Desaparecido! (BOMBA!)
Verdadeiros policiais entram na emissora para descobrir o paradeiro de Abel e os seguranças da guarita avisam que foram rendidos, o que leva a crer que o jornalista pode estar morto.
No programa Marta, a apresentadora recebe em seu estúdio um rapaz que está mascarado e tem a voz manipulada pelos editores de áudio.
-Eu tenho um grande segredo.
-E qual é esse segredo? O público de casa quer muito saber...
-Eu vou contar meu segredo. Posso?
-É pra isso que está aqui... – a câmera 3 foca o rosto de Marta – Esse caso é inédito na televisão brasileira. Você vai se arrepiar...
-Ela sempre diz isso. – Juan e Álvaro são fãs da ‘Marta’ e estão adorando assistir sem Grazi os flagrar
-E sempre termina o programa antes. – retruca o pequeno
-Silêncio, né? Querem ouvir o segredo, não querem?
-Telespectador, pare tudo que estiver fazendo. – a apresentadora fita a câmera com muita convicção – Sente-se no sofá e pare imediatamente o que estiver fazendo. Este segredo vai abalar o Brasil. Mascarado, conte seu segredo ao público de casa...
-Marta, meu grande é segredo é...
A vinheta do plantão da Toda Poderosa interrompe a atração e apanha Lílian de surpresa. As mãos da menina chegam a tremer.
-Esse plantão sempre me assusta. – reclama Lílian
-Porque é uma medrosa. – caçoa Juan, ainda que tenha muito medo da vinheta
-Interrompemos nossa programação normal para...
O âncora de São Paulo entra no ar no estúdio em chroma key com o imponente logo do plantão, este, que quando é veiculado, faz todos pararem o que estiverem fazendo para acompanhar. Provavelmente o programa Marta não retornará mais.
-Por que os plantões sempre estragam a melhor parte do programa? – retruca Lílian
-Abel Santiago pode estar morto.
-O sagui? – Lílian aumenta o volume
Uma foto de Abel frente à bancada do Toda Poderosa News é mostrada ao público e o paradeiro do jornalista ainda é desconhecido, embora a descrição de testemunhas dê a entender que este foi rendido por dois homens fortes, altos e fazendo uso de capuzes.
-As primeiras informações da polícia são de que Abel Santiago, 35 anos, jornalista contratado da Toda Poderosa há mais de 2 meses, tenha sido rendido e executado em um matagal a 30 km de Guaratuba, segundo testemunhas...
Laly que estava preparando chá enquanto Fernanda está esparramada no sofá da sala.
-Isso não podia ter acontecido com Abel. Ele não merecia isso.
Laly vai até a sala.
-O que estão falando do Abel?
-Ele está morto, Lalinha! Ele está morto!
-Abel não estaria morto. Foi preso.
-Eles não eram policiais... Saber-me Deus para onde levaram e o que fizeram com Abel...
Laly entra em contato com Celso, com todos os amigos criminalistas e ninguém nem mesmo pode dar um parecer concreto do que aconteceu com Abel.
Som: Como tudo deve ser – Charlie Brown Jr.
Lílian está chorando muito em frente ao televisor enquanto o âncora do plantão conversa com peritos a respeito do caso Abel.
-Primeiro meu vô, agora o Abel. A morte ta com tudo esse ano.
-Nem sei porque ta chorando. Nem o conhecia. – retruca Álvaro
-Conhecia sim e não é da tua conta...
Som: Take a bow – Madonna.
Laly recusa um jantar com Flavio.
-Por que, Laly? Tem alguma ligação com Abel?
-Por favor, Flavio. Não seja infantil.
-Você é quem está sendo.
-Hoje, excepcionalmente, estou a fim de ficar sozinha. Pode respeitar?
-Adoraria que jantássemos juntos.
-Estou sem apetite.
-Se fosse para ficar enfornado em casa, teria ficado no reality.
-Então por que não ficou? Eu não te obriguei a sair.
-Eu saí porque quis.
-Então não me culpe por isso.
-Não acredito que estamos discutindo por besteira.
-Se acertar os pontos significa besteira pra você, sinto muito, mas eu passei a vida toda fazendo o que as pessoas queriam, então chegou a hora de pensar um pouco mais em mim, o que não é egoísmo, mas amor próprio, afinal vivi sozinha por toda a vida.
Flavio sai sozinho. Fernanda estranha o repentino afastamento do casal e enquanto prepara pipoca de micro-ondas, aborda Laly.
-Que houve, amiga?
-Nada demais. Flavio e eu não sairemos juntos.
-Por que não para de se enganar e diz que ama o Abel de uma vez por todos? Você sempre me diz para não ter medo do amor, mas quem tem é você.
-Só estou chateada pela morte do Abel. Ele não merecia...
-Claro que não, né? Mas eu não acho que você o esqueceu assim tão facilmente como diz.
-Acho que foi você quem não o esqueceu.
-Já passamos da 4ª série pra ficar discutindo quem gosta de quem, né? – Laly apanha o molho de chaves do aparador – Eu vou dar uma voltinha pra arejar um pouco as ideias, mas volto...
Laly sai de casa.
-Orgulhosa. – suspira Fernanda enquanto abre o pacote de pipoca
Som: Every man must have a dream – Liverpool Express.
Iury termina seu turno do hospital e está entrando no estacionamento. Ao encontrar seu carro, uma desagradável surpresa: a lataria está totalmente arranhada.
-Vândalos filhos da mãe.
Iury se choca quando descobre que seu automóvel foi invadido e o que é pior: Eleonora, sentada no capô do veículo ao lado, ri.
-Não deveria mexer nas provas do crime.
-Que crime?
Som de suspense...
-As evidências mais fortes são de vingança. Abel Santiago foi o pivô do fim do relacionamento entre Iury Saciotti e Laly Moraes, mais conhecida como Judy Pankekinha. – narra o jornalista sensacionalista de uma emissora rival da Toda Poderosa – Ciúmes... Até onde pode chegar o ciúme de uma pessoa?
Grazielle e Gabriel raramente acompanham crimes pela tv, mas por este ter repercutido a ponto de ser nacionalmente mencionado, o casal acompanha os rumores e fatos envolvendo o desaparecimento de Abel Santiago.
-Como essa mídia fantasia. Pegam um parágrafo e transformam numa novela que com certeza durará alguns meses...
-Chega a ser chato. – Lílian admite – Apesar de que eu gostava muito do Abel.
-O conhecia?
-Só se eu não morasse em Guaratuba pra não conhecer. Ele é o amor da vida da Lalinha, só a chama, perdão, chamava de leoa.
-O Iury jamais faria isso. Ele é uma boa pessoa. – Gabriel admite – Não foi o melhor marido para Aimée... – Grazi tenta frear as palavras do marido com olhares e só então ele faz silêncio
-Iury e minha mãe jamais seriam felizes. Acho que no céu pelo menos ela tem a vó e o vô. Qualquer um sabia que ele amava a Lalinha...
Grazielle não imagina que Lílian seja tão esperta para a idade. Não nega que isso a surpreende.
-Então sabe...?
-Só se eu morasse em Marte pra não saber.
-E como se sente?
-Ué, normal. Vou ficar chorando pelos cantos?
-Acabou de perder o avô e está reagindo tão bem.
-Isso não quer dizer que eu não sinta saudades. Eu choro toda vez que penso nele... Aliás, se ele estivesse aqui, muita coisa não teria acontecido. – Lílian enxuga as lágrimas
-A assessoria de imprensa do hospital onde Iury trabalha não se manifestou a respeito do caso e aguardam os laudos da perícia para quaisquer palavras. Em nota...
Som: Let it flow – Toni Braxton.
Eu posso te negar, te odiar, inventar mil formas de sofrimento, algumas letais, implicando por uma indecente redenção. Só agora me dei conta de que estou machucando apenas a mim mesma, como sempre.
Orgulhosa? Indecisa? Impulsiva?
Chega de tantas perguntas. A essa altura da vida respostas por escrito e o silêncio possuem o mesmo significado. E é mesmo...
Dirijo ruas afora, ligo o som e a melancolia me acompanha a cada semáforo, cada nova ligação falando de um amor que me parece inacessível e irreal. Sou apenas outro carro vagando, alguém que procura um caminho metáforas à parte. Procuro fugir da saudade e do próprio remorso, também escapando de um bom acerto de contas comigo mesma, ainda que o subconsciente vença novamente sem empenhar esforços.
Som: Keep it turned on – Rick Astley.
O choro de Lílian acabou comovendo Grazielle, que permitiu a sobrinha falar ao telefone, ainda que pelo último decreto esteja de castigo.
-Não chore não, Lílian. O vô vai ficar triste também.
-Sinto tanta saudade.
-Eu também. – Fernanda contém as lágrimas – Muita saudade.
-Um dia você vem me visitar, né?
Som: Angel – Jon Secada.
Naira está sentada ao lado de Pablo e Mayra nas escadarias do hospital.
-Eu não aguento mais isso. – Mayra, segurando nas mãos de Pablo, desabafa – Eu acho que vou acabar morrendo junto com Nilton. Mamãe, Pepo e eu estamos no nosso limite.
-Porque só veem o lado de vocês.
-Nilton não poderá mais amá-la, Naira. Entenda... Ele nunca mais voltará a ser o mesmo Nilton de antes.
-Milagres podem acontecer.
-Nesse caso eu presumo que não. – Pablo desconversa – Se a própria medicina já desenganou, eu acredito que Nilton pelo menos mereça descansar e além do mais com a doação de órgãos ele acabaria ajudando mais pessoas a terem a vida prolongada.
-Viu só, Naira? Pablo não é o único.
-Herege! – Naira retruca
-Pablo, por que não vamos comprar um refrigerante? – May se levanta e Pablo faz o mesmo – O ar ta pesando por aqui...
Som: Como devia estar – Capital Inicial.
-E aí, tia? Azarando muito?
Grazi e Biel não demonstram conforto, mas disfarçam sorrindo.
-Ta pegando o Fuinha? Fuin-fuin... Ta namorando, ta namorando... Essa Fernanda é safada.
-E os ETS estão te enchendo o saco?
-Não muito...
-Não minta pra mim, Lílian. Porque se estiverem...
-Bem... Sabe como é, né? – enrola uma mecha de cabelo no dedo indicador da mão desocupada – Dá pra levar.
-Eles estão aí, né?
-Sim...
Som: Por onde andei – Nando Reis.
Eu só tenho lágrimas, muitas a esconder e derramar. Eu só devo admitir antes de qualquer adendo que sou uma imatura. Nunca soube escolher e não recrimino Abel. 4 letras, quase a minha altura e dúvidas que ultrapassavam céus e infernos e que se fodam os céticos, pois o inferno de quem ama é não saber perder, ainda que nos condicionemos desde crianças a entender que muitas coisas não se explicam, mas se vivem e nem tudo (infelizmente) é como nos mais doces planos da idealização. A ruína é o concreto.
Meu Abel, como a vida pode lhe castigar assim?
Por que eu ainda penso tanto em você, nos seus beijos, em nós dois como um só coração se nós dois não existimos mais nem mesmo em nossas idealizações? Isso significa que eu ainda te amo? Isso, enfim, representa algo se o sonho acabou? Eu acho que não sei lidar com finais tristes porque a vida inteira eu sempre quis ser surpreendida no último instante e ouvir palavras que acabei dizendo a mim mesma como forma de me confortar, mas da desgraça ninguém está imune.
Essa dor comprime meu coração a ponto de finalizar meu discurso dizendo que palavras não fazem a mínima diferença agora se não existe verdade nem tempo, mas arrependimento e tão somente ele, somente você nesses pensamentos, nessa garoa fina que agoura mais um outono, mais outro outono dentro de mim também, dentro de quem perdeu talvez o que nunca me pertenceu.
Só me explique por que o amor dói tanto? Por que não pode ser mais simples?
Saí do carro porque precisava de muito ar e palavra nenhuma. Nada. Nada que me induzisse a pensar em passado, futuro ou o próprio amor, o mesmo que me fazia chorar por mais outra noite.
Eu escutei um choro. Era conhecido, poderia ser eco de meu próprio desespero, mas não era. Caminhei por entre o matagal, o mesmo que me trazia tenebrosas lembranças de muitos anos atrás. Era ali que Gustavo gostava de praticar suas maldades.
-Alguém me ajuda, por favor.
Já era muito tarde. Ninguém morava aos arredores. Era como gritar para uma multidão impassível, nenhum retorno.
-Quem é? – gritei
-Me ajuda...
-NÃO SE APROXIMA. – berrou um homem me abordando com a lanterna
-QUE É ISSO, CARA? – seu amigo gritou mais ainda
-Abel?
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