quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Doce Balanço - Capítulo 8



CENA 1 - DELEGACIA DE POLÍCIA - EXT. - NOITE.
ERAM 2:30 HS. DA MADRUGADA QUANDO O CARRO DE MONTEIRO PRADO ESTACIONOU NO PÁTIO DA DELEGACIA. O MOTORISTA ABRIU A PORTA E O BANQUEIRO ENTROU NO PRÉDIO.
CORTA PARA:
CENA 2 - DELEGACIA DE POLÍCIA - INT. - NOITE.
MONTEIRO PRADO ENTROU NA SALA DO DELEGADO NOGUEIRA, APREENSIVO.
 MONTEIRO PRADO - Onde está minha filha? O que aconteceu com ela?
 DELEGADO NOGUEIRA - Fique tranquilo, sua filha está bem, doutor. Fiz questão que o senhor viesse aqui porque ela quase depredou a delegacia!
 MONTEIRO PRADO - Mas como? Por que ela fez isso?
 DELEGADO NOGUEIRA - Sua filha foi prêsa com um grupo de rapazes quando dirigia na contramão, apostando corrida na Curva do Calombo.
 MONTEIRO PRADO - (arregalou os olhos, sem acreditar) Meu Deus,que absurdo! Ela está cada vez pior...
 DELEGADO NOGUEIRA - (embaraçado) Eu entendo como se sente, Dr. Monteiro. Infelizmente... meus filhos, Julio e Selminha estavam com ela, e também a amiga deles, Diana Molina, e um tal de Alfredinho.
 MONTEIRO PRADO - E... onde eles estão, seu delegado?
 DELEGADO NOGUEIRA - Mandei prender todos, fôsse quem fôsse!
MONTEIRO PRADO - Fez muito bem, eu faria o mesmo no seu lugar. Delegado, minha filha Malu tem crises nervosas que vem se agravando ùltimamente. Eu quero pagar todo o prejuízo que ela causou á sua delegacia... Eu vim buscar minha filha. Vou levá-la para casa.
 DELEGADO NOGUEIRA - (lembrando) Além do prejuízo, tem a fiança dela e da outra moça, Diana...
 MONTEIRO PRADO - Eu pago! Por favor, mande soltar minha filha e a amiga dela, Diana.
 DELEGADO NOGUEIRA - (para o cabo Jorge) Pode soltar D.
Maria Luiza Monteiro Prado e D. Diana Molina! E diga aos outros que só saem amanhã, mediante pagamento de fiança!
CORTA PARA:
CENA 3 - APARTAMENTO DE MARCELÃO - INT. - DIA.
MARCELÃO ABRAÇOU ISADORA, TENTANDO ACALMÁ-LA. A JOVEM CHEGOU AO SEU APARTAMENTO BASTANTE IRRITADA COM OS ACONTECIMENTOS DA NOITE ANTERIOR.
 MARCELÃO - Você tem que ter paciência, meu amor. As coisas não são tão fáceis como a gente quer... Malu é geniosa, mas é uma menina do bem. Tem que saber lidar com seus ataques...
 ISADORA - Tá difícil, sabia? Ontem eu quase mandei ela e o pai praquêle lugar! Ela me provoca o tempo todo, que saco!
 MARCELÃO - Se voce não tiver sangue frio pra lidar com isso, vai pôr tudo a perder! Pense quando estiver casada, quando for esposa do Monteiro Prado! Ela vai ter que se conformar e tudo vai ficar mais fácil...
 ISADORA - Tá bom, eu vou tentar....
 MARCELÃO - Promete? DOCE BALANÇO CAPÍTULO 8 PÁGINA 4
 ISADORA - Prometo.
MARCELÃO A AGARROU MAIS FORTEMENTE, ENCOSTANDO OS LÁBIOS NOS SEUS, ENQUANTO SEUS DEDOS EXPLORAVAM O CORPO DA JOVEM. PUXOU-A PARA A CAMA.
 MARCELÃO - (sedutor) Agora vem cá, vem... Tava com saudades... vem...
CORTA PARA:
CENA 4 - DELEGACIA - SALA DO DELEGADO NOGUEIRA -INT. - DIA.
 DELEGADO NOGUEIRA - Cabo Jorge, mande soltar esse Alfredo Ribeiro e meus filhos, Julio e Selminha. Odete, minha mulher, está ameaçando vir aqui se eu não libertar esses
arruaceiros!
 CABO JORGE - Devo trazer eles aqui, na sua sala, doutor?
 DELEGADO NOGUEIRA - Não. Já conversei com todos eles. Diga a meus filhos que conversaremos mais tarde, em casa. Ponha todos na rua!
CORTA PARA:
CENA 5 - APARTAMENTO DE GERMANO - CORREDOR - INT. - DIA.
D. CARMEN BATEU NA PORTA DO QUARTO DA FILHA. PANCADAS LEVES COM OS NÓS DOS DEDOS.  D. CARMEN - Filha... quero falar com você. DIANA ABRIU A PORTA PARA A MÃE ENTRAR.
CORTA PARA:
CENA 6 - QUARTO DE DIANA - INT. - DIA.DOCE BALANÇO CAPÍTULO 8 PÁGINA 5
 D. CARMEN - (procurando as palavras com cuidado) Estou preocupada com você... Saiu ontem á noite e chegou quase de manhã...
 DIANA - Hoje é meu primeiro dia de férias, mãe, esqueceu?
 D. CARMEN - Não, não esqueci. É que... estou achando você diferente. Está quieta, pensativa...
 DIANA - Você sabe que os últimos dias foram terríveis, mãe... acho que estou cansada, sei lá...
 D. CARMEN - Você já sabe o que vai fazer nas suas férias?
 DIANA - Estava pensando nisso... e já decidi: vou para Ibiúna! Quero passar uns dias com meus avós.
 D. CARMEN - (animada) Que bom, filha! Eles vão adorar. E vai ser muito bom pra você sair um pouco daqui... dessas companhias... Você sabe que não aprovo sua amizade com essa tal de Malu...
 DIANA - (contrariada) Ah, mãe! Não vai querer escolher minhas amizades agora, vai!
 D. CARMEN - (resignada) Eu sei que ela ajudou seu pai, emprestando o dinheiro, mas... criei uma cisma...
 DIANA - (mudando de assunto) Vou ligar pra empresa de ônibus e marcar a passagem!
 D. CARMEN - Sim, faz isso, filha! Aproveita suas férias!
CORTA PARA:
CENA 7 - APARTAMENTO DO DELEGADO NOGUEIRA -
SALA - INT. - NOITE.
O DELEGADO NOGUEIRA ABRIU A PORTA E ENTROU EM CASA, EXAUSTO, APÓS MAIS UM DIA DE TRABALHO. JULIO ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU ESTAVA DEITADO NO SOFÁ, À VONTADE. AO VER A EXPRESSÃO ABORRECIDA E O CENHO FRANZIDO DO PAI, SENTOU-SE, QUASE NUM PULO. ODETE VEIO AO ENCONTRO DO MARIDO.
 ODETE - Até que enfim você chegou, homem.
 NOGUEIRA - Tive um dia cansativo... e muito aborrecido.
 ODETE - (mostrando indignação) Como teve a coragem de prender nossos filhos numa cela, como dois marginais?
 NOGUEIRA - (explodiu) Odete, você precisa sair desse seu mundinho e cair na real! Precisa conhecer seus filhos e saber que eles são dois marginais, sim!
 ODETE - Meu Deus, como pode falar uma barbaridade dessas? Eu conheço meus filhos, e muito bem!
 JULIO - Pega leve, velho... Você tá exagerando. Foi só uma brincadeira...
 NOGUEIRA - (levou as mãos á cabeça, colérico) Uma brincadeira! Ouviu isso, Odete? Colocam a vida de pessoas em risco, apostando corrida e dirigindo na contramão, e para eles, isso é apenas uma brincadeira!
 ODETE - Calma, homem, senão vai ter um infarto!
 NOGUEIRA - Onde está Selminha?
SELMINHA SURGIU NA SALA, VINDA DO QUARTO.
 SELMINHA - (olhos arregalados) E..estou aqui, pai.
 NOGUEIRA - (apontando para os filhos, enraivecido) Vocês dois, meus filhos, são a negação de tudo o que sempre acreditei como uma família de verdade! Vejo em vocês tudo aquilo contra que sempre lutei!
SELMINHA - (olhos marejados) Pai.... não fala assim, pai....
 NOGUEIRA - Vou dar um aviso pra vocês dois: se isso acontecer outra vez, vão ficar presos por uma semana!
SELMINHA CORREU PARA O QUARTO, CHORANDO. NOGUEIRA BUFOU, AR CANSADO.
 NOGUEIRA - Vou tomar um banho, que hoje o dia foi terrível!
CORTA PARA:
CENA 8 - PRÉDIO DO APARTAMENTO DE VALÉRIA - EXT. -NOITE.
ALFREDINHO ESTACIONOU A MOTO EM FRENTE AO PRÉDIO E DIRIGIU-SE PARA A PORTARIA.CUMPRIMENTOU O PORTEIRO E ENTROU NO ELEVADOR.
CORTA PARA:
CENA 9 - APARTAMENTO DE VALÉRIA - INT. - NOITE
A CAMPAINHA SOOU E VALÉRIA, BELA MULHER DE POUCO MAIS DE 35 ANOS, APRESSOU-SE EM ABRIR A PORTA. ALFREDINHO ENTROU. VALÉRIA BEIJOU-O NA BOCA, MAS O RAPAZ VIROU O ROSTO, EVITANDO-A.
 VALÉRIA - O que houve com você? Tá com uma cara de cansado...
 ALFREDINHO - (desabando no sofá) E estou mesmo, ô minha. Passei a noite na cadeia... ...
 VALÉRIA - (surpresa) Como? Prêso? Por quê, meu Deus? O que você aprontou desta vez?
 ALFREDINHO - Nada demais... estava fazendo um pega na Curva do Calombo com a turma, a polícia chegou e levou todos em cana.
 VALÉRIA - (desconfiada) Que turma? Quem estava com você?
 ALFREDINHO - Julio Biruta, Selminha, Malu e Diana.
 VALÉRIA - Foi o que imaginei... essa Diana tinha que estar no meio...
 ALFREDINHO - Claro, ela é minha namorada, pô!
VALÉRIA MAL CONSEGUIA DISFARÇAR O CIÚME QUE A CORROÍA POR DENTRO.
 VALÉRIA - Quer dizer que agora chama a tal lourinha de namorada.... Você não tem remorsos de vir me contar seus casos? Não se importa com meus sentimentos?
 ALFREDINHO - Sem essa, Valéria. Nosso tempo já passou. Você, pra mim, é uma velha amiga, o meu refúgio...
 VALÉRIA - Velha amiga... refúgio... odeio quando fala isso! Sempre fui fiel a você, apesar de tudo o que já me fez... Sei que, de você, não devo esperar nada... ou quase nada.
 ALFREDINHO - Me trás um uísque, vai!
 VALÉRIA - (preparando a bebida, dizia meio que para si) Sou uma mulher bonita, jovem ainda... Sou boa atriz, ganho meu próprio sustento com meu trabalho em teatro... uma ponta aqui, outra ali... mas um dia, escreve o que vou te dizer, Alfredinho: vou ser uma estrela, ter meu talento reconhecido e ganhar muito dinheiro! Quero ver se, ainda assim, vai me chamar de “velha amiga” DOCE BALANÇO CAPÍTULO 8 PÁGINA 9
 ALFREDINHO - Sabe que eu torço por você... e ainda quero ver essa estrela brilhar. Todo mundo aplaudindo de pé a grande Valéria França!
 VALÉRIA - (entregando-lhe o uísque) O que eu preciso, Alfredinho, é que você me dê valor. Já passei cada pedaço com você... até agredida eu já fui ... e sempre estou aqui, de braços abertos, te esperando.
 ALFREDINHO - (divertido, insensível) Você tá bem dramática hoje, hem? Pára de representar, mulher, isso aqui não é palco!
 VALÉRIA - Só de uma coisa eu tenho a certeza: ninguém vai tirar você de mim! Pode ter seus casos, como já teve muitos, mas todos passageiros... Até hoje nenhum firme, pra valer... Por isso não tomei nenhuma atitude. Sempre relevando...
 ALFREDINHO - Que é isso, você tá me assustando... qual é, Valéria...
 VALÉRIA - ... se isso acontecer, eu, Valéria França, que intimamente sou sua verdadeira mulher, saberei o que fazer! Fique certo disso!
FIM DO CAPÍTULO 8

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