segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

15 anos - Comemorar ou não?


15 anos – Comemorar ou não?

       A postagem de hoje é dedicada a todas as princesas. Sim, leitora querida que está aí do outro lado da telinha, estou falando de você. Por que não se sente princesa? Não gostar de rosa, não usar vestidinhos forrados e uma coroa na cabeça não te tornam mulher. Sabe quando é que você mostra sua verdadeira força? Quando decide por si própria, não deixa um e outro influenciar suas escolhas e hoje o tema é nada mais justo que a idade a qual é um marco para muitas mulheres, pois dizer todas seria generalizar.

       Para quem acompanha Resistência ou parou aqui por engano, vamos situar você leitor, leitora e visitante. Laura, a protagonista, está prestes a completar 15 anos e teima com Zélia, sua conservadora e moralista mãe porque não se vê usando vestido rosa e fazendo social para parentes os quais vê uma vez a cada cinco anos. Cheia de personalidade, Laura luta para que seu querer prevaleça, pois se já é ‘velha demais’ para brincar de bonecas e tão logo precisará dar mais atenção ao futuro, tem idade razoável para discursar com atitude e fazer com que suas palavras tenham importância.

      Laura é uma das muitas jovens que simplesmente não querem a celebração tradicional. Há sim muitas adolescentes que passam meses cuidando dos preparativos, desde vestimentas, alimentação, até os convites e a noite não deixa de ser especial, ainda que de forma simbólica porque você não se torna mulher na noite de festa. Trata-se de um processo longo, com retrocessos, aprendizados.

       Levando em conta que a conotação de debutante é outra nos tempos modernos, a mentalidade da menina-mulher de hoje também evoluiu – assim é que se espera. Muito antigamente os pais promoviam as festas de 15 anos para apresentar a filha à sociedade, o que representava a ruptura completa com a infância. Entendia-se que a donzela se preocupavam em aprender os ofícios caseiros para ser uma boa esposa. No entanto a liberação feminina percorreu árduas estradas até colocar um ponto final em muitos paradigmas estabelecidos, tanto é que hoje muitas famílias são chefiadas por mulheres e o casamento costuma ocorrer mais tardiamente porque há uma maior importância em se estabilizar na carreira e cumprir objetivos pessoais para daí sim cogitar a maternidade.

       Nem todas as meninas têm condições financeiras para alugar um salão e convidar parentes e amigos para o grande dia. Ansiedade, insônia, treinamento, especialmente para aquelas que irão dançar no bolo vivo. Entretanto, dependendo da cultura de cada família e da própria aniversariante, o presente pode ser outro. Por exemplo, eu completei 15 anos em 2003 e não usei coroa nem ganhei um anel de solitária porque eu nunca mostrei muito interesse em seguir a risca os protótipos pré-concebidos.

       Eu queria um celular, mas ganhei um cachorro. Minhas melhores amigas (gêmeas) estavam enfrentando o divórcio dos pais, então foram presenteadas com um celular que na época custava muito caro; outras até fizeram festinha, mas na rua de casa ou no salão de festas do prédio ou então uma baladinha dedicada aos mais chegados, sem muitos formalismos. Conheço até pessoas que optaram por viagens e a Disney é sempre um dos pontos turísticos mais escolhidos, além de Bariloche, Porto Seguro, Fortaleza, Buenos Aires e por que não uma temporada na Europa? Depende muito do poder aquisitivo, mas a simbologia dos 15 anos vai muito além disso.

       Não mais criança, ainda não adulta. Você está no meio da estrada. A corda bamba pende de um lado, de outro. Você evita olhar para baixo porque o medo de cair irá te levar para o chão. As pernas fraquejam, os passos são mais lentos, desordenados e até a brisa mais leve te deixa assustada. O mundo está se revelando outro ou seus olhos é que estão se abrindo e te apresentando a uma nova concepção das coisas?

       Em Resistência Laura irá ganhar uma festa surpresa dos amigos em um boliche, aliás, o mesmo lugar em que a protagonista conheceu Marcelo e por ele se encantou, sendo correspondida. Daiana preferiu viajar para Foz do Iguaçu e passar um dia no parque Beto Carrero e os pais compreenderam sem questionar. Para Laura, a pressão da mãe é um fator agravante porque Zélia quer manipular a menina a agir exatamente como a irmã mais velha, a falecida Elisa, faria e sofre forte represália.

       Não existe certo ou errado porque cada pessoa é única e como tal deve ser respeitada e ter o direito de manifestar sua vontade. Você pode se sentir uma princesa, se tratar-se como uma, dar-se o devido valor, não importa que não faça uso de vestidos ou não goste de rosa. Você está crescendo, preparando-se para ser mais uma guerreira fazendo a diferença na sociedade, então se conscientize de que a vida é o mais valioso e inestimável presente. Pense em tudo que você já passou e superou, no quanto você já se surpreendeu com a própria força quando pensou que não conseguiria mais, suas conquistas. Saiba que você é especial e desde que se sinta bem, não faz muita diferença como celebre, desde que as boas recordações sempre te acompanhem.

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