CENA 1 - APARTAMENTO DE MARCELÃO - SALA - INT. -DIA.
VOSKOPOULUS E CECÉU ASSISTIAM,
SEM ACREDITAR NA CENA: MARCELÃO VOLTOU PARA CASA, EM COMPANHIA DE TIA LALINHA E
LAURINHA, CARREGADO DE MALAS E BAGAGENS.
MARCELÃO - (para os dois) Ei! Vão ficar aí,
parados? Venham ajudar tia Lalinha a se instalar no quarto de hóspedes. (aproximou-se
de Voskopoulus e sussurrou ao seu ouvido) A partir de hoje, esse apartamento
sofre modificações. Não deixe entrar mais nenhuma mulher aqui!
VOSKOPOLUS - (incrédulo) Tem... certeza?
Patrão... o senhor pensou bem no que tá fazendo?
CECÉU - (achegou-se e sussurrou para os dois)
Isso não vai dar certo! Você pirou, Marcelão?
MARCELÃO - (decidido) Tem que dar! Faço
qualquer coisa pra não perder minha filha praquela... Madame X! (e para a tia)
Tia, seja bem-vinda! Fique à vontade. A casa é sua!
TIA LALINHA OLHOU EM VOLTA,
OBSERVANDO TUDO ATENTAMENTE.
TIA LALINHA - Marcelinho, sua casa é tão
branca, parece um hospital! Temos que colocar umas plantas, umas flores.
(apontou para um canto) Olha,
vamos pôr aqui uma samambaia chorona! Vai ficar lindo!
MARCELÃO, CECÉU E VOSKOPOULUS
OLHARAM-SE, SEM ACREDITAR.
MARCELÃO - (suspirou, resignado) Vamos levar
as malas para o quarto.
CECÉU - Ué... eu não sabia que samambaia
chorava...
CENA 2 - “FOLHA DO RIO” - SALA DE GARCIA LOPES - INT. – DIA
GARCIA, O DIRETOR DA “FOLHA DO
RIO”, CONVERSAVA COMDANTE GURGEL, FRED GASPAR E HUGO MATIAS. O ASSUNTO, COMO
SEMPRE, ERA A SANTA DE IPANEMA, QUE O PRIMEIRO HAVIA CRIADO PARA VENDER JORNAL,
E ACABOU TOMANDO PROPORÇÕES ASSUSTADORAS.
GARCIA LOPES - Sabe que uma noite dessas o
Julinho do Vasco tava lá fazendo sua macumbinha pro time ganhar do Flamengo? É,
a coisa chegou a esse ponto... nunca imeginei!
HUGO MATIAS - Pois é, pra você ver: todas as
minhas teorias sobre a superioridade intelectual do homem de Ipanema caíram por
terra. Tenho visto muito cara que tira onda de materialista acendendo a sua
velinha. Depois, no dia seguinte, diz que tava de cara cheia... Sabe quem eu vi
lá uma noite dessas? O Pedro Bial. Palavra!
GARCIA LOPES - Mas agora eu tive outra idéia
genial! Nós fizemos uma santa, não foi? Pois agora vamos destruí-la!
DANTE GURGEL - Não entendi.
FRED GASPAR - Eu também não. Explique isso
melhor...
GARCIA LOPES - Dismistificar! Virar a história
pelo avesso,
mostrar ao público que Diana
Molina não era santa coisa nenhuma! Contar a verdade. O caso dela com
Alfredinho e com outros; as fotos que ela tirou nua; todas as sujeiras. Arrasar
com ela!
DANTE LEVANTOU-SE, INDIGNADO.
DANTE GURGEL - Eu estou fora! Não quero mais
fazer parte dessa tramóia! Sinceramente? É uma canalhice o que vocês estão
fazendo com a moça em nome do jornalismo. E tão-somente para vender jornal!
GARCIA LOPES - (frio, mostrou-lhe a porta)
Você é livre, meu caro. Fique à vontade!
DANTE DEU-LHES AS COSTAS E
RETIROU-SE DA SALA.
CORTA PARA:
CENA 2 - URCA - PRAIA VERMELHA - EXT. – TARDE.
ERA UM BELO FIM DE TARDE.
MARCOS ESTACIONOU O CARRO NA ORLA E SAIU, COM MALU, EM DIREÇÃO AO CALÇADÃO. ABRAÇOU-A,
AMOROSO E CAMINHAVAM, DESPREOCUPADAMENTE, EMOLDURADOS PELO MAR E O PÃO DE
AÇÚCAR AO FUNDO.
MARCOS - Esse lugar é muito bonito (apontou
para o bondinho, que iniciava a subida) Olha o bondinho!
MALU - Eu amo a Urca! Se não morasse em
Ipanema, adoraria morar aqui!
MARCOS - Quem sabe, um dia, a gente vem morar
aqui? Parece ser um lugar tranquilo, o lugar ideal para criar nossos filhos.
MALU - ((brincou) Nossos? Posso saber quantos
filhos o meu futuro senhor marido pretende ter? Sim, porque até o momento não
fui informada....
MARCOS - (sussurrou no ouvido da jovem) Uns
quatro, tá bom?
MALU - Eu imaginava um casal... (fitou o
noivo, com paixão) Mas se isso fizer você feliz, eu digo sim, sim! Dois casais,
então!
MARCOS - Isso. Dois casais! (lembrou-se do
pedido de Monteiro prado. Falou, serio) Malu... essa sua idéia de ir aos Estados
Unidos buscar sua mãe... deixou seu pai preocupado, sabia?
MALU - Eu disse a ele que quero que minha mãe
assista meu casamento. É natural que, no dia mais importante da minha vida, eu
queira a presença da minha mãe, você não acha?
MARCOS - Acho, claro. (ponderou) Só que... eu
não sei se ela chegaria a tempo. Pensei em marcar o nosso casamento para daqui
a um mês. Você concorda?
OS OLHOS DE MALU SE
ILUMINARAM.
MALU - Você tá falando sério?
MARCOS - Eu não brincaria com isso.
MALU - (recostou a cabeça no peito do rapaz,
ar de felicidade) É lógico que eu concordo! É o que eu mais quero!
MARCOS - Pois então, cuide dos proclames,
porque temos pouco tempo. Se bem que... eu gostaria de uma cerimônia simples, com
poucos convidados... apenas os mais chegados...
MALU - Será como você quiser, meu amor. Agora,
me beija, vai.
MARCOS BEIJOU-A NOS LÁBIOS.
COMEÇAVA A ESCURECER NO RIO DE JANEIRO.
CORTA PARA:
CENA 3 - CASTELINHO - INT. - NOITE.
TRES HORAS DEPOIS, ATENDENDO A
UM PEDIDO DE DANTE GURGEL, MARCOS FOI AO SEU ENCONTRO, NO CASTELINHO. ENTROU NO
BAR E AVISTOU-O NUMA MESA, TOMANDO UM CHOPE.
MARCOS - (aproximou-se) Como vai, Dante?
DANTE - Tudo bem, Marcos (apertaram as mãos)
Te chamei aqui porque precisava muito falar com você.
MARCOS - Se for sobre a covardia que o seu
jornal está fazendo com a memória de Diana...
DANTE - (cortou) Eu estou fora. Saí por não
concordar com esses absurdos, com essas matérias sensacionalistas que estão fazendo
pra vender jornal!
MARCOS FITOU O JORNALISTA,
SURPRÊSO.
MARCOS - (aliviado) Finalmente, alguém com um
pouco de escrúpulos e bom senso...
DANTE - Marcos, chamei você aqui para
alertá-lo. Eles agora querem destruir o mito “Santa de Ipanema”. Querem mostrar
que ela não é santa, seu caso com Alfredinho e, o mais grave: pretendem
negociar e publicar as fotos que Diana tirou nua! Enfim, querem arrasar com a
imagem dela!
MARCOS - (arregalou os olhos, estupefato) Mas
isso é um absurdo! Não podemos permitir isso! Temos que fazer alguma coisa pra
impedir!
DANTE - Por isso te chamei aqui! O negócio
está sendo feito com o gringo, correspondente da revista estrangeira, e só há um
meio de impedir que seja levado a cabo: adquirir dele os negativos!
MARCOS - Quanto?
DANTE - Vinte e cinco mil reais.
MARCOS - É muito dinheiro. Não possuo nem a
terça parte. Sou um homem pobre. Mas há uma solução.
DANTE - Qual?
MARCOS - Monteiro Prado. Um empréstimo. Ele
não precisa saber de nada.
DANTE - Boa idéia. Fale com
ele o mais rápido possível e me avise quando tiver com o dinheiro. Eu levo você
até o gringo!
CORTA PARA:
CENA 4 - BANCO - SALA DE MONTEIRO PRADO - INT. -DIA.
NAS PRIMEIRAS HORAS DO DIA
SEGUINTE, MARCOS ESTAVA Á FRENTE DE MONTEIRO PRADO, PEDINDO UM EMPRÉSTIMO.
MONTEIRO PRADO - (falou com simpatia) Meu caro
Marcos, eu sou muito grato a você por vários motivos. Malu parou de exigir a
presença da mãe e está muito feliz com você. Eu não teria como negar nada ao
meu futuro genro. Fique tranquilo. Eu confio em você e não vou perguntar nada.
MARCOS - Eu fico muito agradecido, doutor
Monteiro. Prometo que vou lhe devolver esse dinheiro o mais rápido que puder. E
fique certo de que é por uma boa causa!
MONTEIRO PRADO - Não duvido disso
(entregou-lhe um cheque) Aqui está o dinheiro. Faça bom proveito.
CORTA PARA:
CENA 5 - PRAÇA NOSSA SENHORA DA PAZ - EXT. - DIA.
ERAM QUASE 5 DA TARDE QUANDO
MARCOS E DANTE ENCONTRARAM-SE NA PRAÇA. O JORNALISTA ENTREGOULHE UM ENVELOPE
AMARELO.
DANTE - Aqui estão os negativos, Marcos. São
seus. Faça deles o que quiser.
MARCOS - Muito obrigado, meu amigo. Você
provou que é um homem de bem. Com sua atitude, evitou enorme sofrimento para
várias pessoas. Principalmente para os pais de Diana...
CENA 6 - APARTAMENTO DE GERMANO - QUARTO DE MARCOS - INT. - TARDE.
MARCOS, COM UM ISQUEIRO,
QUEIMOU O ENVELOPE COM OS NEGATIVOS DAS FOTOS DE DIANA.
CORTA PARA:
CENA 7 - PRAIA DE IPANEMA - EXT. - NOITE.
MARCOS CAMINHAVA, DISTRAÍDO
PELO CALÇADÃO, QUANDO AVISTOU, ALGUNS METROS À FRENTE, NA AREIA DA PRAIA,AS
MOTOCICLETAS FORMANDO UM SEMI-CÍRCULO, TODAS COM OS FARÓIS ACESOS. RECONHECEU
DE IMEDIATO ALFREDINHO, JULIO BIRUTA, LUANA, SELMINHA E LEANDRO. HESITOU POR
ALGUNS SEGUNDOS, MAS RESOLVER SEGUIR EM FRENTE. JULIO BIRUTA FOI O PRIMEIRO A
DIVISAR A APROXIMAÇÃO DE MARCOS.
JULIO BIRUTA - Alfredinho, olha só quem vem
aí... o padreco!
ALFREDINHO - (esfregou as mãos, com expressão
de ódio) Finalmente! Chegou a hora do nosso acerto de contas. Nunca me conformei
com os trancos que recebi dele na casa da Valéria. Mais por isso do que por
outra coisa, vou me vingar agora! (encaminhouse na direção de Marcos,que seguia
seu rumo no calçadão) Olá, padreco! Eu acho que a gente tem uma conta velha pra
acertar. Lembra daquela briga no apartamento de Valéria? Você me pegou distraído,
me deu um empurrão e eu bati com a cabeça na parede. Queria ver você fazer o
mesmo agora!
MARCOS - (procurou controlar-se) Não vou fazer
isso, rapaz. Naquela ocasião tinha motivos; agora, não.
ALFREDINHO - (gritou, provocando) Não tem
motivo ou não tem coragem? Se é por falta de motivo, eu posso lhe arranjar um!
SELMINHA - Pare com isso, Alfredinho! Deixe o
cara em paz!
SEM SE IMPORTAR COM OS
PROTESTOS DE SELMINHA, ALFREDINHO DEU UM EMPURRÃO EM MARCOS.
ALFREDINHO - Seu bicão de sacristia!
AVANÇOU AGRESSIVO PARA MARCOS,
QUE PROCUROU SAIR FORA, MAS ALFREDINHO LHE BARROU A PASSAGEM. MARCOS TENTOU
FORÇAR, MAS LEVOU UM SOCO NO ROSTO.
LUANA - Parem! Parem com isso!
MARCOS PASSOU A MÃO PELA BOCA,
QUE SANGRAVA.
MARCOS - Está satisfeito? Já tirou a
diferença...
ALFREDINHO - Não, não tou satisfeito, não! Vou
te arrebentar hoje, aqui!
ALFREDINHO AVANÇOU PARA
MARCOS, QUE APENAS SE PÔS EM GUARDA.
MARCOS - Eu acho que nós podíamos conversar...
ALFREDINHO - Não quero saber de conversa! Quer
saber, padreco? Tou a fim de tirar uma dúvida: quero saber se você é macho!
TORNOU A ACERTAR OUTRO MURRO
EM MARCOS, QUE CAIU NA AREIA. ALFREDINHO SALTOU SOBRE ELE E COMEÇOU A ESMURRÁ-LO
NO ROSTO, COM CRUELDADE. MARCOS, EM DADO MOMENTO, CONSEGUIU DESVENCILHAR-SE DO OUTRO
E PÔS-SE DE PÉ. DAÍ EM DIANTE A BRIGA PASSOU A SER DE IGUAL PARA IGUAL. MARCOS
REAGIU COM DECISÃO,QUANDO ALFREDINHO O ATACOU NOVAMENTE, NEUTRALIZOU A INVESTIDA
COM UM SOCO EM CHEIO NO ROSTO E OUTRO NA PONTA DO NARIZ QUE O ATIROU AO DOCE
BALANÇO CAPÍTULO 35 PÁGINA 10 CHÃO. ALFREDINHO LEVANTOU CAMBALEANDO, MAS FOI ATINGIDO
POR OUTRA SARAIVADA DE MURROS E COMEÇOU A SANGRAR TAMBÉM. MARCOS ATIROU-SE POR
CIMA DELE E, NOVAMENTE, OS DOIS ROLARAM NA AREIA. ALFREDINHO ESTAVA POR BAIXO E
JULIO BIRUTA FEZ UM MOVIMENTO PARA IR EM SUA AJUDA.
ALFREDINHO - (gritou) Não! Não quero ajuda!
Sai pra lá! (e tornou a lançar-se sobre Vítor, completamente fora de si) Agora você
vai ver!
APAVORADAS, SELMINHA E LUANA
RESOLVERAM A SITUAÇÃO, PUXANDO UM PARA CADA LADO. AMPARADO PELOS AMIGOS, ALFREDINHO
LEVANTOU-SE. CHEIO DE HEMATOMAS. MARCOS, POR SUA VEZ, TENTOU RECOMPORSE
LIMPANDO O SANGUE DABOCA COM O DORSO DAS MÃOS, ARRUMOU OS CABELOS E SEGUIU SEU
CAMINHO.
CORTA PARA:
CENA 8 - APARTAMENTO DE MONTEIRO PRADO - SALA DE JANTAR - INT. - NOITE.
SENHORINHA ACABARA DE SERVIR O
JANTAR PARA MONTEIRO PRADO, ISADORA E MALU, QUE, CONFORME PROMETERA AO PAI,
PROCURAVA DAR UMA TRÉGUA EM SUA RIXA COM A JOVEM MADRASTA.
SENHORINHA - (lembrou-se) Malu, já ia
esquecendo! Chegou essa carta para você!
MALU EXAMINOU O ENVELOPE
ENTREGUE PELA GOVERNANTA, COM CURIOSIDADE.
MALU - Estranho... não tem remetente!
MONTEIRO PRADO - Mas está em seu nome?
MALU - Destinatário: Maria Luísa Monteiro
Prado. (abriu o envelope e leu) “A justiça tarda, mas não falha. Logo você
estará apodrecendo na cadeia, como a verdadeira assassina de Diana Molina”.
(olhou para todos, atônita) Gente... o que é isso?!
FIM DO CAPÍTULO 35
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