Abel volta a cidade para procurar Laly! (IMPERDÍVEL!)
Fernanda quase se afogou com a pipoca e como alguém que custa a acreditar no que acabou de ouvir, fez um pequeno silêncio para se certificar de não ter escutado nada além da conta. Enfim, perguntou:
-Como é que é, amiga?
-Judy Pankekinha sou eu!
Outra pausa. Perturbação. Quebra de confiança.
Contaria nos ponteiros do relógio os segundos para ser escorraçada do honrado lar dos Gallardo.
Salva pela gargalhada ainda incrédula e ao mesmo tempo, talvez um alívio, mesmo falso. Minha vida toda foi uma grande mentira.
-Não brinca?
-Eu estou falando sério.
-Caraca, se for mesmo sério, é um grande fato, amiga.
-Isso tem que ficar só entre nós.
-Meu Deus! – rindo, colocou as mãos na boca – Você é uma diva!Você é Judy Pankekinha, a rainha dos doidos, depravados, notívagos, bizarros e incomuns. Não, não dá pra acreditar!Você com essa carinha de anjo... Como nunca percebi?
Ótimo! Iria perder minha melhor amiga...
-Por que parou?
-Parei porque conheci Abel. Quer dizer, não parei exatamente quando conheci Abel, mas quando nos apaixonamos.
-Eita traste dos infernos. Acabou com a tua vida.
-Você ta brincando, não ta?
-Do jeito que as coisas estão hoje, um programa na TV você teria. Mais: algum diretor bem doidão se interessaria em rodar um filme sobre sua vida. Já pensou que show?
Fernanda, definitivamente, não era normal. Só podia mesmo ser minha melhor amiga.
-Parou por quê?Só porque o traste disse a frase com A?
-Parei porque consegui um emprego de verdade.
-Você tinha um emprego. Podia ser obscuro e refutado pelo resto do mundo, mas você fazia um bom trabalho. Até hoje ninguém te superou. Vira e mexe alguém sempre fala de você, quer saber por que você sumiu do mapa. Você é uma lenda!
-Fer, fama e juventude são passageiras. Além do mais, uma hora ou outra ainda corro o sério risco de ser reconhecida por alguém. Já pensou que desastre?
-Desastre?Você chama isso de ‘desastre’?Queria eu ter conseguido um bico desses pra não ter sumido da mídia.
Fernanda era a primeira pessoa depois de Abel a saber da minha carreira ‘paralela’. Não omiti detalhes.
-Promete que ninguém mais fica sabendo disso?
-Da minha boca ninguém ouve nada, amiga. Fica tranqüila que teu segredo vai ficar bem guardado.
Acabei assistindo a incrível performance aos 20 anos e percebi que se não tivesse vivido nada daquilo jamais aprenderia a valorizar meu biótipo (que fez um grande sucesso), o dinheiro, a liberdade, os momentos de prazer, os melhores amigos, o amor e suas arapucas.
Conheci meus limites e medos concretizados quando fui viver por conta própria. Não queria ser um peso morto na casa de meus tios. Não queria dever favores a ninguém. Muitos podem dizer que trilhei o caminho mais ‘fácil’, mas não é assim que vejo as coisas.
Quantas moças leriam o anúncio e visitariam o pombal?
Quantas não desistiriam logo na primeira cena picante?
Quantas deixariam a fama subir a cabeça e padeceriam ao vício?
Realmente tive, se assim posso dizer, bastante sorte, pois soube de muitas imitações de Judy sem sucesso. Eu mesma não pensei que me tornaria a deusa do sexo. Pensava apenas em fazer os filmes para poder continuar morando na pensão de D. Cotia e não abandonar os estudos. Pararia assim que conseguisse um estágio remunerado na minha área. Só não imaginei que as simples cenas da jovem Judy chamariam tanto a atenção do público e meu contrato seria renovado tão cedo.
Abandonei a carreira por livre e espontânea vontade. O amor que sentia por Abel me deixou um tanto egoísta e falando no diabo, ouvi uma buzina muito conhecida, mas desencanei instantaneamente. O que Abel estaria fazendo aqui?
-Fer, tem alguém buzinando aqui na frente. Vai ver quem é.
-Não estou esperando ninguém. Você ta?
-Não...
Fernanda espiou pela cortina e virou-se para mim.
-Laly, é ele.
-Ele quem.
-Como quem?O traste!
E era mesmo!
-Diz que eu não to, Fer. Diz que eu não to.
-Ele ta parado em frente ao carro.
-Vou me esconder, Fer. Não o deixe saber onde estou.
-Só me pergunto como ele descobriu o endereço.
-Mas descobriu...
Som: Fogo – Capital Inicial.
Iury está visitando Nilton e May. Mayra está lendo no quarto enquanto Nilton monopoliza a TV assistindo futebol e fofoca:
-Segundos fontes confiáveis, a gata vai passar 3 meses aqui.
-Licença?
-Exatamente!O stress ta virando epidemia.
-Hei primão, você tem alguma foto daquele dia?
-Tenho um álbum.
-Do Show de Talentos do nosso ano. Do teu casamento eu já vi tudo uma centena de vezes.
-Posso trazer tudo se quiser.
-Se Lalinha estiver, melhor ainda.
-Não sei se ela tá, mas deixe-me ver. Mayra é cheia de guardar cacareco como recordação.
Iury encontra grandes relíquias nos álbuns de Nilton e faz uma cópia gigante de uma foto em que está ao lado de Laly.
Som: Why don’t you and I – Santana & Nickelback.
Fernanda sai de casa para atender a Abel e se surpreende com o jornalista, pois não imaginava que voltaria a se sentir como quando tinha 15 anos e conheceu Mário.
-A Laly tem mesmo razão em se apaixonar por ele. – pensa
-A Laly não me disse que a miss era um avião. – Abel pensa
Abel se debruça no murinho da casa de Gilberto e cumprimenta Fernanda com um sorriso que a deixa completamente desconcertada:
-Boa tarde!Você deve ser Fernanda, certo?
-Sou Fernanda. Você deve ser Abel.
-Não imaginei que fosse tão linda.
-O cara é cafajeste incurável. – pensa – Mal chega a cidade para procurar Laly e já está flertando com a melhor amiga dela.
-E então, linda?Tem namorado?
-Não.
-Não me diga...
-Com tanto cafajeste por aí fazendo minhas amigas sofrerem, o melhor que faço é continuar solteiríssima.
-Esses cafajestes estão demais, não acha?
-A carapuça não serviu mesmo. – Fer pensa indignada
-Você estar solteira é algo inadmissível.
-Laly não tem mais nada a tratar com você.
-Acontece, minha flor, que quando ela foi embora, eu estava atolado de problemas lá na redação e não pude ter uma última conversa com ela, o que me entristeceu profundamente, já que Lalinha é muito sensível...
-No momento Laly não quer te ver.
-Tudo bem se ela não quiser me ver agora. Diga a ela que estou passando as férias aqui na cidade e podemos marcar uma horinha para tratar de uns assuntos em particular, de extrema importância para ambos, se é que me entende. Caso esteja solteira e curta um cara másculo, sexy, bom de bola e solteiro, claro, saiba que estou solteiro também. Isso, claro, se Lalinha não me quiser mais... Fernanda, certo?
-Fernanda. – a moça reforça o tom de voz
-Nos vemos qualquer dia desses.
-De preferência nunca mais. – pensa a amiga de Laly
Abel estende a mão para se despedir de Fernanda e ambos os corpos respondem quando as peles entram em contato.
-Foi um grande prazer conhecê-la, cara Fernanda.
-É só uma pena que eu não possa lhe dizer o mesmo. – pensa Fer
Som: Never can say goodbye – Jackson 5.
Gilberto e Cybele estão sentados ao lado do outro em frente ao carro do avô de Lílian e o apaixonante silêncio toma conta deles.
Gilberto coloca seus braços por entre os ombros de Cybele pensando que será repelido, mas ela deita a cabeça nos ombros dele.
-Fazia tempo que eu não me sentia assim. – Cybele confessa
-Eu também. – Gilberto concorda
-Você tem medo de mim?
-Medo?
-Você dá a entender que gosta de mim, mas ao mesmo tempo parece tão distante. Fico pensando se disse ou fiz algo que o magoou.
Gilberto afaga os cabelos de Cybele.
-Claro que não, Cybele. Imagina.
Cybele começa a fazer carinhos nas mãos de Gilberto e é correspondida.
-Sabe que as crianças estão desconfiando de nós dois?
-Essas crianças são danadinhas e ligeiras... – Gilberto é apanhado de surpresa
-Elas percebem o que temos medo de assumir.
Gilberto e Cybele se beijam apaixonadamente.
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