quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Doce Balanço - Capítulo 9




CENA 1 - PRÉDIO DO APARTAMENTO DE GERMANO – EXT. -DIA.
ALFREDINHO AVISTOU DIANA, QUE O AGUARDAVA, E PAROU A MOTO A SEU LADO. A JOVEM MONTOU NA GARUPA E PARTIRAM, EM DIREÇÃO Á PRAIA.
CENA 2 - AV. VIEIRA SOUTO – EXT. - DIA.
BELAS TOMADAS DA PRAIA DE IPANEMA, ONDE SE VÊ A MOTO DE ALFREDINHO E DIANA PERCORRER A AVENIDA, EM DIREÇÃO AO ARPOADOR.
CENA 3 - ARPOADOR - EX. - DIA.
ALFREDINHO E DIANA SOBEM A PEDRA DO ARPOADOR E SENTAM-SE, DE FRENTE PARA O MAR.
 ALFREDINHO - O quê que há com você, menina... tá tão séria, tão quieta...
 DIANA - Chamei você porque a gente precisa conversar, Alfredinho. Eu... eu pensei muito esses últimos dias... e depois do “pega”, depois que a gente foi prêso... eu resolvi que é hora de mudar de vida. Estou cansada.
 ALFREDINHO - Cansada de quê? De mim? Pô, a gente sempre curtiu assim, sempre saiu com a turma pra zoar e você nunca reclamou... qual é, Diana... Que papo é esse de mudar...
 DIANA - Eu não quero mais sair pra zoar. Cansei. Eu quero ficar sozinha, Alfredinho. Estou de férias do banco e vou viajar hoje pra Ibiúna. Vou passar uns dias com meus avós.
 ALFREDINHO - (olhou indignado para Diana) Peraí... você me chamou pra me dar um fora? Pra dizer que tá de saco cheio de mim, da nossa turma? Da turma que sempre esteve com você, do teu lado, em todos os momentos? DOCE BALANÇO CAPÍTULO 9 PÁGINA 3
 DIANA - Não é isso... eu continuo amiga da Malu e da Selminha. Só não quero mais viver esse tipo de aventura irresponsável, entende? Não quero nunca mais entrar numa viatura de polícia!
 ALFREDINHO - Tudo bem, isso não vai mais acontecer. (tentou beijá-la) Agora vem cá, vem...
 DIANA - (virou o rosto) Não, Alfredinho. Eu te chamei aqui pra dizer que quero terminar nosso namoro. Quero te deixar livre pra conhecer outras garotas, pra não se prender a mim...
ALFREDINHO LEVANTOU-SE E SEGUROU-A FORTE, PELOS DOIS BRAÇOS, ASSUSTANDO-A.
 ALFREDINHO - Você tá brincando comigo... é isso? Me fala assim, sem mais nem menos? Que tá tudo acabado entre a gente e ponto?
 DIANA - Estou sendo sincera com você, não quero te enganar.
 ALFREDINHO - (desconfiado) Peraí... você disse que vai viajar pra Ibiúna... não é o mesmo lugar de onde veio aquele padreco?
 DIANA - (estremeceu, mas procurou disfarçar) É, ele veio de Ibiúna, sim, mas e daí? O que eu quero é sair um pouco do Rio, respirar ar puro, ver meus avós...
FURIOSO, ALFREDINHO PEGOU UMA PEDRA NO CHÃO E ATIROU-A NO MAR.
 ALFREDINHO - Droga! Eu sabia que tinha alguma coisa de podre nessa estória! Diana, você tá gostando desse cara?
 DIANA - (ofendida) Não vou ficar aqui ouvindo asneiras! Vou embora. Tenho umas coisas pra fazer antes da viagem...
ALFREDINHO - (tentando controlar-se) Eu te levo... você veio comigo... e vai voltar comigo!
CENA 4 - APARTAMENTO DE RUBIA - SALA - INT. - DIA.
ALFREDINHO ENTROU EM CASA NA COMPANHIA DE JULIO BIRUTA, NO MOMENTO EM QUE SUA MÃE, RUBIA, SAÍA DO QUARTO COM UMA MÁSCARA VERDE COBRINDO TODO O ROSTO, DEIXANDO APENAS OS OLHOS E A BOCA LIVRES. TOMADA PELO SUSTO, A MULHER, DE SEUS QUASE SESSENTA ANOS, SOLTOU UM GRITO HISTÉRICO E VOLTOU PARA O QUARTO, INCONTINENTI. JULIO BIRUTA SE CONTEVE PARA NÃO GRITAR AO MESMO TEMPO E RIU NERVOSAMENTE.
 JULIO BIRUTA - Cara, sua mãe é uma figura, ...
ALFREDINHO, SEM SE ABALAR, MAIS PREOCUPADO COM OS PRÓPRIOS PROBLEMAS, DIRIGIU-SE COM O AMIGO PARA O SEU QUARTO.
CENA 5 - QUARTO DE ALFREDINHO - INT. - DIA.
ALFREDINHO FECHOU OS PUNHOS E DEU VÁRIOS SOCOS NA PAREDE, CHEIO DE ÓDIO.
 ALFREDINHO - Se ela pensa que isso vai ficar assim, tá muito enganada! Não vai se livrar de mim fácil, mas não vai mesmo!
 JULIO BIRUTA - Pô, como a Diana teve coragem de fazer isso com tu, meu velho? Tô besta ainda, não dá pra acreditar...
 ALFREDINHO - Ela que me aguarde, porque eu te juro, Julio: essa história não acabou ainda! Não acabou mesmo!
CENA 6 - APARTAMENTO DE GERMANO - SALA - INT. -
TARDE. DOCE BALANÇO CAPÍTULO 9 PÁGINA 5 GERMANO E D. CARMEN ESTAVAM NA SALA, QUANDO DIANA VEIO DE DENTRO COM A MALA DE RODINHO. D. CARMEN ABRAÇOU A FILHA, EMOCIONADA.  D. CARMEN - Vai com Deus, minha filha! GERMANO TAMBÉM A ABRAÇOU.
 GERMANO - Dê lembranças aos seus avós e ao padre
Marcos. Diga a ele que deixou muitas saudades aqui no Rio...
 DIANA - Digo sim, pai.
A CAMPAINHA TOCOU.
 DIANA - Deve ser Malu. Vai me levar pra rodoviária.
DIANA ABRIU A PORTA E MALU ENTROU.
 MALU - Como vai, seu Germano? Tudo bem, D. Carmen? (dirigindo-se á amiga) E então, tá pronta? Temos que ir pra você não se atrasar!
CORTA PARA:
CENA 7 - RODOVIA - INTERIOR DE ÔNIBUS - EXT. -TARDE.
O ÔNIBUS SEGUIA PARA IBIÚNA. DIANA OBSERVAVA A PAISAGEM DA JANELA, COM O PENSAMENTO VOLTADO PARA O PADRE MARCOS. REVIA, COMO EM UM FILME, O DIA EM QUE SE CONHECERAM, AO CHUTAR A BOLA QUE CAIU AOS PÉS DO PADRE. A NOITE CAÍA E AS LANTERNAS VERMELHASBRILHAVAM Á SUA VOLTA, MAS DIANA PARECIA NÃO VER. IMAGENS DO ÔNIBUS DESAPARECENDO NUMA CURVA DA ESTRADA.
CENA 8 - IBIÚNA - CASA DOS AVÓS - EXT. - DIA.DOCE BALANÇO CAPÍTULO 9 PÁGINA 6
O TAXI PAROU EM FRENTE A UMA CASA ANTIGA, DE VARANDA, NA PERIFERIA DE IBIÚNA. DIANA SALTOU DO VEÍCULO E DIRIGIU-SE PARA O PORTÃO. BATEU PALMAS E UM CACHORRO COMEÇOU A LATIR. A PORTA SE ABRIU E UM SIMPÁTICO CASAL DE VELHINHOS SURGIU NA SOLEIRA E DIRIGIU-SE PARA ELA SORRINDO, DE BRAÇOS ABERTOS.
 D. SANTINHA - Minha querida, que bom ter você aqui! Olha, Juquinha, como nossa neta está uma linda moça!
 SEU JUQUINHA - (admirando a beleza da neta) Está linda, mesmo!
 DIANA - Eu que estou muito feliz de passar uns dias com vocês, meus amores! Que saudades!
CORTA PARA:
CENA 9 - CASA DE D. SANTINHA - SALA DE JANTAR - INT. - DIA.
DIANA E OS AVÓS CONVERSAVAM ANIMADAMENTE, SENTADOS Á MESA DE JANTAR, ONDE A CRIADA ACABARA DE COLOCAR NA MESA UM BOLO DE FUBÁ.
 DIANA - Nossa, que delícia, vó! Bolo de fubá com côco! Adoro esse bolo. Sabe que sempre lembro daquela vez que tive dor de barriga de tanto comer seu irresistível bolo de fubá com côco?
TODOS RIRAM.
 D. SANTINHA - Se lembro! Menina levada, dava um trabalho....
 DIANA - (emocionada) Estou tão feliz de estar aqui com vocês, depois de tanto tempo... parece que foi ontem! Não mudou quase nada, lembro de tudo! SEU JUQUINHA - Aqui a gente segue com nossa vidinha simples, mas que não trocamos por nada, minha filha. Saímos de casa só pra ir á igreja, aos domingos...
 D. SANTINHA - Isso é verdade. E quando temos de ir á cidade, é um sofrimento. Só vamos quando não tem outro jeito!
DIANA FEZ A PERGUNTA QUE MARTELAVA EM SUA CABEÇA DESDE A CHEGADA Á CASA DOS AVÓS:
 DIANA - E... o padre Marcos? Ele foi tão simpático, tão amável com a gente na sua viagem ao Rio...
 D. SANTINHA - Ele é um santo homem! Apesar de muito jovem, é muito querido aqui na comunidade. Todos na paróquia gostam muito dele!
 SEU JUQUINHA - Ontem ele telefonou e perguntou quando você ia chegar...
OS OLHOS DE DIANA BRILHARAM. PROCUROU NÃO TRANSPARECER A ANSIEDADE QUE A DOMINAVA.
CENA 10 - IBIÚNA - IGREJA - INT. – TARDE.
APÓS ATENDER QUASE UMA DÚZIA DE BEATAS EM CONFISSÃO, O PADRE MARCOS CONCEDEU A CADA UMA DELAS SUA DEVIDA PENITÊNCIA, E SAÍA DO CONFESSIONÁRIO, QUANDO DIANA ADENTROU NA IGREJA. SEUS OLHOS SE CRUZARAM E DIRIGIU-SE PARA A JOVEM, EMOCIONADO.
 PADRE MARCOS - (parou, admirando-a, ar de felicidade) Diana...
 DIANA - Marcos... (corrigiu) Quis dizer... Padre Marcos...
 PADRE MARCOS - Então você veio mesmo...
 DIANA - Não acreditou que eu viria?
PADRE MARCOS - Confesso que duvidei... Mas fico feliz em ver você aqui...
DUAS BEATAS ABANDONARAM SUAS ORAÇÕES, ASSISTIAM AO ENCONTRO DOIS DOIS E COCHICHAVAM. O PADRE PERCEBEU E REAGIU, EMBARAÇADO.
 PADRE MARCOS - Venha... vamos para fora da igreja. Como foi a viagem?
CORTA PARA:
CENA 11 - IBIÚNA - ESTRADA ÁS MARGENS DE UM RIACHO - EXT. - DIA.
O VELHO AUTOMÓVEL DE PROPRIEDADE DA PARÓQUIA SEGUIU LENTAMENTE PELA ESTRADA DE CHÃO E PAROU Á BEIRA DE UM RIACHO. O PADRE E A JOVEM DESCERAM E CAMINHARAM LADO A LADO. DIANA ADMIRAVA A BELEZA DO LUGAR, ENCANTADA.
 DIANA - Que lugar lindo, Marcos... Desculpe... Padre Marcos... é que você é tão jovem e ... é estranho chamar você de padre...
 PADRE MARCOS - (desconversou) Eu também gosto muito deste lugar... venho sempre aqui caminhar, orar, pensar na vida...
DIANA ENFIOU, SEM QUERER, O PÉ EM UM BURACO E, PARA NÃO CAIR, APOIOU-SE NO PADRE, QUE A AMPAROU, SEGURANDO-A EM SEUS BRAÇOS FIRMES. SEUS OLHOS SE ENCONTRARAM E DIANA SENTIU O HÁLITO DO PADRE MUITO PRÓXIMO AO SEU ROSTO. NUM IMPULSO, TENTOU BEIJÁ-LO NA BOCA, MAS MARCOS SEGUROU-A COM FIRMEZA.
 PADRE MARCOS - Por favor, não faça isso!
FIM DO CAPÍTULO 9


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