Confissões de Laly Cap 28: Grazi apanha na prisão!

28º capítulo – Grazi apanha na prisão! (IMPERDÍVEL!)

Laly se desespera por causa de Mayra e Milene, mas seus tios a acalmam como podem a abraçando pelas costas e tentando fazer com que a jovem recobre a calma.

-As garotas estão bem, Laly. Não há porque voltar para casa. - Tio Abílio aconselha
-May e Mili devem estar precisando tanto de mim... Não posso ser egoísta e deixá-las a mercê de tanta maldade.

-Pense um pouco em você. Já há quem esteja protegendo as meninas. - Tia Conceição abraça Laly

-Amado já nos telefonou contando que apesar do susto e dos momentos de aflição, tudo está sob controle... - Abílio conforta a afilhada

-Me sinto muito mal tirando férias aqui enquanto as meninas estão passando apuros por lá...

-Pense que o desfecho poderia ter sido muito pior. Graças a Deus as meninas sobreviveram. - Dani conforta Laly

Chorando, Laly telefona para Milene.

-Priminha? Ta tudo bem?

-To sim, Lalinha. Já ta sabendo do que aconteceu? - Milene disfarça

-Vi pela TV. To me sentindo muito mal, prima.

-Eu também. Nem imagina os momentos de aflições que passamos.

Milene simula uma crise de choro, mas na verdade está rindo muito de Laly.

-A otária ta acreditando cegamente em tudo que lhe dizem... - pensa a megera

-Você podia ter morrido, priminha. Por que Grazi fez isso?

-Ela queria matar você, a Mayra, as irmãs do Biel e a mim...

-Credo, mas por quê?

-Não seiiiii...

-Ninguém sai querendo matar ninguém se explicação.

Milene mente com tanta convicção que deixa Laly arrepiada e chorando mais ainda na linha.

-Grazi não é mais a mesma há muito tempo, Lalinha e como pode perceber, toda máscara um dia cai...

-Eu to pensando em voltar pra aí. Quero te apoiar, ficar aí do teu lado, Mili. Você deve estar precisando muito de carinho e companhia. Eu to aqui na casa do Tio Abílio...

-Manda um beijo pra ele e pra tia.

-Mando sim, docinho. To pensando em voltar mais cedo das férias...

-Não volta não, Lalinha. Eu vou ficar bem.

-Tem certeza?

-Eu to bem, Laly. Vá aproveitar suas férias...

-Faz um favor pra mim? Cuida bem da Mayra, ta?

-Pode deixar...

Assim que Milene desliga o telefone, range os dentes de ódio de Laly e a debocha.

-Cuidarei muito bem da Mayra. Em breve a mandarei para o inferno junto com você e a cabelinho de fogo...

Iury e Aimée assistem juntos à transmissão na TV.

-Eu acho merecido que essa menininha passe uns bons anos na cadeia. - Aimée se revolta

-Parece até coisa armada. Conheço a Grazi há tanto tempo e nunca a vi nem mesmo gritar. - Iury não se convence com o sensacionalismo televisivo

-Essas aí são as piores.

-É tão difícil de acreditar. Minha ficha ainda não caiu.

-É bom que caia. As provas estão todas CONTRA ela.

-Vi Grazi crescer. Ela sempre foi tão dócil, amável... Ela gosta tanto de animais, da vida, das pessoas e nunca a vi nem mesmo falar um palavrão...

-Se ela for inocente, hipótese já descartada, vai ser bem difícil provar com um país inteiro a condenando.

Iury só então associa a carta que o separou de Laly ao incidente do bolo envenenado.

-Queira Deus que eu esteja errado. - pensa o rapaz

-Parece pensativo, Iury. Algum problema?

-Não, não, meu bem. - Iury abraça Aimée e a beija

-Não tem com o que se preocupar. A psicopata errou o alvo e eu ainda estou aqui, amor. Não só estou aqui como te amo mais ainda.

Gabriel se recusou a assistir a prisão de Grazi. O adolescente está profundamente transtornado e ainda custa a acreditar que sua amada quase matou Fernanda e Mayra.

-Será que meu amor é cego ou a justiça faz vista grossa? Oh Deus, como eu queria que houvesse um modo de Grazi ser inocente, ainda que sonhar com isso seja inteiramente em vão... Como eu queria que ela não tivesse culpa nenhuma de nada...

A notícia do envenenamento chocou o país. Grazielle chega a Fundação Casa e as detentas fazem represália execrando a presença da adolescente.

Grazielle, a aluna exemplar, amante dos animais e sempre conhecida pelo temperamento pacato, está misturada com as piores e mais perigosas criminosas do estado.

-Ora se não é a psicopata que envenena bolo. - caçoa uma presidiária

-EU JURO QUE ESTÁ HAVENDO UM GRANDE EQUÍVOCO.

-VOCÊ ESTÁ ERGUENDO A VOZ COMIGO?

-ESTOU. POR QUÊ?

-QUAL É QUE É, HEIN, CABELO RUIM?COMO É QUE É?TA QUERENDO MORRER?TIPINHO COMO VOCÊ NÃO DURA MUITO TEMPO AQUI NÃO, HEIN?

Grazielle desconta na colega o ódio que sente por Milene e a jovem reage imediatamente esbofeteando o rosto de Grazielle que instintivamente puxa os cabelos da oponente e elas rolam no pátio da Fundação.

EM CURITIBA, LALY NÃO SE CONFORMA COM O ESPETÁCULO MIDIÁTICO E DESABAFA...

Havia muitos fios soltos na história. Estavam todos cegos para não perceber.

Mesmo estando extremamente cansada por conta do vestibular, não consegui dormir pensando em Grazi e nesse caso tão estranho de envenenamento.

O destaque do noticiário matinal exaltava um nauseante sensacionalismo.

-TENSÃO. A primeira noite de Grazielle Rodrigues, acusada de tentar assassinar três jovens no litoral paranaense, foi marcada pela violência...

Grazi não passava de uma criança para ser tão duramente execrada e humilhada. Não conseguia curtir minhas férias sabendo que uma amiga minha estava sendo julgada sem nem ter chances de se defender.

Grazielle poderia ser algoz do crime e se fosse comprovado deveria pagar pelo que fez. E se não fosse? E se essa jovenzinha realmente fosse inocente? Como provaria? Como isso afetaria todo o resto de sua vida?

Possivelmente, se a lentidão da justiça não nos decepcionasse, Grazi e Sabrina poderiam ser indenizadas pelo Estado pelos prejuízos materiais e morais, mas quem as ressarciria pelo trauma emocional de ser detida, espancada, humilhada e difamada perante uma nação toda?

Convicções à parte, dinheiro não compra de volta a fé perdida.
Chorei compulsivamente ao ver o humilde lar de D. Sabrina ser saqueado e depredado por vândalos filhos da p*** que acham que fazendo justiça com as próprias mãos subirão nos conceitos de Deus e da sociedade.

Não sei se o mundo estava realmente mudando tão repentinamente ou eu cometia o erro de acreditar cegamente nas pessoas. O que quer que fosse, era intensamente doloroso ver a intimidade de pessoas queridas sendo esmiuçada e distorcida pelos meios de comunicação.

O Brasil já condenava Grazi sem dar a ela o direito de resposta. 

Sabrina era uma jovem viúva que trabalhava em dois empregos para manter a casa alugada em que vivia com a única filha. Bibi, como nós carinhosamente a chamávamos, era moderna, descolada e o que tinha de linda, tinha de ajuizada e honesta. Jamais havia ensinado maus valores à Grazielle e disso eu tinha plena certeza.

Grazi não matava nem mesmo insetos. Valorizava a vida. Nunca entrou em atrito com os coleguinhas ou seja lá quem fosse. Nunca faltou com o respeito com os mais velhos, sempre temeu a Deus e o amou acima de todas as coisas. Odiava a violência porque perdeu o pai para a criminalidade. Alguma peça nesse tabuleiro não se encaixava.

Não queria acusar Milene porque estaria cometendo uma grande injustiça. Ela também não seria capaz de tamanha monstruosidade.

Sonhava sim em ser jornalista, no entanto, queria poder escolher um ramo que tivesse mais a ver com minha personalidade. Pensava, talvez, em ser crítica musical, literária ou de moda. Do setor policial, caía fora. 

Odiava quando o telejornal insistia em cobrir crimes bárbaros e esquecia o resto do mundo como se o Brasil se resumisse ao local do crime, a delegacia e ao IML. Odiava mais ainda os urubus justiceiros que mesmo sem ter estado no local do crime, acusavam sem evidências.

Às vezes pensava se queria mesmo passar no vestibular, se era esse meu destino. Talvez eu pudesse ser boa em outra coisa, escolher outra profissão menos cruel. Bastava uma lexicalidade para construir ou destruir alguém. Será que eu tinha esse poder?

-Que bobagem, Lalinha. Você fica se preocupando com coisas demais. Relaxa! - aconselhava Dani

Não sei se eu poderia sentar e relaxar assim tão facilmente.

Grazi será condenada sem ter assegurado o direito de resposta? Por quanto tempo mais Milene permanecerá impune? Laly enfim descobrirá quem é Milene de verdade?