada trará nossa Diana de volta, mas precisamos saber o que aconteceu, quem praticou essa atrocidade contra ela...
 MARCOS - A pergunta que martela minha cabeça é: por quê? Por quê fizeram isso? E não vou descansar enquanto não descobrir. (olhou para o interior do apartamento) E seu Germano?
 D. CARMEN - Já se recolheu para dormir. Estava muito cansado, coitado.
 MARCOS - Bem, acho que vou fazer o mesmo. Meus pés parecem duas bolas de chumbo... DOCE BALANÇO CAPÍTULO 18 PÁGINA 04
 D. CARMEN - Vá, vá. Fique á vontade. Se quiser jantar, tem comida no fogão. Vai dormir na sala ou no quarto da Diana?
 MARCOS - Eu fiz um lanche na rua, obrigado, D. Carmen. Hoje vou tentar dormir no quarto. Boa noite.
 D. CARMEN - Boa noite, Marcos.

CORTA PARA:
CENA 3 - DELEGACIA - SALA DO DELEGADO NOGUEIRA -INT. - DIA.

 DELEGADO NOGUEIRA - Por favor, conte tudo o que sabe sobre Diana Molina. Desde o instante em que a viu pela primeira vez.
MARCOS, SENTADO Á MESA DE JUSTO NOGUEIRA, COMEÇOU A RELATAR, DETALHADAMENTE, TUDO O QUE SABIA SOBRE DIANA.
 MARCOS - Eu pertencia á paróquia de um bairro afastado em Ibiúna, onde moram os avós de Diana. Por coincidência, antes de sermos apresentados por D. Carmen, nos conhecemos na praia, porque eu ia passando no calçadão e levei uma bolada. Ela veio pegar a bola e...
NOGUEIRA OUVIA ATENTAMENTE O DEPOIMENTO DE MARCOS, FAZENDO ALGUMAS ANOTAÇÕES, VEZ OU OUTRA.
MARCOS - ... e minutos antes de eu viajar para São Paulo, ela recebeu um telefonema que a deixou bastante preocupada. É possível que o telefonema tivesse relação com o que aconteceu depois. Mas não posso afirmar.
 DELEGADO NOGUEIRA - O senhor conhece Alfredo Ribeiro?
 MARCOS - Conheço. Por quê?
 DELEGADO NOGUEIRA - Sabe que ele foi namorado da vítima antes dela ficar noiva do senhor?
 MARCOS - Sei.
 DELEGADO NOGUEIRA - Acha que ele, por ressentimento, podia ter cometido o crime?
 MARCOS - (pensou um pouco) Peço permissão para não responder a essa pergunta.
 DELEGADO NOGUEIRA - Por enquanto, isso é o bastante, padre. O senhor está liberado.
 MARCOS - Sempre ás ordens, delegado. Com licença.
MARCOS RETIROU-SE, DEIXANDO JUSTO NOGUEIRA PENSATIVO, ENQUANTO GIRAVA A CANETA ENTRE OS DEDOS. OUVIU-SE UMA BATIDA NA PORTA. O DETETIVE DE PLANTÃO ENTROU, ACOMPANHADO DE UMA MULHER.
 DETETIVE AMADEU - Dá licença, doutor? Esta moça quer lhe falar. Está muito nervosa e diz que é sobre o caso Diana Molina.
A MULHER SE APRESENTOU.
 VALÉRIA - Eu me chamo Valéria França. Quero fazer uma declaração importante.
O DELEGADO APANHOU UM BLOCO DE NOTAS, TIROU A CANETA DO BOLSO E FICOU ESPERANDO.
 VALÉRIA - Bem, eu quero que o senhor faça constar no processo de Diana que Alfredinho disse que estava comigo na noite do crime.
 DELEGADO NOGUEIRA - (com frieza) Por quê?
 VALÉRIA - É que... o senhor compreende... eu sou uma moça solteira, vivo só! Alfredinho só não falou que estava comigo,  em meu apartamento, para não me comprometer, o senhor entende?
NOGUEIRA, ENTRETANTO, NÃO PARECEU ACREDITAR MUITO EM VALÉRIA.
 DELEGADO NOGUEIRA - (irônico) As suas relações com
Alfredo Ribeiro datam de muito tempo?
 VALÉRIA - Sim, senhor. Nós nos gostamos há bastante tempo.
 DELEGADO NOGUEIRA - A senhora sabia que ele estava apaixonado por Diana?
 VALÉRIA - (hesitou, antes de responder) Sabia, sim, senhor.
 DELEGADO NOGUEIRA - E a senhora se conformava com isso?
 VALÉRIA - Não... eu não aceitava isso.
 DELEGADO NOGUEIRA - A senhora diz que entre uma e meia e duas horas de terça-feira estava em seu apartamento com Alfredo Ribeiro. Ele estava lá, não é verdade?
 VALÉRIA - Exatamente.
 DELEGADO NOGUEIRA - Pois muito bem. Depois mandarei chamá-la para tomar seu depoimento em cartório.
VALÉRIA - Estarei aguardando, seu delegado.
 DELEGADO NOGUEIRA - A senhora é atriz, não é?
O ROSTO DE VALÉRIA ABRIU-SE NUM SORRISO.
 VALÉRIA - Sou, sim, senhor. Fiz algumas pontas, é verdade... Ainda espero pelo grande papel... mas, no momento, estou parada.
VALÉRIA ABRIU A PORTA E SAIU. O DELEGADO VOLTOU-SE PARA O DETETIVE AMADEU, QUE ESTIVERA OUVINDO A CONVERSA.
 DELEGADO NOGUEIRA - Está se vendo que é mesmo uma atriz. Mas não me convenceu nesse papel. Trate de investigar se ela disse a verdade.

CORTA PARA:
CENA 4 - APARTAMENTO DE MARCELÃO - SALA - INT. -DIA.

A CAMPAINHA SOOU E VOSKOPOULUS ABRIU A PORTA.
MARCOS - Bom dia. Preciso falar com o senhor Marcelo. Com licença.
DITO ISTO, O PADRE MARCOS FOI ENTRANDO, DEIXANDO O MORDOMO PARADO, SEM SABER O QUE FAZER.
MARCELÃO - (surgiu na sala e deu de cara com Marcos) O senhor outra vez?
 MARCOS - Desculpe incomodá-lo, seu Marcelão, mas precisamos conversar sobre as fotos.
 MARMCELÃO - (de má vontade) Eu prefiro esquecer este assunto. Sou um homem deresponsabilidade, padre. Ia pegar mal uma coisa dessas, sabe?
MARCOS - Imagino que seja, mas precisamos...
MARCELÃO - (cortou) Perdão pelo mau jeito, mas estou muito ocupado e não posso lhe dar atenção agora, padre. Voskô, acompanhe o padre até porta!
INCONTINENTI, MARCELÃO DEU AS COSTAS E ENTROU NO ATELIÊ. MAIS UMA VEZ, MARCOS RETIROU-SE, SEM NADA CONSEGUIR.

CORTA PARA:
CENA 5 - IPANEMA - CALÇADÃO - EXT. - DIA.

MARCOS CAMINHAVA PELO CALÇADÃO, NO FIM DE TARDE,
SENTINDO A LEVE BRISA DO MAR TOCAR-LHE A FACE. RESPIROU FUNDO, TENTANDO RELAXAR. FOI NESSE MOMENTO QUE RECONHECEU MALU, SENTANDA NUM BANCO DO CALÇADÃO, SOZINHA, FITANDO O MAR.
 MARCOS - (tocou o ombro da jovem, pelas costas) Oi. Lembra de mim?
MALU VOLTOU-SE E LEVANTOU, SURPRÊSA.
MALU - O senhor!
 MARCOS - (esboçou um sorriso) Que coincidência encontrá-la aqui...
 MALU - (com grosseria) Não é coincidência. Eu moro naquele prédio (apontou o prédio do outro lado da rua). Mas eu queria mesmo encontrar você pra lhe dizer umas verdades!
 MARCOS - (sem entender) Pois então... fale.
 MALU - (com ódio na voz) Vivo me culpando pela morte da minha melhor amiga. Posso ter minha parcela de culpa... mas o verdadeiro culpado da morte dela é você, padre! Foi por sua causa que ela morreu!

FIM DO CAPÍTULO 18

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