segunda-feira, 26 de março de 2012

Confissões de Laly Cap 127 - Tarde demais? (IMPERDÍVEL!)



Tarde demais? (IMPERDÍVEL!)

-Eu irei, Laly. – assegura Abel – Eu juro que irei.

-Não prometa o que sabe que não irá cumprir. – Laly receia com o excessivo otimismo e afirmação de Abel

-Mas eu estou falando sério, leoa. – tira algumas mechas de cabelo do rosto de Laly – Não acredita em mim?

-Acreditei por mais de seis anos.

-Mas ainda acredita, não acredita?

-É... Eu ainda acredito...

-Então, leoa, hoje nós vamos embora juntos.

-Então irei te esperar às 18h00min onde marcamos.

-Pois pode me esperar.

Som: Take a bow – Madonna.

No horário estipulado e sentada ao meio-fio com o carro estacionado atrás de mim, esperei por Abel. Indiferente ao vai e vem de ônibus e pessoas. Apenas uma em todo o mundo me importava naquele momento.

-18h05min. Sabia... – dei um muxoxo

Pontualidade nunca foi o ponto forte de Abel.

Som: Every man must have a dream – Liverpool Express.

Iury e Nilton encontram-se em um happy hour e enquanto esperam seus pedidos chegarem, conversam:

-A menina ta fazendo birra, Iury. Daqui a alguns dias vai implorar pra morar com você.

-Lílian é geniosa como aquela lá.

-Aquela lá, Iury? – ralha com o primo

-Aquela lá sim, Nilton. Não se meta.

- Você é ridículo.

-Mais ridículo é você que trata uma dama como a Mayra daquele jeito desumano e vem querer falar de mim.

-Não se meta com o lance da Mayra.

-Então não se intrometa no meu.

-Mesmo assim darei meu parecer. – o garçom serve duas caipirinhas aos personagens - Tem a deusa comendo em suas mãos e se deixa manipular pelo louco? Fala sério, homem de Deus. Eu se fosse você ia correndo agora mesmo até o flat onde ela ta hospedada, levava um buquê de rosas e até ousava soltar o gogó. O baixinho lá da Toda Poderosa não fez isso? Deu tão certo que a mulherada aqui na cidade faz fila pra sair com ele, inclusive, se duvidar, até a própria leoa. Laly pode até ter sido atriz pornô, mas não deixa de ser uma mulher. Você por estar agindo como um moleque pode perder sua amada novamente e não ter uma terceira chance, cara. Pensa bem, hein?

Som: Dove – Moony.

18:35. 18:40. 19h00min. Abel se esquecera de nosso tratado ou sofreu algum imprevisto? Em todo caso teria o celular para me contatar. Nada mais justo avisar, afinal, ele deu sua palavra de homem e eu resolvi acreditar. Merecia uma justificativa, nem que ouvisse um belo não na linha.

Disquei. Tocou até o final e caiu na caixa-postal.

-Abel, eu estou aqui onde marcamos. Você vem?

As reuniões de pauta costumavam fazer Abel sair da emissora para lá das 20h00min e por saber o quanto meu baixinho amava o que fazia, resolvi tolerar o atraso, ainda que isso implicasse em apenas contemporizar minha agonia.
-Abel, por que você não me atende?

Mandei torpedinhos, acionei seu ramal na emissora e não obtive nenhuma resposta e foi então que me dei conta de que seu silêncio era a sentença final.

Som: Yesterday once more – The Carpenters.

Lílian está trancada no quarto deitada na cama abraçada aos travesseiros. Incomunicável, recusa até mesmo alimentar-se, por mais que Cybele, do outro lado da porta tente negociar com a criança:

-Lílian, eu compreendo que o dia de hoje foi difícil, mas não acha que agindo assim complica mais as coisas?

-Me deixa sozinha. – Lílian, com a voz abafada pelo choro, implora

-Não acha que é melhor conversar com alguém, botar essa tristeza toda pra fora ao invés de continuar aí desse jeito?

-Eu já disse que não quero ver nem falar com ninguém.

-Fernanda pediu pizza para o jantar. Não quer um pedaço?

-NÃO. – Lílian reforça

Fernanda subiu as escadas com uma bandeja contendo 3 pedaços de pizza, um copo de refrigerante e um bombom caseiro de morango.

-Lílian não aceita conversar? – Fernanda demonstra apreensão

-A menina é bem difícil de se lidar. – Cybele desiste de tentar conversar

-Talvez comigo ela queira se abrir. – grita – Ô Lílian, deixe de birra e abre essa porta, querida. Titia trouxe pizza.

-Não quero.

-Como não quer? Você adora pizza com refri e chocolate. Não precisa falar com ninguém se não quiser, mas come pelo menos um pedacinho.

Fernanda entra no dormitório da sobrinha e compreende que a garotinha está enfrentando um momento bastante turbulento, então coloca a bandeja em cima da escrivaninha de Lílian e avisa:

-Não precisa comer agora se não quiser, mas me promete que não vai ficar aí com fome só porque está triste? Se mudar de ideia e quiser conversar ou assistir tv, estamos todos lá na sala.

Fernanda, em respeito à Lílian, fecha a porta do aposento assim que se retira. Lílian, mesmo triste, se senta à escrivaninha para se alimentar, embora até mesmo seu prato preferido agora tenha sabor de lágrimas, angústia insuperável em vista dos 10 anos em que foi enganada.

Som: Dove – Moony.

Duas alternativas e apenas um desfecho. Toda escolha tem seu preço, sua consequência. Reflexos de passibilidades do passado, meus sonhos voltavam-se contra mim naquele início de noite.

– É a primeira vez na vida que bastaria dizer eu te amo e não consigo.

-Se me ama não tenha medo de dizer, de se permitir sentir. Você sabe que meu coração é e sempre será seu... – relembrando imbecilidades

Abel realmente me amava ou estaria mais uma vez encenando, se aproveitando da minha nula dignidade para continuar alimentando aquela infundada ilusão de que éramos ‘feitos um para o outro’?

Passei um bom tempo chorando dentro do carro até ter calma o bastante para dirigir de volta a SP. Em novembro eu tinha Fernanda cantarolando ao meu lado, fazendo de tudo para arrancar o mais amarelo sorriso de meus lábios.

-Você é tão linda, Lalinha. Deveria sorrir mais. Você sabe que é linda, inteligente e tem tudo para encontrar um cara muito legal seja em Guaratuba ou onde for. O que não se deve fazer é deixar que um homem destrua suas virtudes, amiga. Quando um homem a amar de verdade só existe uma coisa que ele mudaria em você: seu sobrenome. Ensinamentos de Gilberto Gallardo, que se não fosse meu pai, seria um anjo.

E Gilberto realmente era meu pai. Eu o amava como tivesse sido por ele gerada.
Amava Fernanda tanto quanto antes. Fernandoca sempre seria a irmã caçula e espoleta que a vida me presenteou anos depois. Entre amizade e amor, vigorou a 2ª opção e cada qual com seus argumentos, julgávamos ser donas de nossas fraquezas como se fossem, talvez, nossas únicas certezas.

Lílian. Minha pequena dose de alegria. Quantas desilusões em um mesmo dia? Eu em seu lugar não suportaria tantas bombas caindo sobre meu mundo sem desmoronar. Queria poder abraça-la e dizer que tudo ficaria bem, no entanto, a enganaria mais uma vez e mentiria a mim mesma.

Lílian talvez jamais tomaria conhecimento de que só recebi a notícia da morte de minha mãe quando também estava com 10 anos e lembro-me até hoje de que demorei semanas para conseguir brincar com Naira sem chorar.

-Papai, que viagem é essa de mamãe? Já faz muitos anos que ela saiu e nunca mandou nem uma carta...

-Sabe a Jurema? – Eleonora sorria maliciosamente sentada ao lado de Edilson
Jurema era uma colega de catequese que perdera a mãe precocemente.

-Sua mãe morreu assim como a mãe da Jurema. –avisou papai, sentado ao sofá prestando mais atenção na tv

-Minha mãe não está morta. – protestei batendo os pés – Mamãe vai voltar de viagem algum dia.

-Dessa viagem ela só comprou passagens de ida. – ironizou a má-drasta

-Então minha mãe também já foi para o céu?

-Para o céu eu não sei se foi, mas há muitos anos já não está mais entre nós. – simplificou Eleonora sem um pingo de compaixão

-E por que não me contaram antes?

-Você nunca nem deveria saber disso. – papai ergueu a voz

-Sinto saudades da minha mãe.

-E terá de se conformar. A vida não é fácil pra ninguém.

Edilson proferiu de um modo o qual poderia perder páginas descrevendo e ainda assim não me conformaria jamais. Eu era fruto de um amor que não havia mais significado, como se jamais tivesse existido. Desmoronei e corri para o quarto onde passei boas horas chorando muito. Sem consolo.

Meus pais realmente se amavam ou cultivei essa estupidez toda porque me convenci com o jovial sorriso das fotografias em sépia as quais guardei comigo antes que Eleonora retirasse de casa toda e qualquer menção a Ingrid. Todas essas suposições seriam enterradas comigo e jamais sanadas.

Som: Fogo – Capital Inicial.

Iury tentou telefonar à Lilian, mas a menina continua recusando qualquer espécie de contato com o pai.

-Compreenda, Iury. Lílian não está em um bom momento. – adverte Fernanda – Não estamos lhe negando nenhum direito, mas é recomendável que respeite esse momento difícil de Lílian. Ela é uma garota maravilhosa...

-Sei disso...

-Se sabe, também deve ter noção de que ao tempo dela vocês se entenderão.

-Fernanda...

-Deseja mais alguma coisa?

-Não, nada... Eu... Eu só agradeço mesmo...

-Somos família, não é mesmo? Família sempre se ajuda...

Som: Angel – Jon Secada.

Mayra e Pablo estão em um motel, porém mesmo se encontrando ali ainda não fizeram amor nenhuma vez. May ainda não se sente pronta para avançar o passo com o namorado.

-May... – Pablo a acaricia – Algum problema? – massageia os ombros da amada – Parece tensa.

-Nem imagina o dia difícil pelo qual passamos.

-D. Emília não está doente, está?

-Graças a Deus não, mas minha sobrinha Lílian está vivenciando um momento extremamente delicado. – suspira – Não queria estar no lugar dela. – encosta a cabeça no ombro de Pablo – Mas Lílian é uma guerreira, uma menina muito forte. Ela ainda não tem ideia disso, mas só de pensar que ela está sofrendo não consigo ficar 100% bem.

Som: Will you still love me – Chicago.

Iury ainda sobrepõe o orgulho e as idealizações, repassando diversas vezes a última discussão que teve com Laly.

-Você foi só um amor do passado, uma paixonite idiota de 15 anos de idade que terminou aos 18 e deveria ter ficado mal resolvida porque com certeza seria muito menos doloroso que seu olhar totalmente frio e indiferente. É esse, talvez, o lado negro do amor...

-O pior é tentar odiar alguém e amar cada vez mais, mas sou orgulhoso demais pra isso. Não posso mostrar minhas fraquezas. Não a você. Não por ainda querer seu perdão mais uma vez... – pensa Iury dirigindo cidade afora

-Você por estar agindo como um moleque pode perder sua amada novamente e não ter uma terceira chance... – relembra com exatidão as palavras de Nilton

Som: You are – Lionel Richie.

Mayra está disposta a se abrir de verdade com Pablo a respeito do passado e é o que faz sem medo:

-Até hoje não entendo por que aquele gordinho nervoso tentou te atacar... Não havia me dito que tinha um meio-irmão ciumento.

-Pablo, Nilton não é meu irmão. É meu ex-marido.

-Ex-marido?

-Exatamente, Pablo. Nilton é meu ex-marido. Eu tenho um filho.

PABLO CONTINUARÁ AMANDO MAYRA AO SABER DO PASSADO DA MOÇA?

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