segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Doce Balanço - Capítulo 1


Novela de Antonio Figueira
CENA 01 - LETREIRO

RIO DE JANEIRO - DIAS ATUAIS

CENA 02 – VISTA AÉREA DA BARRA DA TIJUCA – PARQUE TERRA ENCANTADA” – EXT. – DIA.

BELAS IMAGENS AÉREAS DA PRAIA E DOS PRÉDIOS MODERNOS, CHEGANDO AO “TERRA ENCANTADA”, MOSTRANDO O TOBOGÃ E A PISTA DE KART, ONDE DEZENAS DE JOVENS DIVERTIAM-SE.

CORTA PARA:

CENA 03 - TOBOGÃ - EXT. - DIA.

ALFREDINHO SE AJEITOU NO DESLIZADOR E OLHOU A MULTIDÃO POSTADA LÁ EMBAIXO. LOGO ATRÁS SE POSICIONARAM MALU, SELMINHA E JULIO BIRUTA.

 ALFREDINHO - (apreensivo) Cara, isso não é tão fácil como eu pensava!

O GRUPO ATRÁS DIVERTIA-SE ANTE A DEMONSTRAÇÃO DE MEDO DO AMIGO.

 ALFREDINHO - Sério! Isso aqui é mais perigoso que os pegas de moto na Niemayer na madruga!
 MALU - (imitando voz de locutor) Atenção, pessoal, segurem-se bem, vocês vão gostar: o tobogã é uma delícia!

DE REPENTE, SEM QUALQUER AVISO, COMEÇOU A VERTIGINOSA DESCIDA. ALFREDINHO TENTOU SE EQUILIBRAR AGARRANDO OS OMBROS DE JULIO BIRUTA, MAS NÃO CONSEGUIU E OS DOIS FIZERAM O PERCURSO ATÉ EMBAIXO AOS TRAMBOLHÕES, NUMA CONFUSÃO TRAGICÔMICA DE PERNAS E BRAÇOS AGITADOS NO AR. DOCE BALANÇO Capítulo 1 Pag.:03 APENAS MALU NÃO TEVE PROBLEMAS. DESLIZOU SUAVEMENTE, INDO CAIR JUNTO DE CECÉU, QUE A OBSERVAVA COM GRANDE INTERESSE DESDE A CHEGADA DO GRUPO AO “TERRA ENCANTADA”.

 CECÉU - (sorrindo cordial) Oi!
 MALU - Oi! Engraçado... acho que te conheço de algum lugar...
 CECÉU - Sou amigo do Marcelão. Já vi você com a turma dele, em Ipanema. Você é a Malu, filha do Dr. Monteiro Prado, certo?
ALFREDINHO E JULIO BIRUTA ENCAMINHARAM-SE, ANIMADOS, PARA A PISTA DE KART.
 SELMINHA - Vem, Malu!
 MALU - (fazendo sinal para a amiga esperar, dirigindo-se a Cecéu) Vejo que você tá bem informado! Qual seu nome?
 CECÉU - Alceu, mas os amigos me chamam Cecéu. Prazer!
 MALU - Prazer, Cecéu! Tchau!
MALU ALCANÇOU SELMINHA E SEGUIRAM JUNTAS AO ENCONTRO DOS AMIGOS.
 MALU - Conhece esse Cecéu?
 SELMINHA - Conheço da turma do Marcelão... diz que é artista, mas não tem emprego nem lugar fixo pra morar. Aluga um quarto na pensão Primavera, da D. Gigi.
 MALU - Nossa, que fofoqueira! Tá bem informada, hein? DOCE BALANÇO Capítulo 1 Pag.:04
 SELMINHA - Só sei disso porquê ele já tentou me paquerar e veio com uma conversa mole, mas eu cortei na hora. (esnobe) Não faz meu tipo, meu bem! Mas e você, porque tanto interesse nele? Vai me dizer que...
 MALU - (corta) Não é nada disso! Apenas achei ele simpático, nada mais!
 SELMINHA - Melhor assim. Até mesmo porque ele tá namorando a Tatiana. Além disso, não tá á altura de Maria Luíza Monteiro Prado, a única herdeira do banqueiro Monteiro Prado, uma das maiores fortunas do país!
 MALU - Gaiata! Boba! Vambora pro kart!

CENA 4 - PRÉDIO SEDE DO BANCO MONTEIRO PRADO –EXT. - DIA.

O AUTOMÓVEL PÁRA EM FRENTE AO EDIFÍCIO DE MÁRMORE, ONDE SE LÊ EM LETRAS GARRAFAIS: “BANCO MONTEIRO PRADO”. O MOTORISTA CORRE PARA ABRIR A PORTA, O BANQUEIRO SALTA E DIRIGE-SE, SÉRIO E ALTIVO, PARA A PORTA DE ENTRADA.

CENA 5 - BANCO MONTEIRO PRADO – INT. – DIA.

DIANA, A RECEPCIONISTA, FOI AO ENCONTRO DO BANQUEIRO, EM MEIO AO BURBURINHO DO EXPEDIENTE BANCÁRIO.

 DIANA - Como vai, doutor Monteiro?
 MONTEIRO - (sério) Bem, obrigado. Ah, Diana, diga a seu pai para ir a minha sala com urgência. Preciso falar com ele imediatamente.
 DIANA - Sim, Doutor Monteiro. Agora mesmo.

DIANA DIRIGIU-SE AO CAIXA DE GERMANO, SEU PAI E, DISCRETA, FALOU ALGO AO SEU OUVIDO. O HOMEM FICOU PÁLIDO, AS MÃOS TRÊMULAS.

DIANA - Pai... tá tudo bem? Você ficou pálido, de repente...
 GERMANO - (tentando disfarçar) Não é nada, minha filha... não é nada. Já tô indo!

CORTA PARA:

CENA 6 - SALA DE MONTEIRO PRADO - INT. - DIA.

O BANQUEIRO EXAMINAVA ALGUNS PAPÉIS QUANDO A SECRETÁRIA ANUNCIOU, PELO INTERFONE, A CHEGADA DE GERMANO MOLINA.

 MONTEIRO PRADO - Pode mandar entrar!

GERMANO ENTROU E APROXIMOU-SE, TEMEROSO, DA GRANDE MESA DO PATRÃO. PARECIA UMA ESTÁTUA TALHADA EM PEDRA, O ROSTO RISCADO POR SULCOS PROFUNDOS.

 MONTEIRO PRADO - (falou, seco, sem rodeios) Seu Germano Molina, já há algum tempo o senhor está sendo investigado... e seu desfalque de 50 mil foi descoberto. Agora temos as provas que faltavam.
 GERMANO - (segurou-se na cadeira para não cair e levou a mão á testa) Doutor Monteiro, eu...
 MONTEIRO PRADO - Não vou perder mais tempo com o senhor. Só não chamei a polícia em consideração á grande amizade que minha filha Malu tem por sua filha, Diana.
 GERMANO - Eu... eu fico muito grato pela sua bondade. Eu só queria dizer que... que estou muito envergonhado... Trabalho pro senhor há quase 10 anos e... eu sei que não tem justificativa, mas... tudo aconteceu depois da mudança de minha família de Rio Comprido pra Ipanema... era o sonho de Carmen, minha esposa, e de nossa filha Diana... Claro, não foi culpa do bairro... mas aqui a gente se descontrolou. Começou a gastar muito. Depois, o salão de beleza da Carmen, um negócio que até agora só levou dinheiro...
 MONTEIRO PRADO - (cortando) Como o senhor mesmo disse, não tem justificativa! Para encerrar nossa conversa, dou-lhe um prazo de 48 horas para repor o dinheiro, caso contrário, serei obrigado a tomar outras providências!

CORTA PARA:

CENA 7 - IPANEMA - EXT. - DIA.


IMAGENS AÉREAS DA PRAIA E DE RUAS DE IPANEMA.
FACHADA DO PRÉDIO CLASSE MÉDIA DO APARTAMENTO DE GERMANO MOLINA.

CENA 8 - APARTAMENTO DE GERMANO - INT. – DIA.

CARMEN ASSUSTOU-SE QUANDO VIU O ESTADO EM QUE O MARIDO CHEGOU E DEIXOU-SE CAIR NO SOFÁ, AR DERROTADO.
 CARMEN - Mas o que há com você, homem? Está chateado?
 GERMANO - Carmen, seu marido está a um passo da cadeia!

FIM DO CAPÍTULO 1

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