O dia que nunca deveria ter nascido! (IMPERDÍVEL!)
Mayra está sob os cuidados de Gilberto. Acabou de receber a notícia de que Nilton sofreu um grave acidente enquanto fugia da polícia.
-Tudo que poderia ser resolvido na conversa. Nilton precisava mesmo ser castigado. Mais do que o aconselhamos, impossível. Deus é testemunha do quanto tentamos alertá-lo, acalmá-lo, trazê-lo de volta a sanidade, mas ele traçou seu próprio destino.
-E por acaso Pepo precisava sofrer? - Gilberto abraça Mayra
-Por enquanto são apenas rumores. Vamos ao hospital porque apenas os médicos poderão nos dizer a verdade...
Som: Prazer e luz – Luciana Mello.
Lílian, Yasmin e Bruna estão pintando na aula de Artes e a neta de Gilberto admite estar com um mau pressentimento.
-Sabem quando um dia te parece estranho?
-Estranho como? – Bruna pergunta
-Não sei. Parece que tem algo de errado, que algo vai acontecer e eu não vou poder impedir.
-Você ta bem, Lílian? – pergunta Yasmin
-Acho que estou, mas sinto um aperto no peito, uma coisa esquisita, como se fosse uma dor, mas não estou doente. Não sei dizer porque é a primeira vez que me sinto assim.
-Isso se chama mau presságio.
-Você já teve?
-Não, mas minha mãe sim. Foi quando meu tio morreu. – Bruna comenta
-Ai, morte não. – Lílian bate 3 vezes na madeira – Deus que me livre perder alguém assim. Ai não...
Som: Angel – Jon Secada.
Emília fechou o salão por tempo indeterminado e uma professora substituta fará as vezes de Naira.
-Mae... – Naira abraça Emília – MÃE...
Emília gostaria de poder consolar a filha, mas sabe que nada que dirá confortará e realmente não tem nada a dizer, a não ser prestar apoio a ambas as filhas.
-Nunca imaginei que um simples homem desencadearia tamanha tragédia em nossas famílias.
-Eu não devia ter saído do convento. – Naira se senta ao lado da mãe na sala de espera do hospital
-Mas saiu e não deve se arrepender. Se você seguiu sua intenção, fez o que considerava certo. Se Nilton perdeu o juízo, agora acertará suas contas, mas ainda assim apesar de tudo não consigo odiá-lo, querer seu mal.
-Nilton sempre foi um bom homem. Não sei por que se envaideceu tanto se nada ganhou com isso.
-Perdeu o que tinha de melhor.
Pepo escapou ileso do acidente, mas devido ao trauma está sedado para que se acalme. Já o estado de Nilton é gravíssimo, pois o primo de Iury sofreu traumatismo craniano, perdeu massa encefálica e teve sorte de sobreviver porque foi resgatado a tempo, mas está em coma induzido.
-Nilton não merecia isso... – Mayra não consegue parar de chorar, principalmente quando Pablo chega ao hospital
-May? – May se joga nos braços de Pablo, que a conforta – Eu sei... – afaga os cabelos dela – Eu to aqui, meu amor. Eu to aqui...
Se Nilton sobreviver, se tornará um vegetal. A notícia choca até mesmo a Abel, normalmente racional.
-Isso sim eu chamo de uma grande tragédia.
-Teremos notícia para muito tempo. – comemora um colega
-Quanta frieza, meu colega. Não desejo a ninguém o que aconteceu com essa família. Vou respeitar a dor de todos, por isso não quero que usem essa desgraça para conseguir audiência. Nós somos uma emissora de respeito, lideramos o ibope, temos credibilidade e podemos conseguir boas pautas para nossos noticiários sem precisar esmiuçar a dor dos outros e criar fantasias para sermos o que somos. Meu desejo é que pelo menos o filho consiga superar esse momento difícil e é pela criança que lamento, por esse garoto que desde tão cedo não é poupado da dor.
Abel se lembra de que perdeu os pais aos 8 anos de idade.
-Você ta indo embora, pai?
-Eu volto, meu filho. – o pai de Abel agachou-se para ficar do tamanho do filho – Algum dia eu volto.
-Eu quero ir com você. – Abel, aos 8 anos, chorou
-Não pode vir comigo.
-Não pode deixar mamãe e eu sozinhos.
-Eu voltarei. – sorriu, caminhou em direção à porta e jamais voltou
A mãe morreu de tristeza algum tempo depois e por não ter parentes, Abel foi transferido para lares de adoção, convivendo com diferentes tipos de família, depositando no estudo sua esperança de ser alguém na vida.
Som: Trouble – Coldplay.
Nenhuma melhora no estado de Nilton. Iury é obrigado a manter afastamento emocional, pois é um dos médicos responsáveis por monitorar Nilton noite e dia.
-Puxa vida, meu primo, você podia ter evitado tudo isso.
Iury se lembra do quanto era feliz na infância, das brincadeiras, conversas, dos Natais juntos, adolescência em parceria e até mesmo recentes momentos.
-Esse não é meu Nilton. Não, não é meu primo! – acaba derramando uma lágrima já enxugada – Você tinha tudo, primão. Você tinha uma esposa maravilhosa, um filho e eu mal sequer posso chamar Lílian de filha e você sempre teve tudo, mas jogou sua sorte no lixo. Não recrimino que tenha escolhido ficar com Naira, até porque amor não escolhe, não se força, mas não precisava ter causado todo esse transtorno. – a voz embargada preenche o recinto – Olha só, Nilton! Em plena segunda-feira todos reunidos aqui no hospital e acredite, todos estão intercedendo por sua recuperação. Eu queria muito que você fosse o homem forte de sempre e saísse desse coma, dessa cama e fosse homem de verdade para conseguir o perdão de May. Você a magoou demais...
O silêncio toma conta da sala de espera. Todos estão reunidos por um triste motivo e os minutos ganham a projeção de horas que lentamente se arrastam como se nelas carregassem todo peso de um mundo que pode chegar ao fim para alguém a qualquer momento.
Som de suspense...
Eleonora, vestida de médica, desce do carro e pelo vidro retrovisor confere se não há ninguém a espiá-la.
-É hoje, Leka. – se admira pelo espelho – É hoje... Até que estou linda como essa fantasia. Linda e como o diabo gosta.
Eleonora desce do automóvel, o trava e caminha com graça, como se fosse mesmo uma profissional, entrando no hospital sem ser reconhecida, até mesmo acenando para os verdadeiros profissionais.
-Boa tarde.
Eleonora entra em um elevador especial, se admira novamente, tira do bolso do jaleco vários vidrinhos com substâncias venenosas e ri porque pretende causar estragos com suas novas maldades.
-Hoje eu levo alguém para o inferno...
E ao caminhar pela sala de espera, cumprimenta os Gallardo como se fossem seus velhos amigos.
-Boa tarde! Melhoras ao parente!
-É o que todos esperamos... – Gilberto assente com a cabeça
-Essa médica é feia que nem a Eleonora. – Lílian comenta espontaneamente
-Olhe os modos, Lílian. – repreende o avô
-Tem cara de bruxa igualzinho...
-Estamos em um hospital, se não sabe.
Lílian se encolhe chateada no banco e a mesma dor que relatou as amigas volta a acometê-la.
Eleonora soube do estado de Nilton e pretende assustar Iury também, por isso troca o soro de outro paciente por acetona e pelos prontuários escolhe as vítimas e uma delas atrai Eleonora.
-Tudo sairá perfeito, Eleonora. – relê o prontuário
Som: Never can say goodbye – Jackson 5.
Gilberto olha as horas e espera sua vez para doar sangue. Faz isso sempre que goza de boas condições de saúde.
-Vô, posso fazer uma pergunta?
-Quantas você quiser.
-Vem cá, o senhor não sente dor quando aquelas agulhonas encostam-se ao teu braço?
-Sara rapidinho.
-Sente dor?
-Já senti dores maiores.
-Não vale trapacear, hein?
-É sério... Eu já me acostumei...
-Ouvi dizer na tv que as pessoas que tem boa saúde deveriam doar sangue. O Abel disse no jornal que quem doa sangue está salvando uma vida. Isso é verdade?
-É...
-Até que o baixinho não é tão mentiroso.
-Às vezes a vida te testa, Lílian. Muitas vezes mentiras são contadas para se proteger alguém. É claro que alguns perdem os limites aceitáveis e enlouquecem, usam o artifício para fins maléficos, mas Abel é uma boa pessoa que teve a infelicidade de trilhar caminhos errados. Ele mentiu, aprontou, porém eu vejo alguém que precisa de ajuda, alguém que ainda precisa se encontrar...
-Hummm... Abel até que é legal... – sorri - Então isso quer dizer que doando sangue você vai salvar alguém?
-Sim, minha querida.
-Posso fazer isso também?
-Só quando completar 18 anos e pesar mais de 50 kg.
-Falta muito tempo.
-Quando vir já terá 18.
-Ainda falta muito... – bufa e Gilberto a coloca em seu colo
-Tudo no seu tempo, criança! – Gilberto beija o rosto da neta, a coloca sentada em seu lugar e acena sorrindo
Eleonora, apressada, passa novamente pela sala de espera onde Lílian está sozinha (os outros foram lanchar) e acena rapidamente.
-Olá, garotinha!
-Olá uma ova... Eu nem te conheço... – pensa a garotinha
Fernanda chega em seguida e se senta ao lado da sobrinha.
-Nenhuma novidade?
-Não. – pausa – A Eleonora era médica?
-Eleonora se tiver o primário é muito. Por que?
-Porque eu vi uma médica igualzinha a Eleonora e duas vezes hoje.
-Coincidência...
-Mas que era parecida, era.
Som de suspense...
Eleonora, rindo, faz uma limpa no carro para que as provas do crime sejam todas destruídas.
-Assim só me falta uma pessoa da lista...
Som: Yesterday once more – The Carpenters.
Laly é convidada a entrar no confessionário onde recebe uma notícia que a deixa aos prantos. Ao sair, arruma as malas com pressa. Flavio, sentado na cama, não entende a aflição da namorada.
-Que houve, Lalinha? Te expulsaram?
-Não...
-Então por que vai sair se não está no caldeirão? – tenta abraça-la – Por que chora? – envolve seus braços em volta da cintura de Laly – Pode ao menos me dizer o que houve? Por que vai embora?
-Sinto muito, Flavio, mas preciso ir. Não posso mais ficar.
-Pode sim. Se eu te fiz alguma coisa, me diga o que é.
-Você não fez nada. – Lalinha termina de arrumar as malas – Só sei que preciso ir, Flavio. Não complique as coisas, por favor...
-Vou ficar sozinho? – os olhos de Flavio enchem-se de lágrimas
-Você não está sozinho.
-Sem você eu vou ficar.
-Adeus... – Laly e Flavio se beijam pela última vez
-Você foi a melhor coisa que me aconteceu. Espero que nunca se esqueça disso.
Laly, chorando, caminha em direção ao jardim e passa pela cozinha onde os outros confinados se alimentam, acena e sai pela porta. Comovidos, os participantes ainda incrédulos seguem a jornalista. Chorando, Flavio tenta impedir a amada de ir, mas não consegue.
Lembram-se da Daniela, a prima dentista de Laly? Pois bem, Dani acabou se apaixonando pelo pai do Evandro, seu namorado sem saber que ele viria a ser um prestigiado diretor da Toda Poderosa.
Abílio nunca aceitou o relacionamento e a expulsou de casa. Dani abandonou a odontologia para seguir carreira artística e modificou tanto seu visual que Lalinha sequer a reconheceu. O plantão do programa mobiliza muitos telespectadores que estão profundamente emocionados e surpresos com a reação de Laly.
Laly está chorando tanto que mal consegue respirar e é como se tivessem mesmo lhe roubado o ar, como se não acreditasse na informação que recebeu, como se seu mundo tivesse acabado. A apresentadora do reality pela primeira vez aparece aos leitores.
-Gilberto Gallardo não chegou a ser um dos participantes, mas tornou-se inesquecível para nós.
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