O grande herói! (IMPERDÍVEL!)
-A casa ta pegando fogo? – Lílian grita
-Infelizmente sim.
Os comparsas de Eleonora alteraram toda a fiação de residência de forma que esta não suportasse nem mesmo um simples banho. O incêndio só não teve início antes porque ninguém tomou banho antes de Fernanda.
-Mas como o fogo começou? – Abel tenta amparar Fernanda
-Eu não sei. Quando eu liguei o chuveiro houve um estouro e bum, começou a pegar fogo.
Gilberto tem um peculiar costume de não conseguir dormir enquanto todos não estiverem em casa, ou seja, está em um quartinho no andar de baixo revelando negativos antigos, pois mesmo com a chegada da inovadora câmera digital, o patriarca da família Gallardo ainda gosta muito de revelar as fotografias como se fazia antigamente. Ele sente um cheiro estranho de fumaça.
-Que estranho. Será que é algum fio queimado?
Enquanto isso, na sala da casa o desespero é total.
- Vamos todos morrer. –Rafa berra
-Não fala assim... – Pepo retruca amedrontado
-Não ta vendo que a casa ta pegando fogo? – Rafa grita com o amigo
-Acalmem-se crianças, por favor. – Abel apazigua a situação
-Não ta vendo que a gente vai morrer? – Yasmin abraça o irmão
-Não vão. Não vão. – Abel abre a porta – Vão para fora.
-E o vô? E a Fernanda?
-Eu não saio sem o pai. – Fernanda protesta
-A gente não tem muito tempo a nosso favor. Eu me responsabilizo pelo Gilberto. Vá com as crianças.
Yasmin corre com Rafael até a porta.
-Se a Fernanda ficar, eu fico também. – Lilian cruza os braços e bate os pés
-Vá, Lílian.
-Sem você eu não vou, tia.
-Vá com seus amiguinhos.
Abel, instintivamente, apanha o celular do bolso e disca imediatamente a polícia e aos bombeiros, porém, por causa dos inúmeros trotes que as corporações sofrem, demoram a crer nas palavras de Abel.
-É bem capaz que um homem do meu tamanho perderia tempo passando trote. – grita – Pessoas importantes estão correndo risco de vida.
Fernanda conduz as crianças para fora de casa, mas estão todos chorando por causa de Gilberto, que está dormindo e ainda não sabe de nada.
Som de suspense...
Rindo, Eleonora brinda com seus comparsas.
-Enfim fez algo que preste.
-Satisfeita?
-Com os Gallardo mortos, só faltam 2 da minha lista, aí eu poderei ser feliz.
-E quem são? – pergunta o mascarado
-Você saberá. – bebe o resto de champanhe – No momento certo você saberá.
-Gostaria de saber agora... – o homem beija o pescoço de Eleonora, que se excita com o comportamento do homem – Conte-me tudo. – tenta agarrar Eleonora
-Por favor, não me toque com essas mãos imundas. – Eleonora empurra o comparsa no chão – Eu não te dei autorização para isso.
-Me falta muito para ser Gustavo?
-Nascer de novo.
Enquanto isso os bombeiros demoram a chegar e o fogo toma maiores proporções, ameaçando a vida de Gilberto.
-MEU VÔ VAI MORRER... – Lílian está tão desesperada que chora alto e Fernanda a abraça telefonando para May
-Amiga? – insiste – Amiga?
May, mesmo extremamente cansada, estica um braço e aperta o botão do viva – voz de seu telefone de cabeceira.
-Alô?
-Desculpa te acordar assim, May, mas ta acontecendo uma tragédia.
-O ABEL NÃO SAIU DE DENTRO DA CASA... – avisa Pepo
-MEU DEUS... – as meninas gritam abraçando Fernanda
May avisa a mãe acerca do incêndio.
-Gilberto e Abel estão dentro da casa.
-Como foi pegar fogo?
-Eu sei lá, mãe. Ta todo mundo desesperado.
May coloca um sobretudo e sai com o baby doll por baixo para amparar Fernanda.
-Vou junto com você. – Emília coloca um casaco e sai de camisola com a filha
-Não conseguiria dormir sabendo que minha melhor amiga está desesperada. – May e Emília saem de casa abraçadas e rezando muito
Cybele consegue escapar do incêndio porque precisou fazer hora extra, ou seja, ainda não havia voltado para casa, mas Abel está aflito porque Gilberto está procurando as crianças para salvá-las e os bombeiros não querem permitir a entrada do jornalista.
-Os bombeiros somos nós. – o chefe da operação avisa
-E vai deixar o meu pai morrer carbonizado?
O bombeiro nada responde e Abel tenta entrar na residência em chamas, porém é repelido por outros dois homens, mas dá cotoveladas neles e entra correndo procurando por Gilberto.
Desesperada, Fernanda se ajoelha ao gramado e as crianças também porque consideram o fato como a morte de Abel e Gilberto. Os bombeiros estão incrédulos, mas continuam tentando controlar a propagação das chamas.
Os vizinhos estão amontoados espiando a atípica movimentação, fofocando. Quando May chega, Pepo corre abraça-la aos prantos e Mayra se agacha para ficar da mesma altura do filho.
-Meu anjo...
-O vô morreu...
-Não fala isso.
Cybele chega e encontra os filhos chorando com Fernanda.
-GILBERTO... – vai abraçar as crianças
-Ele não escapou... – Rafa e Yasmin avisam aos prantos
-NÃO... ISSO NÃO É VERDADE...
-Infelizmente é... – Fernanda assente com a cabeça
Quando a porta de trás é arrombada, ainda flamejando, quem sai é Abel com Gilberto no colo, intoxicado pela fumaça. Até os bombeiros são obrigados a reconhecer que nenhum deles faria o que Abel se encorajou e fez, colocando a própria vida em risco para salvar seu amigo.
-Temos um herói entre nós.
-Gilberto, com certeza. – Abel coloca Gilberto no gramado – O herói está desacordado.
Gilberto é levado para o pronto-socorro e May convida todos a pousar na casa dela com Emília. Abel, Cybele e Fernanda vão ao hospital acompanhar Gilberto.
-As crianças ficarão seguras comigo. – May avisa – Podem ir em paz e mandem notícias.
Gilberto é examinado e Cybele permanece ao seu lado segurando em suas mãos, chorando baixinho.
-Por tão pouco...
-Eu estou bem, minha querida. E as crianças?
-May está cuidando delas. O pior já passou.
-Se não fosse Abel. O homem é um herói, tem um grande coração. – se emociona – Outro me deixaria morrer.
-Eu morreria por você, Gilberto.
-Quando eu partir você vai encontrar outro amor.
-Como você, nunca mais. – Cybele beija as mãos de Gilberto que acariciam seu rosto – Me promete uma coisa?
-O que você quiser... – o casal dá um selinho – Diga o que você quiser, meu amor.
-Me promete que não vai falar sobre essas coisas que me deixam triste...
-Se isso a deixa triste, não falo mais. – eles se beijam
Som: Tarzan Boy – Baltimora.
Abel pagou um lanche para Fernanda em uma cafeteria e como eles não dormiram, estão cansados e muito famintos. Abel come pão de queijo e bebe um copo enorme de café com leite. Fernanda toma achocolatado com rocambole.
-Não sei como te agradecer por ter salvado meu pai.
-Só esse sorriso fotográfico já vale meu dia, miss. – acaricia as mãos dela já que estão sentados de frente um para o outro perto da janela
-Sem meu pai a família Gallardo não existe. – os olhos de Fernanda estão marejando
-Gilberto é um herói.
-De todos nós.
-Mas não chore. – Abel se levanta e abraça Fernanda a deixando chorar em seu ombro
-Eu senti tanto medo de perder meu pai ontem...
-Já passou, já passou... Ta tudo bem agora...
-É sério...
-Eu sei. – afaga a cabeça de Fer e arrasta uma cadeira para sentar-se ao lado dela
-Se eu perder meu pai não terei ninguém por mim no mundo. Sem ele Lílian e eu estaremos largadas por aí...
-Não mais. Não enquanto eu estiver aqui.
-Um dia você vai se esquecer da gente.
-Eu não vou me esquecer de quem mudou minha vida, Fernanda. Eu não viro o coxo, não sou um ingrato. – apanha um lenço para acalmar Fer - Bens materiais são possíveis de serem recuperados. TV, rádio, computador, celular são descartáveis, mas as pessoas que amamos são insubstituíveis. O importante é que todos vocês estão sãos e salvos, escaparam ilesos e Ele é quem me salvou, mas eu gosto de ser bombeiro nas horas vagas.
-Sim, eu sei... – Fernanda assente com a cabeça e ri
-Eu não vou abandonar vocês. Eu sei que muitas pessoas já devem ter dito a você que jamais sairiam de perto e quando realmente deveriam provar, deixaram-na sozinha, mas eu não. Eu sou diferente e olha, se você não parar de chorar eu vou cantar, hein?
-Não, não, eu já estou bem... – Fernanda deixa escapar uma leve e sonora risada
Som de suspense...
Eleonora sintoniza uma rádio de notícias para saber se o incêndio foi grave.
-Agora vamos saber da morte dos Gallardo. Finja surpresa, Eleonora. Finja surpresa...
-Um grave incêndio atingiu uma residência em um pacato bairro daqui de Guaratuba...
Eleonora gargalha diabolicamente enquanto toma café na cama e com a bandeja em seu colo.
-Segundo as primeiras informações cedidas pelo Corpo de Bombeiros, apesar do dano material, ninguém se feriu.
O sorriso de Eleonora se desfaz.
-NENHUMA VÍTIMA?
Som: Angel – Jon Secada.
Emília e Mayra deixaram as crianças dormirem um pouco mais enquanto preparam o café da manhã.
-Esse Abel tem me surpreendido muito, até mais que Iury.
-Gosto muito de Iury, sei que ele tem um bom coração, mas decepcionou muito como homem. – May admite – Sinceramente, como melhor amiga de Laly acho que ela está sem enganando ao ficar com Flávio. – coloca várias xícaras e cumbucas em cima da mesa redonda
-Acho que não é só você. Eu também acho isso. Só não entendo por que ele e Laly não conseguem ficar juntos. – Emília está coando o café
-Eu muito menos...
May sente um repentino enjoo e corre até o banheiro. Emília estranha à conduta da filha caçula e a questiona quando retorna.
-Que foi isso, Mayra?
-Nada, mãe. – May está pálida
-Não me diga que ta virando aquelas moças que vomitam depois que comem?
-Sai pra lá, mãe. – May se senta - Faz dias que estou sentindo esses enjoos.
-Deveria ir ao médico.
-Pra que? Nem deve ser nada demais...
-Não me diga que tem a ver com o Pablo?
-Ai, mãe, credo! Pablo e eu ainda estamos só namorando...
-Mas sabe que o namorar de hoje é diferente de antigamente.
-Manhê...
-Mayra...
-Pepo não pode saber.
-Saber do que, mamãe? – Pepo ainda se espreguiçando, chega à cozinha
-Saber que iremos passar uns dias juntos.
-Não foi sobre isso que estava falando. Eu li numa revista que quando a moça fica muito enjoada é porque vai ter bebê.
E é verdade: Mayra está grávida de 6 semanas.
-Isso quer dizer que terei um irmãozinho no final do ano?
Nem Emília imaginava que Pepo fosse esperto a esse ponto.
-Pe-Pepo. – May está sem palavras – Co-como assim?
-Esse filho é do Pablo? Ele será meu meio-irmão?
-Nilton Henrique Sanches Lopes Neto. – Emília repreende o neto o chamando pelo nome completo
-MAY VAI TER UM BEBÊ? – Lílian começa a pular e Yasmin faz o mesmo, ambas indo abraçar May, ainda sem reação
-E o que diz disso, Pablo? – pergunta Yasmin – O que acha de saber que será papai?
Pablo, sorrindo, olha para Mayra...





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