Teríamos agora que conviver com as regras, mas o que mais nos aborrecia era a última. Sem beijo?! Onde já se viu? Eu não me preocupava, eu estava ali para estudar. Pode me chamar de careta, e nerd , mas aquilo não me afetava de maneira nenhuma.
Aos meus cinco novos amigos, talvez sim. Nós parecíamos amigos de infância. Nós nos identificávamos entre si.
Bruna não saía do pé do Eri. Os dois ficavam de conversinha as seis aulas e inclusive o intervalo. Olhávamos para os dois com aquela carinha de malícia, tentando insinuar que rolava alguma coisa, mas acho que não. Até hoje eu acho que não, por que a Bruna tinha namorado e tal.
Quando a Bruna não estava conversando com o Eri, conversava conosco, e aí despencava a rir do nada e de qualquer coisa. Seu apelido era “riso frouxo”. Um apelido que realmente caía muito bem.
Jackson já era mais reservado, na dele. Só que ele faltava demais as aulas, pois trabalhava à tarde e aquilo para ele era muito cansativo. Naquele ano ele era repetente. Nosso amigo tinha muita dificuldade para aprender a matéria, e a galera o zoava de burro, ou cantavam o refrão daquela música do Mamonas Assassinas, chamada “Cabeça de Bagre”.
- “Quando eu repeti a 5ª série E, tirava E, D, de vez em quando um C. Mais de dez mil anos se passaram-se. Cê, cê, cê, cererê cê cê”. - Essa foi a fala de um dos “populares” da escola.
Essa foi a do Jackson:
- Seu filho da mãe, me deixa em paz. Pergunta a tu a mãe quantas vezes eu … (melhor censurar)
- Sai fora, cabeça de bagre!
A Rafaela e a Juliana eram muito amigas. Ambas eram esquentadinhas, porém de um jeito diferente: Enquanto Juliana guardava tudo, caso um dia ela realmente queira brigar de tapa, Rafaela explodia na hora, brigava mesmo, falava na cara e não estava nem aí. Bastava mexer com ela ou com qualquer outra pessoa com quem ela tinha grande afinidade.
Juliana não era muito vaidosa, nem como todas aquelas meninas cheias de não-me-toques. Ela era apenas ela mesma. A garota era muito ciumenta com os amigos, e eu admirava muito isso nela . Eu me identifiquei muito com ela, e logo passei a contar tudo o que acontecia na minha vida pra ela e vice e versa.
Diário da Andreza
Maio já estava aí. Débora já estava com 6 meses de vida e Rafa indo muito bem no emprego.
Aos fins de semana, eu dava uma de DJ na Mofoville e também surpreendia a mim mesma.
Deixava minha princesinha sozinha com o pai, mesmo ele não gostando muito.
Fazer o quê? Eu tinha que trabalhar. Com o dinheiro que faturava por semana, já dava pra pagar o aluguel.
Mesmo com todos esses benefícios, Rafa achava ruim, mas em silêncio Até que um dia ele resolveu aparecer por lá.
♫ Madonna – Girls Gone Wild ♫
- Rafa, o que você tá fazendo aqui?
- Não posso vir ver a minha gatinha arrasando aqui? - me deu um abraço e um beijo enquanto minhas mãos se ocupavam com todos os botões equipamentos da festa.
- Cadê a Débora?
- Fica fria, deixei ela com a sogra.
Rafa curtiu um pouco o som da Madonna que eu pus. Estávamos felizes até Fernando, um dos donos da Mofoville e meu patrão nos ver.
- Quem é ele?
- É meu marido Sr. Fernando.
- Prazer, Rafa. - meu marido estendeu sua mão, mas Fernando nem ligou, deixando-o no famoso vácuo.
- Desculpa, mas você não pode ficar aqui. Essa área é restrita.
- Mas acontece que eu paguei.
- Pagou pra ficar lá embaixo. - apontou para baixo, onde ficava a pista de dança.
Resolvi intervir, antes que eu me desse mal:
- Rafa, vai pra casa.
- Tudo bem. - ele saiu, mas ainda com aquela cara de raiva. Sabia que teria uma DR quando eu chegasse m casa.
Me virei para Sr. Fernando e me desculpei.
- Senhor? Esse pronome me deixa mais velho. Nós tempos quase a mesma idade! Me trate só por Fernando. E não esquenta com o que aconteceu. Eu já esqueci.
- Obrigado Sr. Fernando. Quer dizer, Fernando.
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