sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Doce Balanço - Capítulo 5


Novela de Antonio Figueira


CENA 1 - APARTAMENTO DE MARCELÃO – SALA - INT. -DIA.

Continuação imediata do capítulo anterior

 MARCELÃO - Entre, Diana, entre... vamos conversar.

DIANA ENTROU, RELUTANTE, VISIVELMENTE NERVOSA.

MARCELÃO PROCUROU TRANQUILIZÁ-LA. MOSTROU O DIVÃ.

MARCELÃO - Sente-se (chamou o mordomo) Voskô, traga uma bebida para a moça. Bebe o que, Diana...um uísque, um suco?...
DIANA - Eu estou bem, obrigada. Não bebo nada. Por favor,vamos direto ao assunto... o que você tem a me propor pra conseguir o dinheiro?
MARCELÃO - (amigável) Calma, Diana, você está tensa!Lembre-se: você veio aqui porque eu tenho a solução para o seu problema... para conseguir o dinheiro que precisa pra ajudar seu pai.
DIANA - Desculpe, eu... eu estou muito nervosa...
MARCELÃO - Então, fique calma. Sente-se, por favor. Relaxa.Aceita ao menos um copo d’água?

DIANA BAIXOU A GUARDA. BALANÇOU A CABEÇA AFIRMATIVAMENTE. A UM SINAL DO PATRÃO, VOSKOPOULUS DIRIGIU-SE Á COPA.

MARCELÃO - Diana, tenho ligações com uma agencia fotográfica internacional. Eles compram fotos, você sabe... de garotas bonitas, como você. Pagam muito bem. Cinqüenta mil não creio que consiga, mas uns vinte e cinco... é bem capaz.
DIANA - (já de pé atrás) Para quê?
MARCELÃO - Para uma série de fotos... poses artísticas.
DIANA - Nua?
MARCELÃO - Sim. Eróticas, mas não pornográficas,entende? Tem que ser uma coisa pra frente e que venda revista. Mas são revistas estrangeiras. Dificilmente uma delas chegará ao Brasil.

DIANA LEVANTOU-SE, INCONTINENTI.

DIANA - Já entendi. Agradeço seu interesse, mas não estou nessa. Tchau, Marcelão.

DIANA SAIU BATENDO A PORTA. O MORDOMO VOLTOU COM A ÁGUA E PAROU, NO MEIO DA SALA.
MARCELÃO - Ela foi embora, Voskô. Droga, perdi ótima oportunidade... (T) Mas de uma coisa eu estou certo: ela vai voltar!Ah, se vai!

CORTA PARA:

CENA 2 - APARTAMENTO DE GERMANO - SALA - INT. – DIA.

GERMANO VOLTOU PARA CASA. ENTROU, AMPARADO POR CARMEN E PADRE MARCOS, QUE O CONDUZIRAM CUIDADOSAMENTE PARA O QUARTO.

GERMANO - Como é bom estar de volta a minha casa...
CARMEN - Esta foi por pouco, meu velho... Vê se cria juízo!

CENA 3 - APARTAMENTO DE GERMANO - QUARTO - INT. – DIA.

COM O AUXÍLIO DA MULHER E DO PADRE MARCOS, GERMANO
DEITOU NA CAMA.

GERMANO - Onde está minha filha?
CARMEN - Descansa, homem. Já te falei que ela saiu sem dizer pra onde ia. Ela anda meio misteriosa esses dias... 

DIANA SURGIU NA PORTA DO QUARTO E SORRIU, FELIZ.

DIANA - Pai!

A JOVEM CORREU E SENTOU-SE NA BEIRA DA CAMA,BEIJANDO AS MÃOS DO PAI.

GERMANO - Minha filha, estava sentindo sua falta...
DIANA - Pai, que bom que você está aqui. Como você tá?
GERMANO - Estou bem, filha. Tanto que o médico me mandou convalescer em casa.
PADRE MARCOS - (animado) Ele está se recuperando rápido, mesmo!
DIANA - (séria) Pai... como pôde fazer uma coisa dessas?
GERMANO - Filha, eu tenho consciência da besteira que fiz.E por tão pouco dinheiro... Se ao menos fossem 100, 200 mil... (T) Me perdoem...
CARMEN - Agora descanse, procure não falar muito.

CORTA PARA:

CENA 4 - APARTAMENTO DE GERMANO - SALA - INT. DIA.

CARMEN - Vai sair de novo, Diana?

CARMEN INTERPELOU A FILHA, QUANDO IA SAIR DE CASA.

DIANA - (sussurrou) Mãe, o tempo está se esgotando.Precisamos arrumar o dinheiro. Vou procurar Malu e pedir a ela pra falar com o Dr. Monteiro. Quem sabe, ela não consegue mais uns dias pra quitar a dívida?
CARMEN - Eu também não penso em outra coisa, filha. Já sei: vou ligar pra Ibiúna. Quem sabe não consigo ao menos metade do dinheiro emprestado com seus avós...

CORTA PARA:

CENA 5 - BANCO - SALA DE MONTEIRO PRADO - INT. –
DIA.

O BANQUEIRO MONTEIRO PRADO ACABARA DE SAIR DE UMA REUNIÃO. VOLTOU PARA SUA SALA E FICOU SURPRESO COM A PRESENÇA DA FILHA, MALU, QUE O ESPERAVA.

MONTEIRO PRADO - Malu! Mas que surpresa, minha filha! Você quase nunca vem aqui!
MALU - Pai, eu vim porque preciso de um favor seu.
MONTEIRO PRADO - (pareceu adivinhar) Se veio pedir alguma coisa em favor do pai de sua amiga, não perca seu tempo.
MALU - Papai, por favor, o coitado do seu Germano até tentou se matar por conta dessa dívida!
MONTEIRO PRADO - Minha querida, você sabe que não gosto que interfira nos meus negócios. Não vou tratar desse assunto com você. O que Germano fez é muito grave... Eu poderia mandá-lo pra cadeia. Não fiz isso em consideração a você e a Diana. Agora, do dinheiro não abro mão! Ele vai ter que repor até segunda-feira!
MALU - (desanimada) O que vou dizer a Diana? Que nada adiantou ter vindo aqui?
MONTEIRO PRADO - Ver seu velho pai não é um bom motivo? Toma um cafezinho comigo?

MALU CONCORDOU, RESIGNADA. SABIA QUE O ASSUNTO
ESTAVA ENCERRADO E DE NADA ADIANTARIA INSISTIR.

CORTA PARA:

CENA 6 - PRAIA DE IPANEMA - EXT. - FIM DE TARDE


MALU E DIANA SENTARAM-SE NA AREIA DA PRAIA, TENDO COMO CENÁRIO O BELÍSSIMO PÔR DO SOL DE IPANEMA.

MALU - Desculpe, amiga, eu fiz o que pude. Meu pai nem me deixou falar. Está irredutível!
DIANA - (ar cansado) Já imaginava que seria assim. Tentei o possível e o impossível pra resolver esse problema. Só me resta uma alternativa...
MALU - O que você pretende fazer?
DIANA - Malu, você é minha melhor amiga... Eu... eu acho que sei como conseguir uma parte do dinheiro pra devolver ao banco...
MALU - Como? Diana, estou começando a ficar preocupada! O que você pretende...
DIANA - (corta) Não se preocupe. Só preciso que confie em mim... e me ajude!
MALU - (desanimada) Você sabe que eu gostaria muito, mas não sei como.
DIANA - Não quero que consiga o dinheiro. Quero que, se necessário, confirme pros meus pais que foi você que me emprestou o dinheiro!
MALU - Entendi.. você não quer que eles saibam como conseguiu a grana.
DIANA - Isso mesmo! Desculpe se peço pra você mentir... eu não tenho outra saída! Mas fique tranquila... juro que não vou fazer nada ilícito. Você confia em mim?
MALU - Você sabe que confio. Quer saber? Não vou perguntar mais nada! Conte comigo! 
Diana e Malu se abraçaram, emolduradas pelo sol dourado que parecia mergulhar aos poucos nas águas do mar.

CORTA PARA:

CENA 7 - APARTAMENTO DE MARCELÃO - INT. - DIA.

A CAMPAINHA TOCOU INSISTENTEMENTE OS ACORDES DE “ALELUIA”. VOSKOPOULUS ABRIU A PORTA E DIANA ENTROU, AR DECIDIDO.

DIANA - Marcelão está em casa? Por favor, diga que é Diana!

FIM DO CAPÍTULO 5


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