Diário da Andreza
- Exército? Desde quando? Como assim?!
- Não posso mais ficar aqui. E não se preocupa que vai ter dinheiro pras despesas com a Débora todo mês.
- Mas Rafa!
- Quê? Vai me criticar por isso? Vou passar só um ano lá. Já to indo. Diz pra galera que eu mandei um alô. Odeio despedidas.
E ele foi. E eu deixei. Não podia demonstrar fraqueza, não mesmo.
Diário da Madalena
Minha madrasta me criticou quando eu cheguei em casa “toda furada” como eles disseram. Eu tava tão feliz que nem dei ouvidos. Fui direto para o meu quarto. Lá eu sonhei com o Richard … Até meu pai me interromper.
- Madalena, hora de tomar o remédio.
Fiquei em silêncio. Ele poderia achar que eu estivesse dormindo. Ele abriu a porta e me mexeu para me acordar.
- Filha, sei que você não está dormindo. O que tá acontecendo?
- Nada, só mudei o estilo. - Respondi, me levantando da cama.
- Agora toma o remédio.
- Eu não sou maluca e eu não vou tomar. Agora sai daqui.
- Você sabe o que acontece quando demora a tomar o remédio.
- Ah pai, vai se danar! Me deixa!
Ele me deixou em paz. Com o tempo ele esqueceria dos tais remédios controlados. Gastando dinheiro em vão … eu sou lúcida!
Não era isso o que os médicos me disseram quando eu tinha 10 anos. Eu não era uma criança normal pra eles. Eu dava trabalho em casa, na escola. Minha mãe desistiu de mim, me deixando sozinha com o meu pai.
Eu era uma criança frustada, porém mimada. Meu pai me dava tudo o que eu queria mas eu não estava satisfeita. Eu queria Barbies, laptops, joguinhos, tudo! Quando ele não me dava o que eu queria, eu me jogava no chão e esperneava. Depois eu quebrava tudo em casa, cortava o meu cabelo, me cortava ... Minha madrasta logo notou meus sofrimentos e fazia meus gostos mais que o meu pai. Tanto que as vezes a chamo de mãe.
Aos 13 anos pus na cabeça que queria um namorado. Aquilo não se comprava, mas eu queria! Conheci o Berg quando entrei na escola nova. Foi amor a primeira vista. Depois o Jhon, que me levou para um mundo que eu não conhecia. Mas com o Richard eu descobri que o amor se conquista. Mas a vingança … eu nunca esqueço.
Olhei-me no espelho, e em um sorriso forçado chorei à falta do meu dente. Aquela puta gorda me bateu a mando do Berg. Não vou sossegar enquanto não acabar de um por um:
A sapatão, o futuro soldadinho, a baleia, a drogada... todos!
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