Recomeços e injustiças! (IMPERDÍVEL!)
-A prisão preventiva de Moraes foi decretada após a perícia encontrar escondida no local do crime uma faca ensanguentada as quais estão marcadas as impressões digitais de Edílson Moraes, o principal suspeito do assassinato de Figueira Antares.
-E o Kiko? – Lílian gesticula – Quero mais é ver a Lalinha pegando...
-Não acha que ta muito novinha pra ver essas coisas? – Gilberto briga com a neta
-Ele é muito bonito pra se desperdiçar. – Lílian dá com os ombros
-É menina, mas já sabe o que é bom... – Fernanda dá tapinhas nas costas da sobrinha – Ta aprendendo com quem entende...
Nas imagens feitas pelo Toda Poderosa Cop, Edílson é colocado dentro de uma viatura e não resiste à prisão, mesmo sendo inocente e tendo consciência disso.
-Nunca imaginei que o perigo morasse ao lado. – suspira Gilberto – Edílson, apesar de ser meio distante, nunca me pareceu ser um homem que poderia matar alguém com tanta crueldade.
-Ele salvou a todos nós.
-Justiça com as próprias mãos só nos torna tão imundos quanto qualquer criminoso. – Gilberto ergue a voz – Eu sei que nosso código civil possui várias falhas, mas eu, incurável sonhador como sou apesar de não muito demonstrar, creio muito mais na justiça divina porque esta cedo ou tarde se faz e nunca é passível de erros.
-É, pai... O senhor tem razão... May que o diga... O juiz que está tratando da causa do Pepo é amiguinho de pôquer do Nilton e está o protegendo, até debochando da May, dizendo que ela já perdeu a causa. Ainda bem que o Celso é um bom advogado e não vai desistir da causa.
Som: Fogo – Capital Inicial.
Iury, desesperado, telefona a Nilton.
-Precisamos tirar Edílson da prisão.
-Ta brincando? To acompanhando aqui no plantão tudo sobre esse pilantra.
-Edílson não cometeu esse crime.
-Nem perca tempo, Iury. Se eu fosse você, chorava. Judy Pankekinha já encontrou um novo amor.
Som: Let it flow – Toni Braxton.
Beijar Flavio era diferente de sensação compartilhada com Iury, Abel ou quem quer que fosse. Sob a luz das estrelas e o tradicional calor de verão, com a solitária lua nos admirando de camarote na torcida de que mais um romance nasça e seja muito mais que eterno.
Nosso primeiro beijo foi na piscina, após um incrível mergulho. Ao contrário do que poderiam sugerir, Flavio não era tarado e eu muito menos. Éramos apenas um provável casal comum.
O go go boy era cinco anos mais jovem que eu e também saiu muito jovem de casa para poder viver seus sonhos. Deitada em seu colo, passei horas escutando suas anedotas com os mesmos ouvidos atentos que dediquei atenção a Iury, Abel, Cláudio...
-Acho que o cartão de visitas deu aquele empurrãozinho básico.
-Saiu de casa porque quis?
-Basicamente sim. Não havia muitos horizontes pra mim se continuasse morando por lá. Não suportava ter de dar satisfação ao povinho fofoqueiro...
Por ser um homem de porte chamativo, espalhavam o falso boato de que Flavio era homossexual.
-E isso me enoja. Eu fico com mulheres sim, mas já passei da fase de balada.
-Ta brincando? Você mesmo diz que sente falta de sair... – o retruquei
-E pra que se estou onde e com quem deveria estar.
-Por que não se cala? Melhor não dizer nada que depois vá se arrepender.
-Você tem cara de ter sido bem maltratada pela vida.
-Não. Apenas mais uma que aprendeu com a vida.
-E se eu te dissesse que você ainda pode se surpreender com a vida?
-Foi só um beijo. Não se empolgue.
-Pra mim não foi só um beijo. – Flavio encaixou meus braços contornando seu desnudo peitoral
-A gente não devia passar disso. – afastei-me um pouco - Lá fora o povo sempre presume que os casais se unem para garantir imunidade no jogo e isso pode arruinar bastante sua imagem, isto é, se o prêmio realmente é o que o prende aqui.
-Em partes é sim, mas eu to sentindo algo diferente por você.
Sem acesso a televisão, rádio, relógio e telefone, perdia-se completamente a noção de tempo. Só se sabia quando era dia ou noite. Pequenos sentimentos tornavam-se prioridades, o que fazia de um dia um ano inteiro, possivelmente.
Só tínhamos uns aos outros e esporádicos contatos com o diretor da atração através do microfone, mais sagrado que o alimento pelo qual agradecia em todas as refeições.
-Você não quer ganhar o prêmio?
-Pode soar falso, mas eu trocaria os 500 mil para que minha melhor amiga me perdoasse.
E era a única verdade da qual nunca me esqueceria.
Som: Keep it turned on – Rick Astley.
Fernanda assinou o pay per view do reality show para assistir e mesmo que diante de todos afirme detestar Lalinha, chora às escondidas ao ouvir a última frase da (ex) amiga.
-Como pode um homem conseguir estremecer uma grande amizade? – abraça a almofada do sofá – Sinto raiva por você ter entrado por primeiro na vida de Abel e por amá-lo a ponto de te excluir da minha vida...
-Chorando, Fernanda? – Gilberto aparece na sala e pelo cheiro de perfume irá sair de casa
-Eu não, pai.
-Você deveria perdoar a Laly.
-Não posso.
-Não pode por causa de Abel? – Gilberto se senta ao lado da filha
-Não posso porque... Porque... – despreparada - Não posso...
-Se Abel realmente tivesse algum interesse em você, daria sinal de vida.
-Ele está muito ocupado com esses casos aí que surgiram.
-Desculpas. Quem quer sempre encontra um meio de falar, demonstrar, sanar a ausência. Quem não tem interesse, mas também não quer se desfazer – até porque é cômodo ter alguém para estar junto sempre encontra essas frasezinhas ridículas e o que você ganha com isso? Insônia, angústia, culpa, dor de cabeça e mais dúvidas, estas que só a matam aos poucos ao invés de trazer a plenitude da qual você tanto sonha em sentir.
-As pessoas são diferentes, pai. Cada um tem seu jeito de amar. Abel me ama, tanto que não procurou Laly para estar comigo...
-E que jeito bizarro esse, hein? Deixa a namorada sozinha, liga só quando quer, se diverte e vaza. Muita molecagem para um homem que já passou dos 30, comanda noticiário e diz passar credibilidade. Eu ainda sou seu pai, Fernanda e como homem, darei um bom conselho: parte pra outra. Você pensa que está amando, mas está só se machucando, sofrendo, desperdiçando juventude confundindo sentimentos. O amor verdadeiro vai chegar pra você, mas quando você se desapegar desses passadismos.
-E se nunca chegar?
-Chega... O amor sempre chega...
Flavio está sentado na bancada da cozinha admirando Laly preparar comida.
Som: Fields of gold – Sting.
Mayra, apesar de ter visto Laly sofrer por conta do desprezo de Edílson, também não acredita que o pai de Laly tenha atentado contra a vida de Gustavo. Iury está falando ao celular com ela.
-Nilton não quis conversar e Edílson por ser de condição muito simples não tem como procurar um advogado. A maioria dos que conheço está de férias fora do país e os poucos que tem se negam a entrar na causa.
-Talvez eu possa ajuda-lo. Não vou criar expectativas, mas conheço um bom e correto advogado que pode trabalhar para Edílson. Depois, com calma, conversamos sobre os honorários.
-Pode me passar o número para entrar em contato com ele?
Na redação Abel acompanha as últimas informações a respeito do Caso Gustavo e assim como May e Iury também crê na inocência de Edílson, ainda que metade de seus colegas o deboche e a polícia também o faça.
-Está o defendendo por ele ser pai da tal Lalinha, não?
-Não por essa razão, colega. Não é a primeira vez que a mídia se intromete nas investigações de crimes, sensacionaliza e coloca atrás das grades por exercer forte influência na perícia e na população. Como jornalista minha obrigação acima de tudo é informar. Por ocupar o cargo de editor-chefe da 1ª Edição do Toda Poderosa News, se for preciso, eu mesmo irei acompanhar o caso e tentar, na minha limitação de profissional, só levar ao ar fatos concretos, não fantasias.
O editorial de Abel impressiona e divide opiniões, embora Edílson continue preso e com o futuro incerto, ou melhor, muito mais do que evidente: não terá liberdade até o dia do julgamento, isso, se houver alguma chance de ter sua inocência provada antes disso.
Edilson conviveu com Eleonora por muito mais de 20 anos e sempre considerou ser um homem bem casado, embora as lembranças do romance adolescente com Ingrid jamais tenham sido esquecidas. Uma fuga gerou Laly.
Som: Angel – Jon Secada.
Pepo está conversando com May ao telefone.
-Pablo é seu namorado?
-Sim...
-Ele vai ser meu padrasto?
-Pablo quer, mas depende da justiça.
-Eu não quero que papai e Naira tenham mais filhos.
-Eu desejo que Nilton tenha muitos filhos com Naira.
-Não sei por que diz isso. Papai só xinga você. Deveria desejar que um caminhão o atropelasse.
-PEPO, VENHA JANTAR... – Naira avisa aos gritos
Pepo não escuta e continua conversando com Mayra.
-Você é boa demais, mãe.
-NÃO TA OUVINDO NÃO, PEPO? – berra Nilton – NAIRA ACABOU DE TE CHAMAR... VAMOS PRECISAR REPETIR?
-Mãe, eu vou ter de falar com o juiz? Porque se tiver eu vou pedir pra ficar com você. Naira é legal, mas não é como você.
-Com quem você pensa que ta falando? – Nilton tira o celular de Pepo
-Pai?
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