O vale-tudo entre Eleonora e Laly! (IMPERDÍVEL!)
Abel estava se expondo duplamente ao ridículo. Primeiro por beber como um rinoceronte e segundo por se arriscar a cantar.
-Eu deveria ter motivos para sorrir.
Ia começar o espetáculo...
-Isso não vai terminar bem, Fernanda. – Fuinha parece aflito
-E você acha que eu não sei disso?
-Vocês podem me explicar o que ta acontecendo? – Laly pergunta
-Se você não entende, nós muito menos...
A música que Abel escolheu foi Nos bares da cidade – Rick & Renner e mesmo o canção já tendo começado, continua falando.
-Todos vocês tem motivos para sorrir ou para beber?
Abel não consegue nem mais se equilibrar.
-Garçom ela saiu de vez
Da minha vida
E agora eu busco uma saída
Laly sai do estabelecimento. Flavio deixa os drinks em cima do balcão para acompanhar a performance do bêbado fanfarrão.
-Garçom se eu ficar
Muito chato
E der algum vexame
Pegue toda a minha
Cerveja e derrame
Abel está tão grogue que canta lendo e faz o povo rir. Fernanda e Fuinha tentam se aproximar do palquinho onde Abel está pagando mico para tirá-lo de lá. O jornalista é a piada da vez.
-Desce daí, Abel. – sussurra Fernanda – Ta pagando mico.
-Me deixem... To a fim de cantar e é isso que vou fazer...
-Abel, sai daí. Não pega bem para um diretor de jornalismo dar vexame por aí. – aconselha Fuinha tentando abraçar Abel, que se solta e continua caminhando com dificuldade – Vem com a gente, Abel. É sério.
-Eu sou apenas um qualquer
Bebendo por mulher
Nos Bares da Cidade...
Flavio solidário a Fernanda e Fuinha auxilia os amigos a tirar Abel do palco.
-Você bebeu demais por hoje. Chega! – Fernanda dá uma bronca em Abel – Que chato! Vai acordar com uma dor de cabeça daquelas...
-Não me importo.
-Claro que se importa.
-Esse cara bebeu além da conta, né? – Flavio se inteira do assunto
-Além da conta é pouco. – esclarece Fuinha, indo pagar a conta enquanto Flavio e Fernanda conduzem Abel até o carro
Laly está parada em frente ao automóvel quando vê Abel saindo carregado do barzinho.
-Tava demorando...
Quem entra no local não deixa de observar Abel cambaleando e cantando alto sem ritmo nenhum enquanto Fernanda e Flavio tentam acalmar o amigo.
- Derrama cerveja derrama
Derrama a tristeza
Do meu coração
Que essa angustia
É uma bebida
Misturada batida
Com a solidão
-Chega, Abel! Por hoje deu. – Fernanda repreende o amigo
Abel reconhece Laly e tenta abraça-la, mas para não causar mais mal estar, Flavio e Fernanda conduzem Abel até o veículo do jornalista. Quem irá dirigir é Fernanda.
-Você não dirige nem por um minuto, ainda mais nesse estado.
-Eu posso dirigir. To muito bem, isso sim...
Som: Every man must have a dream – Liverpool Express.
Iury está sentado em um banco próximo à capela. Mayra, que saiu para tomar um ar, encontra o amigo sozinho e se senta ao lado dele para fazer companhia.
Por ser muito afetuosa com quem ama, May coloca os braços em volta dos ombros de Iury e resolve conversar com ele.
-Nilton era seu único amigo, não?
-Perdi o melhor amigo que tive na vida. – Iury resmunga
-É triste ter de fingir que está bem.
-Até parece que você sabe...
-Claro que sei!
-Sabe sim... – Iury finge estar interessado no assunto, mas May insiste
-Sei e por isso mesmo quero estar ao seu lado, meu amigo.
-Você não é minha amiga.
-Você talvez não me considere amiga, mas eu sim e saiba que amigos de verdade não precisam estar 100% grudados. O importante é que se amem e se ajudem, independente do que acontecer. – suspira – Não queria que nos encontrássemos em circunstâncias tão dolorosas. O que dirá Pepo? Pobrezinho, está sofrendo tanto e eu sei que por mais que tente consolá-lo com palavras acabo sempre retornando ao início, sem nem sequer ter o que dizer e o que é pior: nunca vou poder trazer Nilton de volta...
-Nilton tentando acertar errou ainda mais. – Iury dá o assunto como encerrado
-Eu sei que você ta precisando desabafar, Iury.
-Eu estou bem. Só quero ficar sozinho.
-Ninguém aguenta suportar todo peso do mundo sozinho. Todo mundo precisa ser amparado de vez em quando.
Laly disse o mesmo meses antes. Ainda não aceita a ideia de perder Laly para Abel e entender que o tempo não volta.
-As coisas não estão sendo fáceis pra você, meu amigo. Perdas, rejeições, calúnias, solidão. Você é muito corajoso por estar suportando tudo isso sozinho... Eu te admiro por isso...
-Como se eu fosse digno de admiração.
-Todos nós precisamos nos sentir amados.
Mayra teme estar falando demais e faz silêncio. Iury a fita por longos segundos e quando a abraça, chora muito. Era tudo que May precisava saber.
-Pronto, Iury. Não precisa ter medo. É bom que coloque pra fora o que está sentindo. Chore, pode chorar... Vai fazer bem...
Iury chora como se com suas lágrimas solicitasse toda ajuda do mundo e sabe que está sozinho. Completamente só.
Pela manhã, ao som de One last breath – Creed, Nilton recebe a extrema-unção do padre e pouco mais de 11h00min, amigos, parentes e conhecidos caminham seguindo o cortejo fúnebre até o tumulo do primo de Iury, amparado por Mayra e Pablo. Pepo chora abraçado a avó.
Naira reconhece Flavio e acaba sorrindo de forma involuntária, vendo sua alegria se desfazer ao perceber que o rapaz já tem namorada, no caso, Laly.
-Eu sabia. Eu sabia que um cara como ele não estaria dando sopa por aí... – pensa – Eu devo estar enlouquecendo, Deus. Acabei de perder meu primeiro amor, mas não consigo parar de pensar em outra pessoa. Isso é normal?
Assim que a terra é jogada por cima do caixão de Nilton, as pessoas, aos poucos, caminham rumo à saída do cemitério. Apenas os mais chegados da família permanecem.
Naira tem uma crise de choro e vai abraçar Emília. Pepo se senta em frente ao túmulo do pai e Mayra o faz companhia. Pablo, que por lei deveria ir embora, se senta ao lado de mãe e filho.
-May, você se importaria se eu tivesse uma conversa com Pepo?
-De forma alguma. – May se levanta e deixa Pepo e Pablo a sós
Inicialmente Pablo sente medo de conversar com Pepo, mas mesmo assim toma coragem.
-Você já demonstra ser um grande homem.
-Que bobagem! Sou só um menino.
-Sabe, pequeno Pepo, eu também perdi o pai muito cedo. Não te direi que é fácil superar porque estaria o enganando, mas te digo uma coisa... – pousa o braço no ombro do menino – Na sua idade eu não era tão forte como você é. Eu não suportaria tudo como você está conseguindo.
-Somos diferentes.
-Queria que fôssemos amigos, mas não precisamos forçar isso.
-Queria meu pai de volta.
-Eu também não queria que nada disso tivesse acontecido. Não queria ver ninguém sofrer, mas quero te confiar um segredo.
-Um segredo?
- Se formos amigos, guardaremos alguns. Pode ser?
Não muito longe dali, Laly, May e Fernanda conversam.
-Quanto sofrimento para o pequeno Pepo... – comenta Fernanda
-É tão triste ver uma criança cheia de vida resumida a um olhar triste e poucas palavras. Queria meu antigo Pepo de volta. – May choraminga
-O Pepo antigo não volta, infelizmente, mas esse novo Pepo é com certeza um garoto muito forte, pronto para a vida adulta, ainda que falte algum tempo pra isso. – Laly consola a amiga – Infelizmente não tem idade pra se começar a apanhar da vida...
Eleonora, cínica, porta um enorme ramo de flores e vestida de preto, se dirige até as personagens chorando com tanta convicção que poderia até se jurar que ela era parente de algum falecido daquele dia.
-Que deu nessa doida? – pergunta Fernanda – Se Eleonora não estivesse morta, juraria que é a megera cuspida e escarrada.
Eleonora, limpando as lágrimas com um lenço branco, acena para Laly, May e Fer.
-Vocês sabem, por acaso, onde fica o túmulo de Gilberto Gallardo?
-O que você quer com meu pai? – Fernanda indaga
-Soube que ele morreu...
-Você o matou, não é mesmo? – Laly é direta ao assunto
-Acham que eu seria capaz disso?
-Você foi capaz de muita coisa.
-E posso continuar sendo. – joga as flores no gramado – Eu deveria ter feito coisa pior. Me agradeçam por ter sido benevolente nesse caso... Mais gente deveria ter ido junto para o inferno junto com ele.
-Olha o respeito, hein, desgraçada. – Fernanda empurra Eleonora – É bom ter modos pra falar do meu pai ou vai ter problemas com a gente...
-Ora se não é a miss fracassada.
-Você ta me irritando, mulher. Melhor dar meia-volta se não quiser se arrepender.
-Me arrepender do que, ex-miss? Você é quem deveria se arrepender...
-Essa mulherzinha ta pedindo pra apanhar.
-Melhor não... – adverte May – Briga aqui não...
-Ei, miss... – Eleonora ironiza – E aí, miss? Muitas abordagens na rua? Nada, né? Que triste... Foi miss e ninguém nem sabe quem é você... Quem se lembra de você? – debocha assobiando para o zelador – Ei, ei... Sabe quem foi a Miss Brasil 1996?
O homem balança os ombros dizendo não saber.
-Viu só, baranguinha... Ninguém sabe quem você é.
-É bom não mexer com minha amiga se não quiser parar na cadeia e com a cara inchada... – Laly peita Eleonora que a empurra
-Deixa essa atrevida comigo. - Fernanda dá uma bofetada em Eleonora, que revida
-Gente... – May coloca as mãos na cabeça em sinal de desespero – Não traz bom agouro brigar em cemitério...
Eleonora se recompõe dos tapas que levou de Fernanda, que ameaça.
-E vai levar mais se não sair daqui, sua cara de pau.
-Daqui vocês não saem. – Eleonora intimida as moças
-Ah não? Sabe que é um ótimo momento para acertarmos nossas continhas, querida amiga? – Laly cerca Eleonora
-Pensei que tivesse ido para o inferno junto com o anão atrevido.
-Mais uma vez a terrorista fracassada errou o alvo. Que novidade! Me conte outra coisa... – Laly gargalha alto para perturbar Eleonora – E ainda xinga os outros de fracassados. Não dá uma dentro, ferra com os próprios comparsas e quer falar de fracasso. Que ironia.
Eleonora desfere uma forte bofetada em Lalinha, fazendo com que May e Fernanda também partam para cima da megera. A briga só se encerra quando Pablo corre até o local separar as moças, sobretudo May, que vai falar com Pepo. Laly e Eleonora ainda continuam trocando xingamentos e puxões de cabelo.
-Eu acabo com a tua raça, fracassada imunda. – berra Eleonora
-Repete... Repete... – Lalinha berra com mais força
-Solteirona fracassada.
-Acaba com ela, Lalinha. Acaba com essa desgraçada... – Fernanda provoca Eleonora
Assim que tira May da briga, Pablo tenta separar Laly de Eleonora, mas mesmo assim persistem as provocações.
-Só apanhei porque você estava com reforços.
-Apanharia de qualquer forma... – debocha Laly mostrando a língua para Eleonora
-Isso não fica assim!
-To morrendo de medo. – Laly faz voz abobada e Fernanda ri muito
-Isso não vai ficar assim...
Eleonora deixa o cemitério com o cabelo todo bagunçado, a roupa rasgada e prometendo uma revanche.
-E se provocar, tem mais. – Laly avisa
-O que você fez pro meu pai vai ter volta. – Fernanda berra
Pepo, mesmo triste, não deixa de se impressionar com a briga.
-Vocês brigaram bonito.
-Briga não é uma coisa bonita, Pepo. – May corta o barato do filho – Mas nesse caso a pessoa em questão ainda merecia mais, mas a justiça divina se encarrega disso...
Som: Como tudo deve ser – Charlie Brown Jr. (narração de Lílian Gallardo)
Hoje o dia foi chato. Rick faltou aula. Foi um dia meio estranho. Sabe quando por mais que o céu esteja azul, um professor mala tenha faltado e seus amigos estejam ali, algo falta, algo não está em seu devido lugar?
Eu não estava prestando a mínima atenção às aulas. O lugar do Rick estava vazio e essa ausência ali na carteira me incomodava. Se qualquer outro faltasse, eu não dava a mínima, porém aquilo estava acontecendo e justo com o Rick. Mesmo sendo um baita folgado, não era de faltar aula. Isso significa alguma coisa ou é bobagem da minha cabeça?
Sem Rick, Pato e Pipa estavam desanimados, quase nem conversavam. Nosso grupo estava desfalcado e os garotos preferiram jogar futebol. A única vantagem poder conversar mais a vontade com Cândida.
-É verdade que você vai mesmo embora daqui?
-Ainda não ta muito certo...
-Tomara que não.
-Por quê?
-Você é legal. Vai fazer falta.
-Você também.
-Promete que não vai ficar braba se eu te fizer essa pergunta.
-Depende do que é.
Lá vinha bomba...
-Rick mandou me perguntar uma coisa.
-Boa ou ruim?
-Eu diria que é boa...
-Então fala logo que eu fiquei interessada.
-Você tem namorado?
-Eu? Claro que não! Só tenho 10 anos...
-Eu não sei se o Rick já te disse, mas ele ta a fim de ficar com você.
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